"A realidade já se impôs. O mercado de crédito está travado. Vai ser um pouso forçado...",

Publicado em 20/03/2015 10:02 e atualizado em 20/03/2015 10:33
por Geraldo Samor (de VEJA)
Incerteza afeta crédito, Tesouro, câmbio (gringos welcome)

O dólar está a 3,30 mas é impossível encontrar alguém que ache que este preço ‘paga’ todas as incertezas do Brasil hoje.

Proteja a cabeça e prepare-se para o impacto. Vai ser um pouso forçado.

O mercado de crédito está travado. Os bancos botaram os balanços na parede.

Há relatos de que várias empreiteiras estão sem receber, tanto do governo federal quanto dos estaduais.

No leilão de ontem, o Tesouro Nacional engoliu o orgulho a seco e escolheu defender seu caixa. Aceitou vender LTNs (títulos pré-fixados) com vencimento logo ali, em 1 de outubro. (No mundo da política isso hoje parece uma eternidade, mas no mercado de renda fixa trata-se de um vencimento curtíssimo.)

A humilhação máxima – o rebaixamento do crédito do Brasil — parece iminente. A impressão é de que, mesmo se as agências não derem o corte, isso em nada aliviará o mercado, simplesmente porque a confiança entre os locais está zerada. A realidade já se impôs. A confiança de empresários e consumidores convergiu para o mesmo sentimento: o Brasil hoje é junk.

É um mundo de CDI, de preservação de liquidez, de um dia de cada vez.Dilma Rousseff

A declaração de Armínio Fraga de que o Governo precisaria fazer uma economia mais do que o dobro da que está fazendo dá uma ideia do tamanho do buraco em que meteram o País.

O objetivo principal do ajuste fiscal é fazer com que o tamanho da dívida pública em relação ao PIB entre numa trajetória de queda nos próximos anos. (O raciocínio é lógico: se a dívida como proporção do PIB aumentar sem parar, uma hora o Estado fica insolvente. Quebra. Game over.)

Fraga disse que precisamos de um ajuste de ‘mais de 3%’ do PIB para retomar essa trajetória de queda, mas todo mundo sabe como Joaquim Levy está suando — aliás, sangrando a camisa — para entregar o 1,2% que prometeu.

Enquanto isso, Brasília vive mais um Baile da Ilha Fiscal, desperdiçando energia em factóides: o ministro demitido pelo semideus… os benefícios de uma reforma ministerial… os cinquenta tons de bullying do PMDB.

Para quem vive os desafios diários da economia, toda essa discussão é exasperante porque não substantiva. A política geralmente se resolve sozinha. Já a economia precisa de empenho, intelecto e convicção.

O problema do Brasil hoje não é de ministério — é de confiança.

Os grandes motores da economia — a Petrobras, a construção civil, as empreiteiras, as montadoras — tudo está parado.

A Petrobras precisa ser capitalizada — ou o Governo coloca lá um dinheiro novo que não tem, ou vende uma parte grande da empresa. Não há espaço para timidez, tergiversação ou pusilanimidade. Enquanto este aumento de capital (ou esta monetização de ativos em larga escala) não acontecer, a empresa vai agonizar em praça pública. Piada a propósito: “Cite quatro coisas no Brasil viciadas em injeções de capital — PDG, Petrobras, PT e PMDB.”

É verdade que a Bolsa andou tendo uns dias de alta, e pode até subir mais.

Com o real se desvalorizando mais de 20% em apenas 40 dias, o País está ficando barato para os gringos — e cada vez mais caro para os brasileiros.

A riqueza do País está trocando de mãos. Você sabe a quem agradecer.

Por Geraldo Samor

 

FHC: impeachment é bomba atômica
FHC:  momento grave

FHC: momento grave

Numa palestra anteontem, promovida pela Goldman Sachs, no hotel Unique, em São Paulo, FHC reafirmou sua posição contrária ao impeachment de Dilma e explicou o motivo:

- O impeachment é como a bomba atômica, não serve para usar, só para intimidar.

Na mesma fala, FHC sublinhou que se a situação de Dilma piorar muito (o que ele avalia que acontecerá) chegará um momento em que os “cardeais” do país deverão se reunir para costurar uma saída para este governo.

Por Lauro Jardim

 

ARTIGO DE MARTA SUPLICY, NA FOLHA DE HOJE:

Barata voa

Foi num clima de "barata voa", expressão que se usa para situações confusas e sem rumo, a resposta do Planalto nesta quarta-feira à marcha de domingo. Para combater a corrupção, acionaram-se a OAB, os líderes do Congresso, o Ministério Público, ministros...

O foco mais uma vez equivocado. Ninguém é contra as providências encaminhadas (algumas paradas na Câmara, como disse o presidente Eduardo Cunha), mas não são essas ações que vão estancar o sangramento da presidente.

Segundo o Datafolha do dia 18, Dilma tem hoje 62% de ruim e péssimo.

O "Estadão" revelou documento interno do Planalto resumindo a ópera: de um lado, Dilma e Lula acusados "por todos os males que afetam o País" e, de outro, a militância petista "acuada pelas acusações e desmotivada por não compreender o ajuste na economia". "Não é uma goleada. É uma derrota por WO."

O Datafolha aponta que 73% da população tomou conhecimento da divulgação dos nomes envolvidos na Lava Jato, índice elevado também no Norte (68%) e no Nordeste (72%). O povo acompanha, indignado, a roubalheira porque vê o dinheiro que falta no fim do mês ser desviado para a corrupção. Isso deixa os petistas atordoados e sem ação.

O partido está travado na defesa de seus quadros, não propõe uma nova política nem apresenta uma proposta para a nação. Está acéfalo.

Um dos termômetros mais fortes para fazer prognóstico é a expectativa de melhora que os indivíduos possam vir a ter. Segundo a atual pesquisa, 60% são pessimistas em relação à economia, 69% acreditam que o desemprego vai piorar. Isso se chama falta de confiança e credibilidade em relação aos dirigentes, mesmo que 61% queiram acreditar que não vão perder seu emprego.

As exigências para o "conserto" da economia serão duras e as pessoas não querem ouvir o discurso que a presidente tenta vender. Estranho é que o vazamento do Planalto já indicava a seriedade do momento, mas parece que lá ninguém entendeu o recado. É erro em cima de erro.

As respostas dos ministros Cardozo e Rossetto, que pareciam dois ETs, e, no dia seguinte, a inflexão do governo, tentando sair do espírito acusatório da véspera, foram ridículas. A presidente discursou falando mais do mesmo, e a derrapada no improviso foi feia: que indicassem onde faltava humildade para ela corrigir!

A situação de falta de autoridade é evidente e se deteriora, haja vista, não importando os motivos, o circo de Cid Gomes.

Falta uma resposta radical da presidente, à altura do que a nação exige e possa acreditar: verdade, humildade e uma mudança total na equipe que não corresponde. Barata voa.

Aonde vai parar? (por MARTA SUPLICY).

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Fonte:
Veja + Folha de S. Paulo

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1 comentário

  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Acabou a verba? Qual é a saída? A solução mais simples que tem é "renovar" os financiamentos que estão vencendo. Mas isto acarreta um problema LEGAL. É proibido dentro da legislação do crédito rural a realização de operações tipo "mata-mata"... Por outro lado, o produtor rural "matuto velho" sabe que seguro morreu de velho, então ele opõem uma resistência muito grande ao seguinte apêlo: Liquida o financiamento velho que te daremos um novo... Outra consequencia inevitavel que virá é a "venda casada" (Produtos embutidos no negócio e possivelmente algo semelhante que já tivemos no passado, exemplo 70% de juro oficial e 30% de recursos a juros livres). Por ultimo, sempre existe a chance da Dilma acertar seu prognóstico de recuperação da economia e os depósitos à vista voltarem a "bombar", como se diz na gíria. Quanto mais depósitos na C/C dos Bancos, mais limite para crédito rural haverá. A CNA e a Min. da Agricultura apostam nesta ultima hipótese.

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    • carlo meloni sao paulo - SP

      Telmo ----Nao custa nada você entrar em contato com a ouvidoria do Ministerio da Agricultura e apresentar para a Katia essa soluçao, ou seja o valor que voce paga do

      financiamento antigo, o agricultor vai ter direito de renovar o mesmo valor pago. Tenta--

      Na pior hipote-se se nao der em nada fica tudo como *dantes*----Mas pelo menos fica

      a satisfaçao de voce ter tentado.As ideias boas tem que ser levadas para cima.

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