Açúcar: Mesmo com alta safra, Índia pode colocar teto para exportações e dar suporte aos preços no mercado

Publicado em 08/12/2021 16:15 e atualizado em 09/12/2021 09:48
Andy Duff - Estrategista Global de Açúcar Rabobank
Analista do Rabobank considera possível movimento do país asiático como uma das principais novidades nos fundamentos para o adoçante; mercado também continuará se balizando pelas movimentações do financeiro

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Entrevista com Andy Duff - Estrategista Global de Açúcar Rabobank sobre o Mercado do Açúcar e Etanol

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O estrategista global de açúcar do Rabobank, Andy Duff, afirmou em entrevista para o Notícias Agrícolas nesta quarta-feira (08), que, mesmo com alta safra prevista para a Índia, o mercado está atendo à possibilidade do país estabelecer um teto de exportações para garantir seu nível de estoque. “Como ainda não se sabe qual vai ser o tamanho desse teto, pode ser um fator que apoiará ainda mais o açúcar”, declarou.

Segundo ele, o açúcar vem registrando altas porque o mundo já conseguiu digerir a reação inicial do descobrimento da variante ômicron da Covid-19, quando a queda do petróleo provocou a redução de preços nas demais commodities. Nesta quarta, as cotações futuras do açúcar encerraram a sessão com altas de mais de 1,5% nas bolsas de Nova York e Londres.

Em relação ao Brasil, existem dois fatores que influenciam as expectativas para a próxima safra. O primeiro é o clima. De acordo com o estrategista, ainda haverá vários meses de verão pela frente para crescimento e desenvolvimento dos canaviais, e há preocupações de que o clima possa ser ruim. Segundo ele, isso é uma incógnita que só o tempo vai mostrar.

Duff ressaltou que o clima é muito importante, porque ao se analisar o mercado de açúcar, existe a concentração de produção e exportação em poucos países. Em qualquer um dos países-chaves, como Brasil, Índia e Tailândia, necessariamente o fator climático tem reflexos no mercado mundial.

Outro fator importante de influência no Brasil é o preço do petróleo, que impacta a arbitragem entre açúcar e etanol. Recentemente, como frisou Duff, o preço de Brendt caiu para US$ 70/barril e agora volta a se aproximar dos US$ 75/barril. “A gente vai ver se realmente não haverá preocupação com a variante ômicron. Isso sustentará uma faixa de preço mundial de US$ 18 c/lb a US$ 20 c/lb para o açúcar em Nova York, que é o necessário para convencer o Brasil a ter mais uma safra açucareira. Esses são os fatores mais influentes e serão seguidos de perto por todos analistas ao longo dos próximos meses”, afirmou.

 

Etanol segue sem recuperar níveis de consumo pré-pandemia

Acerca do etanol, o estrategista declarou que como o início da próxima safra pode ser postergado, haverá vários meses pela frente em que o estoque de etanol estará no limite e pode ser até mesmo que o Brasil precise de importação. “O mercado está fazendo seu trabalho de racionar o consumo. A gente chega no final da entressafra ainda com um pouquinho de estoque. A gente está se ajustando. Tem outros fatores que são mais gerais, que têm a ver com o impacto da inflação no bolso do consumidor e o impacto no consumo de todos os combustíveis”, acrescentou Duff.

Ele apresentou alguns dados sobre os combustíveis e destacou que em 2020, o mercado caiu 10% em comparação com 2019. Neste ano, entre janeiro e outubro, houve uma recuperação de 5%. Entretanto, observando de forma isolada a gasolina, a queda em comparação com 2019 foi 8% e até outubro de 2021, o combustível avançou 10%. Ou seja, as baixas foram recuperadas.

Com o etanol hidratado a situação é diferente. O biocombustível registrou uma queda de 15% entre 2019 e 2020 e, entre janeiro e outubro deste ano, conseguiu recuperar somente 8%. “O mercado de combustível no total está recuperando, mas não voltou para o nível pré-pandemia. A combinação de preços e os fatores mais macro, que têm a ver com a inflação e o impacto ao consumidor, vejo como a maior influência nesse mercado de combustível”, finalizou o estrategista.

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Por:
Jhonatas Simião e Igor Batista
Fonte:
Notícias Agrícolas

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