Soja: Momento é ou não de venda? Seis especialistas respondem ao Notícias Agrícolas

Publicado em 25/03/2019 16:51

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Vender soja ou esperar? Fazer negócios com a safra nova ou atual? Vale a pena, financeiramente, carregar essa soja para novos negócios mais adiante? Essas são perguntas que produtores no Brasil inteiro estão se fazendo neste momento e buscando garantir uma boa estratégia de comercialização diante de tantas variáveis em aberto. 

O cenário é, de fato, bastante incerto e exige profissionalismo, cautela e um planejamento detalhado. 

O Brasil já tem algo entre 44% e 45% de sua safra 2018/19 de soja comercializada, contra uma média dos últimos cinco anos para este período de 54% a 55%, o quer dizer que os negócios estão atrasados. E a comercialização vinha caminhando bem lentamente nas últimas semanas até começar a sentir os impactos do câmbio. 

Nas últimas duas sessões, a moeda americana disparou frente à brasileira e voltou a testar a casa dos R$ 3,90, acumulando um ganho de mais de 2% na última semana. O movimento puxou os preços no Brasil - algumas localidades viram as referências subirem até R$ 2,00 por saca - e alguns negócios foram firmados.  

Entre todos as pontas soltas que ainda podem ser observadas no mercado e que, quando amarradas, poderão mudar a direção das cotações estão:

Guerra Comercial China x EUA

Uma nova rodada de conversas, pessoalmente, acontece no final desta semana em Pequim com uma delegação americana a caminho da capital chinesa. Na semana seguinte, é a vez dos chineses irem a Washigton. Segundo especialistas e estudiosos, um acordo efetivo poderia ser divulgado somente em junho. 

Além disso, explicam ainda que no tocante do agronegócio, os pormenores já estariam resolvidos, mas a questão da tecnologia e da propriedade intelectual ainda são um ponto de grande desacordo entre os dois países. 

Em 8 de março, o conflito comercial - um dos mais sérios da história recente - completou um ano. 

Safra 2019/20 dos EUA

No final desta semana também, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu primeiro reporte oficial com números de intenção de plantio para a safra 2019/20. Era consenso entre as consultorias privadas norte-americanas - e também as brasileiras - uma expressiva redução para a soja, com os produtores optando mais por milho e trigo. 

No entanto, as recentes inundações que severamente prejudicaram - e ainda prejudicam o Meio-Oeste americano, com previsão de estenderem até maio - colocaram essas perspectivas em xeque, uma vez que o mercado ainda está observando se toda essa umidade pode atrasar o plantio do milho e fazer o produtor ter de rever sua estratégia e adequá-la a esse novo quadro. 

Segundo analistas e consultores, ainda é prematuro, portanto, tentar entender como será dividida a área norte-americana. 

Leia mais

>> Enchentes seguem castigando importantes regiões produtoras do EUA

Demanda da China

A demanda chinesa por soja também é uma incógnita nesta temporada. Depois de iniciada a guerra comercial com os EUA, as compras da nação asiática se mostraram mais limitadas, com os chineses buscando alternativas para o uso da soja e focando todas as suas importações no mercado da América do Sul, especialmente o Brasil. E ainda segue focada por aqui as compras de maior volume do maior importador mundial da oleaginosa. 

Entretanto, o país foi acometido por um severo surto de peste suína africana que tem castigado seus planteis, promovendo muitos abates e reduzindo o consumo de ração internamente, apertando as margens de esmagamento e mostrando que, mesmo ativa, a demda da China pela commodity estaria, ao menos, comprometida. 

Safra da América do Sul e participação do Brasil como maior fornecedor mundial

A safra 2018/19 da América do Sul está sendo concluída, com a colheita ainda em desenvolvimento, principalmente no Brasil e na Argentina, e o mercado quer conhecer o número real dessa temporada. Mais do que isso, porém, o mercado precisará entender qual será a participação do Brasil neste mercado como o atual maior vendedor de soja do mundo. 

As certezas que são conhecidas neste momento são a de que o saldo exportável do Brasil será menor este ano - por conta da quebra ocasionada pelas adversidades climáticas - e que o país terá de racionar sua demanda no segundo semestre. Dessa forma, o protagonismo brasileiro no comércio global da commodity passou a ser mais uma variável para o mercado e para a formação das cotações. 

Veja:

>> Soja: Produtor americano depende do protagonismo do Brasil, diz Liones Severo

>> Soja: Brasil vai ter que racionar a demanda no 2º semestre, alerta analista

Câmbio no Brasil

O futuro da economia do Brasil está nas mãos da Reforma da Previdência. No Congresso Nacional, como já era esperado, o texto enfrenta uma série de obstáculos e precisa de uma união política ainda mais forte para que seja aprovada sem que sofra grandes mudanças no projeto original. 

As incertezas, porém, pesam mais agora e - aliadas a fatores externos - foram direta e rapidamente refletidas pelo câmbio, que somente na última semana somou uma alta de mais de 2%, alcançando seu mais alto patamar em 22 semanas. Os preços da soja no Brasil sentiram esse efeito imediatamente. 

A volatilidade, porém, é grande e intensa. A disparada da última semana se voltou a uma realização de lucros nesta segunda-feira e o dólar registrou sua maior baixa em seis semanas. Leia mais:

>> Dólar tem maior queda em quase 6 semanas

Fundos Investidores

Os fundos de investimento seguem carregando uma posição vendida recorde nos grãos - não só na soja - e esperam a definição de algumas dessas variáveis para começar a refazê-la. 

Diante disso, vender ou não vender soja agora? Seis especialistas responderam ao Notícias Agrícolas. 

Marcelo De Baco, De Baco Corretora de Mercadorias

"Com esta situação de clima nos EUA e a indefinição de acordo (China x EUA), creio que vamos ter bastante procura pela soja do Brasil em abril. Eu não venderia hoje, ficaria atento de hojte até o próximo dia  10, com as trocas de posição de embarques nos EUA para cá. Podemos ter tradings buscando abastecer seus compromissos, precificando melhor do que o mercado indica de prêmio", diz o analista de mercado da De Baco. 

"Temos de ficar atentos aos movimentos dos chineses, mas mesmo que não tivesse o problema de inundações nos EUA, eles precisam vir para cá, os volumes são muito grandes. Não acho que o céu é o limite, mas é preciso estar dia a dia no mercado. Temos lotes com preços de objetivo marcados e se a bolsa ou outra variável dá a conta fechamos na hora, com isto o produtor pode ficar mais focado no operacional da lavoura", completa. 

Ênio Fernandes, Terra Agronegócios

Para Ênio Fernandes, novas vendas somente com boas oportunidades trazidas pelo câmbio. "Eu venderia se o dólar chegasse a R$ 4,00, o que poderia levar o porto a se aproximar dos R$ 84,00 por saca, o que é um ótimo preço. R$ 79,00 já é margem, mas porque vender abaixo dos R$ 80,00 neste momento? Somente na necessidade.   

Para o consultor em agronegócios, as melhores chances de venda para o produtor brasileiro deverão vir via dólar, com poucas chances de grandes altas em Chicago - "não acredito em um acordo saindo agora em abril" - e afrima ainda que a partir de setembro a janela de oportunidades poderia se estreitar. "A partir daí, teremos que observar os lineups", completa. 

Camilo Motter, Granoeste Corretora de Cereais

"Acredito que o produtor tem que ir aproveitando as oportunidades, está muito incerto pela frente. EUA e China, como fica; questão da peste suína africana; plantio e evolução da safra dos EUA. Em face de tantas incertezas, acho que tem que ir participando", diz. 

Assim como os demais especialistas, Motter afirma ainda que o câmbio, recentemente, tem sido o principal diferencial e que é um fator de extrema importância neste momento. "O câmbio abriu uma boa oportunidade nestes dias e o mercado teve um dinamismo maior nestes dias", explica. 

Andrea Cordeiro, Labhoro Corretora

"Se você prospectar que os EUA estão indo para uma safra de soja e milho, com ajustes de área, possivelmente uma área de soja menor, mas não muito, e não visualizar um entendimento entre China e EUA no curto prazo, os preços não teriam razão para subir nesse momento, apenas os prêmios para a América do Sul. Por outro lado, no Brasil, temos um diferencial que é uma valorização do prêmio e a questão cambial.  Assim, sempre orientamos que o produtor trabalhe com vendas, fazendo médias, e não assuma totalmente um risco de esperar para um entendimento (entre chineses e americanos)", acredita a analista. 

E Andrea completa dizendo que este é, de fato, "um risco muito grande para o produtor brasileiro assumir, e por isso a orientação é de que ele faça vendas fracionadas, de acordo com suas necessidades, e quando estiver descoberto que se posicione comprando opções em Chicago, na B3". 

Ainda como parte da estratégia para a safra nova, ela explica ainda que é importante que sejam observados os prêmios para a nova temporada. Ainda como parte da estratégia para a safra nova, ela explica ainda que é importante que sejam observados os prêmios para a nova temporada. "Estamos sugerindo aos nossos clientes que faças vendas com Chicago em aberto e prêmio a fixar, aproveitando este momento de valorização enquanto não sai um acordo. Os prêmios praticados para o Brasil e para a Argentina estão diferenciados em relação aos praticados no Golfo. Assim, o produtor brasileiro compromete uma venda, deixa Chicago em aberto, trava o prêmio e ainda demanda uma trava cambial na hora em que o produtor quiser fechar a perna do seu hedge se a conta dele for em real. Essa pode ser uma estratégia que possa vir a cobrir eventuais riscos da safra nova", complementa.  

Matheus Pereira, ARC Mercosul

Sobre as vendas da safra atual, Pereira diz que o melhor "é esperar a pressão de colheita passar. Há espaço para novas altas, mas ideias de estocar em silo-bags não vemos como rentáveis", diz. E também completa citando a questão cambial. "R$ 3,90 é uma ótima oportunidade de venda, só altera o cenário se a reforma ganhar movimento", diz. 

Entretanto, para a safra 2020, a orientação é de que o produtor "venda dentro dos próximos 40 dias, pelo menos pra travar os custos esperados".

Luiz Fernando Gutierrez, Safras & Mercado

Para o analista de mercado da Safras & Mercado, o câmbio de fato traz um momento interessante para os preços, mas o que chama a atenção agora é a safra nova. "A safra 2020 já está marcando entre R$ 84,00 e R$ 84,50 nos portos". E para a safra atual, "o produtor tem na mente o patamar dos R$ 80,00 e alguns já conseguem isso", explica. 

E Gutierrez explica ainda que, para a temporada atual, salvo o câmbio, os demais fatores agora são negativos, com poucas chances de ganhos em Chicago ou nos prêmios. "Com um acordo, a situação muda. Chicago sobe, e os prêmios respondem negativamente aqui, sem acordo, os prêmios voltam a subir no Brasil". 

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Tags:
Por:
Carla Mendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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5 comentários

  • Marcelo De Baco Viamão - RS

    Hoje teremos o relatório de intenção de plantio nos EUA, exatamente no momento em que estamos colhendo, ao menos no RS. Falar de preços e de tendências sempre é possível, quando observadas as realidades do presente. Obviamente que fatos novos podem ocorrer, como por exemplo: Problemas climáticos nos EUA, ou no Brasil. O certo é que nossa grande deficiência está na infra estrutura e na logística. Digo isto porque no RS em 2008 se produzia 9 milhões de toneladas de soja, hoje se produz 20 milhões. as estradas, portos e ferrovias não acompanharam o crescimento da produção, os navios também são maiores e as carretas viraram treminhões... Então quando falamos em prêmio, câmbio e bolsa, falamos do tripé formador do preço dos commodities. As deficiências locais, não são suportadas pelo mercado. Então quando falamos se é momento de venda, eu sempre analiso que os fretes sobem na safra, os espaços desaparecem e toda esta situação vira custo para o produtor. Para o comprador, ele precisa originar matéria prima e não vai se compadecer por uma realidade desfavorável ou por medidas estatais equivocadas. As análises são feitas sob o ponto de vista comercial, das estratégias a serem adotadas buscando o momento, ou conjunto de momentos mais apropriados. Creio que existe uma confusão entre o vendedor dizer quanto o mercado paga e o produtor dizer quanto custa produzir... infelizmente caso o comprador encontre oferta que atenda às suas expectativas ele vai fechar o negócio que lhe corresponde. UMA COISA QUE SEMPRE DIGO, CONHEÇA SUAS DESPESAS E AS DATAS DE VENCIMENTO, COM BOLSA E CÂMBIO DE ALTA É PONTO DE VENDA! Digo isto porque das três variáveis formadoras de preço se duas estão altas, é favorável... Outra coisa que eu sempre digo: MINHAS OPINIÕES REFLETEM OS RESULTADOS DAS MINHAS EXPERIÊNCIAS EM 30 ANOS DE MERCADO, MAS NÃO QUER DIZER QUE SEJAM A ÚNICA VERDADE. Mas ninguém fica 30 anos no mercado porque é ruim... O Brasil precisa aumentar sua demanda interna, melhorar sua infra estrutura e as pessoas precisam parar de buscar culpados para sua gestão deficiente. A união do Agro se fragiliza nas necessidades individuais, mas se demonstrado que perdemos valores importantes na cadeia de produção e que isto ocorre por falta de planejamento, já teremos um propósito para união. Meus respeitos sempre à todos que estão envolvidos neste setor e somente chegaremos a resultados diferentes tomando ações diferentes. Grande abraço; Marcelo De Baco.

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  • Ricardo Seghetto Passo Fundo - RS

    (Momento é ou não de venda?): a pergunta é, o produtor sabe a que preço tem que vender??? o quanto cada um precisa para suprir suas necessidades!!!

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  • Jorge Delmar Scherner

    Senhores produtores rurai, cuidado com os analistas de mercado porque nos ultimos anos nao acertam uma em seus analises de mercado, mais perto que chegam quando comentam conforme o vento assopra, para quem acompanha Noticias Agricolas como eu, sabe bem que diz.

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    • samuel antunes Campo Mourão - PR

      Oilá, com referencia ao que lemos acima ("Soja: Momento é ou não de venda? Seis especialistas respondem ao Notícias Agrícolas"), em minha opinião o produtor precisa trabalhar com médias..., num mercado muito indefinido, somente acertará aquele que usar o sistema de vendas nas oportunidades de altas pra fazer o caixa..., deixar pra vender quando vencem os financiamentos tem gerado só estresse,... quem vende sem programaçao antecipada se depara com surpresas a cada momento, geralmente acerta quem usa fazer media nas vendas..., nunca deixar pra vender num unico momento... lembrando que diante das incertezas, teremos vários estresse no mercado financeiro mas que pode ajudar numa boa tomada de decisão, basta acompanhar Chicado e a oscilação de nossa moeda..., portanto, até findar a reforma da previdencia, teremos ótimos momentos rapidos que surgirão..., quem estipular metas e ficar esperando, poderá ter um ótimo resultado, tando no disponivel como no futuro..., boa sorte a todos, (lembrando que pra fazer média vc. não nescessariamente deverá entrar com volumes muito altos, sugiro dividir em lotes de 20 a 30%, efetuar nas altas e deixar o barco rodar)..., bons negócios a todos

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  • Charles Tharcy Stürmer Chapadão do Sul - MS

    A bolsa de Wisconsin de leite não existe mais porque não era mais representativa do mercado. Vendiam- se papeis no sul dos EUA, o preço despencava, eles compravam o físico no Norte, recompravam seus papeis e dominavam o mercado. A maior parte da soja do mundo esta na América do Sul - Brasil, Argentina e Paraguai. A CBOT não representa mais o mercado no mundo visto que ela passa por seis vezes la dentro na mesma safra. E o resultado esta aí. Pressão no produtor. APROSOJA, BMF, Governo Brasileiro. Vamos no caminho da bolsa da Sul-Americana.

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  • Edmundo Taques Ventania - PR

    Sensacional!!! Falaram da guerra comercial, da próxima safra dos EUA, da demanda da china, da safra da américa do sul, do cambio e dos fundos investidores ... faltou apenas falar do produtor brasileiro, então aqui vai:

    Do Produtor Brasileiro.. O produtor Brasileiro vem de um ano com aumento significativo nos custos de produção e de quebra substancial de safra, sabe que seu produto tem melhor qualidade e que tendo em vista, no presente momento, a existência de impostos sobre a safra americana, o produto americano custa para exportação para China o valor de U$$ 11,50 (vencimento maio + 25% imposto) o bushel, enquanto aqui segue recebendo algo em torno de U$$ 9,50 (vencimento maio + premio) pelo mesmo bushel independente de ser um produto com mais qualidade. Sabe que o ano foi difícil, considera os prêmios atuais ridículos com o sentimento imerso de estar sendo roubado. Que se não fosse pelo Dólar, a quebradeira seria ainda maior e já estaria caçando Chinês na rua para um acerto de contas de natureza mais pessoal (O que não recomendo, mas é fato). E ainda tem que ouvir que o estoque americano é grande (ótimo então porque não estão comprando lá então?!?), que as margens de esmagamento estão apertadas (Brilhante, comprando soja a míseros U$$ 9,10 o bushel e está com margem apertada??? Serio??? Já pensou em mudar de negocio!!) e que o mercado é soberano (Claro!!! Se existisse um né!!! Chicago esta em estado inerte e totalmente prostrado a espera do fim da guerra comercial a UNICA coisa que o fará mudar significativamente, as favas com todos os demais fundamentos). Não tem intenção de vender soja, porque não PODE!!! Como já dito no começo do texto, dado o aumento de custo e a quebra de safra, só pode vender o que lhe resta de soja a preços bem mais atrativos, preços esses que já deveriam estar sendo ofertados!!! Já lhe levaram 44-45% da safra a preço de banana, não tem como entregar o resto por estes preços, porque simplesmente não vai fechar as contas.

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    • Homil Abdala Abdo Ituverava - SP

      Sem contar a quebra da produção em praticamente todos os estados produtores de soja no Brasil.

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    • Carla Mendes Campinas - SP

      Sr. Edmundo, muito obrigada pelas colocações. Ter uma voz como a do sr. é ter a voz do produtor!

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    • Luciano Vasconcellos The Woodlands

      Mais um comentário capenga. A febre suína diminuiu o plantel chinês. Memos esmagamento por lá. Ent?o Brasil e EUA precisam esmagar mais para suprir a demanda chinesa por proteína. Se entendessem tanto de mercado seriam milionários operando dólar, CBOT e prêmio.

      N?o precisariam escrever previsões que nunca acertam.

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    • Edmundo Taques Ventania - PR

      Todo dia acordo e começo meu dia por procura de noticias, leio artigos, vejo vídeos, busco informações aqui no Noticias Agrícolas e em outros sites estrangeiros.

      Todo dia a mesma gama de justificativas, algumas até com uma certa coerência, outras tão absurdas que não passariam pelo curso de Massinha I de lógica.

      E todo dia não vejo ninguém falando a verdade, apenas formulas e argumentos tentando camuflar o fato inegável:

      Os produtores brasileiros estão sendo roubados!!!

      Desde o inicio da guerra comercial, a China, para dar conta da sua demanda, passou a comprar muito mais soja aqui no Brasil, os números de exportações do ano passado, bem como do inicio desse ano estão ai para confirmar isso.

      Sim meus amigos alimentar uma população de 1 bilhão e quatrocentos milhões de habitantes não é tarefa fácil não!!! Mas acreditem, em grande parte, somos nós, OS PRODUTORES BRASILEIROS que estamos fazendo isso!!!!

      E o que estamos recebendo por isso??? Um preço justo, um preço certo??? Façam essa pergunta a si próprios

      Se pensarem como eu vão ver que não!!! Já expus no inicio do comentário que está originando essa resposta algumas razões do porque penso e sinto isso e sei que a grande maioria pensa igual, portanto não vou repetir o assunto.

      E já que ninguém fala, eu como produtor vou falar, Preto no Branco:

      O fato inegável é que toda a safra brasileira está indo embora a preços muito abaixo do que deveriam estar, como demonstrado, esta defasada, num caráter máximo de U$$ 2,00 por bushel, ou algo de R$15,00 por saco.

      Isto porque, para uma demanda desse tamanho, ou a China compra aqui ou compra nos EUA e lá, pra ela a soja custa hoje U$$ 11,50 o bushel, enquanto nós seguimos vendendo a nossa a U$$ 9,50 E NÃO VEJO NINGUEM FALANDO NISSO!!!!

      Pelo contrario, vejo argumentos de todo o tipo, por todos os lados, como já dito anteriormente alguns ate com algum sentido, outros sem sentido nenhum, tentando justificar o injustificável, o motivo de que eu e vc amigo produtor brasileiro estamos levando um beiço de R$10-15 por saco no nosso produto.

      Sabem o que queria ler e ouvir aqui no noticias agrícolas?? Queria ouvir de alguém mais brigando por isso, A VERDADE, queria ver as Aprosojas, o próprio Noticias Agrícolas, alertando sobre isso e iniciando um movimento nacional de orientação no sentido de unir a nossa classe para mostrar isso ao "mercado", alertando para apenas vender o que for necessário para honrar os compromissos, segurar o resto e falar: NÃO!!! Esse não é o preço justo, nem correto!!!

      Fica aqui a provocação!!

      44-45% da nossa safra já foi a preço de bem abaixo do correto/justo, vamos esperar os outros 50% irem embora e passar o resto do ano reclamando???

      Lembrem-se para os outros te valorizarem, primeiro você precisa se dar valor!!!

      E eu me dou valor!!!

      Vou continuar "gritando" sozinho, porque é da minha natureza, mas espero que todos vocês, produtores amigos, Noticias Agrícolas, analistas se juntem nesse coro, até que nosso grito possa ser ouvido, porque ficar em silencio não irá mudar isso!!

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    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Na minha opinião, a qual já manifestei para a APROSOJA, não adianta criar uma Bolsa de Mercadorias Sul-Americana enquanto os participantes do mercado seguirem as orientações dos relatórios mensais de Oferta & Demanda mundial, publicados pelo USDA/WASDE. Aqueles relatórios trazem estoques mundiais acima de 100 milhões de tons, atribuindo ao Brasil 31,53 mmt, Argentina 24,9 mmt, China 23,52 mmt, todos no final da safra de 2017/18, sabidamente inexistentes como estoques finais como são declarados e repetidos por milhares de analistas ao redor do mundo. O fato é que esses estoques são de andamento ou middle way, com base a data de 1o. de outubro, que o USDA convencionou como sendo a data que representa o inicio do ano safra mundial. Naquela data, os estoques sul americanos seriam, talvez, esses números do USDA, mas são consumidos até o final do ano safra do BR 31/1, da AR 28/2 e da China, é ainda pior, porque é o somatório da produção de soja mais o estoque de soja disponívei nos portos, que quase nunca excedem a 7,0 mmt. Neste contexto, quanto maior for a produção de soja sul americana, maior será o estoque mundial divulgado pelo USDA e não esta?fora de questão que nos próximos anos esses estoque alcance 150 milhões de tons, terminando de quebrar a atividade agrícola em muitos países produtores. Minha proposta manifesta é que a Aprosoja, juntamente com os argentinos e a ASA (American Soyabean Association), se reúnam para demonstrar os prejuízos que essas estimativas estão causando ao setor produtivo global, com a forte transferência de renda desse setor para os mercados consumidores. A ASA deve ser a maior interessado porquanto os produtores norte-americanos vivem a maior crise de sua história, com endividamento na ordem de 324 bilhões de dólares. De outra forma nosso MAPA com MINAGRI, pressionar o USDA para que os números dos estoques sejam os estoques publicados pelas autoridades agrícolas dos respectivos países, ou seja, retirando-lhes o direito de publicar estimativas distorcidas sobre nossas agriculturas. Penso ser o melhor caminho !

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    • Luciano Vasconcellos The Woodlands

      O que Governo, CNA (isso ainda existe?), APROSOJA (que aparenta somente ter soja em MT) poderiam fazer? Que tal produtores brasileiros, americanos e argentinos sentarem numa mesa e decidirem que a soja terá um preço mínimo? A demanda é crescente. O segundo passo, deixarmos de exportar imensos volumes de grãos e priorizarmos óleo e farelo. Em seguida proteínas animais. Emprego e renda aqui. Mandamos comida pronta para lá.

      O mesmo com algodão. Brasileiros e americanos suprem o mercado chinês de algodão para que façam fios, tecidos e confecções. Em seguida exportam para nós os países produtores.

      Diplomatas: larguem Venezuela, Cuba e assuntos que nada trazem de benefícios para nosso País. Trabalhem pelos que trabalham aqui.

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    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Sobre a CBOT : O endividamento dos agricultores dos EUA, tem 5 anos de prejuízos ininterruptos, cuja taxa de retorno das receitas agrícolas caiu para os níveis de 1977, ou seja, desde 2014, com o encerramento do pregão de viva-voz da CBOT, que afastou o forte vínculo do mercado físico da indústria de derivativos. Portanto, a CBOT não representa o mercado norte-americano, mas o mercado mundial. A forte desvalorização das moedas dos países emergentes, após o término dos estímulos da economia norte-americana em 2014, que desde da crise de 2008, trouxe o dólar desvalorizado por todo aquele período. Os países emergentes grandes produtores agrícolas, passaram a negociar seus produtos em moeda local, como acontece atualmente. Fazendo uma longa história curta: 1) O Brasil como maior exportador mundial de soja, é protagonista no desempenho dos preços internacionais. A condição que oferece a venda em moeda local, impede o avanço dos preços em dólares cotados na Bolsa de Chicago, e está inviabilizando o comércio das produções agrícolas dos Estados Unidos, nosso maior competidor na exportação de milho & Soja. 2) A concentração de vendas de uma colheita, não tem correspondência de utilização nos mercados de consumo que são parcimoniosos no volume distribuído no tempo. Resultado pressionam os preços. 3) Produtores pressionados pelos financiadores atropelam os mercados consumidores com excesso de oferta o que derruba os preços e estende o prazo de pagamento. Quando a oferta avança sobre o consumo, pede-se o preço, mas quando o consumo avança sobre a oferta, ganha-se preço. 4) O preço não é causa mas sim, efeito, ou seja, representa apenas o momento do acordo de conveniência entre ofertante & demandante, no qual aceitam a transferência de um determinado ativo ou produto naquele valor. 5) os Chineses ou outros quaisquer compradores não são culpados pela condição que os produtores sul americanos estão entregando a oferta.

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    • Edmundo Taques Ventania - PR

      Caro Sr. Liones parece ser sim uma excelente ideia!!! Já passou da hora de discutirmos a comercialização do Brasil. NESTA safra, NESTE presente momento, vamos ser sinceros, justificativas mil que já li e ouvi, não mudam o fato de que NESTE ano comercial em especifico o que esta realmente acontecendo não é nem de perto uma parceria comercial, mas sim uma transferência de riquezas!!!

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    • Martins Kampa

      Fico pensado quando alguns comentaristas falam tanto de nação, de Brasil, mas parece que ao redor dele não existem consumidores, ou há consumidores somente em outros países... Será que essa pessoa está na sua ilha particular, que não tem vizinhos, somente consumidores ultra-mar?

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    • Liones Severo Porto Alegre - RS

      Caro Martins Kampa, acontece que até mesmo a soja consumida internamente tem preços estabelecidos com base as cotações da Bolsa de Chicago.

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    • Walaf Ribeiro de Mello Barbosa Ferraz - PR

      Para complementar o comentario de Edmundo Taques, O NOTICIAS AGRICOLAS e a APROSOJA, entre outros sites e orgãos, não alertam os produtores nem os tenta uni-los, porque muitas vezes esses estao do lado das tradings e nao dos produtores brasileiros

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