Soja registra mais uma dia de queda em Chicago nesta 3ª feira

Publicado em 17/06/2014 07:38

Nesta terça-feira (17), os futuros da soja operam, mais uma vez, em campo negativo na Bolsa de Chicago. As cotações dão continuidade ao recuo registrado ontem, quando passaram por mais um pregão de realização de lucros, uma vez que os fundamentos mantêm os preços sustentados e ainda carregam a função de racionar à demanda por conta da baixa disponibilidade de produto nos Estados Unidos. 

A sustentação, no entanto, ainda é sentida pelos contratos de curto prazo, que se referem à safra 2013/14. No entanto, a vigência dos contratos é bastante pequeno, principalmente no julho - cerca de 30 dias - e, depois de ter perdido importantes patamares de suporte, especialmente os US$ 14,50/bushel, a força para voltar a subir acaba ficando limitada. 

Já nos contratos mais longos, a pressão vem do bom desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos. O clima no Meio-Oeste norte-americano tem se mostrado bastante positivo nos últimos dias, com chuvas dentro da média e temperaturas adequadas para a boa evolução das lavouras. Além disso, previsões indicam que esse quadro deverá se manter nos próximos 6 a 10 dias. 

De acordo com o último boletim de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o plantio da oleaginosa já foi concluído, até o último domingo (15), em 92% da área e 73% das lavouras estão em boas ou excelentes condições. 

No entanto, o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, alerta que o plantio está sendo concluído e, por isso, o mercado deverá se mostrar bastante nervoso daqui em diante já que a influência do clima ganha ainda mais importância nesse momento. Logo mais as lavouras chegarão nas fases de florada e enchimento de grãos, onde boas condições são fundamentais para a definição da produtividade e, consequentemente, da nova safra americana, esperada em um recorde de mais de 98 milhões de toneladas, segundo projeções iniciais. 

Porém, na madrugada desta terça-feira, foi registrado granizo nos estados de Iowa, Minnesota, Nebraska e Dakota do Sul, importantes estados produtores de grãos localizados no Corn Belt. Além disso, um tornado passou pelo Nebraska, deixou uma pessoa morte e 16 feridas na cidade de Pilger, que está totalmente destruída, segundo informações de agências internacionais. O fenômeno segue para o estado de Iowa. Os estragos causados à produção agropecuária das localidades atingidas também estão sendo avaliadas.  

“Terminamos de plantar agora nos Estados Unidos, ou seja, o melhor momento do mercado já aconteceu. Daqui pra frente, é necessário monitorar o clima de manhã, à tarde e à noite”, disse Fernandes.  “Nós temos 60 dias de clima pela frente, no mínimo 50, que serão de muita incerteza e essa variável é que vai monitorar esse mercado”, completou.

Tornado em Pilger/Nebraska - Foto: Reuters

Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:

Soja tem dia de volatilidade e fecha com leve queda em Chicago

A sessão regular da Bolsa de Chicago fechou em baixa para o mercado da soja nesta segunda-feira (16). Os futuros da oleaginosa testaram os dois lados da tabela durante todo o pregão, porém, perderam força e encerraram o dia perdendo entre 2,25 e 5 pontos nas posições mais negociadas. O vencimento julho/14, o contrato ainda mais negociado, fechou valendo US$ 14,21 por bushel. Ao longo do dia, no entanto, o vencimento tentou recuperar o patamar dos US$ 14,30. 

O mercado passou por mais um dia pressionado por fatores técnicos, com fundos de investimento liquidando parte de suas posições e, portanto, estimulando realizações de lucros. Ainda assim, o mercado no curto prazo segue contando com o apoio dos fundamentos de oferta e demanda. 

O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou, no início da tarde de hoje, mais um boletim com os embarques semanais do país trazendo, novamente, bons números para a soja. Foram embarcadas, na semana que terminou no dia 5 de junho, 215,619 mil toneladas, contra 124,242 mil da semana anterior. No ano passado, nesse mesmo período, o total foi de 75.664 mil toneladas. 

Além desse expressivo aumento em uma semana, o volume elevou o total acumulado no ano comercial 2013/14 para 42.460,019 milhões de toneladas, frente à última estimativa do USDA para todo a temporada, que acaba somente em cerca de 10 semanas, de 43,5 milhões de toneladas. 

São números como estes, segundo explicam analistas, que confirmam que o mercado ainda segue sustentado pela situação norte-americana, onde há uma severa escassez de produto disponível, mas, paralelamente, a procura pela oleaginosa não sinaliza um desaquecimento no ritmo. 

Paralelamente, a Associação Nacional dos Processadores de Óleos Vegetais informou, nesta segunda-feira, que o processamento de soja dos Estados Unidos em maio foi de 3,51 milhões de toneladas, contra 3,67 milhões processadas em abril. Segundo analistas, esse ligeiro recuo no esmagamento de soja também acabou atuando com um fator de pressão para as cotações da safra velha norte-americana. 

Nova safra dos EUA

O mercado sentiu também a pressão do bom desenvolvimento da nova safra dos Estados Unidos. As lavouras têm registrado uma boa evolução frente às condições de clima favorável que foram registradas até esse momento e também com as previsões do tempo indicando a continuidade desse quadro favorável. 

Mercado Interno

O objetivo do primeiro vencimento, portanto, agora é o de buscar a nova resistência dos US$ 14,50 por bushel e romper esse patamar, tentando consolidar novas altas, de acordo com Ênio Fernandes, consultor em agronegócio.

Entretanto, apesar dessa movimentação pouco direcionada para o mercado futuro da soja no curto prazo, os preços nas origens brasileiras, ainda segundo Fernandes, têm se mantido pouco alterados e não têm sentido com tanta força esse impacto dos resultdos em Chicago. E um dos fatores para essa manutenção das cotações se deve à baixa disponibilidade de soja também no Brasil. 

"Nós vimos os preços em Chicago caindo e os prêmios aqui corrigindo isso. A baixa disponibilidade de soja no mercado interno gera sustentação de preços", diz o consultor. "O cenário é de sustentação para os preços da safra velha, e eu acho difícil os preços no mercado interno cederem", completa. 

Outro fator que pode favorecer os preços da soja da safra velha no mercado brasileiro é a boa demanda por farelo e óleo, além dos bons preços dos dois produtos. Ao longo do ano, os valores do farelo registraram bons números e ficaram bem acima do que o registrado em anos anteriores e boas margens de esmagamento. Já no caso do óleo, o aumento da mistura de biodiesel no óleo diesel deverá amenizar as margens negativas que vem sendo amargadas pelas indústrias. 

"O que determina preço é a oferta. As origens estão ofertando muito pouco. O produtor brasileiro está sendo extremamente hábil em vender. A demanda por farelo está forte e as origens estão vendendo pouco, essa combinação sinaliza de preços se mantendo", diz Ênio Fernandes. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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