Soja: Mercado intensifica perdas e se aproxima dos US$ 10/bushel
Ao longo dos negócios desta quinta-feira (4), os futuros da soja intensificaram as quedas na Bolsa de Chicago (CBOT). Por volta das 12h41 (horário de Brasília), as principais posições da oleaginosa registravam perdas entre 10,75 e 14,75 pontos. O vencimento novembro/14 era cotado a US$ 10,05 por bushel.
Sem novos fatores, os investidores se voltam para as expectativas de safra recorde nos Estados Unidos, que pode chegar a 107 milhões de toneladas de soja. Em visita ao Meio-Oeste do país, a jornalista do Notícias Agrícolas, Carla Mendes, que no caso da oleaginosa a estimativa de produtividade varia entre 56,7 a 68,05 sacas por hectare. Previsões bem acima do projetado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) no último boletim de oferta e demanda, de 51,47 sacas por hectare.
"Os produtores norte-americanos relatam que o rendimento da soja só é confirmado no momento da colheita. Mas, por enquanto, podemos constatar que o clima permanece favorável, assim como, o índice de umidade no solo. Por enquanto, o clima não preocupa os produtores norte-americanos, nem as possíveis geadas precoces", afirma a jornalista.
Com isso, o USDA aumentou de 70% para 72% o índice de lavouras em boas ou excelentes condições. Em relação à semana anterior, o volume de lavouras em situação regular passou de 23% para 22%. Enquanto que, o índice de lavouras da oleaginosa em condições ruins ou muito ruins caiu de 7% para 6%. Segundo os analistas, os números são os melhores dos últimos 20 anos.
Em contrapartida, a demanda pelo produto permanece firme. Inclusive, os participantes ainda aguardam o novo boletim de vendas para exportação, que será reportado nesta quinta-feira pelo departamento norte-americano. Relatório que representa um importante indicativo do desempenho da demanda.
Comercialização da safra nos EUA
Se de um lado os produtores estadunidenses comemoram a safra 2014/15, com bons índices de produtividade, a comercialização preocupa. Até o momento, em torno de 30% da soja já foi negociada antecipadamente, com preços médios de US$ 12,00 por bushel.
“Parte dos agricultores travou a soja no momento do plantio, frente à perspectiva de safra cheia na temporada 2014/15. E diante das cotações em patamares mais baixos, a expectativa é que os produtores permaneçam retraídos nas vendas”, destaca Carla.
Mercado brasileiro
No Brasil, o volume disponível da safra velha para comercialização é baixo e os produtores esperam as melhores oportunidades para negociar. O consultor de mercado, Flávio França, explica que, nesse momento, é natural que a demanda se desloque para os EUA. “Agora, não temos demanda de exportação, nem para soja, nem milho. Com isso, os preços ficam ligados ao mercado interno e desassociados de Chicago. Iremos depender da situação regional de consumo”, sinaliza.
Ainda na visão do consultor, esse é um momento perigoso do mercado e os agricultores devem estar atentos à situação. Outra variável que também deve ser observada pelos produtores é o câmbio, que pode contribuir para os preços.
Já para a safra nova, os preços de referência oferecidos nos Portos brasileiros giram em torno de R$ 57,00 a R$ 58,00 a saca. “Os valores estão abaixo do que o registrado no ano passado, porém, para as regiões Sul e Sudeste, são preços remuneradores, a conta da soja ainda fecha”, analisa França. E na composição do cenário, há também os prêmios, que permanecem positivos. No Porto de Paranaguá o valor é de US$ 2,85 acima de Chicago, para entrega setembro. Para entrega março, o valor é de US$ 0,76, acima de Chicago.