Revisão de estimativa da safra 2013/2014 no Centro-Sul confirma crescimento de moagem direcionado para a produção de etanol

Publicado em 01/10/2013 10:46

A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), em conjunto com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), demais sindicatos e associações do setor sucroenergético, divulgou hoje a revisão da projeção para a safra 2013/2014 na região Centro-Sul.

A nova estimativa indica uma moagem de 587,00 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, retração de 0,44% em relação a projeção divulgada em abril deste ano (589,60 milhões de toneladas) e aumento de 10,18% no comparativo com o volume de cana processada na safra passada (532,76 milhões de toneladas).

Assim como a expectativa de moagem, o volume total de produtos estimado para a safra 2013/2014 também deverá sofrer retração comparativamente à projeção inicial, devido à queda prevista no teor de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana.

A nova estimativa indica uma qualidade de matéria-prima de 134,00 kg de ATR por tonelada de cana, valor 1,98% inferior ao projetado anteriormente de 136,70 kg de ATR por tonelada e recuo de 1,16% no comparativo com o índice registrado na safra 2012/2013 (135,57 kg de ATR/t de cana).

Essa redução no teor de açúcares se deve ao efeito da geada não prevista na primeira estimativa, ao avanço da colheita mecanizada e ao clima mais chuvoso em maio e junho deste ano. Além disso, variáveis de menor expressão como a infestação de pragas (broca e cigarrinha, principalmente) e o prejuízo causado por doenças como a ferrugem alaranjada contribuíram, ainda que de forma pontual e com menor peso, para a retração na qualidade da matéria-prima em algumas áreas.

Em relação ao efeito do clima, os dados apurados pelo CTC comprovam que o índice de precipitação pluviométrica para a região produtora de cana registrou valor significativamente elevado em maio e junho: atingiu 106,70 milímetros em maio e 102,60 milímetros em junho desse ano, volumes superiores a média histórica em 64,15% e 150,24%, respectivamente. Essa condição alterou a evolução natural de maturação de algumas variedades, que voltaram a vegetar em um período do ano normalmente seco, e provocou um atraso significativo no ritmo de moagem nesse período.

No caso da geada, observou-se um estímulo à concentração de açúcares na planta nas poucas regiões em que a severidade do fenômeno foi baixa. Entretanto, a maior parte dos canaviais acometidos pela intempérie climática exigiu das unidades produtoras o corte imediato destas áreas impactadas, comprometendo o cronograma de colheita e, consequentemente, o teor de açúcares na planta.

O diretor Técnico da UNICA, Antonio de Padua Rodrigues, explica que “quando os efeitos da geada causam queima de tecidos e morte de meristema, as usinas são obrigadas a colher rapidamente as áreas impactadas, tendo, por exemplo, que cortar áreas com variedades tardias mais cedo, quando a planta não apresenta concentração ótima de ATR”.

Essas alterações promovidas no cronograma de colheita também prejudicam a produtividade agrícola das áreas colhidas antecipadamente. Contudo, a retração na oferta de cana-de-açúcar nessas regiões não foi suficiente para reduzir a moagem total esperada para o Centro-Sul, pois houve um aumento significativo da produtividade nas áreas colhidas até o momento, decorrente do canavial mais jovem e da melhor condição climática observada na maior parte das lavouras.

De fato, dados apurados pelo CTC mostram que no acumulado desde o início da safra até setembro deste ano, o rendimento agrícola médio da área colhida na região Centro-Sul do País estava 10,28% superior aquele observado no mesmo período da safra passada: 83,7 toneladas por hectare este ano, contra 75,9 toneladas por hectare em 2012/2013.

A estimativa é de que a produtividade agrícola ao final da safra 2013/2014 não fique aquém das cerca de 80 toneladas por hectare estimadas em abril deste ano, mesmo considerando que nos últimos meses de colheita geralmente se observa uma retração neste indicador devido ao corte de áreas mais velhas.

Portanto, como já havia sido previsto no início do ano, a variável que irá determinar o tamanho da moagem nesta safra será o aproveitamento de moagem e não a produtividade.

O diretor da UNICA ressalta que “essa nova estimativa de safra considera um clima mais próximo da normalidade até o final do ano, com chuvas mais intensas em outubro. Entretanto, dependendo das condições climáticas nos próximos três meses, podemos ter uma moagem próxima de 580 milhões de toneladas no caso de um clima mais chuvoso ou, em uma situação mais seca e menos provável, um volume processado superior a 587,00 milhões de toneladas de cana, já que a quantidade de cana disponível para colheita é ligeiramente superior a 600 milhões de toneladas”.

O executivo esclarece que as condições climáticas determinarão o volume de cana-de-açúcar que não poderá ser colhido e ficará no campo para ser processado no próximo ano.

Produção de açúcar e etanol

A nova projeção indica uma produção de 34,20 milhões de toneladas de açúcar, 3,66% abaixo do estimado no início da safra e apenas 0,30% superior ao valor registrado na safra 2012/2013 (34,10 milhões de toneladas).

Já a projeção revisada para a produção de etanol soma 25,04 bilhões de litros, volume próximo daquele estimado inicialmente (25,37 bilhões de litros), mas 17,21% superior ao verificado na safra anterior (21,36 bilhões de litros).

Do volume total esperado para a atual safra, 10,90 bilhões de litros referem-se ao etanol anidro (anteriormente projetado em 11,20 bilhões de litros) e 14,14 bilhões de litros ao etanol hidratado, contra 14,17 bilhões estimados em abril.

O diretor da UNICA ressalta que “até agosto as unidades produtoras priorizaram a produção de etanol e, mesmo após a alteração do câmbio, a proporção de cana destinada à fabricação de açúcar está aquém daquela verificada nas últimas duas safras”. Como resultado, reduzimos a expectativa de produção de açúcar para essa safra, que deve ser mais alcooleira do que havíamos previsto inicialmente, concluiu o executivo.

A nova estimativa indica que 45,63% da cana processada pelas indústrias da região Centro-Sul na safra 2013/2014 deve ser direcionada à fabricação de açúcar, valor menor do aquele inicialmente previsto (46,22%) e significativamente inferior aos 49,54% apurados no último ciclo.

Mercado de etanol e de açúcar

Embora as exportações de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul tenham atingido 1,74 bilhão de litros até 16 de setembro deste ano, alta de 10,21% sobre o valor observado no mesmo período da safra 2012/2013, a nova estimativa da UNICA mantém a expectativa inicial de 2,70 bilhões de litros de etanol exportados.

Portanto, do volume total de produção esperado (25,04 bilhões de litros), apenas 10,78% deverão ter como destino o mercado externo, permanecendo a maior parte (89,22%) direcionada ao abastecimento no mercado doméstico.

No caso do açúcar, o volume disponível para exportação após a revisão da produção é estimado em 24,50 milhões de toneladas.

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Fonte:
Unica

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