Açúcar: Mesmo com alta safra, Índia pode colocar teto para exportações e dar suporte aos preços no mercado
Podcast
Entrevista com Andy Duff - Estrategista Global de Açúcar Rabobank sobre o Mercado do Açúcar e Etanol
O estrategista global de açúcar do Rabobank, Andy Duff, afirmou em entrevista para o Notícias Agrícolas nesta quarta-feira (08), que, mesmo com alta safra prevista para a Índia, o mercado está atendo à possibilidade do país estabelecer um teto de exportações para garantir seu nível de estoque. “Como ainda não se sabe qual vai ser o tamanho desse teto, pode ser um fator que apoiará ainda mais o açúcar”, declarou.
Segundo ele, o açúcar vem registrando altas porque o mundo já conseguiu digerir a reação inicial do descobrimento da variante ômicron da Covid-19, quando a queda do petróleo provocou a redução de preços nas demais commodities. Nesta quarta, as cotações futuras do açúcar encerraram a sessão com altas de mais de 1,5% nas bolsas de Nova York e Londres.
Em relação ao Brasil, existem dois fatores que influenciam as expectativas para a próxima safra. O primeiro é o clima. De acordo com o estrategista, ainda haverá vários meses de verão pela frente para crescimento e desenvolvimento dos canaviais, e há preocupações de que o clima possa ser ruim. Segundo ele, isso é uma incógnita que só o tempo vai mostrar.
Duff ressaltou que o clima é muito importante, porque ao se analisar o mercado de açúcar, existe a concentração de produção e exportação em poucos países. Em qualquer um dos países-chaves, como Brasil, Índia e Tailândia, necessariamente o fator climático tem reflexos no mercado mundial.
Outro fator importante de influência no Brasil é o preço do petróleo, que impacta a arbitragem entre açúcar e etanol. Recentemente, como frisou Duff, o preço de Brendt caiu para US$ 70/barril e agora volta a se aproximar dos US$ 75/barril. “A gente vai ver se realmente não haverá preocupação com a variante ômicron. Isso sustentará uma faixa de preço mundial de US$ 18 c/lb a US$ 20 c/lb para o açúcar em Nova York, que é o necessário para convencer o Brasil a ter mais uma safra açucareira. Esses são os fatores mais influentes e serão seguidos de perto por todos analistas ao longo dos próximos meses”, afirmou.
Etanol segue sem recuperar níveis de consumo pré-pandemia
Acerca do etanol, o estrategista declarou que como o início da próxima safra pode ser postergado, haverá vários meses pela frente em que o estoque de etanol estará no limite e pode ser até mesmo que o Brasil precise de importação. “O mercado está fazendo seu trabalho de racionar o consumo. A gente chega no final da entressafra ainda com um pouquinho de estoque. A gente está se ajustando. Tem outros fatores que são mais gerais, que têm a ver com o impacto da inflação no bolso do consumidor e o impacto no consumo de todos os combustíveis”, acrescentou Duff.
Ele apresentou alguns dados sobre os combustíveis e destacou que em 2020, o mercado caiu 10% em comparação com 2019. Neste ano, entre janeiro e outubro, houve uma recuperação de 5%. Entretanto, observando de forma isolada a gasolina, a queda em comparação com 2019 foi 8% e até outubro de 2021, o combustível avançou 10%. Ou seja, as baixas foram recuperadas.
Com o etanol hidratado a situação é diferente. O biocombustível registrou uma queda de 15% entre 2019 e 2020 e, entre janeiro e outubro deste ano, conseguiu recuperar somente 8%. “O mercado de combustível no total está recuperando, mas não voltou para o nível pré-pandemia. A combinação de preços e os fatores mais macro, que têm a ver com a inflação e o impacto ao consumidor, vejo como a maior influência nesse mercado de combustível”, finalizou o estrategista.
0 comentário
Açúcar abre sem grandes variações nesta 5ª feira (24) após altas acentuadas na última sessão
ORPLANA reivindica inclusão de produtores de cana em políticas públicas durante evento da DATAGRO
Futuros do açúcar sobem mais de 2% com revisão dos estoques brasileiros para mínima recorde
Produtividade na cana-de-açúcar segue abaixo da média da safra passada, diz CTC
Estoques de açúcar no Brasil são revisados para mínima recorde, diz trading Wilmar
Açúcar sobe mais de 2% em NY e busca margem acima dos 22 cents/lbp no contrato março/25