PIB fraco faz Brasil perder posto de 6ª economia do mundo

Publicado em 31/08/2012 08:16 e atualizado em 20/06/2013 17:02
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Por Ana Clara Costa, na VEJA.com:

O fraco resultado da economia brasileira no segundo trimestre sepultou a permanência do Brasil como sexta maior economia do mundo – posto que havia sido atingido no início do ano com o anúncio dos resultados econômicos de 2011, desbancando o Reino Unido. Ainda que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostre um estranho otimismo em relação aos próximos trimestres, o resultado atual – alta de 0,5% no PIB no primeiro semestre – coloca o país de volta à sétima posição, atrás de Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, China e Estados Unidos.

Segundo dados da Economist Intelligece Unit (EIU), o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil nos últimos doze meses soma 2,391 trilhões de dólares, ante 2,415 trilhões de dólares da Grã-Bretanha. No ano passado, a economia brasileira produziu riquezas que totalizaram 2,48 trilhões de dólares, enquanto o país europeu somou 2,26 trilhões de dólares.

Segundo o analista da EIU, Robert Wood, além da desaceleração econômica, a desvalorização do real foi crucial para a queda no ranking. “Desde março o real enfrenta expressiva queda ante o dólar e isso afetou, parcialmente, o PIB brasileiro na comparação mundial”, afirma Wood. Em março de 2012, a moeda americana era cotada a 1,71 real, enquanto, no final de junho, estava em 2,03 reais – mesmo cotação desta sexta-feira. “O desempenho da economia britânica é muito fraco, mas a libra tem se mantido estável em relação ao dólar”, acrescenta o economista.

Em abril deste ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia alertado, em seu relatório trimestral, que o Brasil perderia o posto de sexta economia devido ao enfraquecimento do real. O FMI prevê que a economia brasileira encerrá o ano com um PIB de 2,449 trilhões de dólares, enquanto o da Grã-Bretanha chegará a 2,452 trilhões de dólares. 

O resultado frustrante mostrou-se iminente, mesmo após as inúmeras medidas de estímulo anunciadas pelo Palácio do Planalto: desde o aumento do protecionismo para estimular a indústria nacional até a pressão do governo para o corte de juros e expansão do crédito por parte dos bancos públicos e privados. Por último, a presidente Dilma decidiu apelar para o que realmente impulsiona o crescimento sustentável do país: os investimentos em infraestrutura por meio de um agressivo plano de privatizações: o PAC das Concessões. Contudo, o anúncio veio tarde demais para salvar o PIB de 2012.

Por Reinaldo Azevedo

 

João Paulo, o corrupto, não fica na rua da amargura

A Justiça bateu o martelo por nove a dois: João Paulo é corrupto e praticou peculato. Mas não se pense que isso significa ficar na rua da amargura. Não no petismo. Leiam o que informa Silvio Navarro, na VEJA Online:

Pouco antes do choro a portas fechadas com os dirigentes do PT na quinta-feira, o mensaleiro João Paulo Cunha apresentou sua fatura para oficializar a (inevitável) desistência da candidatura a prefeito de Osasco.

Numa clara demonstração de que a condenação por corrupção não abalou sua desenvoltura em fazer política por meios sub-reptícios, cobrou a manutenção de cargos na Ceagesp, o maior entreposto de distribuição de alimentos da América Latina, vinculado ao Ministério da Agricultura, e que o PMDB já trabalha para abocanhar caso o PT perca a hegemonia em Osasco.

O braço de João Paulo na Ceagesp é a irmã, Ana Lúcia Cunha Pucharelli, que comanda todo o setor de Recursos Humanos. Hoje, mais de dez cargos de chefia são ligados ao PT, entre eles o diretor-presidente, Mário Maurici.

Maurici ingressou na política em Franco da Rocha (Grande SP), onde foi prefeito, e fez carreira em Santo André como secretário do prefeito Celso Daniel (morto em 2002). É homem do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

Há tempos, a Ceagesp é um cabide de petistas. Até um sobrinho do ex-presidente Lula tem cargo na empresa: Edison Inácio Marin da Silva é responsável pelo departamento de entrepostos da capital. Por fim, João Paulo emplacou, como esperado, o vice na chapa em Osasco, seu aliado Valmir Prascidelli (PT).

Por Reinaldo Azevedo

 

Correspondências

Sobre o post anterior, uma sacada do leitor Guilherme Macalossi (@GTMacalossi), que me segue no Twitter e a quem sigo:
“Fernando Haddad está para a filosofia como Lewandowski está para a Antiguidade Clássica”.

Bingo!

Por Reinaldo Azevedo

 

Fernando Haddad decide agora depredar também a filosofia; ficou abaixo até de Marilena Chaui. Ou: A “família” podre do candidato do PT!

Ao candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, não basta ser incompetente, como ficou sobejamente demonstrado no Ministério da Educação. A pindaíba de boa parte dos campi das universidades federais fala por si — a que se somam a barafunda no Enem e os desastrados kits gays, para ficar em três exemplos.

Ao candidato do PT não basta se apresentar como aquele cuja identidade é dada pelo outro. Ele se orgulha, por incrível que pareça, de ter uma existência não mais do que derivada, de ser o “candidato de Lula”, o pau-mandado virtuoso.

Porque nada disso basta, Haddad também decidiu depredar a história das ideias, embora se apresente como cientista político e professor. Nesta sexta, fez mais uma de suas considerações estupefacientes. Indagado sobre o mensalão, afirmou o seguinte:
“Em qualquer agremiação pode-se ter desvio de conduta. Isso vale para um partido, para uma igreja e até para uma família. A ética é um atributo individual, ela não se presta a coletivos.”

Como é que é?

Em primeiro lugar, o julgamento do Supremo está deixando claro que não se trata de desvio pessoal de conduta coisa nenhuma! Ao contrário: o que se vê é um sistema criminoso em ação, em benefício do partido.

Em segundo lugar, indago: com quem Fernando Haddad andou estudando ética? Até a Marilena Chaui — aquela que acha o eleitorado paulistano protofascista —, na sua brutal ignorância que se finge de sapiência alternativa, poderia explicar ao candidato Haddad que a ética concerne necessariamente ao público. Ela se manifesta na relação dos indivíduos com o mundo dos valores, das normas, da cultura. À diferença da moral individual, que remete às escolhas pessoais do sujeito, a ética é sempre relacional.

Mas a metáfora bucéfala de Haddad não deixa de dizer um tantinho do PT, claro! Comparado, então, o partido a uma família, vamos ver quem eram os mensaleiros: José Genoino, presidente; Delúbio Soares, tesoureiro; José Dirceu, chefe político inconteste; João Paulo Cunha, presidente da Câmara…

Que família podre, não é mesmo, Fernando Haddad? 

Por Reinaldo Azevedo

 

Ibope repete números do Datafolha. Ou: Chegou a hora de Serra pôr o indivíduo à frente do candidato

Foram divulgados os números da pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. Repetem os do Datafolha dentro da margem de erro. Celso Russomanno (PRB) aparece com 31%; José Serra (PSDB), com 20%, e Fernando Haddad (PT), com 16%. Gabriel Chalita (PMDB) tem 5%, Soninha (PPS), 4% e Paulinho da Força, 1%. Num eventual segundo turno entre Serra e Russomanno, o candidato do PRB bateria o tucano por 51% a 27%. Não se fizeram outras simulações de segundo turno. A rejeição a Serra apontada pelo Ibope é substancialmente menor do que a registrada pela pesquisa Datafolha: 34% em vez de 43%. Parece um número mais condizente com a realidade.

Não tenho muito a acrescentar ao que escrevi quando analisei os números do Datafolha, mas quero dar ênfase a alguns aspectos. A imagem do tucano passou por um violento processo de desconstrução nestes dois anos, tratado que foi pelo aparelho petista como o único político de oposição do país — e, pois, depositário de todos os ódios. Gilberto Kassab (PSD) teve a sua gestão destroçada pela imprensa — acertasse ou errasse — e ficou no meio do ringue tomando pancada. Em vez de se defender dos ataques que sofria do PT, buscou aliança com o partido. Só não está na campanha de Haddad porque Serra decidiu concorrer.

Um dado adicional da pesquisa ajuda a explicar o desempenho de Serra: a gestão do prefeito é considerada ruim ou péssima por 48% e boa ou ótima por 17%; a de Alckmin soma 40% de bom e ótima e é tida como negativa por apenas 17%. Dilma foi avaliada positivamente por 53% e negativamente por 12%.

A gestão Kassab é um tragédia? Está muito longe disso. Mas ninguém resiste ao cerco que se formou, especialmente quando não se dá conta dele. O mesmo Lula que hoje ajuda a fazer tabula rasa de sua administração recebeu há dias da Prefeitura um terrenaço no centro de São Paulo para criar um museu que canta suas glórias pessoais. Tentando ser amigo de todo mundo, o prefeito terminou se distanciando do eleitor. A avaliação que se faz de sua gestão é absolutamente injusta. E daí? Quem disse que o povo é sempre “justo”. Esse critério inexiste em eleição.

Propaganda
É claro que a propaganda de Serra na TV deveria ter-se dado conta do caldo que se havia formado e atacado a questão de frente logo no primeiro dia. Se seria eficiente ou não, isso eu não sei. O fato de um remédio ser certo não quer dizer que vá funcionar necessariamente. O que não é possível é ministrar a droga errada — porque aí se está diante do pensamento mágico.

É evidente que é preciso mostrar, sim, o que se fez de bom no período, mas é preciso definir se o horário eleitoral será usado para corrigir as distorções sobre a imagem de Kassab ou para tentar eleger Serra. Qual é o foco? Um objetivo, a eleição, pode contemplar o outro, mas o outro (corrigir a imagem) não contempla o “um” e ainda pode ser malsucedido.

“Já sei, Reinaldo! Quando o candidato emplaca, o marqueteiro é um gênio; quando não emplaca, ele é um burro, como técnico de futebol, né?” Não! Não estou culpando a propaganda. As dificuldades de Serra, reitero, se devem à desconstrução canalha de sua imagem e, sim, em boa parte, a uma imprensa fanaticamente anti-Kassab. Vimos um espetáculo grotesco há dias no Estadão: a propaganda de Haddad foi flagrada numa mentira sobre um doente que não teria encontrado atendimento. Desvendada a verdade, acusou-se a Secretaria de Saúde de quebrar o sigilo médico do paciente. Suma moral: a boa ética estava com a mentira. Esse episódio virou um emblema da campanha.

A campanha de Serra na TV é, em si, um bom produto. Mas é, como toda propaganda, o oferecimento de um… produto. Dê-se o melhor do mundo a um consumidor ressabiado, contaminado por preconceitos, e o resultado será malsucedido. Então que se trate… do preconceito, ora essa! Dá certo? Eu não sei! O que sei é que, sem tentar furar o bolsão de resistência, nada feito! É bom lembrar que este é o país que protagonizou a chamada “Revolta da Vacina”, em 1904. A vacinação obrigatória contra varíola era, é óbvio, uma medida correta. A forma escolhida pelo governo, que previa até invasão de casas, estava errada e colheu a população num momento de grave descontentamento com o governo. E não foi só o povão que resistiu, não! Setores da elite aderiram à “resistência”.

O jogo já está jogado? Ainda não! Os próximos dias serão terríveis para a candidatura tucana porque já se percebe no noticiário a ânsia para que Haddad salte logo para a segunda colocação e dispute, então, o turno final com Russomanno — e aí se considera que o petista ganhará de goleada. Não há nenhuma boa razão objetiva — além do alinhamento escancarado com o candidato petista — para acreditar que as coisas se deem desse modo.

Serra tem de ir ao horário eleitoral despido de sua propaganda, das obras importantes que fez para a cidade de São Paulo como prefeito e como governador, de sua notável folha de serviços prestados para indagar, olho no olho, se o que os adversários fizeram de sua imagem corresponde à verdade. Chegou a hora de pôr o indivíduo Serra à frente do candidato.

Por Reinaldo Azevedo

 

O otimismo sempre contagiante de Guido Mantega…

Guido Mantega num momento de euforia com o futuro da economia ((Ueslei Marcelino/Reuters)

Na VEJA.com. com Agência Estado:
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta sexta-feira que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2012 foi muito fraco, mas reiterou que os números apontam para o prenúncio de resultados melhores. “Os números estão no retrovisor, ficam para trás”, disse comentando os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A economia brasileira expandiu-se 0,4% entre abril e junho, ante alta de apenas 0,1% no primeiro trimestre, dado revisado. 

Mantega ressaltou que o Brasil passou pela pior fase – primeiro trimestre de 2012 – e a economia conseguirá crescer mais nos próximos trimestres. “O terceiro e quarto trimestres serão melhores”, destaca. Ele afirmou que a crise internacional puxou para baixo o crescimento dos países emergentes que dependem de exportações, levando a queda no comércio exterior.

Previsão
O ministro disse ainda que o governo segue trabalhando para que o país cresça mais do que no ano passado. Ele comentou que o quarto trimestre deste ano a economia brasileira vai crescer 4%. Ele salientou que as projeções de crescimento consideram condições normais e, portanto, não levam em conta possíveis crises econômicas.

O ministro avaliou ainda que o maior problema da economia brasileira atualmente é de demanda, e não de oferta, a qual, segundo ele, não terá dificuldade para acompanhar um crescimento de PIB entre 4% e 4,5% ao ano. Para ele, o momento é de redução de juros e não elevação. Ele acredita que não há necessidade de uma retomada da elevação da taxa de juro básico no ano que vem, porque, segundo ele, o governo tem tomado medidas para a redução de preços e custos, o que vai assegurar que a inflação permaneça sob controle. Ainda segundo o ministro, independentemente da Selic, a taxa de juro cobrada pelo mercado vai continuar caindo. “Temos tomado cuidado para que a inflação fique sob controle”, disse.

Indústria
Ele lembrou que o desempenho da indústria no segundo trimestre foi o pior no período, mas citou as mudanças feitas recentemente na economia, como a redução da taxa básica de juros para 7,5% ao ano, anunciada na quarta-feira, que exigirão uma adaptação “porque a economia toda estava adaptada a trabalhar com juros altos”. Em sua opinião a performance da indústria ainda está ruim porque as exportações seguem baixas e há concorrência com as importações. Para ele, com o novo patamar do câmbio, as vendas externas devem crescer e trazer um melhor desempenho para a indústria.

Apesar de ser beneficiada pela queda de juros, Mantega fala que é possível que a indústria ainda apresenta prejuízo porque as empresas ainda estão usando o caixa para fazer aplicações.  ”É um efeito paradoxal, mas depois a economia se adaptará.”

Mantega diz que as várias medidas de incentivo tomadas pelo governo para o setor ainda não se concretizaram. “Os investimentos demoram mais para reagir, mas o governo toma medidas que tornam vantajoso investir no Brasil.” Na quinta-feira o governo decidiu prorrogar o desconto no Imposto sobre Produtos Importados (IPI) de carros, linha branca e ampliou o escopo de benefícios. 

Agricultura
O ministro da Fazenda comemorou os resultados do agronegócio. Ele disse que a agricultura seguirá crescendo no terceiro trimestre por causa da safra boa no Brasil e da queda da safra nos Estados Unidos. A recuperação da indústria, avalia, também acontecerá devido a estímulos setoriais, como a redução do IPI, por exemplo, que surtirão efeito no período.

Ele prevê que a indústria automotiva seguirá beneficiada pela queda dos impostos e pelas vendas recordes, em torno de 400 mil veículos leves em agosto.”É um segmento importante da indústria, juntamente com a linha branca e com os materiais de construção, cujos estímulos farão efeito e vão levar para uma trajetória melhor.”

Por Reinaldo Azevedo

 

O jogo real – A cidade de SP é mero trampolim para o lulismo tentar conquistar o governo de SP e, dali, travar a disputa interna com Dilma a partir de 2015

Leiam com atenção este texto. O petismo lulista quer usar a cidade de São Paulo como mero trampolim do projeto de poder de um grupo que pretende rivalizar com… Dilma! Parece incrível. Pois é…

O PT disputa a eleição na cabeça de chapa em 17 capitais. Lidera apenas em uma: Goiânia. Perdeu espetacularmente a vantagem que tinha em Recife. Em menos de um mês, o candidato do governador Eduardo Campos (PSB), Geraldo Julio (PSB), saltou de 7% para 29%; o petista Humberto Costa caiu de 35% para os mesmos 29%. Luiz Inácio Lula da Silva, agastado com a decisão de Campos de lançar candidatura própria, fez uma espécie de ameaça-desafio, afirmando que iria medir forças com o governador. Costa chegou a pedir à Justiça Eleitoral a impugnação do agora adversário do PSB. O neto de Miguel Arraes está levando a melhor. Lula nasceu em Pernambuco, mas é e sempre será um político de São Paulo. Contam-me que, nas franjas da militância campista, trabalha-se a ideia de que gente de fora está tentando interferir na vontade dos pernambucanos… Lula, um forasteiro em Pernambuco! Não deixa de ter a sua graça…

Em Belo Horizonte, o PT também pretende enfrentar o PSB — que está aliado ao PSDB do senador Aécio Neves. O Apedeuta volta hoje aos comícios eleitorais, justamente em apoio ao petista Patrus Ananias, que enfrenta o prefeito Márcio Lacerda, que disputa a reeleição e, no momento, tem o dobro das intenções de voto do petista: 46% a 23%. Nos dois casos, há nomes considerados presidenciáveis no horizonte: Aécio e Campos.

Lula, como se vê, anda ruim de milagre. E, por óbvio, neste ponto, alguém pode perguntar: “E São Paulo?” São muitas as variáveis particulares na cidade. Ontem, num longo texto, tratei dos fatores que convergem para criar dificuldades para o tucano José Serra. Os dois anos de intenso trabalho de desconstrução de sua imagem e os quatro em que a gestão Kassab ficou sob vara alimentaram a tal ideia da “mudança”. As franjas organizadas do petismo — inclusive na imprensa — criaram esse caldo, que se deu muito mais na esfera das sensações. Num efeito certamente inesperado pelo partido, quem acabou dele se beneficiando foi Celso Russomanno (PRB). O PT aposta num segundo turno entre Fernando Haddad e o candidato do sedizente bispo Edir Macedo. Acha que leva de goleada.

O PT conta com o sangue novo da cidade de São Paulo para se rejuvenescer. Há coisas curiosas acontecendo nos bastidores. Embora Haddad tenha sido ministro da presidente Dilma, ele é, vamos dizer assim, um candidato mais “lulista” do que “dilmista”. Hoje, o lulismo sabe que a presidente, tudo o mais constante — e não parece que haja cataclismo econômico no horizonte; só mediocridade mesmo! —, tem forças para se reeleger por sua própria conta. Ocorre que esse “PT de Dilma” não é aquele realmente apreciado pelo núcleo duro do partido.

A situação algo curiosa é esta: embora petistas de alto coturno acreditem que Dilma pode ser a primeira petista a se eleger (no caso, reeleger-se) no primeiro turno, acham que isso é mais evidência de um enfraquecimento de longo prazo do que prova de vitalidade. Essa gente, em suma, não gosta do PT de Dilma, considerado não mais do que “administrativista”, com baixo teor de apelo ideológico.

Isso nada tem a ver com qualidade de gestão. Os petistas nunca deram bola pra isso. Acham que a presidente vai muito pouco às massas e desestimula os que querem ir. Embora a oposição esteja esmagada, ressentem-se do que avaliam ser um excesso de discrição da presidente, que seria desmobilizadora. Eles a querem mais palanqueira, exercitando com mais vigor a luta do “nós” contra “eles”. Dilma, que não é tola, sabe que esse é o figurino do antecessor, não o seu.

Tudo por São Paulo
Por isso o PT lulista aposta tudo em São Paulo e vê na cidade o primeiro passo de uma conquista que realmente seria inédita: o governo do estado. Até o candidato já está pronto — não é Marta, claro!; não é Haddad (ganhe ou perca a Prefeitura); não é Mercadante — também ele considerado uma cara velha. O nome é Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, que será reeleito! É claro que o petismo lulista quer esmagar o PSDB. Mas, curiosamente, a intenção principal é menos essa do que governar o “Brasil do B”, a saber: o lulismo quer se aboletar no Palácio dos Bandeirantes para ter nas mãos um país que possa, vamos dizer, ombrear com o outro país — que estaria, então, a cargo de Dilma.

Com um terço do PIB sob controle, o petismo lulista — aquele fortemente ancorado no sindicalismo e no corporativismo — acha que pode voltar a se impor. Dilma parece a essa gente excessivamente preocupada em governar o país e muito pouco preocupada em atender ao partido. Não que isso seja verdade ou que a gestão seja um exemplo de virtude. Mas, para a sede dos companheiros, é pouco. Eles querem mais.

O lulismo, em suma, quer usar a cidade como trampolim para o governo do estado e o governo do estado como trampolim para travar os enfrentamentos internos dentro do próprio PT. A turma até aceita que Dilma governe por um novo período, mas terá de dividir o Brasil com Lula e seus acólitos. Essa é a natureza do jogo, e Haddad é mero instrumento da primeira etapa. “Então Dilma não vai entrar na campanha do petista?” É claro que vai! Ela não tem alternativa. Mas quem encostar o ouvido a seu coração saberá a verdade.

Por Reinaldo Azevedo

 

Fim da linha – Mandato de João Paulo já está cassado pelo Artigo 240 do Regimento Interno da Câmara. Assim que o STF publicar o resultado, ele está fora!

Ontem, no debate da VEJA.com, surgiu a dúvida sobre o que vai acontecer com o mandato do deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Entendi que a Justiça não poderia, ela própria, cassar o seu mandato e que seria preciso seguir o ritual, com denúncia no Conselho de Ética e coisa e tal. Corrijo. João Paulo já está, na verdade, cassado. Tão logo seja publicada a decisão do Supremo, ele perde o mandato inapelavelmente.

Por quê? Por causa do Inciso VI do Artigo 240 do Regimento Interno da Câmara, que é claríssimo, a saber:
“Perde o mandato o deputado
(…)
VI – que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado. É o caso de João Paulo”

É o caso. A condenação pelo STF é a última instância. Ainda que seu advogado quisesse apelar aos tais embargos infringentes — é discutível se pode, já escrevi a respeito —, isso de nada lhe poderia servir.

Ainda que isso fosse possível, seriam necessários ao menos quatro votos divergentes. No caso de João Paulo, não há. Ele foi condenado por peculato e corrupção passiva por nove votos a dois. A terceira condenação — lavagem de dinheiro — tem, sim, quatro votos divergentes. Ainda que coubesse algum recurso nesse caso, os outros dois liquidam a fatura.

Publicado o resultado, fim de papo! João Paulo terá seu mandato cassado. Pela Lei da Ficha Limpa, também os direitos políticos estão cassados por oito ano a partir do fim do cumprimento da pena.

João Paulo e o PT fizeram pouco das instituições, com impressionante arrogância. Réu do mensalão, recandidatou-se a deputado federal. Até aí, vá lá… Não estava condenado. Ousado, embora respondesse a processo na corte suprema do país, foi feito pelo PT presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o que é, convenha-se, um escárnio. Achando que não era o bastante, decidiu que não era o caso de esperar a decisão do STF: candidatou-se à Prefeitura de Osasco.

Não é mais candidato. Vai ter o mandato político cassado e estará inelegível por mais oito anos tão logo termine a cumprir a pena. Não está sendo punidos por sua arrogância, e sim pelos crimes que cometeu. De todo modo, precisa ser mais humilde.

Texto publicado originalmente às 2h38

Por Reinaldo Azevedo

 

Ministro Lewandowski erra autoria de frase; aguardo correção na segunda; afinal, estamos numa TV Pública

Como a TV Justiça é uma TV pública, que traz, inclusive, programas de caráter educacional, não fica bem veicular uma informação errada sem correção — mormente pela boca de um dos 11 cidadãos mais importantes da República: os ministros do Supremo Tribunal Federal.

Ontem, ao tentar desqualificar a opinião de peritos que consideraram ter havido rompimento de contrato na retenção dos bônus de volume por um agência de Marcos Valério, o ministro Ricardo Lewandowski citou a expressão “ne sutor supra crepidam” — “não vá (suba) o sapateiro além da sandália” —, afirmando que não era da competência deles fazer aquela avaliação. E tentou explicar.

Segundo disse, um sapateiro apontou um problema na sandália de uma estátua que estava sendo esculpida por Fídias (sec. V a.C). O escultor grego ficou grato, e o homem se animou, propondo novas correções. O artista, então, teria dito (em grego, é claro!, não em latim): “Não vá o sapateiro além da sandália”.

Errado! A frase seria de autoria do pintor Apeles (sec. IV a.C), também grego, não de Fídias. E o sapateiro atrevido estaria a corrigir um quadro, não uma escultura. E por que restou a expressão em latim? Porque quem a narrou pela primeira vez, vejam vocês!, foi Valério, mas não o Marcos, e sim o Máximo. Valério Máximo (sec. I a.C) era latino e registrou a fala num dos volumes de “Fatos e Ditos Memoráveis”. Apontei ontem, no debate na VEJA.com, o erro de Lewandowski. 

Na segunda, aguardo a correção do ministro. Ao menos no que diz respeito a Fídias e Apeles. Ne sutor supra crepidam!

Por Reinaldo Azevedo

 

Irmão de Kátia Abreu nega vínculo com empresa autuada e repudia tentativa de atingir senadora

A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) é uma das figuras de maior visibilidade hoje no Congresso Nacional. Presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil), a sua atuação em defesa do setor desperta alguns rancores primitivos. Assim, é bom tomar especial cuidado quando tentam envolver o nome da senadora com denúncias ligadas justamente ao setor rural. A que estou me referindo?

A Agência Estado pôs no ar a seguinte reportagem. Volto em seguida:
O servidor do Ministério do Trabalho André Luiz de Castro Abreu, irmão da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), é apontado como proprietário da Fazenda Água Amarela, em Araguatins, onde havia 56 trabalhadores em condições análogas à de escravos. A senadora, líder ruralista no Congresso, preside a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA).
O resgate dos trabalhadores foi feito pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), dia 27, após denúncia da Polícia Federal (PF). De acordo com as investigações da PF, a fazenda pertence à Ferro Gusa do Maranhão Ltda. (Fergumar) e os serviços de corte de eucalipto e produção de carvão eram terceirizados, estando a cargo da RPC Energética.
Na RPC, consta como proprietário Adenildo da Cruz Souza, que seria “laranja”. A empresa era comandada, por meio de procuração, por Paulo Bernardes da Silva Júnior, o verdadeiro dono, juntamente com Abreu, apurou a PF.
Os trabalhadores, recrutados no Maranhão, viviam em alojamentos precários, sem água potável e sem fossa sanitária. Eram transportados na carroceria de um caminhão por motorista sem habilitação e cumpriam regime de dez a onze horas, com intervalo de apenas 15 minutos para almoço. Os 56 resgatados vão receber indenização de R$ 72,4 milhões, além de seguro-desemprego.
Procurado, André Abreu disse ao Grupo Estado que não vai se manifestar sobre o assunto, por orientação do Ministério do Trabalho.

Voltei
Como se nota, não dá para saber qual é a fonte da reportagem. Quem, na Polícia Federal, passou as informações sobre o suposto proprietário laranja? Quais são as evidência de que isso seja verdade? Ou alguém “é” laranja ou não é — o “seria”, nessas coisas, é um tempo verbal impossível. O futuro do pretérito é usado nesses casos quando há uma fofoca correndo por aí. Mais: ainda que isso fosse verdade, a senadora poderia responder pelas ações do irmão? É evidente que não! André Abreu divulgou uma nota negando qualquer relação com a empresa.  Segue a íntegra.

NOTA À IMPRENSA

Em relação à divulgação pela imprensa de matéria sobre a libertação de trabalhadores em fazenda no município de Araguatins, presto os seguintes esclarecimentos que se fazem necessários.

1 – Não mantenho vínculo societário com a RPC Energética, objeto da denúncia.

2 – A relação que possuo com a RPC Energética é de fornecedor, por alugar dois tratores e uma carregadeira, operados diretamente por esta empresa, como consta do contrato de locação, sem nenhuma ingerência de minha parte, como as investigações do Ministério Público do Trabalho e da Polícia Federal hão de constatar.  

3- Desta forma, aguardo com absoluta tranquilidade as investigações que estão sendo realizadas e repudio com veemência o envolvimento de membros de minha família, especialmente da minha irmã, senadora Kátia Abreu, que nenhuma relação, direta ou indireta, próxima ou remota, tem com os fatos assinalados no episódio.

André Luiz de Castro Abreu

Por Reinaldo Azevedo

 

Peluso corrige voto e aumenta pena de Pizzolato de 8 para 12 anos

Por Laryssa Borges, na VEJA.com:
Depois de condenar em bloco o deputado petista João Paulo Cunha, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, o publicitário Marcos Valério e seus sócios, o ministro Cezar Peluso fez nesta quinta-feira uma correção em seu voto durante o julgamento do mensalão.

Como se aposenta compulsoriamente na próxima semana, Peluso antecipou a dosimetria da pena dos condenados e hoje retificou a proposta de reclusão de Pizzolato. Para o magistrado, o ex-diretor do BB deve cumprir pena de 12 anos e um mês de reclusão em regime fechado, além de 195 dias-multa. Cezar Peluso havia se esquecido de computar a pena de lavagem de dinheiro imposta a Pizzolato, e delimitara pouco mais de oito anos de cadeia para o ex-dirigente do Banco do Brasil.

Por Reinaldo Azevedo

 

Mensalão: Cúpula do Banco Rural fraudou empréstimos, diz Barbosa

Por Gabriel Castro e Laryssa Borges, na VEJA.com:
O relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, encaminhou nesta quinta-feira um voto favorável à condenação da cúpula do Banco Rural à época do escândalo do mensalão. O magistrado, que iniciou nesta quinta-feira a leitura desse trecho de seu voto, indicou que vai considerar os executivos Kátia Rabello, Ayanna Tenório, Vinicius Samarane e José Roberto Salgado culpados pelo crime de gestão fraudulenta. Ele só vai concluir a apresentação de sua peça na semana que vem, embora já tenha deixado clara a sua posição sobre o tema.

Dos 32 milhões de reais repassados de forma fraudulenta pelo Banco Rural ao esquema do valerioduto entre 2003 e 2004, 3 milhões de reais foram destinados diretamente ao PT – num empréstimo que tinha Marcos Valério, Delúbio Soares e José Genoino como avalistas e foi renovado dez vezes. O restante foi distribuído para as empresas de publicidade SMP&B  (19 milhões de reais) e Grafitti (10 milhões de reais).

“À luz de todo ao acervo probatório que veio à tona, como bem ressalta a acusação, o Banco Rural só decidiu cobrar os valores dos empréstimos após a descoberta do escândalo pela impremsa. Assim porque os empréstimos não eram para ser pagos porque materialmente não existiam. Até os empréstimos se tornarem públicos, não houve qualquer interesse do Rural de eles serem cobrados”, explicou o ministro.

De acordo com o ministro Barbosa, a instituição financeira ainda descumpriu diversas regras de gestão financeira e concedeu os empréstimos sem levar em conta os riscos envolvidos. “As garantias ou eram inválidas ou insuficientes em face dos altíssimos valores emprestados”, disse Barbosa. O comando do banco também não apresentou os registros devidos sobre as transações nem alertou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre a origem suspeita dos recursos movimentados pelas empresas de Valério.

Segundo o relator, o banco sabia que o dinheiro emprestado nunca retornaria. De acordo com o Ministério Público Federal, a instituição agiu dessa forma porque tinha interesse na liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco e esperava que o governo petista abrisse caminho para a negociação em troca dos repasses ao valerioduto. Conforme o Banco Rural, em 28 de junho de 2011, os petistas quitaram a última parcela da dívida, finalizando 34 parcelas que, somadas, totalizavam 10.853.427,85 de reais. No caso dos supostos empréstimos de Valério, o Rural propôs a execução judicial das dívidas.

“Agrava a situação do Banco Rural o fato de haver toda uma análise econômica e financeira com base nessas informações falsas, que ele devia e tinha total condição de saber que eram inidôneas”, afirmou o ministro. Segundo a acusação do Ministério Público, os valores repassados de forma irregular abasteceram os repasses a partidos da base aliada e ajudaram Marcos Valério a acobertar movimentações ilícitas.

Acusação
O crime de gestão fraudulenta é definido como a prática de atos de gestão que envolvam qualquer espécie de fraude ou desfalque. A Lei do Colarinho Branco (Lei 7492/86), no entanto, não descreve em detalhes fatores que caracterizariam a fraude e tampouco revela se é necessário haver uma conduta reiterada, ou se um único ato de gestão fraudulenta bastaria para caracterizar o ilícito.

Os réus ligados ao Banco Rural respondem ainda por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Joaquim Barbosa deve concluir a apresentação de seu voto na segunda-feira.

Por Reinaldo Azevedo

 

Condenado por três crimes, João Paulo desiste de candidatura à Prefeitura de Osasco

Por Thais Arbex, na VEJA Online:
Condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por participar do mensalão, o deputado João Paulo Cunha comunicou ao PT a decisão de retirar sua candidatura à prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo. O vice de sua chapa, Jorge Lapas (PT), ex-secretário municipal de Governo, assumirá a candidatura.

Ainda que predomine a avaliação que a candidatura de Jorge Lapas não terá tempo hábil para ganhar musculatura, os petistas pressionaram o deputado para que ele abandonasse a disputa. A avaliação é que o desgaste pela condenação por corrupção inviabilizou sua permanência nas eleições e que ele seria bombardeado na propaganda de rádio e TV – além, é claro, da incerteza sobre sua possível prisão ao término do julgamento do mensalão.

Além disso, João Paulo foi orientado por dirigentes do PT a se dedicar, a partir de agora, à tentativa de manter seu mandato de deputado federal na Câmara. Ele deverá enfrentar processo de cassação em Brasília tão logo os trâmites judiciários da ação penal acabem, possivelmente só em 2013.

Não será a primeira vez que ele terá de lutar para não ser defenestrado do Congresso: em 2006, livrou-se da cassação por apenas um voto no plenário após sucessivas tentativas de acordo com a oposição.

Vice
Dirigentes do PT, entre eles João Paulo, estão reunidos na noite desta quinta-feira na sede do Sindicato dos Bancários, em Osasco, para traçar os rumos da campanha e oficializar a renúncia. Durante a reunião, o atual prefeito da cidade, o petista Emídio de Souza, afirmou que “estamos enxugando lágrimas”. Entretanto, pediu aos dirigentes do partido “energia redobrada e total empenho para eleger Jorge Lapas”. Segundo aliados, João Paulo pressiona agora para emplacar Valmir Prascidelli como novo vice. Prascidelli é vereador e pertence ao mesmo grupo político de João Paulo.

Bastidores
Nos bastidores, petistas avaliam que é real o risco de perder a prefeitura de Osasco para Celso Giglio, do PSDB. A condenação nesta quarta-feira também deu força a uma ala do partido que sempre foi refratária à candidatura de João Paulo. O argumento central é que, além da pecha de mensaleiro, ele não conseguiu fazer a candidatura decolar mesmo respaldado por uma coligação de 20 partidos.

Por Reinaldo Azevedo

 

Barbosa desmonta a versão do Banco Rural para empréstimos

Joaquim Barbosa desmonta de forma detalhada e, parece, irrespondível os supostos empréstimos do Banco Rural à agência de Marcos Valério e ao PT. A cada palavra, o ministro evidencia a conivência do banco com o esquema.

Por Reinaldo Azevedo

 

Vídeo força candidato do PT de São Caetano a abandonar disputa; no imbróglio, uma bolada de R$ 100 mil

Por José Ernesto Credendia, na Folha:

O candidato do PT à Prefeitura São Caetano do Sul, vereador Edgar Nóbrega, entregará no final da tarde desta quinta-feira (30) uma carta ao Diretório Municipal para informar que deixa hoje a disputa. Nóbrega vinha sendo pressionado pelo partido a abandonar a candidatura após a divulgação de um vídeo nas redes sociais em que supostamente negocia apoio ou oposição branda à administração do prefeito José Auricchio Júnior (PTB).

O vídeo traz indícios de que Nóbrega teria recebido dinheiro, R$ 100 mil, para financiar a campanha interna para chegar à presidência do PT na cidade, em 2009. Ele conseguiu o cargo, mas no início da semana deixou a presidência do partido. O candidato não se pronunciaria ontem, segundo sua assessoria de imprensa, nem participaria do encontro no diretório. O PT informou que só vai definir o substituto nos próximos dias.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Que mal em “bater um papo assim gostoso com alguém?”

Jornalistas que cobrem o julgamento do mensalão têm estranhado a proximidade de um senhor chamado Manoel Carlos com os advogados de defesa. A interlocução é permanente, consta, às vezes frenética.

Manoel Carlos não é o novelista da TV Globo, não! É o chefe de gabinete do ministro Ricardo Lewandowski.

Como indagava música muito antiga, cantada por Jair Rodrigues, precursora do RAP (com us 30 anos de antecedência), que mal há “em bater um papo assim gostoso com alguém”…

Por Reinaldo Azevedo

 

Será que começaram agora a apostar na aposentadoria de Britto?

Parece que teve início uma nova aposta: a aposentadoria de Ayres Britto, que acontece em novembro. O ministro Ricardo Lewandowski, revisor, já havia dito que aceitava reduzir o tamanho do seu voto se Joaquim Barbosa fizesse o mesmo, com o que concordou o relator. Lewandowski, agora, recuou. Não quer mais reduzir nada. Quer impor horas a fio de sua augusta presença.

Hoje, sabe-se lá por quê, tentou evitar até a proclamação parcial dos votos. Convenham: o Item V da denúncia, a rigor, poderia ser concluído hoje. Os demais ministros aderiram ao bom senso e estão sendo sintéticos em sua exposição oral, entregando ao Supremo votos mais repolhudos. É a extensão dos votos de relator e revisor que prolonga o julgamento desnecessariamente. Barbosa, claro!, não poderia ser sintético com um revisor que já havia anunciado a disposição de apresentar um “voto alternativo”. Isso teria de ser decidido em acordo.

Lewandowski é mesmo corajoso. Não teme o juízo da história.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dois ministros citam o “Sermão do Bom Ladrão”

No voto que deu ontem, o ministro Celso de Mello, decano da corte, citou o Sermão do Bom Ladrão, de Padre Vieira (1608-1697), aquele que o poeta Fernando Pessoa chamava, com justiça, “o imperador da Língua Portuguesa”. Nesta quinta, o ministro Ayres Britto referiu-se, mais uma vez, ao sermão. Lá vai um trecho:

“Não são só ladrões — diz o Santo — os que cortam bolsas ou espreitam os que se vão banhar, para lhe colher a roupa; os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo de seu risco, estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam. Diógenes que tudo via com mais aguda vista que os outros homens, viu que uma grande tropa de varas (juízes) e ministros de justiça levavam a enforcar uns ladrões e começou a bradar: “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos.” Ditosa Grécia que tinha tal pregador! E mais ditosas as outras nações se nelas não padecera a justiça as mesmas afrontas. Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter furtado um carneiro, e, no mesmo dia, ser levado em triunfo um cônsul ou ditador por ter roubado uma província.”
(…)

É nesse texto que Vieira diz que “o roubar pouco faz os piratas”, e o “roubar muito, os Alexandres”.

Por Reinaldo Azevedo

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo, de Veja

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