Soja fecha semana em queda na CBOT e no Brasil à espera de novos números do USDA

Publicado em 04/11/2016 17:02

A semana foi de volatilidade para os preços da soja na Bolsa de Chicago e os contratos mais negociados perderam mais de 1% nos últimos dias. O vencimento novembro/16, o mais negociado do presente momento, foi a US$ 9,81 por bushel, caindo 1,97%, enquanto o maio/17 foi a US$ 10,04, acumulando uma perda de 1,95%. 

Além da tensão causada pelo mercado financeiro, pela eleição nos Estados Unidos, o "efeito safra" pesando sobre as cotações ganhou ainda mais força diante das tensões em relação à divulgação do novo boletim mensal de oferta e semana do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, na quarta-feira próxima, 9 de novembro. 

"A maior parte dos analistas internacionais aposta em uma safra maior nos Estados Unidos já nesse reporte de novembro, enquanto muitos acreditavam que isso poderia vir somente em dezembro", explica o consultor de mercado Carlos Cogo, da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica. Frente a isso, o mercado se manteve, neste final da semana, em compasso de espera e deverá se comportar dessa forma também no início da próxima, como diz o especialista. 

Expectativas mais detalhadas deverão ser reportadas nos próximos dias, porém, já há consultorias estrangeiras falando em uma produção que poderia chegar aos 117 milhões de toneladas. Entretanto, ao mesmo tempo, os números das exportações norte-americanas surpreendem e, como explica Cogo, poderiam ofuscar esse revisão positiva sobre a safra 2016/17 norte-americana. Há mais de 36 milhões de toneladas já comprometidas com as exportações no país e as vendas semanais têm registrado volumes recordes e impressionantes, de mais de 2 milhões de toneladas. 

O USDA estima que, em todo o ano comercial, as exportações norte-americanas de soja deverão somar 55,11 milhões de toneladas. "Esses números não fecham, as exportações deverão ser maiores. Para que ficassem nisso, significaria dizer que eles venderiam, a partir de agora, metade desses volumes semanais. Os números são impressionantes", acredita o consultor. 

E Cogo relata que embora a maior parte dessa demanda ainda venha da China, demais países asiáticos como a Malásia, Indonésia e Índia contribuem de forma bastante significativa, uma vez que sofreram com o desabastecimento de óleo de palma, partindo para a soja. "O farelo, que sempre foi o driver de preços do grão, ficou para trás e o óleo passou a frente", diz. 

No cenário macroeconômico, a tensão e a volatilidade vêm das especulações sobre o futuro da presidência norte-americana. A corrida presidencial está aquecida e trazendo muita volatilidade. "Cada investidor ao redor do mundo está esperando para que essa eleição americana termine", diz, em entrevista ao Agrimoney, o analista Tregg Cronin, da Halo Commodities. E Kim Rugel, da Benson Quinn Commodities, complementa, afirmando que "o mercado vem reduzindo de forma significativa sua exposição ao risco frente às eleições e ao relatório do USDA na próxima semana". 

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No Brasil

A semana foi negativa para os preços da soja no Brasil também. Com perdas semanais intensas em Chicago e mais o dólar, que recuou 1,08% para R$ 3,2311, as cotações nos portos e no interior do país acompanharam o movimento de junção desses dois fatores e também cederam entre 0,63% e 4,86%. 

Nos principais portos de exportação - Paranaguá, Rio Grande e Santos - as referências terminaram a semana entre R$ 75,50 e R$ 77,00 no mercado disponível, enquanto os negócios com a safra nova registraram indicativos de R$ 77,00 e R$ 78,50 por saca, considerando ainda o terminal de Imbituda/SC. 

Já entre as principais praças de comercialização, as referências de preços têm entre R$ 65,00 e R$ 75,00 por saca e ainda acompanham uma regionalização, respeitando também as condições locais de oferta, demanda e os prêmios tanto dos compradores quanto dos vendedores. 

As últimas semanas têm sido lentas, de poucos e pontuais negócios por todo o Brasil. Os preços não atraem os produtores a novos fechamentos, tão pouco o momento de formação desses valores. E para Carlos Cogo, essa é uma postura bastante adequada agora. 

"O momento é muito turbulento e não para vender. O produtor tem que aguardar passar esses fatores todos - eleição nos EUA, câmbio, divulgação do relatório do USDA - e então voltar a observar o mercado", explica. Entretanto, chama a atenção para o baixo volume de vendas antecipadas deste ano - algo entre 18% e 20%, apenas, bem abaixo da média dos últimos cinco anos, o que poderia ser ainda um problema para 2017. "Quanto menos vendas antecipadas, mais vendas no disponível", completa. 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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