Depois do USDA, soja tem forte recuo em Chicago e no Brasil

Publicado em 30/06/2014 18:24 e atualizado em 30/06/2014 18:56

Nesta segunda-feira (30), o mercado internacional da soja despencou após a divulgação dos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estaddos Unidos) sobre os estoques trimestrais da safra 2013/14 e da área de plantio para a temporada nova. Entre os vencimentos mais negociados, as perdas foram superiores a 50 pontos e, em alguns momentos do pregão, os futuros da oleaginosa chegaram a se aproximar do limite de baixa.

Assim, o mercado fechou com os menores patamares em três meses na CBOT. O contrato agosto terminou o dia valendo US$ 13,29 por bushel, e o novembro/14, referência para a safra norte-americana, a US$ 11,53, perdendo 75 pontos. A baixa foi generalizada, uma vez que vieram dados baixistas e bastante surpreendentes tanto para a safra nova, qaunto para a safra velha. 

Estoques Trimestrais acima do esperado e área recorde

Os estoques de soja em 1º de junho nos Estados Unidos foram estimados em 11,02 milhões de toneladas. No entanto, o esperado pelos traders era algo entre 10,61 milhões e 10,34 milhões de toneladas, dado ao aperto do quadro atual de oferta e demanda extremamente apertado no país. Em março, os estoques trimestrais foram reportados pelo USDA em 27 milhões de toneladas e em junho do ano passado o número foi de 11,84 milhões de toneladas. 

Além dos estoques acima do esperado, a área estimada para ser cultivada com soja na próxima safra também veio muito acima das expectativas e surpreenderam expressivamente os traders. O USDA reportou a área em 34,2 milhões de hectares, ficando bem acima das expectativas do mercado, que eram de 33,5 milhões de hectares e das estimativas reportadas em março, de 32,98 milhões. Além disso, o número ficou bem acima do registrado na safra 2013/14, de 30,96 milhões de hectares cultivados com soja. 

Segundo analistas, caso essa área recorde se concretize e as condições climáticas permaneçam favoráveis como têm se mostrado nas últimas semanas, a nova safra de soja dos EUA poderá superas as 100 milhões de toneladas na temporada 2014/15. O mercado espera, no entanto, informações sobre um possível abandono de área ou de troca de cultura por conta do excesso de chuvas dos últimos dias, que causou inundações em muitas regiões produtoras. Esses dados, no entanto, só serão conhecidos mais adiante e, ainda de acordo com analistas, não deverão causar um impacto muito expressivo sobre a direção dos negócios. 

"Nem mesmo o mais otimista esperava uma área superior a 34 milhões de hectares para a soja nos EUA", afirma o economista e analista de mercado da Granoeste Corretora, Camilo Motter. Esses números do USDA já reduziram, inclusive, o número de contratos negociados no vencimento referência para a safra americana - novembro/14. 

Embarques semanais

Antes desses números, porém, o departamento norte-americano já havia reportado o boletim de embarques semanais dos EUA, trazendo um volume de soja em 72,804 mil toneladas. Houve um aumento em relação aos números da semana anterior - de 61,919 mil toneladas - e esse montante elevou o total acumulado no ano a 42.597,860 milhões de toneladas, frente à projeção do USDA para a temporada de 43,55 milhões.

Eesses dados confirmam um quadro já conhecido pelo mercado e que já vem sendo relatado por analistas e participantes dos negócios, de uma severa escassez de produto nos EUA por conta da demanda ainda muito aquecida, tanto para exportações quanto interna, o que vinha mantendo importante suporte para as cotações no curto prazo. 

Mercado Interno

No mercado interno, os negócios ficaram travados depois das novidades vindas do USDA e fecharam o dia com cotações nominais. Os vendedores, que já estavam retraídos, se mantiveram ainda mais distantes. Nem mesmo a alta do dólar e os prêmios altos pagos nos portos brasileiros compensaram o expressivo recuo em Chicago. 

As principais praças de comercialização registraram forte queda, portanto, nesta segunda-feira. Em Londrina/PR, a baixa foi de 3,31%, com a saca valendo R$ 58,50; em Dourados/MS, o valor caiu 3,23%, cotado a R$ 60,00; em Cascavel/PR, a saca foi de R$ 66,00 para R$ 64,00; em Rondonópolis/MT, baixou de R$ 61,00 para R$ 58,00 e em Passo Fundo o preço caiu de R$ 67,00 para R$ 66,00 por saca. 

Veja também como fechou o mercado do milho:

Milho: Frente ao aumento nos estoques dos EUA, mercado fecha sessão no menor patamar dos últimos 5 meses

Por Fernanda Custódio

Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o pregão desta segunda-feira (30) com forte queda. As principais posições da commodity encerraram o dia com perdas entre 18,75 e 23,50 pontos. O vencimento julho/14 terminou a sessão cotado a US$ 4,24 por bushel, já o contrato setembro/14 perdeu 5,3% e fechou a US$ 4,18 por bushel. 

Segundo o analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo, as cotações do cereal foram pressionadas pelos números dos estoques trimestrais dos EUA, reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). O órgão apontou os estoques norte-americanos em 97,87 milhões de toneladas, número acima das expectativas do mercado, de 94,5 milhões de toneladas.

Até o momento, o volume estocado também é cerca de 39% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, de 70,26 milhões de toneladas. Em março, o número projetado era de 117,96 milhões de toneladas, conforme dados do USDA.

Já o boletim de área plantada, apontou que em torno de 37,07 milhões de hectares foram cultivados com o cereal na safra 2014/15. A estimativa está bem próxima com as perspectivas dos participantes do mercado, de 37,1 milhões de hectares. No último relatório de oferta e demanda o USDA já tinha projetado a área semeada com o grão em 37,1 milhões de hectares.

"Com essa estimativa acima do que o mercado esperava, as cotações do milho recuaram em Chicago. Além disso, as expectativas para a produtividade das lavouras são boas e o clima permanece contribuindo para o desenvolvimento da cultura, consequentemente temos expectativa de uma grande safra e manutenção dos estoques. Mas o cereal também recuou, refletindo o movimento negativo da soja", explica Araújo.

Safra dos EUA

Frente às condições climáticas favoráveis nos EUA para o crescimento das plantas, a expectativa é cada dia maior de que o país deverá colher uma safra recorde. De acordo com dados do USDA, a produção norte-americana de milho deverá totalizar 353,97 milhões de toneladas nesta safra, já a produtividade é projetada em 174,95 sacas por hectare.

Na última segunda-feira, o órgão reportou que em torno de 74% das lavouras do cereal apresentavam boas ou excelentes condições no país. O departamento irá atualizar as informações no final da tarde desta segunda-feira. Ainda assim, analistas afirmam que em julho as lavouras entram em fase de polinização e é preciso acompanhar as informações de clima no país.

Embarques semanais 

O departamento reportou os embarques semanais de milho dos EUA em 872.960 mil toneladas, na semana encerrada no dia 26 de junho. O volume está abaixo do reportado na semana anterior, de 988.080 mil toneladas. Já no mesmo período do ano passado, os embarques somaram cerca de 379.237 toneladas.

Até o momento, no acumulado no ano safra, iniciado em 1º de setembro, os embarques totalizam 37.842.772 milhões de toneladas, contra 14.774.469 milhões de toneladas acumuladas no ano safra anterior.

BMF&Bovespa

As cotações do milho negociadas na BMF&Bovespa trabalham em queda nesta segunda-feira. Os preços acompanham a movimentação no mercado interno e exibem leves quedas. O vencimento julho/14 era cotado a R$ 24,30 a saca, desvalorização de 0,04%. 

Por outro lado, as exportações de milho do Brasil permanecem em ritmo lento e até a terceira semana de julho totalizaram 32,7 mil toneladas, queda de 61,2% em relação ao exportado no mês anterior. Já em comparação com o mesmo período do ano anterior, o número representa um recuo de 83,1%. A expectativa da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), é que o país consiga embarcar em torno de 21 milhões de toneladas. 

“No entanto, a demanda internacional está fraca para o milho, precisamos que o Governo, principalmente para o MT viabilize o escoamento de milho através de leilões de Pep e Pepro. A situação pode ser um comprometedor do mercado, a exemplo do que houve na safra passada, com o alongamento dos embarques do cereal até o início do próximo ano, o produto irá concorrer espaço com a soja e pode comprometer o escoamento da oleaginosa em 2015”, explica o analista de mercado. 

Do mesmo modo, as cotações praticadas no mercado interno brasileiro permanecem pressionadas com a evolução da colheita do milho safrinha. Nos últimos dias, os produtores têm tentado segurar o produto e os compradores, que estão bem posicionados, aguardam melhores oportunidades para adquirir o produto. Segundo analistas, a expectativa é que os preços apresentem uma modificação após a pressão da colheita e com as exportações mais aquecidas.

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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