Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O pré-candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, cortará pela metade o número de ministérios e defenderá uma diminuição do Estado se eleito em outubro, afirmou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), um dos coordenadores da campanha do postulante ao Palácio do Planalto à Reuters.
Segundo Onyx, Bolsonaro já tomou a decisão de reduzir dos atuais 29 para 15 os ministérios na Esplanada. O coordenador, entretanto, não quis informar quais pastas seriam cortadas no novo organograma, se o deputado do PSL for eleito.
Esses detalhes vão constar do programa de governo de Bolsonaro que, conforme o coordenador, está sendo elaborado por Onyx, o economista Paulo Guedes e uma equipe grande de acadêmicos e funcionários públicos. O programa de governo vai ser divulgado, segundo ele, na última semana de julho.
Onyx disse que também haverá um corte "muito intenso" nos cargos em comissão do governo federal. "O governo vai ser muito enxuto. O nosso conceito é buscar a eficiência", disse o coordenador. "O governo vai diminuir para que as pessoas possam avançar", reforçou.
O coordenador reafirmou a posição de Bolsonaro --apresentada em sabatina na quarta-feira no jornal Correio Braziliense-- de não elevar a carga tributária. "Antes de ser presidente, ele disse que não vai aumentar impostos. Vai sim é buscar a redução", disse.
BASE PARLAMENTAR
Segundo Onyx, Bolsonaro --líder das pesquisas de intenção de voto nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso-- conta atualmente com uma base de 63 deputados de várias legendas. O coordenador disse que os apoiadores vão chegar a 100 até o fim de julho.
Ele confirmou que tem organizado encontros e participado de reuniões com parlamentares de outros partidos em apoio ao pré-candidato do PSL.
O senador Magno Malta (PR-ES) é um dos que tem participado desses encontros. Malta afirmou à Reuters que Bolsonaro convidou-o para ser vice na chapa presidencial, mas ele disse que ainda não se decidiu.
"Minha vida está nas mãos de Deus e não digo que dessa água eu não bebo", disse ele, evangélico que no momento disse que trabalha para se reeleger ao Senado.
Malta avalia que, se virar vice de Bolsonaro, a bancada do PR poderá até dobrar de tamanho na Câmara --atualmente ela conta com 41 deputados.
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou esta semana o arquivamento do inquérito contra Onyx sob suspeita de ter cometido crime de caixa 2 nas eleições de 2006 com base na delação do ex-executivo da Odebrecht Alexandrino de Alencar.
A acusação feita pelo delator era que Onyx teria recebido 175 mil reais naquela campanha, operação essa que teria sido registrada no sistema paralelo de contabilidade da Odebrecht.
BOLSONARO ACERTA AO SE INSPIRAR EM TRUMP PARA QUESTÕES TRIBUTÁRIAS
Pré-candidato do PSL à Presidência, o deputado federal Jair Bolsonaro (RJ) afirmou, em sabatina do jornal “Correio Braziliense”, que é natural a desconfiança do mercado sobre sua candidatura, mas prometeu que não fará imposto sobre grandes fortunas e nem sobre heranças. Ele disse que é possível reduzir a carga tributária fazendo entrar “dinheiro novo” no Brasil. E que se inspira no modelo executado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que reduziu o imposto de renda para empresas.
“Essas medidas de tributar mais, tentar tirar de quem está produzindo a duras penas… Se depender de mim, ninguém mais vai ser tributado, muito pelo contrário”, disse Bolsonaro, que lidera todas as pesquisas de intenção de voto nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso em Curitiba, é excluído.
Bolsonaro afirmou que sua reforma tributária já está pronta, mas só será divulgada no momento adequado. “Minha reforma será das piores porque vai ser verdadeira”, disse.
Sobre a entrada de dinheiro novo no Brasil, Bolsonaro afirmou que isso ocorreria com a exploração de recursos minerais, estímulo ao turismo aumento e com a desregulamentação do país para incentivar a economia.
Bolsonaro falou que em vez de programas como “meu primeiro emprego”, seria interessante ter um programa como “minha primeira empresa”, para todos sentirem o que é ser empresário no Brasil. Colocar-se no lugar dos que criam riquezas e empresas seria um grande avanço para o país.
Sobre privatizações, Bolsonaro novamente saiu pela tangente, alegando que ainda precisa estudar mais, saber quem vai financiar o setor rural e a que taxas se venderem o Banco do Brasil, afirmou que a Petrobras é considerada por ele “estratégica”, e disse que o BNDES não pode mais ficar emprestando para os amigos no país e ditaduras comunistas no exterior.
Vejam na íntegra a entrevista:
Rodrigo Constantino
