Soja tem dia de volatilidade e fecha com leve queda em Chicago

Publicado em 16/06/2014 17:44

A sessão regular da Bolsa de Chicago fechou em baixa para o mercado da soja nesta segunda-feira (16). Os futuros da oleaginosa testaram os dois lados da tabela durante todo o pregão, porém, perderam força e encerraram o dia perdendo entre 2,25 e 5 pontos nas posições mais negociadas. O vencimento julho/14, o contrato ainda mais negociado, fechou valendo US$ 14,21 por bushel. Ao longo do dia, no entanto, o vencimento tentou recuperar o patamar dos US$ 14,30. 

O mercado passou por mais um dia pressionado por fatores técnicos, com fundos de investimento liquidando parte de suas posições e, portanto, estimulando realizações de lucros. Ainda assim, o mercado no curto prazo segue contando com o apoio dos fundamentos de oferta e demanda. 

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou, no início da tarde de hoje, mais um boletim com os embarques semanais do país trazendo, novamente, bons números para a soja. Foram embarcadas, na semana que terminou no dia 5 de junho, 215,619 mil toneladas, contra 124,242 mil da semana anterior. No ano passado, nesse mesmo período, o total foi de 75.664 mil toneladas. 

Além desse expressivo aumento em uma semana, o volume elevou o total acumulado no ano comercial 2013/14 para 42.460,019 milhões de toneladas, frente à última estimativa do USDA para todo a temporada, que acaba somente em cerca de 10 semanas, de 43,5 milhões de toneladas. 

São números como estes, segundo explicam analistas, que confirmam que o mercado ainda segue sustentado pela situação norte-americana, onde há uma severa escassez de produto disponível, mas, paralelamente, a procura pela oleaginosa não sinaliza um desaquecimento no ritmo. 

Paralelamente, a Associação Nacional dos Processadores de Óleos Vegetais informou, nesta segunda-feira, que o processamento de soja dos Estados Unidos em maio foi de 3,51 milhões de toneladas, contra 3,67 milhões processadas em abril. Segundo analistas, esse ligeiro recuo no esmagamento de soja também acabou atuando com um fator de pressão para as cotações da safra velha norte-americana. 

Nova safra dos EUA

O mercado sentiu também a pressão do bom desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos. As lavouras têm registrado uma boa evolução frente às condições de clima favorável que foram registradas até esse momento e também com as previsões do tempo indicando a continuidade desse quadro favorável. 

Mercado Interno

O objetivo do primeiro vencimento, portanto, agora é o de buscar a nova resistência dos US$ 14,50 por bushel e romper esse patamar, tentando consolidar novas altas, de acordo com Ênio Fernandes, consultor em agronegócio.

Entretanto, apesar dessa movimentação pouco direcionada para o mercado futuro da soja no curto prazo, os preços nas origens brasileiras, ainda segundo Fernandes, têm se mantido pouco alterados e não têm sentido com tanta força esse impacto dos resultdos em Chicago. E um dos fatores para essa manutenção das cotações se deve à baixa disponibilidade de soja também no Brasil. 

"Nós vimos os preços em Chicago caindo e os prêmios aqui corrigindo isso. A baixa disponibilidade de soja no mercado interno gera sustentação de preços", diz o consultor. "O cenário é de sustentação para os preços da safra velha, e eu acho difícil os preços no mercado interno cederem", completa. 

Outro fator que pode favorecer os preços da soja da safra velha no mercado brasileiro é a boa demanda por farelo e óleo, além dos bons preços dos dois produtos. Ao longo do ano, os valores do farelo registraram bons números e ficaram bem acima do que o registrado em anos anteriores e boas margens de esmagamento. Já no caso do óleo, o aumento da mistura de biodiesel no óleo diesel deverá amenizar as margens negativas que vem sendo amargadas pelas indústrias. 

"O que determina preço é a oferta. As origens estão ofertando muito pouco. O produtor brasileiro está sendo extremamente hábil em vender. A demanda por farelo está forte e as origens estão vendendo pouco, essa combinação sinaliza de preços se mantendo", diz Ênio Fernandes. 

Veja também como fechou o mercado do milho:

Milho: Mercado antecipa relatório do USDA e fecha o pregão em queda na CBOT

Por Fernanda Custódio

Após dois fechamentos com ganhos, os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) terminaram o pregão desta segunda-feira (16) do lado negativo da tabela. Ao longo das negociações, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e encerraram o dia com perdas entre 5,25 e 6,25 pontos. O vencimento julho/14 recuou 1,3% e fechou a sessão cotado a US$ 4,41 por bushel.

Segundo o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o mercado tentou antecipar o relatório de acompanhamento de safras, que será divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no final da tarde desta segunda-feira. No último boletim, o órgão reportou que cerca de 75% das lavouras de milho estavam em boas ou excelentes condições até o dia 8 de junho, percentual próximo dos melhores momentos da história da produção norte-americana. 

E as previsões climáticas para o país apontam para temperaturas normais e chuvas regulares para os próximos 6 a 10 dias, situação que deve favorecer o crescimento das plantas. Até o momento, as lavouras estão em estágio de desenvolvimento vegetativo, conforme destaca o consultor.

Outro fator que também contribuiu para pressionar negativamente os preços na sessão desta segunda-feira foram os números dos embarques semanais reportados pelo USDA. Até o dia 12 de junho, os embarques do cereal dos EUA totalizaram 1.102.514 milhão de toneladas, número abaixo da expectativa dos participantes do mercado.

Na última semana, o número foi de 1.153.135 milhão de toneladas. No mesmo período do ano anterior, o total embarcado foi de 359.193 mil toneladas. Já no acumulado no ano safra, com início em 1º de setembro, os embarques totalizam 35.932.592 milhões de toneladas, contra 14.246.384 milhões de toneladas no acumulado no ano safra anterior.

Diante desse cenário, o consultor de mercado explica que, no curto prazo, a pressão do clima favorável nos EUA vai limitar as altas. Ainda assim, será preciso acompanhar o clima no país durante o desenvolvimento da cultura. 

"Acredito que o mercado esteja próximo dos limites de baixa, próximo de US$ 4,40 por bushel. E milho abaixo de US$ 4,00 fica barato, tanto para a indústria de etanol, como para a o setor de rações não só nos EUA, mas no mundo", destaca Brandalizze.

O consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, também questiona se em patamares mais baixos, os produtores norte-americanos irão querer vender o produto. Brandalizze diz que cerca de 50% da safra de milho dos EUA ainda precisa ser negociada.

BMF&Bovespa

No mercado futuro brasileiro, os futuros do cereal operam em baixa nesta segunda-feira. Nas últimas semanas, as cotações têm acompanhado o movimento de queda em Chicago e também os valores mais baixos praticados nos Portos do Brasil. Em Paranaguá, a saca do milho é comercializada entre R$ 26,00 a R$ 26,50. O contrato julho/14 era negociado a R$ 24,79 a saca, com desvalorização de 1,00%.

As exportações do milho brasileiro também estão mais lentas. Até a segunda semana de junho, dez dias úteis, o país exportou 32,2 mil toneladas, com média diária de 3,2 mil toneladas. Em comparação com o mês anterior, houve uma queda de 46,6%.  O preço médio por toneladas ficou em US$ 214,7. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e foram divulgadas pela Secretaria de Comércio Exterior.

O início da colheita da segunda safra brasileira também ajuda a pressionar os preços, especialmente no mercado interno. E com a evolução dos trabalhos nos campos, a perspectiva é que as cotações recuem ainda mais. Brandalizze destaca que, os valores tendem a ficar pressionados, principalmente na segunda quinzena de junho, julho e agosto.

“Os preços deverão apresentar alguma reação a partir dos meses de setembro e outubro. A partir daí, teremos valores que compensem e deixem uma margem aos produtores. Até lá, os agricultores deverão fazer as contas para avançar na comercialização”, afirma Brandalizze.

Argentina 

No país, a colheita do milho segue lenta e cerca de 55% da produção ainda precisa ser colhida. Frente a essa situação, a entrada da safra argentina coincidirá com a safrinha brasileira, o que aumenta a oferta disponível e, consequentemente, traz mais pressão aos preços. Por isso, os produtores também devem estar atentos a esse quadro, conforme orienta o consultor de mercado. 

 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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