A união do PSDB é fundamental para preservar a democracia no Brasil, por Reinaldo Azevedo

Publicado em 15/06/2014 21:33
jornalista, blogueiro de veja.com.br, comentarista da Rádio Joven Pan e articulista da Folha de S. Paulo às quintas-feiras. (+ reportagem de veja).

A união do PSDB é fundamental para preservar a democracia no Brasil

A última vez em que o PSDB esteve tão unido numa campanha eleitoral foi 1998. Não vou aqui me dedicar à arqueologia de por que, antes, foi assim ou assado. O fato é que o candidato à Presidência, Aécio Neves, conta com o pressuposto primeiro de uma campanha que pretende, claro!, ser vitoriosa: a união. Sem ela, não existe milagre. Para alcançá-la, é preciso que todos os atores estejam dispostos não exatamente a fazer concessões, mas a ouvir o “outro” e “os outros”. Mais do que tudo, entendo, desta vez, o PSDB não tinha o direito — sob o risco da autodissolução — de não ouvir fatias consideráveis do país que querem mudança. E a cobram com uma clareza que não se via desde 2002, justamente quando o PT venceu.

Notem que não faço juízo de valor sobre os desejos de antes e os de agora. Falo de demandas que estão na sociedade e às quais os partidos têm de responder. O PSDB não tinha, e não tem, o direito de se apequenar em divisões internas. O que se viu neste sábado é auspicioso. Lá estavam, e com muito mais solidez do que em jornadas anteriores, Aécio e José Serra de mãos dadas, sob o olhar de FHC, o tucano que venceu o PT nas urnas duas vezes, no primeiro turno.

Isso é uma declaração de voto? Não é, mas poderia ser — e não vejo por que os leitores devam ter desconfianças sobre em quem vou votar. Acho que minha escolha está clara. Mas isso é o de menos neste post. O meu ponto é outro. Não existe democracia sem oposição. Repito o que já escrevi dezenas de vezes: as tiranias também têm governo (e como!!!). Só as democracias contam com forças que se opõem ao poder de turno, buscando substituí-lo, dentro das regras do jogo. Sem oposição organizada, não existe governo legítimo.

Ocorre que esse não é um valor no petismo. Nunca foi. Ao contrário. Para o partido, os que se opõem à sua visão de mundo — mesmo àquela parcela eventualmente não criminosa — são sabotadores, são inimigos. E devem ser destruídos.

Desde que os petistas chegaram ao poder, resolveram dar início a uma falsa guerra entre o “nós”, que eram “eles”, e o “eles”, que eram os outros. De um lado, os donos da virtude, do bem, do belo, do justo; do outro, o contrário. Talvez seja o caso, então, de a oposição comprar essa briga e fazer o confronto entre o “nós oposicionista” e o “eles governista”.

Os tucanos têm uma história respeitável. Tiraram o Brasil da hiperinflação. Deram ao país uma moeda. Devolveram a nação ao cenário internacional. E o fizeram sem jogar o povo contra o povo. E o fizeram sem incitar a guerra de todos contra todos. E o fizeram sem estimular ódios e rancores. Ao contrário: sempre souberam, e sabem, que, como diz o velho bordão, a união faz a força. Os petistas, infelizmente, tentam se fortalecer jogando brasileiros contra brasileiros, como estamos cansados de ver. É assim que eles enfraquecem a sociedade para fortalecer um ente de razão chamado “partido”.

Mais do que nunca, acho que cabe aos tucanos deixar realmente claro que “eles”, tucanos, não são “os outros”, os petistas e seus aliados. Ou, nos termos propostos pelo PT, chegou a hora de deixar claro que, de verdade, “nós não somos eles”. E não é preciso ir muito longe para percebê-lo: há, por exemplo, tucanos e membros de gestões tucanas sob investigação. Não vi, até agora — e não creio que vá acontecer — o partido a demonizar a Justiça. Sim, há uma grande diferença entre se solidarizar com um aliado e atacar a instituição. Em defesa de mensaleiros, de criminosos condenados, o petismo não hesitou um só instante em achincalhar o Supremo, cuja composição é, de resto, de sua inteira responsabilidade.

Autoritários
A propaganda política terrorista que o PT levou ao ar, destaquei aqui, deixou claro que o partido não tem mais futuro a oferecer aos brasileiros. Agora só lhes resta o expediente, que também não é novo em sua trajetória, de destruir a reputação e o passado alheios e de recontar a história. Mais um pouco, os “historiadores” do partido ainda transformarão Lula no pai do “Plano Real”, e FHC no chefe do grupo que tentou sabotá-lo — e sabotar o país.

Dilma já não sabe por que governa e sabe menos ainda por que quer mais quatro anos. Essa gente é tão autoritária que inventa teorias conspiratórias até quando parte de um estádio de futebol expressa seu repúdio ao governo, segundo a linguagem, feia ou bonita, que se costuma usar em disputas assim desde as arenas romanas ao menos. Seus áulicos na subimprensa — um bando de vagabundos pançudos, pendurados nas tetas da propaganda oficial e de estatais — têm o topete de acusar, ora vejam!, a oposição e alguns jornalistas por manifestações espontâneas, que surgem sem paternidade.

Os petistas, no poder, sempre tentaram calar a oposição. Agora, acham que já é chegada a hora de calar o povo — ao menos a parcela do povo que ousa discordar. E sua concepção autoritária de poder está em curso, com lances novos, embora esperados, dado o seu projeto de poder. O Decreto 8.243, inspirado por Gilberto Carvalho, saído das catacumbas do PT, é a evidência de que o partido ainda não desistiu da ditadura do partido único.

A união do PSDB, demonstrada neste sábado, é fundamental para preservar a democracia no Brasil.

Por Reinaldo Azevedo

 

Eleições 2014

Tsunami varrerá PT do governo, diz Aécio Neves

Com anúncio do candidato à presidência, PSDB deixa para trás disputas internas que atrapalharam desempenho do partido em eleições passadas

Laryssa Borges
José Serra e Geraldo Alckmin prestam apoio à Aécio Neves na convenção do PSDB

José Serra e Geraldo Alckmin prestam apoio à Aécio Neves na convenção do PSDB (Nelson Antoine/Fotoarena)

Depois de três derrotas consecutivas nas eleições para o Palácio do Planalto, o PSDB oficializou neste sábado, em solo paulista, o nome do mineiro Aécio Neves como candidato à Presidência da República. Aos 54 anos, Aécio deu a largada a sua pré-campanha desatando um dos nós que marcaram as últimas três últimas campanhas presidenciais vencidas pelo PT: as disputas dentro do próprio partido. Neste sábado, o candidato tucano recebeu o apoio público dos principais líderes do PSDB paulista, como o ex-governador José Serra, que insuflou a seção paulista da sigla com um recado direto ao partido: “Ninguém aguenta mais isso". Aécio fez coro: "Um tsunami vai varrer do governo aqueles que não têm se mostrado dignos de atender às demandas da sociedade."

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O discurso de Serra foi definido de última hora. Aliados do ex-governador defendiam que ele, que foi candidato à Presidência da República em 2002 e 2010, tentasse novamente — segundo os principais institutos de pesquisa, Serra é um dos principais nomes lembrados pelos eleitores em sondagens espontâneas. "Temos um encontro marcado com o Brasil. O PSDB e aliados chegam unidos para essa disputa. Estamos todos juntos, com Aécio à frente", afirmou Serra. "Petistas já não sabem por que governam o Brasil, nem sabem por que pretendem ficar mais quatro anos. Eles não têm nenhum futuro a oferecer. O PT neste momento é a vanguarda do atraso", completou.

"As ruas deram o recado. É preciso ouvir a voz das ruas. Temos que ouvir o povo e estar mais próximos dele", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

No partido, o nome de Serra é o favorito para disputar a vaga do Estado de São Paulo ao Senado. Nos últimos meses, aliás, seu nome chegou a ser cogitado para vice de Aécio, numa engenharia para fortalecer a chapa. Com um capital de mais de 40 milhões de votos nas eleições de 2010 (44% do país), Serra ainda não definiu se disputará a eleição ao Senado ou à Câmara. Os favoritos à vice são o senador Aloysio Nunes Ferreira e o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati. A escolha por Aloysio é encarada como uma estratégia para angariar apoio da seção paulista à chapa de Aécio. No caso de Tasso, a opção busca atrair votos no Nordeste, região em que o PT obteve desempenho majoritário nas últimas eleições.

Falta ainda a definição do vice-presidente, que o PSDB negocia com PSD, PR e PP, os aliados da futura adversária Dilma Rousseff.

"Há uma ansiedade nas ruas. Essa é a verdadeira política, trazer esperança ao povo. Aécio será o presidente do emprego, da oportunidade, da renda das pessoas. É tempo de trabalho, de competência, de seriedade", disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

Em seu discurso, Aécio não economizou críticas ao PT. Lembrou sua trajetória como presidente da Câmara e governador de Minas Gerais. Na véspera da convenção, viajou à cidade de São João Del Rei, onde está o túmulo do avô Tancredo Neves. "Coube a Tancredo um reencontro com a democracia. Agora, vamos ter um reencontro com a dignidade no trabalho", disse.

Aécio prometeu ainda "derrubar muros" para reaproximar o brasileiro da política. "Precisamos erguer pontes que permitam o reencontro dos cidadãos com seus representantes e que possam unir governo e sociedade. Não podemos deixar que a indignação nos paralise, que o individualismo nos afaste uns dos outros. O Brasil precisa se reencontrar rapidamente consigo mesmo."

Ao lado de FHC, Aécio elencou conquistas dos oito anos do mandato do tucano e destacou que o PT perdeu o controle do governo por recorrer à "contabilidade criativa" para cumprir metas econômicas e por não conseguir conter a alta da inflação. "Colocamos fim ao ciclo hiper-inflacionário. Com a determinação do presidente Itamar Franco e com a liderança inconteste de Fernando Henrique Cardoso transformamos a realidade brasileira com o Plano Real quando quase ninguém acreditava", disse Aécio, citando ainda a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, a produção de medicamentos genéricos e a modernização dos serviços de telecomunicações.

Aécio ainda afirmou que o PT tenta reinventar a história ao afirmar que foi o pioneiro em políticas sociais. "Fomos nós, PSDB e aliados, que criamos os primeiros e definitivos programas de assistência social, com benefício de assistência social. Demos início ao que seria depois o Bolsa-Família. Não adianta nossos adversários quererem, porque a história não se reescreve. Ela está para ser revisitada e reconhecida", afirmou.

Além de Serra, FHC e do governador Geraldo Alckmin, compareceram à Convenção Nacional do PSDB a filha de Juscelino Kubitschek, Maristela, e os governadores tucanos Beto Richa (PR), Simão Jatene (PA), Marconi Perillo (GO), Siqueira Campos (TO), Alberto Pinto Coelho (MG) e Teotonio Vilela (AL).

Eleições 2014

Brasil clama por liderança jovem como Aécio, afirma FHC

Ex-presidente ganhou destaque no evento partidário que confirmou a candidatura de Aécio Neves à presidência da República

Laryssa Borges
O candidato à presidência, Aécio Neves, e o ex-presidente FHC durante Convenção Nacional do PSDB, em São Paulo

O candidato à presidência, Aécio Neves, e o ex-presidente FHC durante Convenção Nacional do PSDB, em São Paulo(Tom Dib/ACOM Bruno Covas)

Aclamado na convenção nacional do PSDB neste sábado em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a saturação do governo federal, comandado por petistas há quase 12 anos, pode ser superada por uma "liderança jovem" como o senador Aécio Neves. Apoiador de primeira hora do nome de Aécio para a disputa pelo Palácio do Planalto, FHC ganhou destaque no evento partidário que confirmou a candidatura do senador mineiro por 447 votos — houve três votos em branco e um nulo.

"O Brasil clama por uma liderança jovem que sinta mais de perto o clamor das ruas e se dedique ao povo brasileiro. Ele tem essa qualidade e tem espontaneamente essa capacidade. Ele tem capacidade de discernir quem é bom e quem não é bom, sabe delegar e cobrar resultado", disse o ex-presidente. 

"Não adianta mais repetir o que sabemos que não é certo. Sentimos que a mudança está começando a se concretizar. A mudança em política não é uma mudança só, é uma mudança encarnada nas pessoas, e hoje a pessoa é Aécio neves, que encarna esse sentimento em cada um de nós", completou.

Ao contrário das campanhas passadas do PSDB, que tentaram "esconder" o ex-presidente e não discutir o legado dos oito anos de governo tucano, a orientação da campanha de Aécio é para destacar políticas de FHC, incluindo a privatização do setor de telefonia e a criação de políticas assistenciais de distribuição de renda.

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Petrobras — Em seu discurso durante a convenção, o ex-presidente criticou os recentes escândalos envolvendo petistas, como a má gestão da Petrobras, que teve um prejuízo bilionário com a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e o caso, revelado por VEJA, de tráfico de influência do deputado André Vargas (ex-PT-PR) em favor do laboratório de fachada Labogen, empresa do grupo do doleiro Alberto Youssef.

"Queríamos transformar a Petrobras de uma repartição pública em uma grande empresa. Nunca poderíamos imaginar [os escândalos envolvendo a estatal]. De vez em quando também se ouve um respingar de Labogens no Ministério da Saúde", comentou.

A exemplo do que havia declarado o ex-governador José Serra, FHC afirmou que "o partido está totalmente unido com seus companheiros de outros partidos e com o povo brasileiro, que hoje percebe que a história passa pelas veias, coração e trabalho de Aécio Neves". "A caminhada do Aécio daqui para diante vai ser de mãos juntas. Não queremos os corruptos, os ladrões, os farsantes e os que ficam empulhando. O povo quer um futuro diferente", disse.

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Na convenção, Aécio Neves foi apresentado como um candidato novo, embora com cerca de 30 anos de vida pública. Aliados do tucano defenderam o PSDB como alternativa aos 12 anos de hegemonia petista em nível federal.

"Estamos vivendo um momento de tragédia brasileira. Aquela campanha que mostram na TV não é o Brasil real. Em São Paulo estamos há quase 20 anos no poder e o Brasil percebeu o que está dando certo. O Brasil vai voltar a confiar no PSDB e dizer que o Brasil também vai dar certo", disse o deputado Vanderlei Macris.

"Ninguém aguenta mais, estamos por aqui com o PT, com seu jeito autoritário de governar, com sua maneira despótica de tratar adversários e aliados, com propaganda mentirosa que nos vende um país que não existe. A presidente Dilma desperdiçou o apoio popular que tinha e não temos mais nada a esperar desse governo", completou o senador Aloysio Nunes Ferreira.

"Esse governo que esta aí é um governo que nada guardou para o futuro, só fez desfrutar das coisas boas do governo do PSDB. É um governo de cigarras que não param de cantar nos palanques, nas rádios e na propaganda interminável enquanto os brasileiros trabalharam como formigas durante 12 anos nesse longo inverno", afirmou o deputado Antonio Imbassahy.

 

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veja.com.br

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