Autoridades do Fed (Banco Central americano) começam 2020 com visão otimista sobre economia dos EUA

Publicado em 03/01/2020 19:02

BALTIMORE/WASHINGTON (Reuters) - Importantes autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) ofereceram um tom otimista sobre a economia nesta sexta-feira, confiança refletida na ata da última reunião de política monetária, que sinalizou urgência zero em oferecer estímulos adicionais após três cortes nas taxas de juros no ano passado.

Em uma série de aparições para abrir o novo ano, os dirigentes de vários bancos regionais do Fed apontaram um forte mercado de trabalho, gastos robustos do consumidor e otimismo com uma resolução das tensões comerciais que limitaram o crescimento no segundo semestre de 2019.

Mas eles também observaram que a mais longa expansão norte-americana já registrada ainda pode ser vítima de choques externos, como a dramática escalada desta semana de tensões entre os Estados Unidos e o Irã.

"A economia ainda está saudável. Estou encorajado pelos dados recentes de emprego e pelo ritmo dos gastos no fim do ano", com a rodada dos três cortes de juros no ano passado pelo Fed ajudando a impulsionar a demanda por casas, carros e outros itens caros, disse Thomas Barkin, presidente do Fed de Richmond.

Essa avaliação foi compartilhada pelo presidente do Fed de Chicago, Charles Evans. Em entrevista à CNBC, Evans previu que o crescimento econômico dos EUA neste ano seria de 2% a 2,25%, aproximadamente o ritmo de expansão no segundo semestre do ano passado.

Os dirigentes dos Feds de Cleveland e Dallas pareciam igualmente otimistas quanto às perspectivas.

Juntos, seus comentários são a indicação mais recente de que os formuladores de política monetária do BC dos EUA estão uniformemente satisfeitos com a ideia de que os três cortes nas taxas que fizeram em 2019 devem fornecer um amortecedor suficiente contra a série de riscos que os fizeram fornecer estímulos.

De fato, depois de um ano conturbado para o Fed, que viu votos divididos em cada um dos cortes nas taxas, as autoridades concordaram por unanimidade em sua reunião final de política monetária de 2019 em manter as taxas inalteradas.

Além disso, eles concordaram que as taxas provavelmente permanecerão estáveis por "um tempo" enquanto a economia permanecer no caminho certo, mostrou a ata da reunião de 10 e 11 de dezembro, divulgada nesta sexta-feira.

"Os participantes julgaram que seria apropriado manter a meta" para os juros, de acordo com a ata.

A reunião de dezembro sinalizou o fim de um ciclo de miniflexibilização a partir de julho, que reduziu a taxa de juros do Fed em 0,75 ponto percentual, para a faixa entre 1,50% e 1,75%. As projeções dos formuladores de política monetária divulgadas naquela reunião não prevêem alterações na taxa este ano.

"Sempre há a possibilidade de um 'ataque cardíaco' ou choque, talvez causado por riscos globais. Dadas as notícias de ontem, imagine uma escalada com o Irã ou, separadamente, um colapso nas economias internacionais", disse Barkin em discurso a banqueiros na Maryland Bankers Association, em Baltimore.

Formuladores de política monetária do Fed concordam com juros estáveis por "um tempo"(Blank Headline Received)

  • Sede do Federal Reserve na avenida Constitution, em Washington, EUA. 19/03/2019. REUTERS/Leah Millis
Por Jason Lange
 

WASHINGTON (Reuters) - Os formuladores de política monetária do Federal Reserve concordaram na reunião final de 2019 que as taxas de juros provavelmente permanecerão estáveis por "um tempo", enquanto o banco central dos Estados Unidos se concentra em uma nova articulação de seu arcabouço de política monetária.

A ata da reunião de política monetária do Fed dos dias 10 e 11 de dezembro, divulgada nesta sexta-feira, também mostrou que os membros do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) estavam se preparando para discutir mudanças na maneira como gerencia a liquidez nos mercados financeiros, incluindo um mecanismo de recompra.

As atas do Fed geralmente estabelecem campos opostos na discussão sobre a mudança na posição da política monetária durante o encontro em questão. Mas isso não aconteceu no documento referente à última reunião, um reflexo do firme consenso no banco central no fim de 2019 de que havia feito o suficiente para proteger a economia de uma desaceleração, cortando as taxas várias vezes naquele ano.

"Os participantes julgaram que seria apropriado manter a meta para a taxa de juros", de acordo com a ata.

Da mesma forma, a ata observou que os formuladores de política consideraram o atual nível da taxa "como provável que permaneça apropriada por um tempo" enquanto a economia permanecer no caminho certo.

Ao mesmo tempo, os banqueiros centrais dos EUA estavam envolvidos no que se tornou uma longa discussão sobre como gerenciar melhor a política monetária.

Os formuladores de política monetária concordaram que não "reafirmariam" um comunicado sobre as metas de longo prazo do Fed em janeiro, que se tornou rotina nos últimos anos. "O Comitê planeja revisitar esse comunicado mais próximo da conclusão da revisão, provavelmente em meados de 2020."

A ata também trouxe que vários formuladores de política propuseram discutir, em reuniões futuras, questões incluindo o "papel potencial" de um mecanismo permanente de acordos de recompra, bem como "o estabelecimento de taxas administradas" e a composição de longo prazo das participações do Feda em Treasuries.

Após um aperto surpresa nos mercados de financiamento bancário em setembro, no qual os custos de empréstimos de um dia para bancos chegaram a 10% --quatro vezes superior à taxa de empréstimos do Fed na época--, o Fed lançou operações diárias de liquidez para impedir que o sistema financeiro se deteriorasse.

Desde então, o banco central tem fornecido, diariamente, cerca de 50 bilhões de dólares em crédito de um dia e de curto prazo aos bancos por meio de operações compromissadas.

Em outubro, o Fed passou a expandir permanentemente o tamanho de seu balanço --e aumentar o nível de reservas bancárias--, adquirindo 60 bilhões de dólares por mês em títulos do Tesouro dos EUA.

O período de final de ano foi motivo de especial preocupação para o Fed e Wall Street, que normalmente veem um alto nível de demanda dos bancos para garantir reservas adequadas para fechar o ano.

No fim de 2019, o Fed injetou cerca de 250 bilhões de dólares para impedir que as taxas repetissem a espiral ascendente de setembro e parece ter frustrado o temido aumento nos custos de empréstimos.

Porém, depois de evitar um aperto de financiamento no fim do ano, as autoridades do Fed devem decidir por quanto tempo continuar as operações diárias de recompra e se devem implementar um mecanismo permanente em seu lugar. Eles também devem decidir quanto tempo manterão suas compras de Treasuries, atualmente previstas que continuem no primeiro trimestre.

Comentários anteriores dos membros do Fomc sobre o tema indicam que um amplo consenso sobre como proceder em ambas as questões pode ser difícil.

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Fonte:
Reuters

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