Preço médio da gasolina no posto cai quase 1%; etanol e diesel também recuam, diz ANP

Publicado em 19/11/2018 19:32

SÃO PAULO (Reuters) - O preço médio da gasolina nos postos do Brasil recuou 0,9 por cento na última semana, para 4,614 reais por litro, ante 4,658 reais anteriormente, com queda também nas cotações do diesel e do etanol frente à semana anterior, mostraram dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) nesta segunda-feira.

O movimento segue-se a cortes anunciados pela Petrobras nas as cotações da gasolina em suas refinarias na semana passada, em meio a um recuo nos preços do petróleo no mercado internacional por preocupações com o enfraquecimento da demanda global.

Com a baixa nas refinarias, o valor médio da gasolina da Petrobras nas refinarias tocou na semana passada o menor nível desde 21 de março.

No diesel, combustível mais consumido no Brasil, houve recuo de 0,54 por cento, para média de 3,665 reais por litro na semana de 11 a 17 de novembro, ante 3,685 reais na semana anterior.

Já o etanol hidratado, concorrente da gasolina nas bombas, caiu 0,85 por cento, para 2,926 reais por litro, ante 2,951 reais na semana anterior, segundo os dados da ANP.

Escolha de novo CEO da Petrobras indica continuidade de reformas no setor de petróleo

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A indicação do economista Roberto Castello Branco para presidir a Petrobras no governo de Jair Bolsonaro sinaliza continuidade de uma política pró-mercado no setor de petróleo nos últimos anos, podendo até mesmo intensificá-la, na avaliação de especialistas.

Ferrenho defensor da independência da gigante estatal em relação ao governo, tendo até já se declarado favorável à privatização da companhia anteriormente, Castello Branco terá que lidar com oposições de sindicatos e possivelmente de militares para implementar suas ideias.

Uma agenda com viés mais liberal, no segmento de petróleo, vem ganhando força desde o início do governo de Michel Temer, que colocou uma série de reformas em curso em busca de maior competição no país, com redução da posição de dominância da Petrobras, atendendo a pleitos antigos do mercado.

"Fiquei muito satisfeito (com a escolha de Castello Branco). Ele tem uma agenda conhecida, muito alinhada com o que vem sendo feito pela ANP", disse o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) à Reuters, Decio Oddone, por telefone nesta segunda-feira.

Castello Branco é doutor em Economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e, atualmente, é diretor no Centro de Estudos em Crescimento e Desenvolvimento Econômico da FGV.

Com pós-doutorado pela Universidade de Chicago e extensa experiência nos setores público e privado, Castello Branco já ocupou cargos de direção no Banco Central e na mineradora Vale, fez parte do Conselho de Administração da Petrobras e desenvolveu projetos de pesquisa na área de petróleo e gás.

A Universidade de Chicago, também frequentada pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, é considerada uma instituição de linha liberal.

As ações da Petrobras mostravam alguma volatilidade após o anúncio do nome de Castello Branco. Analistas de mercado acreditam na continuidade de uma gestão com foco na recuperação econômica da petroleira, uma das mais endividadas do mundo.

MAIOR LIBERALIZAÇÃO?

A estratégia da equipe econômica de Bolsonaro já estava apontando em uma direção de maior liberalização do setor de petróleo e com a escolha de Castello Branco isso foi reforçado, afirmou o professor e pesquisador do Instituto de Economia da UFRJ, Edmar de Almeida.

Almeida defendeu, no entanto, que o governo precisará deixar mais clara sua visão em relação à companhia, uma das maiores produtoras da América Latina, que durante as eleições ficou na linha de fogo entre posições de conselheiros militares de Bolsonaro e de livre mercado.

Enquanto Bolsonaro vem defendendo a manutenção do controle estatal do miolo da Petrobras, seu braço direito Guedes já disse anteriormente acreditar que a privatização da empresa seria a melhor decisão.

"Ele (Castello Branco), por exemplo, em algumas ocasiões, já manifestou a posição dele favorável à privatização da Petrobras. Então, esse é um ponto que tem que ser imediatamente esclarecido", disse Almeida.

Em busca de reduzir sua enorme dívida, a Petrobras está realizando um plano bilionário de vendas de ativos nos últimos anos, que enfrentou grande resistência de sindicalistas e outros setores, que em parte conseguiram frear os desinvestimentos com medidas judiciais.

"Com a entrada de Castello Branco o sinal é que a direção é essa mesmo (de venda de ativos), mas o governo agora vai ter que explicar o plano que estará em vigor, se será mantido ou se será modificado no sentido de ser mais liberal ainda", afirmou Almeida, para quem o novo CEO enfrentará forte oposição de sindicalistas.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira, Castello Branco indicou que sua gestão continuará com vendas de ativos da Petrobras para focar em seus negócios principais e seguirá buscando a redução do endividamento.

POSTURA DE CHANCELER

O primeiro desafio de Castello Branco em relação à independência do governo poderá ser o fim do programa de subsídio ao diesel, criado como uma resposta do governo federal à histórica greve de caminhoneiros em maio, como forma de atender aos pleitos de redução dos preços do combustível.

Bolsonaro, à época, apoiou entusiasticamente a greve.

O programa termina em 31 de dezembro, e o governo de transição ainda não anunciou se irá implementar alguma medida para suavizar os impactos do fim da subvenção.

Uma fonte próxima a Castello Branco disse à Reuters que o economista tem traquejo muito bom, é uma pessoa experiente e que saberá lidar de forma eficiente com o governo.

"Roberto tem certa postura de chanceler", disse a fonte, defendendo ainda que o economista é considerado também muito focado, estudioso, preparado e extremamente comprometido.

"Fez um trabalho brilhante na Vale, pegou área de relações com investidores naquela fase pós-privatização, quando houve o lançamento das ações no exterior, época do primeiro 'investment grade' da Vale", disse a fonte, destacando que o grau de investimento foi algo inédito, obtido antes mesmo do Brasil.

OPOSIÇÕES

O diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que compreende 12 sindicatos de petroleiros, Deyvid Bacelar, afirmou ver o cenário atual preocupante, independentemente do presidente escolhido, por acreditar que o próximo governo já manteria as privatizações da Petrobras.

"A situação da privatização, com o governo que infelizmente foi eleito, iria continuar a todo vapor. Tem que ver a velocidade agora, se será mais rápido ou não", disse Bacelar, que foi Conselheiro da Petrobras na mesma época de Castello Branco.

O líder sindical destacou que, enquanto dividiu a mesa do Conselho da Petrobras com Castello Branco, viu no economista uma pessoa acessível e que considerava ponderações apresentadas por Bacelar, que representava os funcionários no colegiado.

Bacelar também recordou que Castello Branco teve um papel importante na criação de comitês que discutiam e assessoravam decisões do Conselho de administração da Petrobras.

"Sabemos dos desafios por ser um governo neoliberal e por ele (Castello Branco) também concordar com essa forma de gerir o país. Teremos um desafio grande, sem dúvida nenhuma", disse Bacelar.

(Por Marta Nogueira)

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Fonte:
Reuters

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