Preço de commodities deve cair 7%, diz Rabello de Castro

Publicado em 11/05/2012 11:34
O índice de preços global de commodities deve recuar cerca de 7% neste ano se os cenários atuais forem mantidos, disse na quarta-feira (9) o economista Paulo Rabello de Castro, em palestra no X Seminário Guarani, em São Paulo. Para o sócio fundador da RC Consultores, a situação na Europa, nos Estados Unidos e mesmo nos países emergentes deve impactar os preços das commodities.

“A sensação de empobrecimento nos Estados Unidos é extremamente forte e a Zona do Euro está quase em estágio de catástrofe”, diz ele. Castro não espera boas notícias de nenhum dos dois lados do Atlântico Norte, porque o cenário europeu ainda está crítico e as eleições americanas no segundo semestre impedem a tomada de decisões mais drásticas do governo Obama para combater a crise.

Os países em desenvolvimento, considerados o contraponto salvador à crise dos países ricos, também dão sinais de desaceleração. ”O mundo depende dos países emergentes, mas eles já estão superaquecidos.” O economista cita a China, cujo PIB desacelera lentamente. O índice da bolsa de Xangai, por exemplo, patina há dois anos em um patamar abaixo da média histórica de pontos.

Tudo isso pressiona para baixo as cotações das commodities agrícolas e minerais, segundo ele. “Eu ousaria antecipar uma queda de 7% no índice CRB neste ano, na ausência de outro choque de desconfiança”, prevê. Esse processo de reajuste dos preços pode ser mais abrupto e acentuado se novos choques ocorrerem, o que Castro considera altamente possível. O índice de preços Thomson Reuters/Jefferies CRB é uma cesta da cotação das principais commodities mundiais, usada como referência para investimentos de fundos em commodities.

Castro acredita que a queda nas cotações das commodities vai gerar uma pressão baixista sobre a inflação internacional, reduzindo o preço das exportações brasileiras. “O cenário deflacionista também abre espaço para o Brasil reduzir os juros e não deixar o dólar cair tanto”, avalia.

Na visão dele, a queda do preço das commodities é um ajuste necessário, já que as consecutivas altas posteriores à crise de 2008 não estão relacionadas apenas à relação entre oferta e demanda. “Os chineses já estavam comendo em 2003 e 2004, mas os preços estavam baixos”, justifica. “O mundo está em situação irregular e anormal e é o ensandecimento monetário mundial que explica tamanha alta das commodities.”

A correção para baixo no preço das commodities também seria uma forma de aliviar os custos dos trabalhadores, um reajuste natural da economia mundial em busca do equilíbrio. “O preço do prato de comida tem que ficar relativamente mais barato para reduzir o custo laboral, a única maneira de o mundo sair dessa crise.”

Câmbio é boa notícia
Por outro lado, o câmbio deve ajudar os exportadores. “O dólar está se apreciando contra moedas de países exportadores e o enfraquecimento do real é mais permanente”, afirma Castro, que acredita que a moeda americana vá se estabilizar na faixa entre R$ 1,80 e R$ 1,90, e não mais em torno de R$ 1,70.

No caso do açúcar, por exemplo, o câmbio está compensando parte da queda dos preços dos últimos dois meses. “O câmbio muda tudo, porque apesar da queda da cotação do açúcar em dólares, o preço em reais não caiu tanto”, diz o presidente da Guarani, Jacyr Costa Filho.

Além disso, Rabello de Castro acredita que a desaceleração econômica tende a levar a China a apreciar o iuane, abrindo espaço para produtos brasileiros naquele mercado. A China é o maior parceiro comercial do agro brasileiro. 
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Fonte:
Sou Agro

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