Acabou. Dirceu e demais “delinquentes” são condenados por 6 a 4

Publicado em 19/10/2012 18:24 e atualizado em 27/05/2013 14:21
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Acabou. Dirceu e demais “delinquentes” são condenados por 6 a 4

O presidente do Supremo, ministro Ayres Britto, condenou por formação de quadrilha aqueles que o ministro Celso de Mello chamou “delinquentes”. Acompanhou o relator Joaquim Barbosa. Assim, realizou-se o placar previsto neste blog: 6 a 4 pela condenação de José Dirce e demais quadrilheiros. Houve quem apostasse hoje na celeridadedo julgamento na esperança de que Dirceu e demais quadrilheiros seriam inocentados. Não deu.

Por Reinaldo Azevedo

Celso de Mello dá o 5º voto pela condenação de Dirceu e quadrilha e chama réus de “delinquentes”

O decano do Supremo, Celso de Mello, deu o quinto voto pela condenação de José Dirceu e do resto da quadrilha. Neste momento, vota Ayres Britto. Considerando seus votos anteriores, deve seguir o relator. Sendo assim, os quadrilheiros serão condenados por seis a quatro.

Celso de Mello foi ao ponto e chamou os réus de “delinquentes”

Por Reinaldo Azevedo

 

Bingo! Marco Aurélio reconhece a formação de quadrilha; diz que o número de réus, 13, é sintomático… 4 a 4. Resultado provável: 6 a 4 contra os réus

O ministro Marco Aurélio Mello, em voto memorável, acaba de reconhecer o crime de formação de quadrilha. Diz que o número de réus, 13, é muito sintomático. 13, como se sabe, é o número do PT.

Mello pergunta se é preciso firmar escritura pública para caracterizar a quadrilha. Ora, é claro que não!

O ministro diz que há, sim, quadrilha e “das mais complexas”. Tudo indica que vai absolver, além de Ayanna Tenório e Geiza Dias, também Vinicius Samarani. Mas não há saída, em seu voto, para José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares.

O placar empata em quatro a quatro. O resultado provável é de 6 a 4 contra os réus.

Por Reinaldo Azevedo

O DEBATE DESTA SEGUNDA NA VEJA.COM. OU: De votos brilhantes, esperados e incompreensíveis

 

Por Reinaldo Azevedo

 

As farsas da nota pública do corrupto e quadrilheiro José Dirceu

O quadrilheiro e corrupto José Dirceu resolveu emitir uma nota oficial declarando a sua inocência. Já assistimos antes a esse expediente. Dirceu é autor de uma frase emblemática, dita lá atrás: “Estou cada vez mais convencido da minha inocência”. A maioria do STF se convenceu de sua culpa.

Na nota, vocês lerão, Dirceu argumenta que foi condenado sem provas. Obviamente, sete ministros não o considerariam corruptor e quadrilheiro se isso não estivesse provado. Ao contrário: há um monte delas. Recibo assinado, com efeito, não há nenhum…

À diferença do que diz o quadrilheiro e corrupto, os testemunhos evidenciam a sua culpa. Ficou claro que ele tinha o controle das armações que resultavam na compra dos parlamentares e que o Banco Rural, que mantinha com ele uma relação íntima, atuou na quadrilha com interesses muito objetivos, entre eles a suspensão do processo de liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco.

A nota de Dirceu investe em outra farsa: a de que houve uma mudança de jurisprudência. Mentira também! Ainda teremos tempo de tratar desse assunto. De certo modo, essa reação é o coroamento de uma trajetória. Mesmo condenado por 6 votos a 4 — e sabe que poderiam ser 7… —, não se dá por vencido e põe pra circular novas mentiras. Segue a nota.

“NUNCA FIZ PARTE NEM CHEFIEI QUADRILHA

Mais uma vez, a decisão da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal em me condenar, agora por formação de quadrilha, mostra total desconsideração às provas contidas nos autos e que atestam minha inocência. Nunca fiz parte nem chefiei quadrilha.

Assim como ocorreu há duas semanas, repete-se a condenação com base em indícios, uma vez que apenas o corréu Roberto Jefferson sustenta a acusação contra mim em juízo. Todas as suspeitas lançadas à época da CPI dos Correios foram rebatidas de maneira robusta pela defesa, que fez registrar no processo centenas de depoimentos que desmentem as ilações de Jefferson.

Como mostra minha defesa, as reuniões na Casa Civil com representantes de bancos e empresários são compatíveis com a função de ministro e em momento algum, como atestam os testemunhos, foram o fórum para discutir empréstimos. Todos os depoimentos confirmam a legalidade dos encontros e também são uníssonos em comprovar que, até fevereiro de 2004, eu acumulava a função de ministro da articulação política. Portanto, por dever do ofício, me reunia com as lideranças parlamentares e partidárias para discutir exclusivamente temas de importância do governo tanto na Câmara quanto no Senado, além da relação com os estados e municípios.

Sem provas, o que o Ministério Público fez e a maioria do Supremo acatou foi recorrer às atribuições do cargo para me acusar e me condenar como mentor do esquema financeiro. Fui condenado por ser ministro.

Fica provado ainda que nunca tive qualquer relação com o senhor Marcos Valério. As quebras de meus sigilos fiscal, bancário e telefônico apontam que não há qualquer relação com o publicitário.

Teorias e decisões que se curvam à sede por condenações, sem garantir a presunção da inocência ou a análise mais rigorosa das provas produzidas pela defesa, violam o Estado Democrático de Direito.

O que está em jogo são as liberdades e garantias individuais. Temo que as premissas usadas neste julgamento, criando uma nova jurisprudência na Suprema Corte brasileira, sirvam de norte para a condenação de outros réus inocentes país afora. A minha geração, que lutou pela democracia e foi vítima dos tribunais de exceção, especialmente após o Ato Institucional número 5, sabe o valor da luta travada para se erguer os pilares da nossa atual democracia. Condenar sem provas não cabe em uma democracia soberana.

Vou continuar minha luta para provar minha inocência, mas sobretudo para assegurar que garantias tão valiosas ao Estado Democrático de Direito não se percam em nosso país. Os autos falam por si mesmo. Qualquer consulta às suas milhares de páginas, hoje ou amanhã, irá comprovar a inocência que me foi negada neste julgamento.

São Paulo, 22 de outubro de 2012

José Dirceu”

Por Reinaldo Azevedo

 

São Paulo, Rio e o jornalismo. Ou: Males opostos e combinados

São Paulo faz bem e faz mal ao espírito crítico do jornalismo. O Rio também. São situações opostas, porém combinadas. Posso explicar?

Em São Paulo, jornalista é pago para desconfiar das autoridades — especialmente se elas forem não-petistas (ou, mais amplamente, estiverem fora do arco do lulismo). Há um lado bom nisso. Jornalista tem mesmo de ser crítico, desconfiado. Há o lado ruim: quem não sabe dosar as contraditas acaba atacando até o que deveria ser elogiado. Pior: pautados pela ideologia ou por afinidades eletivas, o fato frequentemente é espancado em benefício do norte moral adotado pelo observador ou pelo veículo. Assim se deu com a retomada da cracolândia. Houve uma quase unanimidade contra a ação do poder público. Só a população apoiou.

No Rio, o jornalismo parece ser pago para dar um voto de confiança às autoridades, especialmente se elas estiverem sob o guarda-chuva do lulismo. Há um lado bom nisso. Jornalistas podem apoiar o que consideram correto, especialmente se beneficiarem a população. Há o lado ruim: quem não sabe dosar o aplauso acaba elogiando até o que deveria ser criticado. Pior: pautados pela ideologia ou por afinidades eletivas, o fato frequentemente é espancado em benefício do norte moral adotado pelo observador ou pelo veículo. Assim se dá com a chegada das UPPs aos morros — um bem em si, que traz consigo, não obstante, a fuga em massa de criminosos, que não são presos. Há uma quase unanimidade em favor da ação. Estou entre os poucos críticos.

Muito bem. Eu quero que vocês leiam o que informa o Portal G1 hoje (em vermelho). Prestem bem atenção.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, anunciou nesta segunda-feira (22), que.pretende criar, em caráter emergencial, cerca de 600 vagas para a internação compulsória de adultos dependentes de crack. Paes, no entanto, não estabeleceu prazos para o início da internação, já que precisa ser feito um estudo para ver onde serão instalados os centros de acolhimento e reabilitação.
O anúncio foi feito durante visita à comunidade do Jacarezinho, onde funcionava uma das maiores cracolândias da cidade.
Segundo a assessoria da Prefeitura do Rio, uma reunião de Paes e representantes do Ministério da Saúde e secretarias do setor está agendada para o dia 5 de novembro. Na ocasião, além da escolha dos locais para abrigar os centros de acolhimento, serão discutidos também os modelos das instalações e de tratamento.
Atualmente, somente os menores de idade – crianças e adolescentes – usuários de crack flagrados em situação de risco são internados compulsoriamente em unidades da Secretaria de Assistência Social.

Voltei
Está claro, certo? O prefeito quer criar 600 vagas em caráter emergencial para a internação compulsória. E não há prazo. A reunião com o governo federal só acontecerá daqui a 14 dias. Tudo claro? Claro!

Então agora peço que vocês leiam reportagem da Agência Brasil de 13 de abril de 2012, que foi reproduzida em praticamente todos os veículos de comunicação.FAZ SEIS MESES. Também em vermelho.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, defenderam hoje (13) a internação compulsória de adultos viciados em crack,durante o lançamento do programa “Crack, é possível vencer” para o Rio de Janeiro – uma parceira entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, criada em dezembro passado, com previsão de R$ 4 bilhões em recursos federais até 2014.
Segundo Padilha, o consumo de crack é uma epidemia no país e a internação involuntária de adultos deve ser uma decisão do médico que fizer o atendimento do dependente.
“A lei estabelece que, quando um profissional de saúde avalia que uma pessoa corre risco de vida ou coloca em risco a vida de outro, está previsto o mecanismo da internação involuntária. A pessoa deve ser levada para uma unidade de acolhimento ou um hospital para que se faça o tratamento”, afirmou o ministro.
Padilha disse que a internação é uma medida emergencial e que a reconstrução do projeto de vida dos dependentes do crack e sua reinserção em relação à família e à sociedade são fundamentais para a cura do vício.
“Essas internações devem ser feitas com todos os critérios e protocolos aprovados por especialistas, mas não podemos deixar essas pessoas à mercê da droga. São pessoas que perderam completamente o bom senso” afirmou o prefeito Eduardo Paes.
Há cerca de um ano, a prefeitura realiza internações compulsórias de crianças e adolescentes moradores de rua para tratamentos de cerca de seis meses. Atualmente, 117 crianças estão internadas em quatro abrigos da prefeitura.
Segundo a Secretaria de Assistência Social do estado, das cerca de 50 crianças que passaram pelo abrigamento compulsório até o momento, aproximadamente dez conseguiram reconstruir laços com a família ou foram acolhidas por “famílias substitutas”, que são remuneradas pela prefeitura.
Até o fim do ano, cerca de R$ 36 milhões serão repassados para os governos estadual e municipal para o combate ao crack. Estão previstas a criação de seis novos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de atendimento 24 horas, a criação de 27 consultórios de rua, a instalação de 427 leitos em enfermarias especializadas e a qualificação de 71 leitos em hospitais gerais.
“Precisamos de médicos treinados para cuidar do dependente químico e pessoal da área policial capacitado. Por isso, um dos seguimentos do plano é dar capacitação aos agentes que vão atuar. É necessário multiplicar esse conhecimento e em cada estado estamos desenvolvendo unidades onde cursos serão dados”, afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, também presente no evento.

Voltei
Entenderam? Em seis meses, o tal programa federal não saiu do papel. Não passa de uma fantasia. São Paulo retomou a área conhecida como Cracolândia e ofereceu, ao mesmo tempo, o Complexo Prates para atender aos dependentes.
– A imprensa escrita foi contra.
– As TVs foram contra.
– A Defensoria Pública foi contra.
– O Ministério Público foi contra.
– O PT, como sempre!, foi contra.
– A Maria do Rosário foi contra.
– O Gilberto Carvalho foi contra.
– O José Eduardo Cardozo foi contra.
– O Alexandre Padilha foi contra.
– O Fernando Haddad foi contra.

Só a população foi a favor. O prefeito Gilberto Kassab e o governador Geraldo Alckmin tinham de dar entrevistas defensivas a respeito, como se tivessem cometido um crime.

O Rio resolveu retomar uma de suas 10 cracolândias — o que, em si, reitero, é correto. Mas não havia algo como o Complexo Prates. 
– A imprensa escrita foi a favor.
– As TVs foram a favor.
– A Defensoria Pública foi a favor.
– O Ministério Público foi a favor.
– O PT, como sempre!, foi a favor.
– A Maria do Rosário foi a favor.
– O Gilberto Carvalho foi a favor.
– O José Eduardo Cardozo foi a favor.
– O Alexandre Padilha foi a favor.

Agora peço que vocês cotejem a reportagem de hoje com a de seis meses atrás. A imprensa — não me refiro à reportagem do G1 em particular, mas ao conjunto — nem mesmo se dedica a cobrar das autoridades o cumprimento da palavra. Ou acusa o descumprimento.

Concluo: não é São Paulo que faz bem ou mal ao jornalismo. Não é o Rio que faz bem ou mal ao jornalismo. No Rio, em São Paulo ou em qualquer lugar, o que faz mal ao jornalismo é a agenda que está além dos fatos.

Há, obviamente, uma agenda contra os poderes instituídos em São Paulo.
Há, obviamente, uma agenda a favor dos poderes instituídos no Rio.

Por Reinaldo Azevedo

 

Marco Aurélio começa a votar; lembra discurso em que denunciou as mazelas da República ao assumir presidência do TSE em 2006; por coerência, deve condenar os réus

Marco Aurélio Mello dá pistas de que vai condenar os quadrilheiros. Por quê? Na introdução de voto, lembra o discurso que ele fez na posse da presidência do TSE no dia 4 de maio de 2006. A íntegra aqui. No dia 21 de agosto, já escrevi um post sobre esse seu discurso. Leiam trecho do que disse o ministro há pouco mais de seis anos.

(…)
Infelizmente, vivenciamos tempos muito estranhos, em que se tornou lugar-comum falar dos descalabros que, envolvendo a vida pública, infiltraram na população brasileira – composta, na maior parte, de gente ordeira e honesta – um misto de revolta, desprezo e até mesmo repugnância. São tantas e tão deslavadas as mentiras, tão grosseiras as justificativas, tão grande a falta de escrúpulos que já não se pode cogitar somente de uma crise de valores, senão de um fosso moral e ético que parece dividir o País em dois segmentos estanques – o da corrupção, seduzido pelo projeto de alcançar o poder de uma forma ilimitada e duradoura, e o da grande massa comandada que, apesar do mau exemplo, esforça-se para sobreviver e progredir.

Não há, nessas afirmações – que lamento ter de lançar -, exagero algum de retórica. Não passa dia sem depararmos com manchete de escândalos. Tornou-se quase banal a notícia de indiciamento de autoridades dos diversos escalões não só por um crime, mas por vários, incluindo o de formação de quadrilha, como por último consignado em denúncia do Procurador-Geral da República, Doutor Antônio Fernando Barros e Silva de Souza. A rotina de desfaçatez e indignidade parece não ter limites, levando os já conformados cidadãos brasileiros a uma apatia cada vez mais surpreendente,como se tudo fosse muito natural e devesse ser assim mesmo; como se todos os homens públicos, nas mais diferentes épocas, fossem e tivessem sido igualmente desonestos, numa mistura indistinta de escárnio e afronta, e o erro passado justificasse os erros presentes.

A repulsa dos que sabem o valor do trabalho árduo se transformou em indiferença e desdém, como acontece quando, por vergonha, alguém desiste de torcer pelo time do coração e resolve ignorar essa parte do cotidiano. É a tática do avestruz: enterrar a cabeça para deixar o vendaval passar. E seguimos como se nada estivesse acontecendo. Perplexos, percebemos, na simples comparação entre o discurso oficial e as notícias jornalísticas, que o Brasil se tornou um país do faz de conta. Faz de conta que não se produziu o maior dos escândalos nacionais, que os culpados nada sabiam – o que lhes daria uma carta de alforria prévia para continuar agindo como se nada de mal houvessem feito. Faz de conta que não foram usadas as mais descaradas falcatruas para desviar milhões de reais, num prejuízo irreversível em país de tantos miseráveis. Faz de conta que tais tipos de abusos não continuam se reproduzindo à plena luz, num desafio cínico à supremacia da lei, cuja observação é tão necessária em momentos conturbados.

Se, por um lado, tal conduta preocupa, porquanto é de analfabetos políticos que se alimentam os autoritarismos, de outro surge insofismável a solidez das instituições nacionais. O Brasil, de forma definitiva e consistente, decidiu pelo Estado Democrático de Direito. Não paira dúvida sobre a permanência do regime democrático. Inexiste, em horizonte próximo ou remoto, a possibilidade de retrocesso ou desordem institucional. De maneira adulta, confrontamo-nos com uma crise ética sem precedentes e dela haveremos de sair melhores e mais fortes. Em Medicina, “crise” traduz o momento que define a evolução da doença para a cura ou para a morte. Que saiamos dessa com invencíveis anticorpos contra a corrupção, principalmente a dos valores morais, sem a qual nenhuma outra subsiste.

Nesse processo de convalescença e cicatrização, é inescusável apontar o papel do Judiciário, que não pode se furtar de assumir a parcela de responsabilidade nessa avalancha de delitos que sacode o País. Quem ousará discordar que a crença na impunidade é que fermenta o ímpeto transgressor, a ostensiva arrogância na hora de burlar todos os ordenamentos, inclusive os legais? Quem negará que a já lendária morosidade processual acentua a ganância daqueles que consideram não ter a lei braços para alcançar os autoproclamados donos do poder? Quem sobriamente apostará na punição exemplar dos responsáveis pela sordidez que enlameou gabinetes privados e administrativos, transformando-os em balcões de tenebrosas negociações?

Essa pecha de lentidão — que se transmuda em ineficiência — recai sobre o Judiciário injustamente, já que não lhe cabe outro procedimento senão fazer cumprir a lei, essa mesma lei que por vezes o engessa e desmoraliza, recusando-lhe os meios de proclamar a Justiça com efetividade, com o poder de persuasão devido. Pois bem, se aqueles que deveriam buscar o aperfeiçoamento dos mecanismos preferem ocultar-se por trás de negociatas, que o façam sem a falsa proteção do mandato. A República não suporta mais tanto desvio de conduta.

(…)
Àqueles que continuam zombando diante de tão simples obviedades, é bom lembrar que não são poucos os homens públicos brasileiros sérios, cuja honra não se afasta com o tilintar de moedas, com promessas de poder ou mesmo com retaliações, e que a imensa maioria dos servidores públicos abomina a falta de princípios dos inescrupulosos que pretendem vergar o Estado ao peso de ideologias espúrias, de mirabolantes projetos de poder. Aos que laboram em tamanhas tolices, nunca é demais frisar que se a ordem jurídica não aceita o desconhecimento da lei como escusa até do mais humilde dos cidadãos, muito menos há de admitir a desinformação dos fatos pelos agentes públicos, a brandirem a ignorância dos acontecimentos como tábua de salvação.
(…)
No que depender desta Presidência, o Judiciário compromete-se com redobrado desvelo na aplicação da lei. Não haverá contemporizações a pretexto de eventuais lacunas da lei, até porque, se omissa a legislação, cumpre ao magistrado interpretá-la à luz dos princípios do Direito, dos institutos de hermenêutica, atendendo aos anseios dos cidadãos, aos anseios da coletividade.Que ninguém se engane: não ocorrerá tergiversação capaz de turbar o real objetivo da lei, nem artifício conducente a legitimar a aparente vontade das urnas, se o pleito mostrar-se eivado de irregularidades. Esqueçam, por exemplo, a aprovação de contas com as famosas ressalvas. Passem ao largo das chicanas, dos jeitinhos, dos ardis possibilitados pelas entrelinhas dos diplomas legais. Repito: no que depender desta Cadeira, não haverá condescendência de qualquer ordem. Nenhum fim legitimará o meio condenável. A lei será aplicada com a maior austeridade possível – como, de resto, é o que deve ser. Bem se vê que os anticorpos de que já falei começam a produzir os efeitos almejados. Esta é a vontade esmagadora dos brasileiros. No mais, é aguçar os sentidos, a coragem, é aumentar a dedicação, acurar a inteligência e desdobrar as horas e as forças, no intuito único de servir à aspiração geral por um pleito limpo, civilizado e justo. É o que o Brasil merece e espera. É o que solenemente prometo ao assumir esta Presidência.

Muito obrigado.

Por Reinaldo Azevedo

 

Mendes lembra que tanto a associação era de longo prazo que previa até a criação de um banco

O ministro Gilmar Mendes lembra alguns depoimentos do processo que deixam claro, de forma escancarada, a formação de quadrilha. A associação era de tão longa duração que previa, calculem!, até a criação de um novo banco.

Essas lembranças, vênia máxima, tornam incompreensíveis os votos de Rosa Weber e Carmen Lúcia nesse particular. Os de Lewandowski e Toffoli, por óbvio, são absolutamente compreensíveis…

Por Reinaldo Azevedo

 

Gilmar Mendes dá o 3º voto pela condenação. Placar até agora: 4 a 3

Gilmar Mendes condena os réus por formação de quadrilha. É o terceiro voto, levando o placar, então, para “absolvição (4) X (3) condenação”.

Mendes faz a devida distinção entre formação de quadrilha e mero concurso de pessoas. O ministro lembra o óbvio que os crimes cometidos não quebraram a paz púbica em sentido convencional. Ora, eles quebraram, por exemplo, a paz jurídica, não?

O ministro lembra que os crimes contra o estado, como é o caso, significam ameaça à paz social. Bingo!

Por Reinaldo Azevedo

 

Dias Toffoli absolveu quadrilha em 30 segundos, o gatilho mais rápido da República

O ministro Dias Toffoli foi o gatilho mais rápido da República em favor dos quadrilheiros. Num voto que durou 30 segundos, anunciou que seguia o revisor, Ricardo Lewandowski, e absolveu todo mundo. Nem mesmo se ocupou em ler três linhas para justificar o voto. Pra quê?

Todo mundo já sabia, não é mesmo?

Toffoli é o quarto voto pela absolvição.

Por Reinaldo Azevedo

 

Fux condena quadrilheiros; tudo indica que voto de Marco Aurélio vai decidir ou pelo empate ou pela condenação

Luiz Fux acompanha Joaquim Barbosa e condena os quadrilheiros. São votos prováveis ainda pela condenação Gilmar Mendes, Celso de Mello e Ayres Britto — que se posicionaram contra os réus dos núcleos políticos quanto a esse crime (Gilmar Mendes absolveu apenas Pedro Henry).

Ninguém tem dúvida sobre o voto de José Antônio Dias Toffoli, certo? Vai absolver.

Assim, caberá a Marco Aurélio decidir ou pelo empate ou pela condenação. Por quê? Podem contar aí cinco votos pela condenação — Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Celso de Mello e Ayres Britto — e quatro pela absolvição: Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Carmen Lúcia e Dias Foffoli.

O que fará Marco Aurélio? Dará o sexto voto peça condenação ou o quinto pela absolvição, determinando o empate? O que seus votos anteriores nos informam quanto à formação de quadrilha? Pois é…

Ele absolveu, nessa imputação, Valdemar Costa Neto e Jacinto Lamas, mas condenou Pedro Correa, Enivaldo Quadrado e João Claudio Genu.

Se a lógica existe, pergunto: por que o núcleo do PP, sozinho, teria cometido crime de quadrilha, e aqueles que eram, visivelmente, os coordenadores de todo o esquema não? Isso me leva a crer que Marco Aurélio dará o sexto voto (no total) pela condenação. Seguindo a ordem dos votos, ele será o 8º a se pronunciar.

Se Marco Aurélio absolver os réus, será o quinto voto. Caberá a Britto, último a se pronunciar, dar o quinto pela condenação, determinando o empate, ou o sexto pela absolvição. Se Marco Aurélio condenar, caberá, então, a Britto dar o sexto voto pela condenação ou, absolvendo, dar o quinto em favor do empate. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Neste momento, vota Luiz Fux; começa bem; lembra que o próprio STF reconheceu a existência de um “projeto delinquencial”

Começa a votar o ministro Luiz Fux. Considerando seus votos anteriores, é certo que vai condenar a maioria dos réus. Até agora, é o único ministro que concordou com todos os votos do relator.

Começou bem: lembrou que o objetivo era tornar refém um Poder da República do “projeto delinquencial”. E observa que o próprio tribunal reconheceu a existência desse projeto delinquencial.

O ministro destaca o óbvio: os vários núcleos criminosos se organizaram para atuar.

Fux reitera que não existe mera co-autoria em crimes reiterados ao longo de dois anos e meio. E pergunta: os vários grupos se ligaram por mero acaso? Acho que não!

Lembra mais: todos sabiam o que estavam fazendo e tinha funções determinadas no grupo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Carmen Lúcia antecipa seu voto e também absolve Dirceu e a turma

Só os crimes identificados no processo do mensalão duraram quase três anos. Cessaram porque houve a denúncia. Os núcleos, está claro, eram devidamente articulados. Negar que a compra de parlamentares ameaçasse a paz social é, vênia máxima, uma visão quase cínica.

Carmen Lúcia decide antecipar seu voto e também absolve todo mundo. Diz que também não vê naquelas pessoas a intenção de cometer crimes. É mesmo? O que se lê no Artigo 288 do Código Penal? Isto:

Art. 288 – Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes.

Não foi o que fizeram os mensaleiros?

Por Reinaldo Azevedo

 

Voto de Rosa – Nunca tantos foram citados em tão pouco tempo para justificar tese tão ruim

Rosa Weber vem com uma leitura estranha, segundo a qual a formação de quadrilha é caracterizada pela intenção de… formar a quadrilha. Mas me digam: alguém forma quadrilha por paixão fetichista, por amor ao grupo em si? Ora… E que história é essa de que o grupo “não tinha a intenção de cometer uma série indeterminada de crimes”? Não??? Só não cometeram mais porque foram denunciados.

Rosa, como se vê, teve o voto cantado por Ricardo Lewandowski. Nunca tantos foram citados em tão pouco tempo para justificar uma tese exótica.

Por Reinaldo Azevedo

 

Rosa Weber absolve todo mundo de formação de quadrilha

Rosa Weber, conforme o previsto, absolve todo mundo de formação de quadrilha. Joga seu voto nas costas de Nélson Hungria, mas…

A ministra absolve o grupo porque diz que a quadrilha supõe a “reunião estável”. E não era estável aquele grupo? Diz que tem de ser “permanente”. E permanente não era, ministra? Diz que é preciso haver ameaça à paz pública. E algo ameaça mais a ordem do que a tentativa de anular um Poder da República?

A ministra está lendo seu voto há sete minutos e já citou 15 autores. Está na defensiva.

Se é compreensível que Rosa tenha absolvido os núcleos políticos do crime de formação de quadrilha — embora eu discorde —, pela mesma razão é incompreensível que José Dirceu, José Genoino, Delúbio Soares e a maioria dos outros sejam absolvidos. Afinal, no caso destes, a ação foi reiterada, continuada, contumaz, com duração no tempo.

É engraçado: quanto mais argumentos ela apresenta para absolver, mais a gente vê motivos para condenar.

Por Reinaldo Azevedo

 

ESCÂNDALO NO MARANHÃO – ATENÇÃO, POLÍCIA FEDERAL! ATENÇÃO, TRE! ATENÇÃO, TSE! GRUPO QUE CONTA COM O APOIO DO COMUNISTA FLÁVIO DINO, PRESIDENTE DA EMBRATUR, ORGANIZA UMA MILÍCIA DE MILITARES EM SÃO LUÍS PARA INTERFERIR NO PROCESSO ELEITORAL! EDIVALDO HOLANDA JÚNIOR TEM DE SER DENUNCIADO E CASSADO!

Caros, este parece ser só um caso de alcance regional, que diz respeito ao Maranhão. Mas não é. No centro da história absurda que se segue, está ninguém menos do que o presidente da Embratur, Flávio Dino, do PCdoB, partido que integra a base de apoio do governo Dilma Rousseff. Vamos lá.

Um leitor do Maranhão envia-me o link de um vídeo escandaloso, que já é, em si, uma afronta ao Artigo 142, § 3º da Constituição Federal. E tudo com a conivência de um dos candidatos que disputam o segundo turno da eleição em São Luís: Edivaldo Holanda Júnior, do PTC, que gosta de lembrar a sua condição de evangélico — é da Igreja Presbiteriana Independente. Os evangélicos sabem o respeito que tenho por eles. E posso afirmar, com absoluta certeza, que Deus não tem nada a ver com o show de horrores que se constata no vídeo.

Vamos lá. Holanda Júnior, que é o candidato do deputado Flávio Dino, do PCdoB, atualmente na presidência da Embratur, obteve 36,44% (186.184) dos votos e disputa o segundo turno com o tucano João Castello, que ficou com 30,6% (156.320). Só para registro: Washington Luiz, do PT, que é vice-governador, disputou com o apoio da governadora Roseana Sarney (PMDB) e ficou em quarto lugar, com 11,02% dos votos.

Muito bem! Dino, do PCdoB, um partido ateu, resolveu se juntar com o estranho Deus de Holanda. O comunista do Brasil gosta de se apresentar, especialmente para a inocentíssima imprensa do centro-sul, como um anti-Sarney, como o homem que estaria a combater a oligarquia no estado. Os maranhenses sabem que isso, hoje, não é mais verdade. Só assumiu a Embratur porque recebeu as bênçãos de seu antigo antípoda. Holanda é seu candidato, e tudo indica que, se Dino se tornar um dia o novo Sarney do Maranhão (batam na madeira, maranhenses!), a única coisa que vai mudar no estado é o método: para pior!

Parece-me que o deputado, que já foi juiz, se dá bem com a linguagem da truculência. Um caso ilustra bem de quem estamos falando. O juiz Sérgio Muniz, do Tribunal Regional Eleitoral, proibiu um instituto ligado a Dino de publicar uma pesquisa que trazia sinais evidentes de fraude. O que ele fez? Acatou a decisão? Ah, não! Isso é para pessoas convencionais! Ele foi lá tomar satisfações com o juiz, entenderam? Aquele papo de homem pra homem… É a forma que o comunismo do Brasil tomou no Maranhão — agora associado a esse Deus muito particular de Holanda Júnior… Está tudo errado! Está tudo fora do lugar.

Pois bem. No vídeo abaixo, assistimos a um absurdo em si: a criação de um “Comitê dos Militares” em favor da candidatura de Holanda, composto de policiais militares e bombeiros. As PMs, por determinação constitucional, estão sujeitas às mesmas regras que valem para as Forças Armadas. A militância partidária é proibida. Organizar, então, um “comitê de militares da ativa” em favor de um candidato é um absoluto despropósito. Mas é isso o que se faz ali E É O DE MENOS. Como vocês verão, anuncia-se a criação de um grupo para atuação clandestina. Pior: Holanda, o candidato do PTC, o 36,  discursa no evento. Tem de ser denunciado ao Tribunal Regional Eleitoral e tem de ter a candidatura cassada.  Assistam. Volto em seguida.

Voltei
Vocês viram ali. A partir de 1min43s, o militar que discursa anuncia:

“[Quero] dizer também que nós temos uma missão árdua. Do dia de ontem até o dia da eleição, os militares têm uma missão e que nós não podemos aqui revelar. Nós sabemos que, até o dia da eleição, muitas coisas vão acontecer. E nós, militares, a nossa missão árdua, embora em menor número, mas jamais em desvantagem, mas nós vamos conseguir fazer com que o nosso adversário passe a respeitar um nome que já está prometido por Deus, que é Edivaldo Holanda Júnior, 36 (…)”

O próprio Holanda discursa e agradece a Deus… Em seguida, outro rapaz toma a palavra e volta a tratar da tal “missão especial”, a partir de 3min54s:

“Pessoal, como já foi dito, nós temos aí uma missão especial. Nós temos aí um grupo de militares, de pessoas que já foram cadastradas. Nós temos uma missão a ser desenvolvida a partir de amanhã. A gente vai estar depois conversando com essas pessoas, né? A gente não pode falar aqui, mas a gente vai estar marcando o momento para reunir a portas fechadas com esse grupo (…) Detalhes da missão que a gente não vai dizer aqui…”

Uma outra voz fala: “Serviço de Inteligência do 36”. Retoma a voz:

“É, serviço de inteligência. Nós não vamos aqui dizer porque é uma coisa muito louca. É PIOR DO QUE O GRUPO QUE MATOU OSAMA BIN LADEN. Nós sabemos quem são as pessoas que estão aqui. A gente vai ligar para as pessoas para marcar essa reunião porque, embora em número pequeno, mas nunca em desvantagem. Para acabar um grande exército, basta um grupo de elite, pequeno só. Nós temos essa capacidade. Nós temos essa tática militar. Por isso que o nosso comitê é feito diferente, para demonstrar o que nós somos aqui. (…) Vocês não têm identidade, tá certo? Ninguém tem identidade. O homem do Serviço de Inteligência não tem identidade. Ninguém sabe quem é ele, entendeu? (…) Nós temos um trabalho dentro da comunidade (…) E, aí, a partir de segunda-feira, dentro dos quartéis (…) Vamos mostrar para o nosso adversário que, com o 36 e com os militares, não se brinca”.

Retomo
Dizer o quê? Militares da ativa prometendo constituir a “inteligência” de um candidato a prefeito, destacando que será um serviço clandestino porque “homem de inteligência não tem identidade”? Dona Roseana Sarney, se tiver um mínimo de decência e decoro, manda prender ainda hoje estes senhores.

O que quer dizer aquele rapaz quando afirma que o grupo formado pelos militares de São Luís será “pior do que o grupo que matou Osama Bin Laden? É um descalabro absoluto. O que fará o grupo de comunicação dos Sarney? Vai omitir a notícia? Vai sonegar a boa parte dos maranhenses a informação de que se arma uma espécie de milícia dentro da Polícia Militar do Maranhão?

Finalmente, noto que eles falam ali de um grande projeto para 2014. Sabem qual é? A candidatura de Flávio Dino para o governo do estado — quem sabe, já unido a Sarney… O presidente da Embratur, sem dúvida, nos leva a uma bela viagem ao passado, ao coronelismo do século 19, agora com as tintas do “comunismo do Brasil”.

Texto publicado originalmente às 6h42

Por Reinaldo Azevedo

Tudo pelo social!!! Esta mulher puniu trabalho escravo em empreiteira do “Minha Casa, Minha Vida” e foi posta no olho da rua pelo governo Dilma

Vera Lúcia Albuquerque: punição a empreiteira amiga do Planalto por trabalho escravo rendeu-lhe a demissão. Afinal, é um governo “progressista”…

Por Adriano Ceolin, na VEJA:

Na próxima semana, o Diário Oficial da União vai publicar a exoneração de Vera Lúcia Albuquerque, secretária de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho. A servidora ocupava o cargo havia quase dois anos e, nos últimos meses, começou a ser pressionada para não cumprir o seu dever. Em março do ano passado, fiscais do Ministério do Trabalho depararam em Americana, no interior de São Paulo, com uma daquelas cenas que ainda constrangem o Brasil. No canteiro de obras de uma empreiteira responsável pela construção de residências do projeto Minha Casa, Minha Vida — o mais ambicioso programa habitacional do governo federal para a população de baixa renda –, foram resgatados 64 trabalhadores mantidos em condições tão precárias que, tecnicamente, são descritas como “análogas à escravidão”. Eles eram recrutados no Nordeste e recebiam adiantamento para as despesas de viagem, hospedagem e alimentação. A lógica é deixar o trabalhador sempre em dívida com o patrão. Assim, ele não recebe salário e não pode abandonar o emprego. É o escravo dos tempos modernos.

Eis o alojamento oferecido pela empreiteira amiga do Planalto aos companheiros de Dilma Rousseff; trabalhadores “deviam” dinheiro à empresa e não podiam deixar o trabalho

Os fiscais de Vera Lúcia encontraram trabalhadores em condições irregulares nos canteiros de obras tocadas pela MRV, a principal parceira do governo no Minha Casa, Minha Vida. Isso colocou a construtora na lista das empresas que mantêm seus empregados em condições degradantes, o que as impede de fazer negócios com a União e receber recursos de órgãos oficiais. Assim, em obediência às regras, a Caixa Econômica Federal suspendeu novos financiamentos à MRV, cujas ações perderam valor na bolsa. O que Vera Lúcia não sabia é que muita gente acima dela considera a construtora intocável. Ela conta que começou a receber pressões de seus superiores no ministério para tirar a MRV da “lista suja”. A auditora resistiu, mas as pressões aumentaram muito depois de uma visita de Rubens Menin, dono da MRV, ao ministro do Trabalho, Brizola Neto. Desde então, ela passou a ser questionada pelos assessores do ministro sobre a legitimidade da inspeção da obra de Americana. Um deles chegou a insinuar que os fiscais não tinham critérios nem qualificação para autuar as empresas. “Estão querendo pôr um cabresto político na inspeção do trabalho”, disse Vera, dias depois de renunciar ao cargo.

Após a incursão no Ministério do Trabalho, Menin e diretores procuraram Maria do Rosário, ministra da Secretaria de Direitos Humanos, e Gilberto Carvalho, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Eles tentaram demonstrar que os problemas apontados pela inspeção já haviam sido resolvidos. Na conversa com a ministra Maria do Rosário, a construtora se ofereceu para aderir ao Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, convenção entre o governo, entidades da sociedade civil e empresas. “Ainda assim, pelas regras, não havia como tirar a MRV da lista”, disse José Guerra, coordenador-geral da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo.

Pressão sobre Vera Lúcia cresceu depois que empreiteiro falou com Brizola Neto (acima), cujo primeiro emprego da vida é ser ministro do… Trabalho!!!

Além da falta de pagamento de salários e da retenção da carteira de trabalho, os fiscais encontraram o alojamento em péssimas condições de higiene, além de comida de má qualidade e estragada. O relatório da fiscalização listou 44 infrações na obra, comprovadas por meio de fotos e depoimentos de trabalhadores. “Os trabalhadores tinham restringido seu direito de locomoção em razão de dívida contraída com o empregador, da retenção de suas carteiras de trabalho e, principalmente, por meio do não pagamento do salário”, diz o relatório. Assinado por dois auditores fiscais, o documento afirma que a MRV usou empresas terceirizadas para diminuir custos trabalhistas e aumentar a margem de lucro do empreendimento: “Os contratos de prestação de serviços firmados pela MRV não passam de simulacros”. Os fiscais também registraram o fato de que os proprietários das empresas terceirizadas eram ex-funcionários da própria MRV.

Esse é Rubens Menin, o empreiteiro amigo do Planalto: falou com Brizola Neto, Maria do Rosário e Gilberto Carvalho. E Vera Lúcia caiu! Viva o governo progressista!

Entre 2003 e 2011, o governo flagrou 35 000 trabalhadores mantidos em condições degradantes. A maior parte dos casos ainda ocorre em fazendas do Norte, mas eles já não são mais uma raridade em áreas urbanas. A fiscalização e a inclusão das empresas infratoras no cadastro são os instrumentos mais eficientes para inibir a ação dos exploradores. Vera acredita nisso e não cedeu. Só restou ao ministro Brizola Neto indeferir o pedido de reconsideração feito pela MRV ao ministério. A empresa, porém, conseguiu decisão favorável, em caráter liminar, no Superior Tribunal de Justiça. Por essa razão, setores do governo estudam mudanças nos critérios de inspeção. “Há um debate sobre a necessidade de aperfeiçoar os procedimentos de inclusão de empresas na lista, para evitar que eles possam ser questionados na Justiça, como vem ocorrendo”, informa a Secretaria-Geral da Presidência. Fica a lição: não apenas a escravidão, mas as demais mazelas do país tendem a se perpetuar enquanto as Veras Lúcias do serviço público forem obrigadas a sair do caminho por se recusarem a trair sua consciência e compactuar com o erro.

Por Reinaldo Azevedo

Lula diz em Diadema por que se deve votar em Serra em São Paulo. Ou: Dois ministros despudorados

O PT está na Prefeitura de Diadema desde 1983 — em 1982, elegeu-se Gilson Menezes, que está hoje no PSB. Seu sucessor foi José Augusto, agora deputado estadual pelo PSDB. Depois de 30 anos, o mandarinato petista exibe sinais de fraqueza. O prefeito Mário Reali pode perder a disputa para Lauro Michels, do PV, que conta com o apoio do governador Geraldo Alckimin (PSDB). Michels lidera as pesquisas de intenção de voto. Diadema tem o simbolismo de ser a primeira cidade conquistada por um petista, mas também é uma fornecedora de quadros. José de Fillipi, ex-prefeito, foi tesoureiro da campanha de Dilma.

Muito bem! Luiz Inácio Apedeuta da Silva fez um comício ontem na cidade. Estava acompanhado dos ministros Aloizio Mercadante (Educação) e José Padilha (Saúde), que se comportaram — e não estou surpreso — de modo absolutamente despudorado. Já falo sobre os valentes. Quero me deter um pouco no despudor do Apedeuta Inácio.

Segundo informa José Maria Tomazela no Estadão, Lula foi tomado de um estranho ímpeto conservador em Diadema. Em São Paulo, o PT fala em nome do novo (como se não estivesse unido às forças que governaram 16 dos últimos 24 anos na cidade). Em Diadema, ora vejam, Lula pediu que a população repudie o novo. E se saiu com um argumento realmente estupendo. Disse que, em 1989, no Brasil, a população resolveu recusar os políticos experientes como Mário Covas e Ulysses Guimarães e acabou elegendo Collor: “Vocês viram a desgraça que deu”.

Não sei se o que mais me fascina é o Lula historiador ou o Lula pensador. De fato, em 1989, a população acabou fazendo a escolha por duas novidades: Collor e… o próprio Lula, que disputou com o outro o segundo turno. Com efeito, foi uma desgraça. Mas a desgraça petista não teria sido menor — aliás, com absoluta certeza, teria sido muito maior. Collor foi impichado e se recolheu à sua mediocridade. Os petistas — que ainda prometiam dar calote na dívida púbica — teriam conduzido o país ao caos, mas resistiram bravamente em largar o osso. O Babalorixá de Banânia esqueceu-se de dizer no palanque em Diadema que ele próprio recusou o apoio de Ulysses no segundo turno porque se negava a compor com “partidos da burguesia”… É a segunda vez que Lula evoca como referência negativa seu agora aliado Fernando Collor. Em São Paulo, ele se referiu ao ex-presidente para atacar o experiente Serra; em Diadema, para atacar a novidade Michels.

Entendi, segundo o discurso de Lula, que o melhor para São Paulo, por exemplo, é mesmo Serra, embora ele tente empurrar Haddad para a cidade. Por quê? Operando com categorias da alta política, pensou: “Vocês viram o que aconteceu com a Carminha, ela trocou o certo pelo duvidoso. Nós agora estamos vendo aqui em Diadema as mesmas fantasias. Temos de votar em pessoas que têm história.” Explicando por que Dilma não deveria ter sido eleita em 2010, afirmou: “Colocar alguém que não administrou nem a cozinha de sua casa não é bom”. Num rasgo de criatividade e admitindo que a gestão de Reali em Diadema é meia-bomba, refletiu:“Mais vale um pássaro na mão que dois voando; se alguém da família tem um problema, a gente corrige, não troca de família.” Diadema, como se vê, teria virado quintal da família… Lula! Como estava num dia iluminado mesmo, ofereceu sua própria relação conjugal como exemplo: “Estou há 38 anos com a Marisa e, até agora, não consegui cumprir todas as promessas, mas estamos juntos, e ela sabe que não pode trocar o certo pelo duvidoso.”

Indecorosos
No sábado, Alckmin esteve na cidade para deixar claro seu apoio a Michels. Apelando a uma notável delinquência intelectual (e eu explicarei por que é), Aloizio Mercadante, ministro da Educação, afirmou: “São Paulo vai votar no Haddad porque o PSDB do FMI, das privatizações e do pedágio não fez o que prometeu para o povo”. Mercadante conseguiu um doutorado mandraque em economia com uma tese puxando o saco de Lula (que nunca o quis como ministro), que foi alvo da ironia até do neopetista Delfim Netto, que estava na banca. Para todos os efeitos, é doutor em economia. Afirmar que existiu um “PSDB do FMI” é indigno de alguém que ocupa a pasta da Educação. Trata-se de uma mentira histórica, de uma pistolagem acadêmica, de uma fraude.

Os petistas, por acaso, não aderiram às privatizações, que antes satanizavam? Aliás, ele está à frente do Ministério que mais recursos passa ao setor privado, por intermédio do ProUni, que deixa Elio Gaspari tão excitado… Quanto ao pedágio, o candidato derrotado ao governo de São Paulo em 2006 e 2010 insiste numa tese recusada pelos paulistas. Os petistas tentaram seu próprio método de privatização de estradas e naufragaram. Seu modelo cobra um tarifa realmente pequena — mas o motorista tem de se contentar com os buracos, com as pistas não-duplicadas, com as obras malfeitas… É o fim da picada que um ministro de estado possa recorrer a uma retórica ainda mais baixa do que a de Lula, que hoje é só um líder político.

Mercadante é pré-candidato do partido à sucessão de Geraldo Alckmin. Mas dividia o palanque com um potencial adversário interno: Alexandre Padilha, ministro da Saúde.“Ao lado do verde, está o governador das catracas”, atacou Padilha. Os petistas acusam o governo do Estado de ter acabado a integração entre o transporte coletivo local e o sistema de transportes metropolitano. É uma besteira! Imaginem vocês: estes senhores, em nome do governo, do estado brasileiro, estarão negociado amanhã ou depois com o governo de São Paulo, com o seu governador… São falas descabidas.

Perguntem se os ministros — que lá são “secretários” — de Obama saem por lá a deitar proselitismo. Se o presidente pode, ele próprio, fazer campanha porque, afinal, depende de uma espécie de referendo dos eleitores para continuar (ou sair), uma República repudia que homens da administração propriamente, que governam para todo o povo — também para quem vota na oposição —, o façam. O que não dizer então de o primeiro escalão se metendo em eleições locais? Trata-se de uma questão que nem se coloca numa democracia organizada.

Essa história de que estão num dia de folga e podem falar como militantes é uma piada. Por acaso, os respectivos assessores dos senhores ministros, pagos com dinheiro público, não foram mobilizados? Nao se deslocaram de Brasília para São Paulo? Aliás, quem paga a conta?  Mais: ainda que se admita que possam expressar seu ponto de vista, é evidente que há modos e modos de fazê-lo. Dilma havia dito que seus ministros ficariam fora das campanhas. Como a gente vê, nem eles nem ela.

Mercadante, Mercadante… Não é aquele rapaz cujo assessor foi pego carregando uma mala preta com R$ 1,7 milhão para pagar a bandidagem que faria um dossiê contra Serra em 2006 (os tais aloprados)? É ele, sim! Não é aquele rapaz que, naquele mesmo ano, se dizia “doutor” em economia sem nunca ter sido? É ele, sim! Não é aquele rapaz que, durante o escândalo dos atos secretos de José Sarney, anunciou no Twitter que renunciava à liderança do PT no Senado em caráter “irrevogável”, revogando em seguida a decisão? É ele, sim!

Quanto a Padilha… A Saúde no Brasil vive uma tal crise que chega a ser uma acinte que este senhor saia fazendo campanha eleitoral por aí. Mas esses são eles. Estamos falando de uma estirpe moral.

Por Reinaldo Azevedo

 

Dilma Rousseff, que se diz “contra a baixaria”, permite que dinheiro público seja usado para financiar blog que chama ministro do STF de “gambá”. Não pode haver prova maior de alto nível, não é mesmo, presidente?

No sábado, a presidente Dilma Rousseff foi a um comício em favor do petista Fernando Haddad, candidato à Prefeitura de São Paulo. E acusou o tucano José Serra, imaginem vocês!, de promover “baixaria” na campanha. É mesmo, é? A propaganda de Haddad, com o auxilio de boa parte da imprensa, leva adiante aquela que deve ser, no que concerne à verdade como referência, uma das campanhas mais sujas da história do PT. Lembro em outro post o que estrelas do petismo disseram neste domingo em Diadema. Pois bem. Dilma deveria ser mais cuidadosa, muito mais! Em matéria de baixaria, a sua campanha à Presidência em 2010 honrou a tradição do PT. Um bunker foi montado, sob o comando de Fernando Pimentel, para criar um dossiê contra o tucano José Serra. Um dos homens contatados para a tarefa era ninguém menos do que Idalberto Matias, o Dadá, braço-direito de Carlinhos Cachoeira!!! Quatro anos antes, em 2006, houve o episódio conhecido como “dossiê dos aloprados”. Dilma recompensou Pimentel direitinho: deu-lhe um ministério. Como é mesmo essa história de “baixaria”, presidente? Mas o ponto aqui nem é esse.

No dia 16 deste mês, na terça passada, lancei em Brasília “O País dos Petralhas II – O inimigo agora é o mesmo”. Mais de 400 pessoas passaram por lá. Reunião aberta e pública. O ministro Gilmar Mendes, do STF, compareceu para me cumprimentar. Como não somos conspiradores, podemos ser vistos juntos numa livraria. NÃO SEREMOS FLAGRADOS EM QUARTOS OU LOBBIES DE HOTEL CONSPIRANDO CONTRA A CONSTITUIÇÃO. ISSO NUNCA! Mendes foi não porque concorde com o conteúdo do livro — com uma coisa ou outra, talvez. Com tudo, certamente não! Até porque há lá, no capítulo sobre o Judiciário, uma severa crítica a decisões tomadas pelo STF com a concordância do ministro. Já escrevi a respeito.

Muito bem! Paulo Henrique Amorim, aquele…, resolveu escandalizar o nada. E publicou dois posts censurando a presença de Mendes ao evento. Num deles, agregou um dos vídeos que estão no Youtube — o primeiro de cinco — para provar, como se fosse necessário, que Mendes esteve lá. Até parece que o homúnculo denunciava algo terrivelmente secreto. Ora, os cinco vídeos foram postados por leitores meus. Nesse primeiro, aliás, defendo que ladrão de dinheiro público vá para a cadeia, pouco importa o partido a que pertença. Como Amorim exibe o vídeo como evidência de um escândalo, não deve concordar com isso. Segue o vídeo para quem ainda não viu. Volto depois.

Voltei
Viram como sou mesmo capaz de dizer coisas hediondas? Viram que pessoa exótica sou eu? Não foi o único post do seu blog. Há um outro, em que reproduz texto de uma site da CUT. Como em Amorim a estatura moral compete com a física, ele resolveu publicar duas imagens. Numa delas, apareço conversando com Mendes; ambos participávamos de um seminário do Centro de Liderança Pública, há coisa de uns dois anos. Ao lado, há a foto de dois gambás. E ali se lê: “A senhora tem razão, minha senhora!!! Realmente, um gambá cheira o outro!” Esse é alto nível do jornalismo praticado por aquele senhor.

É evidente que ele não me surpreende. Vejam a imagem da página. É aqui que a presidente Dilma Rousseff volta à conversa.

Vejam lá quem patrocina a página. Dilma Rousseff permite que dinheiro da Caixa Econômica Federal, que é público, seja usado para chamar um ministro do Supremo de gambá. Aliás, outras páginas da turma, também financiadas por estatais, deram início a uma verdadeira campanha de difamação de integrantes da Corte por causa do julgamento do mensalão, especialmente Joaquim Barbosa. E essa é a menor das ofensas que Amorim dirige a seus desafetos, sempre com financiamento estatal. A CEF paga R$ 40 mil mensais a seu blog.

Abaixo, publico os quatro outros vídeos que estão no Youtube com a conversa que mantive com os leitores de Brasília. É conversa mesmo, sem qualquer pretensão maior. Não retiro uma vírgula do que disse. Mendes, aliás, foi entusiasticamente aplaudido pelos leitores presentes. Até cheguei a brincar que tentariam fazer exploração vagabunda de sua presença ali. Bingo! Essa gente é previsível demais porque sua moral é conhecida. Depois dos vídeos (assistam aos poucos, ao longo do dia), volto para arrematar.

Parte II

Parte III

Parte IV

Parte V

Arremato
Estes dias hão de entrar para a história. Haverá um tempo, sou otimista, em que os brasileiros hão de se escandalizar que empresas estatais, públicas, sustentassem páginas da Internet para difamar o Poder Judiciário, lideranças da oposição e o jornalismo independente… E tudo, claro!, em benefício de um projeto de poder e de um partido político.

Os que assistirem aos filmes constatarão que faço também críticas à oposição. Não por “outro-ladismo”, não! Não para ficar brincando de “isenção”, mas porque, de fato, escrevo o que penso. Quando gosto, digo “sim”; se não, então “não”! Sou exótico assim…

Nomear para o ministério o chefe de uma equipe que tentou fazer um dossiê falso contra um adversário político e permitir que dinheiro público seja usado para o trabalho de difamação e da ofensa mais rasteira parecem-me exemplos eloquentes de “baixaria”, presidente! Ou a senhora tem um entendimento alternativo e maiúsculo a respeito? Existindo, eu o tornarei público aqui. Fica o desafio que lhe faço. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Daqui a pouco, haverá mais gente nos lançamentos dos meus livros do que nos comícios do PT. Ou: PT quer Sírio-Libanês para Lula e Dilma, mas não para o povo

O PT fez ontem o seu “megacomício” em São Paulo em favor da candidatura de Fernando Haddad. Estiveram presentes Luiz Inácio Apedeuta da Silva, a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente, Michel Temer e mais sete ministros de estado, entre eles José Eduardo Cardozo (o de Justiça), Aloizio Mercadante (Educação) e Alexandre Padilha (Saúde). O último capítulo de “Avenida Brasil” foi ao ar anteontem. Era para ser uma festança de arromba. Como todo o aparato oficial mobilizado mais a máquina partidária, compareceram ao local, com boa vontade na estimativa, umas três mil pessoas. Daqui a pouco, haverá mais gente nos lançamentos de “O País dos Petralhas II” do que nos comícios do PT.

“Olhem aí… As pesquisas apontam o Haddad na frente, e esse Reinado Azevedo fica ironizando os comícios do PT…” Ironizo mesmo, ué! Trata-se de um número ridículo quando se trata de líderes tão populares, ora! Pode até ser que o petista venha a ganhar a disputa, mas certamente não será porque a população se entusiasmou com ele. Mas não quero falar disso agora, não.  De resto, como diria o Velho Guerreiro, a eleição só acaba quando termina.

O que chama a minha atenção é outra coisa. Abaixo, reproduzo, em vermelho, texto de Gustavo Uribe, do Globo, sobre o comício petista. As ofensas que Lula dirigiu ao tucano José Serra, aliás, estão na manchete da Folha Online e na submanchete do Globo Online. Vivemos dias assim: Lula ofende alguém e ganha o noticiário. Dilma e Lula satanizaram José Serra. Era fala para ser levada ao horário eleitoral nesta semana.

Em comício na capital paulista neste sábado, a presidente Dilma Rousseff acusou o candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, de fazer uma campanha eleitoral de baixo nível e, em uma crítica indireta ao ex-governador de São Paulo, disse que o PT não é “raivoso”. Em ato político em apoio à candidatura de Fernando Haddad, a presidente comparou os ataques a que o candidato do PT tem sido alvo nesta campanha eleitoral aos feitos contra ela na campanha eleitoral de 2010, quando José Serra também era o candidato do PSDB.
“Os mesmos argumentos usados contra mim estão sendo usados contra Fernando Haddad, às vezes sorrateiramente, às vezes abertamente. Eles disseram que eu era um poste, que não tinha competência para governar. Eles usaram de todos os argumentos. A mesma campanha eleitoral de baixo nível que estão fazendo com o Fernando Haddad eles fizeram comigo”, disse a presidente Dilma Rousseff.

Vamos ver. O leitor que não é de São Paulo não tem como saber, então informo. Na televisão, a campanha de Haddad já acusou Serra de ser o responsável pela quase cegueira de um homem. Isso é campanha de alto nível. Já afirmou que a Prefeitura se negou a doar terreno para creche. Documentos provaram ser mentira. Isso é campanha de alto nível. Acusa Serra de ter abandonado a Prefeitura. Ele renunciou para se candidatar ao governo e foi eleito no primeiro turno. Isso é campanha de alto nível. Sustenta que o tucano só governou para os ricos, o que é uma estupidez. Isso é campanha de alto nível.

Quanto à fala da presidente Dilma, dizer o quê? Qual foi a campanha de “baixo nível” de que ela foi vítima? Serra, como candidato de oposição em 2010, tinha críticas ao governo, o que é próprio das democracias. Imaginem se Obama, nos EUA, ousaria acusar Romney de “baixo nível” porque o contesta. Mau caminho, dona Dilma! Se a senhora se abespinhou quando nem era presidente, suponho que vá ameaçar com a palmatória quem ousar criticá-la em 2014.

Dilma está faltando com a verdade. Em 2010, infelizmente, acho que Serra foi bonzinho demais com ela. Suas contradições e a sua incompetência à frente da Casa Civil, que têm desdobramentos ainda hoje no governo meia-bomba, foram pouco exploradas. As precariedades de infraestrutura do país, que não são pequenas, têm uma grande corresponsável: Dilma Rousseff.

O ex-governador de São Paulo também foi alvo de críticas duras do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o comparou aos ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor, que não cumpriram o mandato até o final. Em 2005, José Serra deixo a prefeitura de São Paulo para disputar o governo paulista. Segundo o líder petista, José Serra é um “bicho que tem uma sede de poder inigualável” e está cada dia “mais raivoso”. O ex-presidente petista aconselhou ainda o candidato tucano a “ficar quieto e esperar para disputar a sucessão presidencial em 2014 ou 2018″. Segundo ele, José Serra deixou a prefeitura de São Paulo após “não aguentar a primeira enchente”.

“Ele perdeu as eleições e agora não sabe ficar sem um mandato. Ele deveria ficar quieto e esperar para disputar em 2014 ou 2018. Será que ele não sabe que continua a ter enchente e vai cair fora de novo?”, questionou o ex-presidente petista.

Eis aí o alto nível da campanha! A tanto descem uma presidente e um ex-presidente da República. Collor, atual aliado de Lula, foi impichado. Jânio renunciou porque queria dar um golpe. Serra saiu da Prefeitura para se eleger governador no primeiro turno, com mais votos na cidade do que teve na eleição para prefeito, tal era o “descontentamento” da população. De enchente, ademais, o PT entende bem! Serra ao menos estava na cidade, não é? Numa das vezes em que São Paulo estava debaixo d’água, a então prefeita Marta Suplicy estava descasando em… Milão!

Serra, segundo o alto nível de Lula, é “bicho que tem sede de poder”. Lula, como sabemos, é um “bicho” modesto, que se contenta em levar uma vida simples, afastado dos holofotes e do poder do estado. Por isso, em comício em Santo André e em Mauá, anunciou que vai atuar como lobista no governo Dilma para que mande mais verba para aquelas cidades caso petistas sejam eleitos.

Reparem que nem Dilma nem Lula atacaram Kassab. No palanque, na presença dos dois, parece que nem Haddad o fez. O prefeito virou alvo das porradas só no horário eleitoral, sem o endosso visível dos outros dois. Por quê? Porque a presidente conta com os quarenta e tantos votos na Câmara do partido do atual prefeito da Capital. É possível até que o PSD venha a ter um ministério. Não se descarte nem mesmo que possa integrar a base de apoio a Haddad na Câmara caso ele se eleja. Vale dizer: Kassab é usado para atacar a candidatura de Serra, mas será útil depois. O prefeito já disse que tende a apoiar Dilma em 2014. Mais: o PT conta atraí-lo também para a aliança contra Alckmin. Política de alto nível. 

Ao todo, acompanharam o ato político cerca de três mil militantes. O comício eleitoral será usado na última semana do horário eleitoral gratuito do candidato do PT. Ao todo, estiveram presentes sete ministros, entre eles José Eduardo Cardoso (Justiça), Alexandre Padilha (Saúde) e Aloizio Mercadante (Educação). O vice-presidente Michel Temer também subiu no palanque eleitoral e assegurou que a bancada municipal do PMDB será aliada de Fernando Haddad caso seja eleito prefeito de São Paulo. Em discurso, Fernando Haddad também fez ataques a José Serra e o acusou de produzir mentiras na reta final da campanha eleitoral.

“Não podemos deixar a mentira corroer o que construímos até aqui. Eles tratam São Paulo como se fosse uma propriedade privada, o que não é”, afirmou o candidato do PT.

De mentira, Haddad também entende. Em seu programa de governo, diz que vai tirar as Organizações Sociais que gerenciam aparelhos de saúde na cidade. Caso vença e caso cumpra a promessa, será um caos no setor. Questionado, afirmou não ser essa a sua intenção. Vale dizer: seu programa diz uma coisa, e ele, outra.

O PT quer acabar com essas parcerias. Recorreu ao Supremo contra elas. Entre os gestores de hospitais públicos, estão o Albert Einstein e o Sírio-Libanês, que Dilma e Lula conhecem muito bem. Entendo! Quando eles precisaram ter a certeza de um bom atendimento, procuraram um hospital privado de primeira linha — no caso, o Sírio-Libanês. Mas acham, pelo visto, que o povo não tem direito a tamanha regalia. Tem é de se conformar com a tradicional precariedade do serviço público.

Aliás, taí. A campanha de Serra deveria levar esta questão ao horário eleitoral: por que Haddad não quer que o povo tenha o que Lula e Dilma tiveram no Sírio-Libanês: o alto nível?

Por Reinaldo Azevedo

 

São Paulo, Rio e suas cracolândias. Ou: O jornalismo quando decide fazer política é uma droga

Há algum tempo estou para escrever este texto. Só não o fiz antes por conta das urgências do dia (ou dos dias), como o julgamento do mensalão, eleições etc. O tema é delicado, sim. Mas estamos aqui justamente para tratar de delicadezas. Todos assistimos ao início do que é chamado de “processo de pacificação” das favelas de Manguinhos e do Jacarezinho, no Rio. Na segunda, houve resistência armada, que foi vencida. Na primeira, as forças de segurança avançaram sem maiores dificuldades.

Em Manguinhos está a maior das 11 cracolândias do Rio — juntas, somam, estima-se, pelo menos três mil usuários de crack. Façam um teste. Recorram aos arquivos. Aliás, recomendo que os jornalistas, especialmente dos de TV — e de todas as emissoras — façam o mesmo. Vejam qual foi o tom da cobertura. SEM EXCEÇÃO, AS REPORTAGENS FORAM FAVORÁVEIS À AÇÃO DA POLÍCIA. E nem poderia ser diferente. Ou poderia?

Ah, poderia, sim! Foi diferente em São Paulo. Quando a Prefeitura da Capital e a Polícia Militar resolveram retomar uma parte do Centro da cidade, que havia sido sequestrada por viciados e traficantes, houve uma espécie de unanimidade contra — só a população ficou a favor. Todos os jornais paulistanos e todas as emissoras, incluindo a TV Globo, trataram a ação da PM e da Prefeitura como um ato de desumanidade e violência. Mobilizaram-se na crítica à retomada da área políticos do PT, a Defensoria Púbica, uma parte do Ministério Público, o padre Júlio Lancelotti, uma miríade de ONGs que vivem de proxenetar aqueles pobres desgraçados e, claro!, a quase totalidade dos jornalistas que iam lá fazer a cobertura. A menor das acusações que pesavam contra a o Poder Púbico era a de espalhar os viciados, impedindo o suposto trabalho de reinserção social que ONGs estariam promovendo por ali.

Todas essas forças, no fundo, irmanavam-se no esforço de impedir que o estado se comportasse como estado. Houve quem anunciasse a disposição de denunciar a ação da Polícia e da Prefeitura a cortes internacionais. E as TVs lá, sem exceção, a dar curso aos delírios dos exploradores da desgraça alheia. Atenção! Prefeitura e estado só promoveram essa ação porque, no local, havia sido inaugurado o Complexo Prates para atendimento aos viciados. Uma parte se dispersaria? Sim, era fatal que isso acontecesse, entre outros motivos, porque a lei proíbe a internação compulsória dos viciados. A resistência à correta ação da Prefeitura e do Estado fez até uma “musa”: a defensora pública Daniela Skromov, a predileta da imprensa paulista. Eu até lhe dediquei um texto, perscrutando, inclusive, as suas, digamos, afinidades eletivas.

Não parou por aí, não! A ministra Maria do Rosário, dos Direitos Humanos, resolveu meter o bico em São Paulo. Fez o mesmo o ministro Gilberto Carvalho, da secretária-geral da Presidência. Alexandre Padilha, da Saúde, não ficou atrás. Assim, TVs, jornais, defensoria, MP e Palácio do Planalto se irmanaram contra a ação em São Paulo.

E no Rio?
Ah, no Rio foi diferente. 
No Rio, o vice-prefeito é do PT.
No Rio, o PT integra o governo Sérgio Cabral.
No Rio, não houve Defensoria Pública para criticar.
No Rio, não houve Ministério Público para censurar.
No Rio, não houve ministros do governo Dilma para fazer baixo proselitismo político.
No Rio, não houve imprensa para se compadecer com os viciados.

Ao contrário: José Mariano Beltrame deu um entrevista coletiva, e os repórteres, para não variar sempre que ele dá seus pronunciamentos, ouviram tudo em bovino silêncio. Como ele fala baixo e devagar, sempre resta a suspeita de que tenha algum pensamento secreto.

Ora, o que se seguiu à ocupação de Manguinhos? Os viciados, por óbvio, se espalharam — e uma parte voltou ao local horas depois. São Paulo assistiu a coisa parecida, o que bastou para que aqueles mesmos que censuraram a ação em uma cidade aplaudissem em outra. E não que tudo fosse rigorosamente igual. No Rio, não há onde tratar os dependentes.

As clínicas de papel e saliva de Dilma
Reitero: a cidade de São Paulo, que retomou a chamada área da Cracolândia ao mesmo tempo em que inaugurava um megacentro de tratamento de dependentes, apanhou do jornalismo que deu gosto. No Rio, debaixo de uma chuva de elogios, assistiu-se à dispersão dos viciados, que não teriam a quem recorrer ainda que quisessem. Informava Pâmela Oliveira na VEJA.com na quarta passada:
As duas clínicas conveniadas com o estado do Rio, que ofereciam 180 vagas para internação de dependentes químicos, estão sem contrato com a Secretaria Estadual de Assistência Social desde o dia 19 de agosto. O problema não é só a impossibilidade de realizar novas internações: além de não internar quem é recolhido, os dependentes que estavam em tratamento receberam alta. Uma das clínicas, ligada à Associação Nova Aliança, em Valença, mantém 18 pacientes dependentes de crack por conta própria na unidade. Já a clínica de Recuperação Michele de Morais, em Santa Cruz, deu alta aos pacientes no fim de agosto. O problema não ocorre por inexistência de verba, mas a falta de uso do dinheiro disponível. VEJA apurou que, até outubro deste ano, o governo do estado havia empenhado apenas 10 milhões de reais dos 29 milhões previstos no orçamento para enfrentar o crack e outras drogas. O que foi efetivamente destinado é apenas 34% do que foi reservado para o ano. As informações estão no Sistema de Administração Financeira de Estados e Municípios (Siafem).

Imaginem se algo parecido acontecesse em São Paulo… Mas não! O Rio será o centro da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Criticar a gestão da cidade e do estado parece ser falta de patriotismo, não é mesmo?

O que se produziu na cidade, aí sim, foi muita conversa mole. Lembram-se do programa de Dilma de combate ao crack, uma promessa de campanha, cujo início foi anunciado, não faz tempo, com pompa e solenidade? Cadê? Eu os remeto a um texto publicado pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio no dia 13 de abril deste ano. Vejam que maravilha (em vermelho):
O Governo do Estado e a Prefeitura do Rio formalizaram, na manhã desta sexta-feira (13/4), no Palácio da Cidade, em Botafogo, a adesão ao Programa Crack, É Possível Vencer, uma ação conjunta dos ministérios de Justiça, Saúde, Desenvolvimento Social e Combate à Fome e secretarias da Casa Civil e de Direitos Humanos. O secretário-chefe da Casa Civil, Regis Fichtner, representou o governador Sérgio Cabral na solenidade de assinatura do termo de adesão, ao lado do prefeito Eduardo Paes. Pelo governo federal, assinaram o documento os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Saúde, Alexandre Padilha.
O convênio envolve os três níveis de governo com o objetivo de aumentar a oferta de tratamento de saúde e atenção aos usuários de drogas, enfrentar o tráfico e as organizações criminosas e ampliar atividades de prevenção na capital do estado. A União deverá repassar para o Rio de Janeiro cerca de R$ 240 milhões até 2014 para desenvolvimento das ações da campanha. No país todo, os investimentos chegam a R$ 4 bilhões. 
Durante a cerimônia, Fichtner anunciou que o governador Sérgio Cabral assina nesta sexta-feira um decreto criando uma comissão estadual de apoio aos municípios no combate ao crack e às drogas em geral. A comissão será coordenada pelo secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Rodrigo Neves, e será composta também por representantes das secretarias da Casa Civil, de Saúde, de Segurança e de Educação.

Voltei
O que se fez desde aquela data, além de solenidade e promessa? Se São Paulo quis cuidar dos seus doentes, teve de fazer seu próprio centro de tratamento. No Rio, a parceria com o governo federal resultou em absolutamente nada nessa área. No dia 17, Daphne Braga, diretora de abordagem da Secretaria Municipal de Assistência Social, afirmava ao jornal O Globo“A prefeitura não tem clínicas para internar adultos dependentes de crack. A gente encaminha para os Centros de Atenção Psicossocial, que tratam transtornos mentais, não só casos de crack. Mas não é uma internação”.

Quero que me entendam direito. Não estou aqui a afirmar que o poder público fez mal em intervir em uma das cracolândias do Rio. Fez muito bem! Ainda que não existam centros de tratamento dos dependentes, não se pode permitir que uma área da cidade seja sequestrada por essas pessoas. É o que penso em São Paulo. É o que penso no Rio. Eu não mudo de ideia porque muda o céu. Dado que a lei impede que se interne alguém à força, é evidente que os usuários tendem ou a migrar para outras áreas ou a voltar para o lugar em que estavam — de onde precisam ser retirados de novo, ora!

O ponto que me interessa é outra coisa: quando se fizeram as intervenções armadas no Rio, onde estavam todas aquelas forças e aquelas pessoas que satanizaram a Prefeitura e a polícia em São Paulo? E olhem que, na capital paulista, a ação das forças da ordem foi mais sutil. Na capital fluminense, lembrou uma operação de guerra mesmo, de retomada de território antes conquistado pelo inimigo.

Reitero: a mesma imprensa que mandou as autoridades para a forca em São Paulo transformou em heróis as que promoveram ação idêntica no Rio, com o agravante de que os viciados, caso quisessem, não teriam onde obter tratamento especializado. A reação, em suma, à ação das autoridades em São Paulo já era parte da satanização do poder público na cidade, que tem óbvios efeitos eleitorais — como tem efeitos eleitorais a heroicização das autoridades do Rio.

O jornalismo que assim procede está fazendo política. E isso é uma droga.

Por Reinaldo Azevedo

 

SEGURANÇA – O milagre de Sérgio Cabral e Beltrame, sob o silêncio cúmplice da quase totalidade da imprensa, inclui a indústria da extorsão. A piada é que modelo é considerado exemplo para o Brasil! VEJA cumpre a obrigação do jornalismo e conta o que sabe!

De todas as tolices que se afirmam sobre o meu blog e aquilo que penso ou deixo de pensar, uma das maiores sustenta que sou “contra o processo de pacificação das favelas do Rio”. Afirmar que alguém é contra a “pacificação” de qualquer coisa é como acusar a pessoa em questão de se opor à Lei da Gravidade, ao Teorema de Pitágoras ou à Terceira Lei de Newton. É só uma forma canalha de ignorar o que diz um crítico, reduzindo suas objeções a uma caricatura, para não ter de responder a questões pertinentes que ele propõe. É evidente que não sou contrário à “pacificação” do que quer que seja: das favelas do Rio, do Curdistão ou da Caxemira. O busílis é outro. Eu quero saber é a que diabos, no Rio, chamam “pacificação”, com o apoio bovino da imprensa e o consequente endeusamento de José Mariano Beltrame, tornado uma espécie de profeta da nova era da segurança. Há pessoas que falam alto e aceleradamente na esperança de que o fluxo frenético de palavras se confunda com energia. Há pessoas que falam baixo e pausadamente na esperança de que a lentidão seja tomada por prudente racionalidade. 

Cinturão Vermelho
Profeta uma ova! Nova era de segurança uma pinoia! Beltrame atende a duas necessidades do Cinturão Vermelho do Rio. O tal cinturão é a região que concentra todos os socialistas da cidade. Começa ali em Botafogo e vai até o Leblon. Nunca antes na história destepaiz houve tantos “socialistas” com vista para o mar. E quais são as suas duas necessidades? Eles sinceramente querem que a população dos morros tenham um pouco mais de direitos — em parte, as ditas UPPs atendem a esse fundamento. Mas também querem “paz”. É uma gente vocacionada para a bata branca e a integração entre o morro e o asfalto. Logo, confronto entre polícia e bandido está fora da paisagem. “Isso é coisa de São Paulo”, a gente aprende nas reportagens de TV (volto ao tema num post sobre cracolândias). Isso é coisa de quem não tem vista para o mar.

Assim, as UPPs de Beltrame avançam, e a bandidagem se dispersa, sabe-se lá para onde. Aonde quer que vá, o certo é que está longe da imprensa. O grande trabalho de José Mariano Beltrame, o Beato da Integração de Classes, tem sido recuperar os cartões-postais do Rio, para gáudio dos socialistas do Cinturão Vermelho.

Uma política de segurança que não enfrenta a bandidagem e a banda podre da própria polícia é uma de duas coisas: ou se trata do milagre da conversão dos vagabundos à vida decente e honesta ou de uma formidável maquiagem da violência, operada com a conivência de setores da imprensa, que passam a ser cúmplices da fraude. Infelizmente, no Rio, a alternativa correta é a B. Bem, ninguém deve contar com a VEJA para essa cumplicidade, como de hábito — nem para outra qualquer.

Que a política de Beltrame — o garoto-propaganda de Sérgio Cabral, especialista na dança dos Sete Lenços — espalhe criminosos, isso já é sabido. Reportagem de Leslie Leitão na VEJA desta semana demonstra um outro desdobramento perverso: a elevação do, por assim dizer, profissionalismo do banditismo policial, que agora se especializa em sequestrar familiares de traficantes presos e extorquir a bandidagem. Não obstante, a se dar crédito ao que se vê na TV e se lê em certa imprensa, a política de segurança do Rio é de tal sorte bem-sucedida que deveria servir de modelo ao país.

Nos últimos tempos, quem está debaixo de vara, inclusive da imprensa paulistana — que odeia a sua cidade e o seu estado na mesma proporção em que a carioca ama os seus respectivos —, é a segurança pública de São Paulo, embora a chance de um paulista morrer assassinado corresponda a quase um terço à de um fluminense. E não que São Paulo deva se orgulhar de seus índices no cotejo com o mundo desenvolvido; estão, no entanto, entre os melhores do país.

Leiam trecho da reportagem de Leslie Leitão. A VEJA, como sempre, chama as coisas pelo nome, mesmo quando, como é o caso da Sucursal do Rio, consegue divisar o mar, o barquinho que vai e a tardinha que cai.
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A indústria da extorsão

Apolítica de retomada de territórios do tráfico de drogas no Rio de Janeiro permitiu a entrada do poder público e de serviços essenciais em áreas antes inacessíveis ao estado e enfraqueceu o crime organizado em alguns de seus maiores redutos. Os avanços acabaram por produzir um efeito colateral sinistro — prova inequívoca de que os maus policiais estão em plena ação. Ao verem escassear as chances de achaque a marginais que antes lhes pagavam para transitar impunemente com seus fuzis, os bandidos de farda encontraram uma nova e rentável fonte de arrecadação de dinheiro sujo. Amparados por esquemas sofisticados, eles montaram uma verdadeira máquina de sequestrar e extorquir os criminosos e seus parentes, valendo-se da garantia da impunidade. Enquanto esse tipo de crime prolifera, as quadrilhas fardadas ganham poder e alastram-se pela cidade. As estatísticas oficiais escamoteiam o vulto do fenômeno. VEJA cruzou histórias relatadas por vítimas, advogados, negociadores, investigadores e especialistas em segurança pública e chegou a um total de 47 desses casos desde 2009. Apenas oito deles foram registrados. Diretor da Delegacia Antissequestro (DAS), Claudio Gois reconhece que seu trabalho tem hoje pouco a ver com a modalidade “clássica” de sequestro, em que a vítima é um cidadão de bem. Ele diz: “Atualmente, os sequestros no Rio são quase todos cometidos por bandos de policiais corruptos”.

A leniência que reina na corporação em relação à banda podre, aliada à situação das vítimas — que muitas vezes são criminosos foragidos ou parentes que temem a polícia —, torna esse crime raramente investigado e quase nunca punido. No único caso em que um policial foi preso em flagrante, em maio deste ano, a vítima, que havia reconhecido na delegacia os homens que o abordaram, voltou atrás quando o processo chegou à Justiça. Com isso, o policial militar Maikel Fernando Ribeiro Fonseca, 32 anos, e outros dois PMs acusados do mesmo delito estão prestes a ser libertados. Apesar da zona de sombra que paira sobre tal atividade criminosa, é possível depreender, a partir dos dados em poder dos investigadores, um padrão nos sequestros praticados pelos homens da lei. Ao planejar o crime, a primeira providência é sempre recrutar para a quadrilha um PM do batalhão da região onde ele será cometido. Cabe a esse policial não só apontar os “melhores alvos”, como repassar aos comparsas os esquemas de patrulhamento e o perfil dos policiais da área. Querem certificar-se de que são do tipo que lhes fará vista grossa. Com esses elementos, os bandos fardados sentem-se confiantes, tanto que atuam ostensivamente, à luz do dia e em vizinhanças movimentadas.

Um dos cenários mais frequentes desses sequestros é a porta do complexo penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste carioca. Todos os dias, formam-se ali gigantescas filas com parentes e amigos dos 17 000 detentos. Entre os comerciantes do entorno, não é difícil encontrar quem tenha presenciado a cena: homens armados aparecem em um carro com vidros fumês e capturam familiares de traficantes financeiramente poderosos, sem se preocupar nem mesmo em esconder o rosto. Às vezes, fazem tudo a bordo de uma viatura oficial. Um dos alvos, a mulher de um integrante do alto escalão do Comando Vermelho, encarcerado em Bangu 3, conta: “Me sequestraram quatro vezes. Na última, paguei 100 000 reais”. Ela foi alvo de uma modalidade que já tem até apelido no submundo da bandidagem de farda: “repeteco”. No último dia 5 de setembro, foram capturadas na porta de uma escola a mulher de um chefão e a filha, uma menina de 2 anos. Elas passaram quatro dias em cativeiro. Um dos maiores fornecedores de cocaína para a Rocinha e outras favelas da Zona Sul, Cristiano de Sá Silva, conhecido como Abelha, também caiu na rede dos policiais. O sequestro durou uma semana, até que seus comparsas fizeram um rateio e amealharam meio milhão de reais para libertá-lo.

Em favelas onde há Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o sequestro de bandidos e seus familiares é ainda mais trivial, já que ali não há mais marginais ostensivamente armados para opor resistência. Além disso, alguns dos cabeças das gangues dessas favelas estão presos, o que deixa os parentes mais vulneráveis a esse tipo de estocada. Pelo menos cinco dos casos apurados por VEJA tiveram como palco áreas de UPP.

Por Reinaldo Azevedo

 

Em clima de chantagem eleitoral, Lula anuncia que vai se comportar como lobista e incitar a presidente Dilma a cometer crime

Luiz Inácio Apedeuta da Silva participou ontem de comício em favor de candidatos do PT em Santo André (Carlos Grana) e Mauá (Donisete Braga). E anunciou que vai se comportar, junto ao governo federal, como um lobista das prefeituras petistas. A Folha publica o seguinte trecho de seu discurso:

“Estou disposto a falar com a presidenta e com os ministros quantas vezes esse companheiro [Braga] precisar pra gente fazer com que as coisas aconteçam mais rápido na cidade de Mauá. O mesmo quero fazer com o [Luiz] Marinho [prefeito reeleito de São Bernardo], o Grana e com todos os prefeitos que me procurarem. E não vou nem falar do Haddad…”

É a linguagem da chantagem. Entende-se que, se o prefeito eleito for do PT, haverá mais dinheiro para a cidade; se não for, haverá menos. Como discriminar e punir cidadãos em razão de suas opções políticas afronta a Constituição da República Federativa do Brasil, Lula está anunciando que, como lobista, vai incitar a presidente a cometer crimes.

Lembrou ainda a proximidade da ministra Miriam Belchior (Planejamento), ex-mulher de Celso Daniel, prefeito assassinado de Santo André, com a ABC. Depois da chantagem e do anúncio de que incitaria Dilma a cometer crimes, tentou maneirar: “Ser governante não é um clube de amizade. O que faz o governo federal trazer dinheiro para uma cidade é a qualidade do projeto”.

Ah, bom… Isso não mobiliza os “analistas”…

Por Reinaldo Azevedo

 

O pior é que Dilma Rousseff, em Salvador, também anuncia que pode rasgar a Constituição… Ou: Presidente ofende os eleitores soteropolitanos

Não! Dilma Rousseff não nega o barro de que é feita. Se Lula chantageou os eleitores no ABC paulista e anunciou que vai incitá-la a cometer crimes, ela mesma se encarregou de ameaçar os eleitores soteropolitanos. Em comício em Salvador, pediu votos para o petista Nelson Pelegrino, que disputa o segundo turno com o democrata ACM Neto. Fosse só isso, tudo bem! Leiam trecho de seu discurso, publicado pela Folha, depois de afirmar que o PT tem a “obrigação de ganhar a eleição”:

“Só assim o time vai ficar completo. Assim como tenho um parceiro que é o governador Jaques Wagner [PT], preciso de um parceiro como o Pelegrino na prefeitura.”

O se deve entender daí? Que um prefeito que não seja da base aliada não será um “parceiro”? Seria discriminado? Isso também pode ser entendido como chantagem e anúncio de um crime caso o eleitor não faça o que Dilma quer. Tomara que que os soteropolitanos não caiam na conversa.

É um escândalo que um discurso como esse não possa ser punido pela Justiça Eleitoral. Essa é a mais descarada, desavergonhada e arreganhada forma de usar recursos públicos em favor de um projeto político. Ainda que Dilma não viesse a fazer o que anuncia, a simples expectativa que ela mesma cria de que possa fazê-lo remete à essência do que é um crime eleitoral.

Dilma disse ainda, referindo-se a ACM Neto, que “tem gente que chamou o Bolsa Família de Bolsa Esmola”. Não sei se o candidato democrata disse isso. Duvido. Quem, com certeza, fazia essa afirmação quando estava na oposição (as bolsas foram criadas por FHC) era… Lula. Há filme no Youtube.

A presidente não temeu também a retórica grosseira: “Aqui não pode ter um governinho (…) de gente que discrimina as pessoas”. E se ACM Neto vencer? Como o receberá a presidente se pedir uma audiência: “O senhor é o prefeito daquele governinho?”.

Uma presidente da República que faz um discurso como esse não ofende só um adversário político. Ofende todos os eleitores — e seriam hoje 47%, segundo o Ibope, contra 39% de Pelegrino — que preferem o democrata. Dilma se esquece de que é presidente de todos os brasileiros, inclusive dos que votam em partidos de oposição.

O discurso de Dilma ofende a essência da República. Eis uma das razões por que repudio com energia o petismo e o considero uma mal para a política brasileira.

Por Reinaldo Azevedo

STF deve rejeitar pedido de prisão imediata de mensaleiros condenados

Por Laryssa Borges, na VEJA Online:
Embora o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, tenha pedido a prisão imediata de todos os réus condenados no processo do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) não pretende acatar os apelos do Ministério Público. Sob o argumento de que ainda há possibilidade de recursos, apesar de poucos com efeitos potencialmente modificadores, os ministros, derrubarão a tese de que os mensaleiros precisam ser presos de pronto.

Deve se formar maioria entre os ministros do STF também para sepultar as pretensões do relator do mensalão, Joaquim Barbosa, de pedir a prisão dos condenados assim que for publicado o acórdão do julgamento, provavelmente no início do próximo ano. Os ministros Celso de Mello, Carlos Ayres Britto, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello têm posição clara contra a possibilidade de execução imediata das prisões quando o réu ainda tem direito de recorrer da sentença. A ministra Cármen Lúcia, que já defendeu em debates no Supremo a possibilidade de cumprimento de penas de reclusão mesmo quando ainda haja recursos, hoje também engrossa a lista daqueles que não admitem o pedido do Ministério Público.

A posição atual do STF foi firmada em 2009, quando, após um caso polêmico ter chegado à primeira turma do tribunal, os ministros decidiram que caberia a todo o colegiado, em plenário, verificar se era ou não constitucional mandar condenados imediatamente para a prisão. No veredicto, que beneficiou um produtor de leite condenado por tentativa de homicídio, os ministros foram duros contra prisões de pronto de réus que ainda podem recorrer.

“Nas democracias, mesmo os criminosos são sujeitos de direitos. São pessoas inseridas entre aquelas beneficiadas pela afirmação constitucional da sua dignidade”, sacramentou o STF no acórdão da decisão, que até hoje serve de base à corte. Os magistrados se valeram ainda de uma máxima do ex-ministro Evandro Lins para acabar com a possibilidade das prisões imediatas: “Na realidade, quem está desejando punir demais, no fundo, no fundo, está querendo fazer o mal e se equipara um pouco ao próprio delinquente”.

Da atual composição do STF, o ministro Joaquim Barbosa, que já proferiu 96 sentenças condenatórias no mensalão, endossa o argumento do procurador-geral e defende a possibilidade de prisões mesmo quando ainda cabem recursos. No julgamento modelo de 2009, chegou a afirmar ser “inigualável” no Brasil o leque de opções da defesa de condenados para evitar que as sentenças sejam cumpridas. Para Barbosa, o Supremo tem condições de tomar uma “decisão política” que permita a execução das penas de prisão mesmo sem o julgamento dos recursos, uma alternativa que, segundo ele, garantiria que processos não recebessem a atual enxurrada de pedidos procrastinatórios.

“Não existe nenhum país no mundo que ofereça tamanha proteção. Se resolvermos politicamente – porque esta é uma decisão política que cabe à Corte Suprema decidir – que o réu só deve cumprir a pena esgotados todos os recursos, nós temos que assumir politicamente o ônus dessa decisão”, disse ele ao defender, no julgamento de 2009, a possibilidade de execução imediata das penas.

Atualmente, a população carcerária do Brasil é formada por cerca de 200.000 presos cujos casos ainda não foram julgados em definitivo.

Por Reinaldo Azevedo

Voto para prefeito preso

Lula: vale tudo na campanha

Lula continua a não se incomodar em colar sua imagem a aliados de conduta questionável. Deve ser conselho de José Dirceu, que enxerga nas urnas uma resposta para o mensalão.

Lula gravou um depoimento pedindo votos para o prefeito de Macapá, Roberto Góes, candidato à reeleição. Góes foi preso pela Polícia Federal, em 2010, numa operação que apurou um esquema de fraudes em licitação.

Os comícios do prefeito não podem passar das 22h, mas não por causa da concorrência com a novela, mas porque ele está proibido de permanecer em certos lugares públicos depois desse horário, consequência de um acordo como Ministério Público.

Nada disso desencorajou Lula, que no programa de TV de Góes exibido hoje, recomendou:

- Em Macapá, dia 28, o voto certo é Roberto 12.

Por Lauro Jardim

Direto ao Ponto

Na entrevista a um jornal argentino, Lula revelou que, para 43 milhões de brasileiros, foi ele o chefe do esquema do mensalão

A Argentina é logo ali, mas a entrevista concedida por Lula ao jornal El Clarin nesta quarta-feira sugere que o ex-presidente não reagiu bem à viagem sem mudança de fuso horário. Convidado a comentar o julgamento do mensalão, o palanque ambulante desta vez não se refugiou em golpes imaginários, nem enxergou “um problema de caixa dois” na imensa roubalheira descoberta em meados de 2005. Preferiu inventar outra história para safar-se do escândalo. E a discurseira resultou em outro perfeito tiro no pé.

“Para um presidente que teve oito anos de mandato, o fato de terminar com 87% de aprovação popular é um enorme julgamento”, viajou o entrevistado. Ao confundir o Ibope, o Sensus e o Vox Populi com o Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente não só admitiu que o mensalão existiu como se instalou voluntariamente no banco dos réus. E consumou o desastre ao confundir eleição com tribunal e eleitor com jurado: “Já fui julgado pelas urnas”, decidiu. “A vitória de Dilma Rousseff foi um julgamento extraordinário”.

Faz de conta que sim. Nesse caso, Lula foi absolvido por 55 milhões de eleitores que votaram em Dilma. Em contrapartida, foi condenado por 43 milhões que rejeitaram a sucessora que escolheu. Não é pouca coisa. Para essa imensidão de brasileiros ─ quem está dizendo é o próprio Lula ─, o país foi governado durante oito anos pelo chefe supremo de uma organização criminosa.

(por Augusto Nunes)

Por incrível que pareça, Erenice está de volta. E transitando nos bastidores do… Tribunal de Contas da União!

Soa incrível, inacreditável mesmo!, a qualquer pessoa razoável, mas é verdade. Erenice Guerra, aquela!, está de volta aos negócios. E, para não variar, são negócios que envolvem dinheiro público.

Quando vemos um julgamento como o que está em curso no Supremo, é justo que aumentem as esperanças de um país mais decente. Mas o caminho até o fim da impunidade é longuíssimo. O Brasil já estava longe de ser um exemplo antes de o petismo se instalar como poder hegemônico no país. Depois disso, as coisas pioraram bastante. Por quê?

Porque essa hegemonia incontrastável supõe a criação de uma rede de influências que se imiscui em todos os setores do estado. Vejam o caso desta senhora! Depois do conjunto da obra, o natural seria que se dedicasse, sei lá, a negócios concernentes apenas à área privada. Mas n;ao! Como se informa abaixo, transita com desenvoltura nos bastidores do Tribunal de Contas da União, nada menos! Fazendo o quê? Não dá para saber, só para desconfiar. Leia texto.
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Na VEJA.com:
Afastada da Casa Civil em 2010 após a revelação, por VEJAda existência de um balcão de negócios operado por seu filho, Israel Guerra, no coração do governo, a ex-ministra Erenice Guerra voltou a tratar de negócios públicos, agora nos bastidores do Tribunal de Contas da União (TCU). Ex-braço direito da presidente Dilma Rousseff, ela circula por gabinetes de ministros debatendo processos sobre a concessão das linhas interestaduais de ônibus. O documento deve ser lançado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em 2013.

Levantamento nas agendas de parte dos ministros, neste ano, confirmam pelo menos três encontros da ex-ministra. De acordo com fontes do tribunal, Erenice recolheu informações e discutiu a situação de processos envolvendo a concessão.

A licitação definirá o futuro de um setor que fatura 3 bilhões de reais anuais, e esbarra no lobby das grandes viações do país, autoras de ação no TCU contra o plano de outorgas de mais de 1.600 linhas. Erenice marca audiências e transita no tribunal na condição de advogada. Segundo a corte, ela não consta como representante de nenhum cliente nos processos em tramitação. Nos últimos três meses, Erenice esteve duas vezes no gabinete do ministro José Múcio. Ex-colega de governo Lula, com quem disputou vaga no TCU, ele é relator do processo de acompanhamento do plano de outorgas.

A primeira reunião, às 10 horas do dia 2 de julho, foi realizada na presença do chefe da Secretaria de Fiscalização de Desestatização 1 (Sefid-1), Adalberto Santos de Vasconcelos, responsável pelo relatório que embasará a decisão. A segunda foi às 11h de 8 de agosto, seis dias antes de a área técnica terminar seu pronunciamento e enviá-lo ao relator para que elaborasse seu voto. O julgamento estava previsto para quarta-feira, mas foi retirado de pauta pelo ministro.

No mesmo dia, Erenice esteve no gabinete de Walton Alencar e, na saída, foi acompanhada por ele à porta do elevador do Anexo III, onde fica o gabinete. Na semana seguinte, às 11 horas de 17 de agosto, os dois se reuniram, conforme mostra a agenda. O ministro é relator de outro processo, no qual a Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) pede a anulação da concessão das linhas. A entidade representa as maiores viações do País, que mantêm o controle do transporte interestadual há 24 anos, com autorização do governo, embora a Constituição determine a licitação de serviços públicos.

No processo, a Abrati alega que o plano de outorgas está em desacordo com o marco regulatório do setor e carrega “riscos sociais”, como a demissão de milhares de profissionais. Com base em relatório da Sefid 1, Walton indeferiu o pedido, mas a associação recorreu. A relatoria foi transferida para Ana Arraes. Desde setembro, o caso aguarda pronunciamento da ministra.

Questionada pelo jornal O Estado de S. Paulo no TCU após uma audiência, Erenice disse que estava ali na condição de advogada, mas não quis detalhar quais eram seus clientes ou processos de interesse. O jornal perguntou ao TCU, por meio da Lei de Acesso à Informação, em quais processos Erenice está constituída como advogada. A ouvidoria do tribunal informou, em 20 de setembro, que nem ela nem a irmã Maria Euriza Alves de Carvalho, sócia da ex-ministra numa banca do Lago Sul, estão constituídas como procuradoras em processos.

Tarifas
A ANTT aguarda a aprovação do TCU para marcar o leilão. A tarifa-teto prevista é 7,5% mais baixa, em média, que a praticada hoje. O valor pode cair mais, conforme as propostas das empresas. As viações terão de usar frota de, no máximo, dez anos e, em média, cinco. Outra exigência é atuar em mais de 161 cidades.

Erenice não retornou aos contatos da imprensa em seu escritório. A irmã e sócia de Erenice, Maria Euriza, disse que a empresa não tem casos relacionados a concessões. “Se ela atua no processo, atua como advogada, e advogado não tem de declarar a relação que tem com o processo.”

Informada de que a irmã não consta como advogada no TCU, Euriza respondeu: “Se ela não está constituída, como é que o tribunal a deixou tratar do assunto?” Euriza reiterou que Erenice não atua como lobista: “Trabalha como advogada. Como lobista ela não trabalha nem nunca trabalhou”.

Procurado pela imprensa, o TCU não respondeu aos questionamentos, alegando não ter sido possível, na quinta-feira, contato com o ministro José Múcio. O chefe da Sefid 1, Adalberto de Vasconcelos, estava no tribunal, mas não respondeu à mensagem enviada para seu e-mail pessoal e para a assessoria de imprensa. O ministro Walton Alencar disse que Erenice, em audiência, apenas o comunicou que passaria a atuar como advogada no tribunal. A Abrati não se pronunciou. 
(Com Agência Estado)

Na Rede de Escândalos, entenda o Caso Erenice

Por Reinaldo Azevedo

 

Congresso

DEM no STF

Ação na Justiça

O DEM vai ingressar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF contra o decreto de Dilma Rousseff que modificou o texto aprovado pelo Congresso na MP do Código Florestal.

Noutra frente, vai tentar aprovar um decreto Legislativo para restabelecer o texto aprovado pelos parlamentares.

Por Lauro Jardim

Petralhas resolvem patrulhar ministro do Supremo que foi ao lançamento do meu livro! Ou: Por que não dar ambrosia a ruminantes

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, esteve no lançamento de “O País dos Petralhas II” na Livraria Saraiva do Shopping Pátio Brasil, em Brasília, na terça-feira. Tratou-se de um encontro público, ao qual compareceram mais de 400 pessoas. Não comentei que o ministro esteve presente porque pareceria jactância. Ah, sim: aproveito para informar que a senadora Kátia Abreu (PSD-TO) também foi. Como não era uma reunião clandestina, como o encontro foi fartamente fotografado pelos leitores, como há filmes na Internet, é evidente que a informação de que Mendes esteve presente iria circular. Ele não foi lá escondido. Aliás, ao chegar, foi entusiasticamente aplaudido.

O subjornalismo de aluguel da rede e os petralhas decidiram fazer barulho a respeito: “Olhem que absurdo! O ministro foi ao lançamento do livro do Reinaldo Azevedo! Como pode?”. Segundo um texto delinquente que circula por aí, que me foi enviado por um leitor, meu livro “criminaliza o PT”. Não tenho o que fazer com a ignorância alheia. Se as pessoas não conhecem o sentido do verbo “criminalizar”, fazer o quê? O PT é apenas um dos temas de “O País dos Petralhas II”, mas está longe de ser o principal. Dos 113 artigos ali coligidos, só 22 dizem respeito ao partido e sua experiência de poder. Mas isso é o de menos. Vamos ao ponto.

Ir ao lançamento de um livro não implica concordar com tudo o que há nele — e é certo que Mendes não concorda. Como eu sei? O Capítulo 8, por exemplo, chama-se “De juízes e juízos”. Trata de assuntos relativos ao Poder Judiciário. Um dos textos, intitulado “Marcha da insensatez” (da página 313 à 318), faz uma crítica severa a decisões tomadas pelo Supremo — algumas delas com o voto favorável de… Mendes! Não há motivo para ele endossar a minha opinião expressa nesse texto (e certamente em outros tantos), ou teria votado de modo diferente.

Qual é o busílis? Mendes é um democrata, um espírito tolerante, alguém que acolhe a diferença — como sou. Esteve lá porque temos uma relação profissional cordial, não porque pensemos a mesma coisa: ministros do Supremo falam com jornalistas, jornalistas falam com ministros do Supremo. Os petralhas — que combato, sim! — fizeram isto com o Brasil: uma autoridade não pode ir a um evento público de lançamento de um livro de alguém que eles têm como “inimigo” sem que isso seja considerado uma afronta.

Que gente curiosa! Que gente exótica! A ida do ministro ao lançamento do meu livro é vista como a adesão ao antipetismo: “Como pode fazer isso em meio ao julgamento?”. Pois é…

Lembro, por exemplo, que, por cinco votos a quatro, o Supremo rejeitou a denúncia contra o ex-ministro Antonio Palocci no episódio da quebra do sigilo do caseiro Fracenildo. Um dos votos contrários — e, pois, favorável a Palocci — foi de Mendes. Expressei a minha discordância no blog. Os petralhas acharam que ele agiu certo. Quando um integrante do STF vota em favor de um membro do partido,  é apenas um homem isento; quanto vota contra, é ou um golpista ou um traidor.

Até agora, no caso do mensalão, concordei com todos os votos de Joaquim Barbosa e Luiz Fux — que não divergiram entre si. Os dois não estiveram na livraria Saraiva. Também não apareceu por lá Ayres Britto, que deixou de acompanhar o relator em apenas três votos. Mas Mendes, que já divergiu nove vezes, foi! Exigir de uma petralha que adote a pluralidade de ideias como um valor é como oferecer ambrosia a ruminantes. Eles gostam é de capim. É da sua natureza.

Que coisa! Mendes não pode ir ao lançamento de seu livro sem que isso arranhe, segundo essa gente, a sua isenção. Prova de independência dá um membro da corte quando cita, sei lá, José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, ou Márcio Thomaz Bastos, advogado de um dos réus e conselheiro de Lula, como referências intelectuais. Isso já aconteceu nesse julgamento.

Por que Mendes não iria? O arquivo reúne o que tenho escrito sobre o julgamento. Participei de 28 debates na VEJA.com sobre o tema. Estão disponíveis no Youtube. Desafio alguém a provar que tenha escrito ou dito coisas que desmereçam a instituição — mesmo quando discordo do voto deste ou daquele ou quando reprovo um ou outro comportamentos.

Anteontem, o ministro Ayres Britto, que tem atuado com correção, numa de suas considerações, exaltou a pena de alguns jornalistas. Pôs na lista Janio de Freitas. Em seus delírios, este senhor tem acusado, frequentemente, o julgamento de golpismo, associando-o ao suicídio de Getúlio e ao movimento militar de 1964!!! Talvez o ministro ignore as diatribes do outro, não sei. Entendo que o elogio ao jornalista seja devido ao estilo — há quem goste… —, não às teses. Britto certamente não concorda com a acusação de que comanda uma Casa golpista. Os petralhas devem achar a deferência justa, isenta e legítima.

Mendes foi ao lançamento do meu livro porque não se deixa patrulhar por vagabundos — e demonstra isso mais uma vez. Foi aplaudido. Mas também não tem medo de ser vaiado. Divergimos, sim, em vários temas — e isso já ficou claro no blog. Mas convergimos numa coisa: acreditamos que o direito tem de ser achado nas leis. Podem chiar à vontade. Quem é dono da sua vontade não se deixa intimidar.

Texto publicado originalmente às 4h37

Por Reinaldo Azevedo

 

Um texto estúpido! Ou: Campanha eleitoral envergonhada, oblíqua e eticamente dolosa!

Ricardo Mendonça, editor-assistente de “Poder” da Folha, escreveu um dos textos mais estúpidos que li nos últimos tempos. Não! Não é estúpido porque eu discorde dele. Eu já discordei de muita coisa que achei inteligente e bem pensada, embora recusasse o mérito. É estúpido porque afronta os fatos.

Segundo o Datafolha, a rejeição a Serra em São Paulo é de 52%, número de que duvido. Mas vá lá. Mendonça tenta especular sobre os motivos. Segundo diz, não seria só a renúncia à Prefeitura porque, ao deixar o cargo, o tucano se elegeu governador com votação consagradora. Fato! Também não seria só a reprovação ao governo Kassab, uma vez que 42% consideram sua gestão ruim ou péssima — índice inferior ao daquela suposta rejeição.

Então Mendonça resolveu ter uma ideia, a saber:
“Serra sempre associou sua imagem a temas libertários. Era o ex-líder da UNE, o intelectual caçado por Pinochet, o ministro que combateu a Aids. Desde 2010, porém, sua figura, suas campanhas e seus neoaliados aparecem majoritariamente ligados a outras pautas. Repúdio visceral ao aborto, supervalorização de alianças evangélicas, escandalização de um kit contra o preconceito. Por que o eleitor não haveria de desconfiar?”

Não sei quem é Mendonça, que idade tem ou o que pensa da vida. Não me interessa! Aí está um parágrafo intelectualmente delinquente, que tem de entrar para a história dessa campanha eleitoral como exemplo da adesão envergonhada, oblíqua e eticamente dolosa de setores da imprensa a uma candidatura — no caso, a de Haddad.

Trata-se de uma adesão envergonhada porque, obviamente, o “analista” não declara seu voto — embora os mais atentos possam presumir. É oblíqua porque o autor trata suas próprias escolhas como ponto de equilíbrio e de bom senso, desprezando os fatos. E é eticamente dolosa porque faz com que sua militância pareça apenas uma análise isenta.

A linguagem é um vírus, o que Mendonça ainda não descobriu. A escolha do adjetivo “visceral” para qualificar o repúdio ao aborto é dessas piadas involuntárias que atropelam o pensador… Eu desafio esse rapaz a encontrar uma só declaração de Serra sobre o tema que apele ao discurso rancoroso. Assim como Dilma se declarou favorável à legalização, Serra se disse contrário em 2010 porque indagado a respeito. Com muito mais ênfase do que ele, quem se pronunciou no mesmo sentido foi a evangélica Marina Silva — figura que Mendonça certamente não se atreveria a atacar. Ele pode ser irresponsável quando escreve, mas não é bobo.

Lembro que foi Serra, quando ministro da Saúde, quem cuidou da portaria que regulamentou o aborto legal no SUS — o que era uma obrigação funcional sua. Sim, era preciso disciplinar a prática autorizada pela Justiça. Quem se mobilizou em 2010 contra a legalização do aborto foram cristãos católicos e evangélicos. Quem correu para mudar de opinião e foi à Igreja rezar — embora tivesse declarado acreditar em Deus só quando ao avião balança — foi Dilma Rousseff. Tudo normal para Mendonça.

O rapaz sugere que o suposto “repúdio visceral ao aborto” — ainda que Serra fosse notável por ser um prosélito da causa, o que é mentira — tire votos. Segundo pesquisa Datafolha de novembro de 2010, que pertence ao mesmo grupo que assina a carteira de trabalho do “analista”, 71% dos brasileiros são contrários à ampliação das possibilidades de aborto legal. Apenas 7% pensam com Dilma Rousseff. Se Mendonça visitasse a lógica de vez em quando, seria obrigado a concluir que pode ter havido um erro, sim, na campanha de Serra em 2010: NÃO TER LEVADO O TEMA PARA A CAMPANHA! O horário eleitoral do tucano não tratou do assunto.

Como não tratou agora do kit gay — que Mendonça chama de “antipreconceito”. Deve estar entre aqueles que acreditam que se deve dizer a crianças de 11 anos que ser bissexual é superior a ser heterossexual porque aumenta em 50% a possibilidade de a pessoa ter com quem namorar no fim de semana. O editor-assistente deve concordar até com a matemática antipreconceito de Haddad.

“Escandalização”? Qual? De novo: se houve um erro, foi justamente não ter levado o filme ao horário eleitoral. Esse kit gay, já escrevi aqui, é um kit fantasma na campanha. Os jornais, a exemplo da Folha, falam dele, mas a população não conhece as surpresas que Haddad preparava para seus filhos. Mendonça também deve achar razoável que um “kit antipreconceito” leve crianças a especular sobre a, como é mesmo?, insatisfação das pessoas “com o seu órgão genital”.

Ainda que Serra tivesse levado o tema para o horário eleitoral, seria mesmo um problema? Segundo o Datafolha, 55% dos brasileiros se opõem, por exemplo, à união civil de pessoas do mesmo sexo — no caso dos homens, chega a 63%. Imaginem, então, se tomassem conhecimento de que o material que Mendonça chama “antipreconceito” defende que travestis passem a usar os banheiros femininos, inclusive nas escolas…

Finalmente, Mendonça parece não gostar muito de evangélicos; considera-os pessoas suspeitas, que tiram votos. Mais uma vez, ele joga os fatos no lixo. Segundo a própria pesquisa que serve de base à sua análise, Haddad vence a disputa entre os… evangélicos. Como esse dado combina com a sua tese é parte dos mistérios de um juízo perturbado, que joga história, lógica e fatos no lixo.

Preconceito, preconceito de verdade, é o expresso por esse rapaz em seu texto. A política brasileira, infelizmente, é cada vez mais refém desse tipo de coisa. Imaginem Mendonça analisando a disputa eleitoral americana… Ele recomendaria aos republicanos que aderissem correndo ao Partido Democrata.

Duvido — e não tenho nenhum outro elemento a não ser a minha convicção; é preciso ser honesto com o leitor — que a rejeição a Serra seja essa. Ainda que fosse verdade, as especulações do editor-assistente afrontam verdades factuais óbvias. Parte das dificuldades de Serra decorre do fato de que gente como Mendonça lhe atribui o que não fez e protege Haddad do que efetivamente fez.

O nome disso é campanha eleitoral envergonhada, oblíqua e eticamente dolosa se fingindo de análise isenta. E não agride só Serra, não. Trata-se de um ataque muito mais amplo. Mendonça está entre aqueles — e é editor-assistente de política de um jornal importante — que consideram que pessoas que são contrárias ao aborto, que se opõem ao proselitismo gay nas escolas e que são evangélicas devem mesmo ser alvos de desconfiança. Os leitores do jornal que compartilham de uma, de duas ou dessas três convicções devem saber disso.

Para Mendonça, sem essa gente, o mundo ficaria bem menos preconceituoso…

Texto publicado originalmente às 6h21

Por Reinaldo Azevedo

Ou Haddad mentiu no debate da Band ou mente em seu programa de governo. E demonstro por quê

Abaixo, caros leitores, um flagrante do jeito petista de fazer política. É impressionante!

Sim, leitores, terei de recorrer àquela velha e forte palavra, mas não há outra: Fernando Haddad está mentindo em seu programa de governo ou mentiu ontem no debate da Band? Caso ele vença a eleição para a Prefeitura de São Paulo, eu espero que esteja se comportando como mentiroso no programa, não no debate. “Existe a hipótese, Reinaldo, de não ser nem uma coisa nem outra?” Não! Não existe! A que estou me referindo?

O programa de governo de Fernando Haddad promete pôr um fim à parceria da Prefeitura com as Organizações Sociais (OSs) na administração de hospitais públicos municipais. Essa pareceria garantiu um dos maiores avanços na saúde nos últimos tempos. Com raras, raríssimas exceções, o serviço oferecido pelos hospitais administrados por elas tem qualidade superior ao daqueles geridos pelo SUS.

O programa do Haddad não quer mais hospitais públicos administrados pelas Irmãs Marcelinas, pela Congregação das Irmãs de Santa Catarina, pelo Einstein, pelo Sírio-Libanês! Nada disso! Caso o petista vença a eleição e ponha em prática seu programa, assistiremos ao caos na saúde. O PT recorreu ao Supremo, diga-se, para impedir esse tipo de parceria no Brasil inteiro.

Ontem, no debate da Band, com a cara mais lavada do mundo, Haddad negou essa intenção. Negou o que está explícito no seu programa, e vou demonstrá-lo. Como lembrou Serra no confronto entre os dois, “trinta e dois mil profissionais de saúde trabalham em entidades parceiras da Prefeitura em muitas atividades da saúde”.

O programa
Este blog é de opinião, como todos sabem. Mas é obcecado pelos fatos. O coordenador da área de saúde de Haddad é Carlos Nader. Ele tem um pensamento sobre as OSs: elas seriam uma “afronta”, uma “praga que tem de ser duramente combatida”. Para ele, essa política tem de ser “superada e revertida”.

O candidato Haddad exercitou ontem o esporte predileto dos de sua espécie política: negar as evidências. Vamos ver o que está escrito nas páginas 45 e 46 de seu programa de governo (em vermelho). Terá ele lido?

D) Retomar, sem prejuízo dos condicionantes contratuais legais e após providências  administrativas necessárias, a direção pública da gestão regional e microrregional do sistema municipal de saúde;
E) Reforçar a gestão pública dos serviços públicos municipais de saúde e, gradativamente, a direção das unidades de saúde estatais do município (…):
F) Adotar alternativas organizacionais da administração pública indireta como mais um caminho para viabilizar, agilizar e proporcionar abrangência ao processo de retomada da gestão pública da saúde no município.

Voltei
É fim da parceria com as OSs, sim!, o que seria um desastre. Se eleito, Haddad tem duas saídas: ou joga seu programa de saúde no lixo e mantém o sistema em curso ou aplica o seu programa e destrói o sistema de saúde. E aí? Haddad mentiria para evitar o desastre ou cumpriria o programa? Aquele “sem prejuízo das condicionantes contratuais” quer dizer apenas que os contratos seriam cumpridos. Uma vez encerrados, o prefeito daria um pé no traseiro das OSs. Tudo voltaria para a gestão pública — com a eficiência conhecida…

Ontem, reitero, Haddad tentou negar o programa que ele mesmo assinou. À tarde, tinha sido indagado a respeito por repórteres. Sabem o que respondeu? Que manteria as parcerias porque é “mais aberto do que o partido”. Ou por outra: está confessando que não responde nem mesmo pelo programa que apresentou como seu. Sei lá se ele vai ser eleito. Pode até ser! Neste blog, as mentiras não vão passar em branco.

O coordenador de Haddad
Não é que o coordenador de Haddad para a saúde seja apenas um crítico da OSs. Ele é um militante extremista da causa. Preside, por exemplo, o “Setorial Estadual de Saúde do PT-SP” (adoro esses nomes petistas que lembram o tempos dos sovietes…)

Esse setorial produziu um documento em que se lê o seguinte (em vermelho):
“A entrega do SUS à gestão privada por meio de Organizações Sociais de Saúde, o desperdício de recursos públicos, a entrega de 25% dos leitos públicos do estado aos planos privados, a não valorização dos trabalhadores estaduais de saúde, a exclusão de aliados históricos do SUS e os entraves colocados ao livre exercício da cidadania são parte de uma visão de reforma do Estado que deve ser duramente combatida pelo PT”. A estrovenga petista está aqui.

Ele também tem um blog. Está escrito lá“este ano, certamente haverá um duro debate para tentar garantir a reversão do que se fez na cidade de São Paulo com o campo da Saúde nos últimos oito anos”.

Exagero de interpretação?
Exagero de interpretação? Nada disso! Ele fez um pronunciamento no XII Encontro da União dos Movimentos Populares de Saúde, no dia 19/11/2011. Se você quiser ouvi-lo, clique aqui. Ele deixa claro que não basta melhorar o serviço que já existe e ter sobre ele melhor controle. Quer mais! Leiam:
“Nós não queremos simplesmente ter um controle mais efetivo e de melhor qualidade de como eles estão gastando o dinheiro e de como eles estão fazendo a assistência à população. Nós temos que formular uma alternativa de transição da mesma maneira que nós formulamos na época do PAS. Naquela época, o desafio era: “é possível superar o PAS”? E nós superamos. A questão hoje é: “É possível superar a gestão privatizada do SUS que temos hoje na cidade de São Paulo”? Essa é a questão.”

Comparar o atual sistema com o famigerado PAS é burrice ou má-fé intelectual. O PAS foi uma invenção desastrada de Paulo Maluf — hoje aliado de Fernando Haddad.

Por Reinaldo Azevedo

 

O kit gay fantasma! O grande eleitorado, até agora, não sabe que história é essa! Nem a TV nem a campanha eleitoral lhe contaram nada a respeito. Ou: A grande canalhice!

Escrevi ontem um post demonstrando, com fatos, por A mais B, que são os petistas a demonstrar, desde o começo do ano, uma verdadeira obsessão com o tal kit gay, não o tucano José Serra. O candidato do PSDB, por incrível que pareça, não tocava e não toca no assunto, a não ser quando indagado. Não obstante, desde março, há a grita na imprensa: “Não falem disso!”. A questão ganhou maior temperatura quando o pastor Silas Malafaia se pronunciou sobre o tema — fazendo críticas também, note-se, ao material preparado pela Secretaria de Educação de São Paulo, que não é kit coisa nenhuma! Ele fez a devida distinção e disse por que, na sua opinião, o kit de Haddad é mais perverso. Há uma grande diferença entre enviar um livro com orientações a professores e enviar kits a alunos a partir de 11 anos. Mas volto ao ponto.

Serra não tocou no assunto, reitero. Quando indagado sobre o material produzido por Haddad, praticamente repetiu opiniões expressas pela presidente Dilma Rousseff, que vetou os kits. Não obstante, setores consideráveis da imprensa, especialmente alguns assessores informais do petismo — não sei a extensão dessa “informalidade” —, o acusam de, como é mesmo, “conservadorismo” e “obscurantismo”. Dilma, então, não era? Ainda que fosse verdade, escandaloso é que se considere o conservadorismo um crime de opinião.

É absurda a baixa qualidade do debate político! Ocorre que isso também é falso. Malafaia falou, sim, sobre o kit e deu apoio a Serra, mas o PSDB passou longe desse debate. O candidato se limitou, insisto, a afirmar que não cabe ao governo fazer proselitismo a favor de determinadas práticas sexuais. O vídeo preparado por Haddad afirma, com todas as letras e sons, que ser bissexual é superior a ser heterossexual.

Tanto o PSDB não levou o tema à campanha que a população não está sabendo dessa história, não! O tema não chegou ao povão. Já fiz o teste com, como direi?, as minhas bases populares. Nada! Ninguém sabe! Aliás, se eu pudesse apontar um erro na campanha tucana, diria que está justamente em não ter mostrado aos eleitores o que Haddad pretendia levar às escolas, a seus filhos, irmãos, sobrinhos, netos. Se os tucanos tivessem usado o filme no horário eleitoral (como o jornalista Marcelo Coelho, pró-PT, da Folha, sugeriu que o próprio Haddad fizesse), aí, sim, se poderia falar que a campanha de Serra, então, resolveu tratar do tema. Mas nada! Nas entrevistas que o tucano concede, se a questão não é proposta por jornalistas, ele passa ao largo. Ontem, no debate da Band, nem se tocou no assunto.

Monotema
Não obstante, isso virou uma espécie de monotema da campanha quando Serra é entrevitado. O mais espantoso, o estupefaciente mesmo!, é que o tucano, QUE NÃO FEZ O KIT, é indagado a respeito, e Haddad, QUE O FEZ, é poupado da pergunta. Por quê? Para quê? Porque essa é uma agenda de um setor da sociedade, justamente daqueles mais empenhados em passar seus valores goela abaixo da população, na base do grito e do abafa. E assim se faz para tentar demonizar um candidato e endeusar outro.

O fato é que, até agora, o kit gay é um verdadeiro kit fantasma! Fala-se dele — fazendo-se sempre a cobrança a Serra —, escondendo-o. Os jornais, lidos por uma parcela ínfima da população, fazem resumos distorcidos do conteúdo, mas sempre com o aporte teórico de sedizentes especialistas, que o endossam. Ontem, na Folha Online, uma certa professora de psicologia da PUC-SP defendeu o material e disse que certos tabus merecem mesmo tratamento de choque. Psicologia do choque!!! Estamos feitos…

Mesma estratégia
O PT, em associação com suas franjas na imprensa, repete, assim, a mesma estratégia de 2010. Na disputa presidencial, as opiniões de Dilma sobre o aborto — ela defendia a legalização — foram tratadas como “acusações de Serra”, que não havia tocado no assunto. ELA NUNCA FOI CONFRONTADA COM AS PRÓPRIAS OPINIÕES, MAS SEU OPONENTE ERA OBRIGADO A FALAR SOBRE UM SUPOSTO FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO. Agora, a mesma prática: para que Haddad possa ser preservado da própria obra e para que o tema jamais chegue ao povão — como não chegou! —, faz-se gritaria: “Conservador! Reacionário!”. Quem? Cadê o kit gay na campanha eleitoral?

Atenção! O PT tem todo o direito de elaborar as suas estratégias — isso é do jogo. A associação com o jornalismo “isento”, que passa a fazer assessoria de imprensa para o petismo, é que é o fim da picada.

Finalmente
Finalmente, aqui e ali leio a opinião de alguns bananas, a afirmar que Serra faz muito mal — aí, sim, foi ele mesmo! — em tocar em temas como mensalão ou a gestão de Haddad no MEC. Huuummm… Não dá para levar isso a sério. Para perder ou para ganhar, disputas eleitorais têm de tratar de questões políticas. E a crítica tem de ser feita! Ou alguém vai tentar provar que o petista Haddad foi apenas propositivo nessa disputa?

A verdade insofismável é a seguinte: amplos setores da imprensa paulistana fazem a campanha de Haddad desde que, na base do dedaço, Lula o fez candidato — e apontei isso aqui precocemente. Afinal — colhia-se nos bastidores — a cidade estaria a precisar do “novo”. O “novo”, no caso, é um nome indicado por um coronel da política, que traz consigo as forças que governaram a cidade por 16 dos últimos 24 anos!

Por Reinaldo Azevedo

 

A pesquisa Datafolha, os inimigos de agora e os amigos do futuro

A Folha publica nesta sexta pesquisa de intenção de votos em São Paulo. Segundo o instituto, o petista Fernando Haddad tem 49% das intenções de voto, contra 32% do tucano José Serra. Dizem que anulam o voto ou votam em branco 10% dos entrevistados; outros 9% afirmam ainda não saber em quem votar.

O levantamento do Datafolha também quis saber a opinião dos eleitores sobre a gestão do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD). Suponho — seria inaceitável de outro modo — que essa pergunta tenha sido feita depois da indagação sobre o voto. Classificaram a administração como ruim ou péssima 42% dos entrevistados; ela é regular para 37% e ótima ou boa para 29%. Na nota de zero a dez, a média do prefeito ficou em 4,4%.

Não se perde nem se ganha eleição de véspera, especialmente esta. Os institutos de pesquisa deram um bom vexame no primeiro turno. Torço para que os números estejam errados? Torço! Vamos ver o que sai das urnas no dia 28.

Caso, no entanto, se confirme a vitória do PT — por 17 pontos ou por 0,5 ponto (tanto faz no que concerne ao resultado), pior para a cidade. Haddad chegaria trazendo a tiracolo a experiência administrativa petista no município, que não é boa — o partido deixou a cidade quebrada —, e a herança malufista, que também arruinou as finanças da capital, como sabe, diga-se, Marta Suplicy, que sucedeu Celso Pitta.

Que mudança?
Aliás, há algo curioso nessa conversa mole de “mudança”. Que mudança, exatamente, Haddad representaria? Vamos ver. De 1989 para cá, a cidade teve seis prefeitos: Luiza Erundina (1989 a 1992), Paulo Maluf (1993 a 1996); Celso Pitta (1997 a 2000); Marta Suplicy (2001 a 2004); Serra (2005-2006) e Kassab (2006-2012). Pois bem: em 24 anos (incluindo 1989), o petismo e seus novos aliados (evidentemente, Pitta era uma extensão de Maluf) ficaram no poder nada menos do que 16 (4 com Erundina, 4 com Maluf, 4 com Pitta e 4 com Marta). E fizeram as maravilhas que vimos. Reitero: se Haddad vencer, voltam os grupos que comandaram a política municipal por 16 dos últimos 24 anos. Mais: Maluf, que, nesse período, foi poder por oito anos, ganharia o direito de interferir nos rumos da cidade por mais quatro.

Trampolim e trapaça
Não só isso. A capital, nem os petistas escondem isso, é mero trampolim para que o PT tente o assalto ao Palácio de Inverno depois: o governo de São Paulo. A capital é só a primeira etapa para botar as mãos naquela que é considerada a verdadeira joia da Coroa. O trabalho para tentar desconstruir o governo de São Paulo, a exemplo do que se fez com a gestão Kassab, já está em curso.

De resto, o PT ficou longe de ter um bom desempenho nas capitais. Sofreu ao menos duas derrotas vexaminosas: Recife e Belo Horizonte. Lula e o próprio José Dirceu já anunciaram a disposição de tratar a eventual vitória em São Paulo como uma espécie de “vingança” contra a condenação de petistas no processo do mensalão, o que é um despropósito e uma trapaça.

Contando os dias, a eleição está muito perto. Considerando as pesquisas de véspera de primeiro turno e o que se viu nas urnas, ela ainda está muito longe. Qualquer que seja o resultado, há movimentos nada convencionais em curso. Querem ver? O PSD de Gilberto Kassab já é, hoje, um aliado objetivo do PT de Dilma Rousseff. Os dois partidos estão juntos em várias cidades. Na Bahia, por exemplo, tem o vice-governador, Otto Alencar, e apoia a candidatura de Nelson Pelegrino (PT) contra ACM Neto na disputa em Salvador.

Ontem, no debate da BAND, o alvo preferencial de Haddad foi justamente… Kassab. A possibilidade de que o PSD tenha um ministério depois das eleições, especialmente se Haddad vencer, é enorme. Caso o vitorioso seja Serra, há alguns complicadores, mas nada que seja insuperável. A chance de que o atual prefeito seja um aliado do PT na disputa pelo governo do Estado em 2014 é grande. 

Na geleia geral brasileira, o Kassab que é agora alvo fixo do PT pode passar a ser um aliado precioso amanhã, hipótese em que passaria a ser elogiado pelos petistas. Afinal de contas, no petismo, demônios são todos aqueles que não se subordinam ao projeto de poder do partido, e santos, os que se submetem à sua hegemonia.

Por Reinaldo Azevedo

 

O debate em São Paulo, o que é sério e o que parece sério

Assisti ao debate da Band entre o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad, candidatos à Prefeitura de São Paulo. Obviamente, Serra deu um banho quando se tratou de debater propostas. E digo “obviamente” porque o tucano conhece a cidade e tem experiência administrativa. O petista é outra coisa: foi treinado para parecer firme, manter o cenho fechado, afetando um ar grave.

Sim, é uma experiência um pouco exasperante. O PT, e isso é de sua história, tem pouco a oferecer a não ser a desqualificação da biografia alheia. O candidato petista afirmou, por exemplo, que o adversário fez pouco pelos mais pobres. Na sua biografia, Serra tem nada menos do que a estruturação do SUS (cujo serviço decaiu gravemente na gestão petista), um programa de combate à AIDS que virou referência até nos países desenvolvidos, a criação do FAT e do seguro-desemprego, o investimento efetivo em metrô — o que os petistas nunca fizeram —, a notável expansão do serviço de saúde na cidade, o crescimento do ensino técnico…

Tudo isso atende a quem? Aos ricos? Mas Haddad, com certo arzinho de vitória, contraiu os olhinhos e tirou uma provocação da prancheta: “Então por que o PT tem mais votos na periferia pobre do que o PSDB?”.

A resposta não é, obviamente, aquela que ele sugere; não é certamente porque os petistas fizeram mais pelos pobres da cidade. Muito pelo contrário: fizeram muito menos — ainda voltarei a esse assunto. Isso está relacionado, aí sim, à natureza do PT. Os profissionais da militância, ligados ao partido e a ONGs que são franjas da legenda, estão lá “mobilizando a população”, como eles dizem. Ainda escreverei mais a respeito.

Por Reinaldo Azevedo

 

O debate desta quinta na VEJA.com – Lewandowski tenta o voto três em um

Por Reinaldo Azevedo

 

Justiça proíbe “Avenida Brasil” em comício do PT na Bahia

Por Pâmela Oliveira, na VEJA Online:
A Justiça eleitoral proibiu o candidato Nelson Pelegrino de exibir o último capítulo da novela Avenida Brasil após o comício desta sexta-feira. O evento, que terá a presença da presidente Dilma Rousseff, é considerado estratégico para o petista, que disputa o segundo turno com ACM Neto, do DEM. Já prevendo o esvaziamento de qualquer programação que ouse concorrer com o desfecho da trama de Carminha e cia., o candidato Fernando Haddad, de São Paulo, já havia transferido seu comício de sexta para sábado.

 

Na decisão, a juíza eleitoral da 9ª Zona de Salvador Ana Conceição Ferreira proíbe que a coligação Todos Juntos por Salvador, de Pelegrino, veicule no evento “qualquer tipo de áudio, imagem ou vídeo, que não se relacione” com a campanha eleitoral – o que inclui “o episódio final da novela Avenida Brasil”.

“É permitido o uso de telão e palcos fixos durante os comícios eleitorais. Entretanto, (…) o telão só poderá exibir cenas do próprio comício, sem que se permita a exibição de shows ou de outro tipo de entretenimento”, diz a magistrada na liminar, citando a lei 11.300/06, que proíbe showmícios. Para ela, a transmissão da novela poderia incorrer em propaganda eleitoral irregular. O pedido de proibição foi solicitado pela coligação É Hora de Defender Salvador, de ACM Neto.

Ana Conceição determina ainda que as polícias militar e federal acompanhem o evento e, caso a decisão seja desrespeitada, “apreendam e lacrem todos os equipamentos de reprodução e exibição audiovisual, como telão ou similares”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Segundo o Datafolha, Fruet está 16 pontos à frente de Ratinho Junior em Curitiba

Por Estelita Hass Carazzai, na Folha Online:
Depois de chegar ao segundo turno por uma diferença de menos de 5.000 votos para o terceiro colocado, o candidato Gustavo Fruet (PDT) lidera agora a corrida pela Prefeitura de Curitiba, revela pesquisa Datafolha. De acordo com o levantamento, Fruet tem 52% das intenções de voto, contra 36% de Ratinho Junior (PSC). Brancos e nulos somam 8%, e há 4% de eleitores que se dizem indecisos. Em votos válidos, quando são excluídos brancos, nulos e indecisos, Fruet tem 60%, contra 40% de Ratinho Jr. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Do primeiro turno para cá, Fruet mais que dobrou sua performance: no primeiro turno, ele fez 27% dos votos válidos, e Ratinho, 34%.

A adesão à candidatura do pedetista vem principalmente dos eleitores de Luciano Ducci (PSB), atual prefeito e terceiro colocado na votação: 55% desses eleitores migraram para Fruet. Outros 24% optam por Ratinho Junior. Segundo a pesquisa, o candidato do PSC ainda perdeu 14% de seus eleitores do primeiro turno para Fruet — que, por sua vez, manteve 92% dos seus votos até agora. Na pesquisa, feita entre os dias 17 e 18 de outubro, o instituto ouviu 1.267 pessoas. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. O levantamento, encomendado pela Folha e pela RPC TV, foi registrado na Justiça Eleitoral com o número 00679/2012.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

Ao vivo

Estamos ao vivo em https://veja.abril.com.br/ao-vivo/, com mais um programa sobre o julgamento do Mensalão. Participe pelo twitter @VEJA.

Por Reinaldo Azevedo

 

Quem está feliz com Lewandowski é Valdemar Costa Neto

Ricardo Lewandowski, o gênio da raça jurídica, conseguiu um grande feito. Ao rever seus votos anteriores sobre formação de quadrilha, deixou certamente exultantes dois réus: Valdemar Costa Neto e Jacinto Lamas. Eles haviam sido condenados por seis a quatro por esse crime – e um dos votos era justamente o do revisor. Como ele mudou de lado, agora o placar para os dois, quanto a essa imputação, é de cinco a cinco. É praticamente certo que, nesse caso, os réus sejam beneficiados. Valdemar também foi condenado por corrupção passiva. Mas a quadrilha não lhe pesando nas costas já significa um alívio e tanto.

Por Reinaldo Azevedo

 

Daqui a pouco, debate na VEJA.com

Daqui a pouco, debate na VEJA.com

Por Reinaldo Azevedo

 

Para absolver a trinca do PT sem ser acusado de incoerência, Lewandowski revê votos e absolve de formação de quadrilha políticos de outros partidos

Ricardo Lewandowski não tem limites. À sua maneira, está fazendo história. Ele queria absolver todos os réus do Capítulo II. Ou, para ser preciso, ele queria absolver três deles: José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino.

Mas como fazê-lo se ele mesmo havia condenado por formação de quadrilha os políticos não petistas??? Se ele havia condenado os políticos do PP, do PL e associados por formação de quadrilha, como absolver agora a trinca que negociou com cada um deles, em associação com a turma de Valério?

Então ele deu o triplo salto carpado jurídico: reviu todos os seus votos anteriores nesse particular e absolveu os outros. E ainda o fez jogando a responsabilidade nas costas das ministras Rosa Weber e Carmen Lúcia.

Que homem bom! Se Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa reviram votos para condenar, ele os reviu para absolver. 

Por Reinaldo Azevedo

 

Ricardo Lewandowski tenta emparedar Rosa Weber e Carmen Lúcia e obrigá-las a votar com ele

Ricardo Lewandowski inova de maneira estonteante. Vai inocentar todo mundo. Não, leitor, isso não é novo. A novidade está em tentar fazer seu voto valer três. De que modo? Recuperou extensamente os votos que Rosa Weber e Carmen Lúcia deram quando julgaram formação de quadrilha no caso dos políticos do PL, do PP e do PTB. Estão vendo como Tio Rei estava sentindo o cheiro da coisa? Então não adverti que “eles” tentariam usar os votos das duas ministras?

Como elas inocentaram os políticos daqueles partido do crime de formação de quadrilha, Lewandowski está a fazer o quê? Está a cobrar das duas a suposta coerência. Na aparência, ele as elogia: de fato, tenta emparedá-las.

Ora, já disse aqui: ainda que eu discorde do voto das ministras, já disse que posso compreender o seu percurso. Afinal, a turma do PL ou a do PP podem ter-se juntado para praticar aqueles crimes em particular, mas não está claro que seja uma associação permanente, para a prática contumaz de ilícitos.

No caso da trinca petista, em associação com a direção do Banco Rural e com Marcos Valério e sócio, tem-se justamente o contrário. Era um projeto de poder de longo prazo. Tanto se tratava de formação de quadrilha que vários crimes foram cometidos e em várias frentes. Então não era uma associação estável e permanente aquela?

Não se tratou de mero concurso de agentes coisa nenhuma. O grupo era organizado, e seus núcleos tinham chefes. A argumentação de Lewandowski é escandalosa. E seu truque chega a ser espantoso.

Se as ministras vão votar com ele ou não, isso eu não sei. Que pegou mal, disso não tenho dúvida. Lewandowski tenta tirar das duas a liberdade de discordar dele.

Por Reinaldo Azevedo

 

Barbosa condena Dirceu, Genoino, Delúbio, Valério e mais 7 por formação de quadrilha

O relator do mensalão, Joaquim Barbosa, votou pela condenação, por formação de quadrilha, dos seguintes réus: 

José Dirceu;
José Genoino;
Delúbio Soares;
Marcos Valério;
Ramon Hollerbach;
Cristiano Paz;
Rogério Tolentino;
Simone Vasconcelos;
Kátia Rabello;
José Roberto Salgado;
Vinícius Samarane

Conforme o previsto, absolveu a secretária Geiza Dias e a ex-diretora do Banco Rural Ayanna Tenório.

Por Reinaldo Azevedo

 

Banco Central sai, de novo, com a reputação arranhada com o voto de Barbosa

Do voto de Joaquim Barbosa, quem sai, mais uma vez, com a reputação arranhada é o Banco Central, que estava sob o comando de Henrique Meirelles. Não só a instituição não havia detectado as lambanças do Banco Rural como permitiu que seus diretores fossem alvos permanentes do assédio de Marcos Valério. Com que então este senhor, apenas um publicitário, negociava de forma desabrida com diretores da autoridade monetária? Em nome de quê? Ele chegou a ser recebido sem nem mesmo agendar reunião. Bastava chegar e falar. Certa feita, e isto aconteceu, diante de um comportamento um tanto reticente de uma autoridade do BC, Valério lhe meteu o dedo no nariz: “Aqui, eu sou o governo!”.

Por Reinaldo Azevedo

 

Joaquim Barbosa esmiúça como os quadrilheiros atuavam de forma coordenada para cometer os crimes do mensalão

O relator do mensalão, Joaquim Barbosa, está provando as devidas conexões entre as os núcleos político, financeiro e publicitário do mensalão. E demonstra como a rede trabalhava de modo unido e coordenado para praticar os crimes do mensalão. Afirma:

“É fantasioso o que diz Delúbio Soares, segundo quem não havia uma prova de formação de quadrilha. Os laudos apontam o contrário. Há provas de que Delúbio, além de funcionar como braço do núcleo político, era o principal elo entre o núcleo político e o publicitário. José Genoino era o interlocutor político. Cabia a ele formular os acordos com os líderes de governo”.

A quadrilha trabalhava de forma tão organizada que Marcos Valério, que não era autoridade do governo, foi a pessoa que mais negociou com o Banco Central a suspensão da liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco, de que o Banco Rural era sócio — com 20% das ações.

Valério, imaginem vocês, negociava com o BC tanto em nome do Rural como, de certo modo, do próprio PT, uma vez que Kátia Rabello, do Banco Rural, já havia debatido o assunto com… José Dirceu!

Por Reinaldo Azevedo

 

Kit gay – Psicóloga da PUC acha que, enquanto pais trabalham, seus filhos devem estar submetidos a uma educação “de choque” na área sexual

Reportagem da Folha Online prossegue no esforço para demonstrar que alhos e bugalhos são coisas iguais. E chega a afirmar que também existia um kit gay no governo de São Paulo, o que é piada. Desde 1996, a área de educação prepara um material para a orientação dos professores. Não é material produzido para os alunos.

A reportagem ouve os famosos “especialistas” sobre os kits gays. E eles, claro!, os endossam. No conjunto do material enviado às escolas, vocês se lembram, há o filminho que diz que ser bissexual é melhor do que ser homossexual e outro que defende que travestis usem banheiros femininos. Não só isso: crianças de 11 anos são convocados a debater a situação de pessoas que estão desconfortáveis com seu órgão genital.

Atenção, leitor! Há uma professora de psicologia da PUC-SP que diz o seguinte:
“Quando se trata de temas fortes, tabus, é importante que a abordagem seja radical, senão você abafa o problema. É preciso causar choque”.

O nome desta senhora é Ana Mercês Bock. Se, um dia, seu filho ou filha precisarem de um psicólogo, é bom que vocês tenham esse nome em mente. Ela aposta na “psicologia do choque”.

Dona Ana Bock acredita que, enquanto pais e mães estão no trabalho, certos de que seus filhos estão na escola aprendendo português e matemática, seus respectivos filhos devem é estar sendo submetidos pelo estado a uma política de “choque” no que concerne à sexualidade.

Nesse caso, a reportagem da Folha dispensa “outro lado”. Fica parecendo que a “psicologia do choque” é um consenso científico, é o bom senso, é a verdade da inquestionável. Há outro “especialista” sendo ouvido, que concorda com o material, claro! Esse é um daqueles casos em que não há diferença entre reportagem e opinião. O que parece ser um mero relato de fatos é escolha de uma agenda.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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