Mercado de açúcar: EM PAZ COM OS TOUROS?

Publicado em 08/10/2012 06:31 e atualizado em 08/10/2012 09:11
Por Arnaldo Luiz Correa, da Archer consulting
Mercado fez as pazes com os touros (altistas) e negocia nas altas dos últimos 40 pregões. A semana encerrou com variações positivas ao longo da curva de preços no contrato de açúcar de NY com ganhos entre 23 a 111 pontos, entre 5 e 25 dólares por tonelada. Os meses com vencimento mais curto apreciaram mais do que os meses com vencimento mais longo. 

Os fundos não-indexados compraram 24.000 contratos em uma semana e colocaram o mercado para cima em cerca de 100 pontos. Ou seja, para cada 12 mil toneladas compradas no mercado futuro, o preço subiu um mísero pontinho. Em outras palavras, não é para ficar tão entusiasmado assim, pois os participantes comerciais estão aproveitando a subida repentina de preços para fixar suas vendas. O intervalo de preços mudou, está mais difícil ver o mercado quebrar os 20 centavos de dólar por libra-peso para baixo agora, mas por outro lado quebrar 23 centavos de dólar por libra-peso para cima vai ser um parto de elefante.

Depois de dois anos ausentes, as usinas indianas importam 450.000 toneladas de açúcar do Brasil para embarques outubro/dezembro ao preço médio de 19,70 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos. Preços internos mais altos no mercado indiano encorajaram as usinas a importar açúcar mais barato do mercado internacional.

O açúcar liderou as commodities na semana com ganhos de 5,5%, à frente do suco de laranja e algodão que subiram pouco mais de 1,3%, e dos grãos que caíram 3%, café que amargou queda de 3,5% e no último lugar da lista o cacau que derreteu mais de 5%.

O preço médio de produção do Centro-Sul para a safra 2012/2013 pelo modelo desenvolvido pela Archer Consulting aponta R$ 35,8405 por saca posto Usina. Os custos de produção explodiram nos últimos 4-5 anos. Na safra 2008/2009 o preço de produção médio foi de R$ 21,2285 por saca. Ou seja, o custo em real tem subido à velocidade de quase 14% ao ano. Se aplicarmos um custo financeiro médio de 1% ao mês, veremos que nas últimas quatro safras o setor deu prejuízo em 2008/2009, ganhou na média 15% nas três safras seguintes e, se assumirmos que uma usina tenha exatamente o mix da safra corrente, deverá amargar um prejuízo de 6% na 2012/2013. 

O mesmo estudo mostra que o hidratado é o produto que tem correlação com maior aderência (r2 de 0,96) ao mix de produção enquanto o açúcar no mercado interno tem menor correlação com menor aderência ao mix (r2 de 0,75).

Enquanto isso, um executivo há muito tempo no setor se diz perplexo com a matéria publicada no jornal Valor Econômico desta semana intitulada “Governo descarta desoneração do etanol” que cita uma fonte do alto escalão do governo que atribui a crise do setor à baixa produtividade e dispara que "saímos de um programa que tinha subsídio (sic) e migramos para um que funciona com as próprias pernas. Não vamos andar para trás". O executivo, leitor assíduo desse comentário semanal, disse que a afirmação do burocrata o fez lembrar-se de uma frase de Albert Einstein: “A diferença entre a genialidade e a imbecilidade, é que a primeira tem limite”. Subsídio? O setor tem subsídio? 

A UNICA anuncia sua nova presidente. Trata-se de Elizabeth Farina, Professora Titular do Departamento de Economia da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo) e chefe do Departamento de Economia da USP desde 2011. Foi presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), ligado ao Ministério da Justiça, de 2004 a 2008 e coordenadora Adjunta do PENSA, o Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial, ligado à USP. Farina assume a UNICA dia 1º de dezembro. Desejamos boa sorte.

Tenham todos uma excelente semana

Arnaldo Luiz Corrêa
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Fonte:
Archer Consulting

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