China alerta sobre recessão mundial e não teme guerra com os EUA

Publicado em 02/08/2019 16:44
A agência estatal chinesa Xinhua divulga alerta mundial em consequencia do aumento de tarifas (10%) determinadas ontem pelo presidente Donald Trump. A China pretende revidar "e as consequencias serão gravissimas", disse o porta-voz chines

PEQUIM/WASHINGTON (Reuters) - A China prometeu nesta sexta-feira revidar a decisão abrupta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifa de 10% sobre 300 bilhões de dólares de importações chinesas, uma medida que encerrou uma trégua comercial que durou um mês.

O novo embaixador da China nas Nações Unidas, Zhang Jun, disse que Pequim tomaria "contramedidas necessárias" para proteger seus direitos e descreveu sem rodeios o movimento de Trump como "um ato irracional e irresponsável".

"A posição da China é muito clara: se os EUA quiserem conversar, falaremos, se quiserem lutar, lutaremos", disse Zhang a jornalistas em Nova York, sinalizando que as tensões no comércio podem prejudicar a cooperação entre os países em relação à Coreia do Norte.

Trump disse que a China precisa fazer muito para mudar as coisas nas negociações comerciais e repetiu uma ameaça anterior de aumentar substancialmente as tarifas caso Pequim não aja como devido.

"Não podemos apenas fazer um acordo com a China. Temos que fazer um acordo melhor com a China", disse Trump a jornalistas na Casa Branca.

O presidente dos Estados Unidos surpreendeu os mercados financeiros na quinta-feira ao dizer que planeja cobrar tarifas adicionais a partir de 1º de setembro, marcando o fim repentino da trégua em uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, que já dura um ano e tem enfraquecido o crescimento econômico global e prejudicado cadeias de fornecimento.

Os mercados de ações de Wall Street deram sequência nesta sexta-feira a uma onda de vendas, enquanto rendimentos de títulos soberanos dos EUA e da Alemanha bateram mínimas em vários anos, em meio à corrida por ativos seguros.

Na manhã desta sexta-feira, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, disse que o país está se mantendo firme na disputa tarifária com os Estados Unidos.   

-- "Não vamos aceitar pressão máxima, intimidação ou chantagem", disse Hua em entrevista coletiva em Pequim.

"Sobre as principais questões de princípio, não cedemos uma polegada", disse ela, acrescentando que a China espera que os Estados Unidos "desistam de suas ilusões" e retornem às negociações com base no respeito mútuo e na igualdade.

As medidas de retaliação da China poderiam incluir tarifas, a proibição da exportação de terras raras --usadas em tudo, desde equipamentos militares até produtos eletrônicos de consumo-- e penalidades contra empresas norte-americanas na China, segundo analistas.

Trump também ameaçou aumentar ainda mais as tarifas se o presidente chinês, Xi Jinping, não agir mais rapidamente para fechar um acordo comercial.

As tarifas de 10% --anunciadas por Trump em uma série de mensagens no Twitter depois que seus principais negociadores informaram sobre a falta de progresso nas negociações em Xangai nesta semana-- estenderiam as cobranças para quase todos os produtos chineses importados pelos Estados Unidos.

IMPACTO AO CONSUMIDOR    

O conselheiro econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse a repórteres nesta sexta-feira que o impacto das últimas tarifas sobre os consumidores seria mínimo, apesar da lista de quase 300 bilhões de dólares abarcar quase tudo, de bens de consumo, celulares e laptops a brinquedos e calçados.

"O presidente não está satisfeito com o progresso do acordo comercial", disse Kudlow à Fox Business Network.

As ações da Apple caíram 2,12%, depois de uma queda similar na quinta-feira, devido a preocupações com tarifas sobre seus principais produtos. Analistas do Bank of America Merrill Lynch disseram nesta sexta-feira que as tarifas poderiam reduzir os ganhos da gigante de tecnologia entre 50 e 75 centavos por ação, com a maior parte disso vindo das alíquotas sobre o iPhone.

Até agora, Pequim se absteve de taxar petróleo e grandes aeronaves dos Estados Unidos, depois de impor tarifas adicionais retaliatórias de até 25% sobre cerca de 110 bilhões de dólares de mercadorias norte-americanas desde o início da guerra comercial no ano passado.

A China também está elaborando uma lista de "entidades não confiáveis" --empresas estrangeiras que têm prejudicado os interesses chineses. A gigante norte-americana FedEx está sendo investigada pela China.

"A China fará cada retaliação metódica e deliberadamente, uma a uma", escreveu a economista do ING, Iris Pang, em nota.

"Acreditamos que a estratégia da China nesta escalada da guerra comercial será desacelerar o ritmo das negociações e retaliações. Isso pode prolongar o processo de retaliação até as próximas eleições presidenciais dos EUA" em novembro de 2020, disse Pang.    As tarifas também podem forçar o Federal Reserve (banco central dos EUA) a cortar novamente as taxas de juros para proteger a economia norte-americana de riscos da política comercial, disseram especialistas.

China se opõe firmemente à ameaça tarifária dos EUA e promete medidas defensivas, diz Xinhua

Beijing, 2 ago (Xinhua) -- A China se opõe firmemente ao plano dos Estados Unidos de imposição de tarifas adicionais de 10% sobre as importações chinesas no valor de US$ 300 bilhões, e será obrigada a tomar as necessárias medidas defensivas para proteger seus interesses, declarou nesta sexta-feira o Ministério do Comércio chinês.

A medida dos EUA violou severamente o consenso atingido pelos líderes de Estado dos dois países em Osaka, desviou-se do caminho correto e não ajudou a resolver o problema. A China está extremamente insatisfeita com o plano e se opõe firmemente ao mesmo, disse um porta-voz da pasta.

Se o plano dos EUA entrar em vigor, a China terá que tomar as devidas medidas defensivas para defender firmemente seus interesses nacionais essenciais e os interesses fundamentais de seu povo. O lado dos EUA terá que arcar com todas as consequências, de acordo com o porta-voz.

O porta-voz disse que a medida norte-americana de intensificar as disputas comerciais e impor tarifas adicionais não está de acordo com os interesses dos povos de ambos os países e do mundo, e terá uma influência recessiva sobre a economia global.

A China sempre acreditou que em uma guerra comercial, nunca há vencedores. "A China não pretende entrar em uma guerra comercial, mas não tem medo se tiver que lutar em uma. A China resistirá se for necessário", advertiu o porta-voz.

A China espera que os EUA corrijam seus erros de forma oportuna, resolvam o problema com base na igualdade e respeito mútuo, e retornem ao caminho correto, acrescentou.

Embaixador da China na ONU diz que Pequim está pronto para brigar com EUA sobre comércio (Reuters)

NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O novo embaixador da China junto à Organização das Nações Unidas, Zhang Jun, disse nesta sexta-feira que, se os Estados Unidos quiserem brigar com a China sobre comércio, "então brigaremos" e alertou que Pequim está preparado para adotar medidas de retaliação contra novas tarifas norte-americanas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu na quinta-feira aplicar uma tarifa adicional de 10% sobre 300 bilhões de dólares em importações chinesas a partir do mês que vem, escalando acentuadamente uma disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo.

Zhang descreveu a medida de Trump como um "ato irresponsável e irracional" e fez um apelo para que os EUA "voltem ao percurso correto".

"A posição da China é muito clara de que, se os EUA desejarem conversar, então conversaremos, se eles quiserem brigar, então brigaremos", disse Zhang. "Nós definitivamente adotaremos quaisquer contramedidas necessárias para proteger nosso direito fundamental, e também apelamos para que os EUA voltem ao percurso correto para achar a solução certa da maneira certa."

Zhang serviu como ministro-assistente de Relações Exteriores em Pequim antes de assumir o cargo como embaixador junto à ONU nesta semana. Ele falou a um pequeno grupo de repórteres na sede da ONU.

Trump diz que China tem muito a fazer para mudar as negociações comerciais

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira que a China precisa fazer muita coisa para mudar o quadro das negociações comerciais com os EUA e que pode aumentar as tarifas contra os produtos chineses.

Falando a jornalistas na Casa Branca, Trump disse que os EUA precisam de um melhor acordo comercial com a China, e não apenas de um acordo.

Mercado acionário chinês fecha em queda (Xinhua)

Beijing, 2 ago (Xinhua) -- O mercado acionário chinês fechou nesta sexta-feira em queda, com o indicador referencial, o Índice Composto de Shanghai, caindo 1,41% e fechando em 2.867,84 unidades.

O Índice de Componentes de Shenzhen baixou 1,42% encerrando o pregão em 9.136,46 unidades.

Ameaça tarifária de Trump pressiona índices europeus para pior dia em 7 meses

(Reuters) - Uma queda nas ações de montadoras, mineradoras e fabricantes de chips pressionou os índices acionários europeus para a maior perda em mais de sete meses nesta sexta-feira, depois que o anúncio de novas tarifas dos Estados Unidos sobre os produtos chineses gerou temores de um novo impacto sobre o crescimento global.

O índice FTSEurofirst 300 caiu 2,47%, a 1.489 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 2,46%, a 378 pontos, registrando seu menor valor em seis semanas.

O índice alemão DAX, sensível ao comércio, recuou 3,1% enquanto as perdas nos fabricantes de produtos de luxo, que têm uma grande parte de suas receitas da China, pressionando o francês CAC 40 para uma queda de 3,6%. 

Encerrando abruptamente uma trégua comercial temporária entre os dois países, Trump disse que vai impor tarifas de 10% sobre 300 bilhões de dólares em exportações chinesas para os EUA a partir de 1 de setembro, com Pequim alertando uma retaliação. 

"Quando a economia global parece estar bastante dependente do resultado das negociações comerciais, isso quase necessariamente significa que os mercados estão bastante voláteis à medida que as negociações avançam", disse Bert Colijn, economista sênior da zona do euro no ING. "É resultado do fato de que a política tomou o centro das atenções para a perspectiva macro." 

Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 2,34%, a 7.407 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 3,11%, a 11.872 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 3,57%, a 5.359 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 2,41%, a 21.046 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 1,56%, a 8.897 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 2,19%, a 4.903 pontos.

Japonesa Marubeni diz que negócio agrícola nos EUA já foi afetado por guerra comercial com China

TÓQUIO (Reuters) - A guerra comercial entre Estados Unidos e China pressionou os lucros da Marubeni no setor agrícola norte-americano, mas a empresa japonesa não planeja alterar sua estratégia nos EUA, disse nesta sexta-feira um importante executivo da companhia.

As operações agrícolas da Marubeni nos EUA, que incluem a Gavilon, também foram afetadas pelo mau tempo no país, afirmou em uma coletiva de imprensa o diretor financeiro da companhia, Nobuhiro Yabe.

A decisão recente de sua unidade Columbia Grain Trading (CGTI) de interromper todas as novas vendas de soja à China representa pouco impacto para os lucros totais da Marubeni, já que as receitas da CGTI já haviam sido prejudicadas pelo comércio mais lento devido à disputa entre EUA e China, disse Yabe.

A Marubeni atualmente não tem planos de fechar ou vender a CGTI, mas a unidade poderia eventualmente ser liquidada, acrescentou ele.

No segundo trimestre, o lucro líquido da Marubeni recuou 25%, para 65,17 bilhões de ienes (609,7 milhões de dólares), mas a empresa manteve sua projeção para o lucro do ano completo em 240 bilhões de ienes, em linha com a média de estimativas compiladas pelo Refinitiv, de 244,7 bilhões de ienes.

Ganhos maiores no setor de metais, impulsionados por maiores preços do minério de ferro, foram compensados por lucros menores nos negócios agrícolas e químicos, assim como por perdas por impairment de cerca de 9 bilhões de ienes em um projeto de óleo e gás em desenvolvimento nos EUA.

"A guerra comercial reduziu o fluxo de grãos dos EUA para a China, o que diminuiu a taxa de utilização da capacidade de nossos terminais de exportação", disse Yabe.

"Como impacto indireto da disputa comercial, os preços das commodities, incluindo recursos naturais, foram prejudicados, com exceção do minério de ferro e do carvão, por conta da menor demanda chinesa ou por ajustes de posições de investidores com base nas expectativas de que a demanda global vá se enfraquecer", afirmou o executivo.

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Fonte:
Xinhua (estatal chinesa)/Reuters

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