Debates? Se um pterodáctilo pode ser confundido com Schopenhauer, é melhor parar com a pantomima
A Globo faz bem em cancelar um debate. Se querem saber, um debate com seis já seria ruim — com oito, então, um despropósito! Num país em que a Justiça Eleitoral não fosse uma espécie de AI-5, como é a nossa, a Globo ou qualquer outra emissora teriam o direito de fazer o óbvio: um confronto entre Celso Russomanno (PRB), José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) — com alguma licença, chamar-se-ia Gabriel Chalita (PMDB). E ponto! Mas não! O estado-patrão tem de dizer o que a imprensa pode e não pode fazer nessa área.
Os debates se tornaram uma inutilidade. Pior do que isso: viraram um desserviço. Já afirmei que os candidatos mentem muito mais nessas ocasiões do que no horário eleitoral. E, aí, com a conivência forçada dos jornalistas, que conferem uma aparência de respeitabilidade aos disparates que são ditos, sem chance de confrontar as bobagens com os fatos.
Os debates se tornaram uma extensão perversa, piorada, do horário eleitoral gratuito. Por quê? Porque os picaretas conseguem ganhar um ar de respeitabilidade que a sua própria propaganda não consegue lhes conferir.
Ora, se a televisão está colaborando para que um pterodáctilo se passe por Schopenhauer, então estamos com problema. O jornalismo não tem de coonestar essa pantomima.
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