Lula vence troféu “Algemas de Ouro” como o “mais corrupto”. Aliás, tentaram corromper a votação…

Publicado em 21/01/2013 16:01 e atualizado em 04/03/2020 04:18
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Por Renato Onofre, no Globo:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou 2013 vencendo mais uma eleição. Entre as personalidades mais corruptas de 2012, Lula ganhou com 65,69% dos 14.547 votos válidos o Troféu Algemas de Ouro. Em segundo lugar, com 21,82%, ficou o ex-senador Demóstenes Torres (sem partido) seguido pelo governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB), com 4,55%. Ironicamente, a segunda edição da premiação organizada pelo Movimento 31 de Julho foi marcada pela fraude. Os organizadores detectaram a utilização de um programa de votação automática que criou perfis falsos no Facebook, que direcionou 38% do total de votos (23.557) para candidatos ligados ao PSDB e ao DEM.

A premiação, que aconteceu na tarde deste domingo no Leblon, Zona Sul do Rio, foi marcada pela descontração. Em clima de carnaval, com máscaras representando os candidatos que disputaram o Algemas de Ouro 2012, os manifestantes elogiaram a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) na condução do julgamento do mensalão e lembraram os feitos “históricos” de cada concorrente. Além de Lula, Demóstenes e Cabral, estavam no pleito o senador Jader Barbalho (PMDB-PA); os deputados federais Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Paulo Maluf (PP-SP); o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e sua ex-companheira de Esplanada, Erenice Guerra; o ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido); e o empresário Fernando Cavendish.

“Depois de eleger poste, o ex-presidente Lula mostra que ainda tem fôlego para ganhar mais eleições daqui para frente. Foram três candidatos que fizeram jus à premiação. Todos eles se destacaram nas páginas do jornal, mas o ex-presidente se sobressaiu. No ano passado, ele foi responsável por um dos momentos mais lamentáveis da história brasileira ao tentar chantagear um ministro do Supremo. Acho que por sua atuação em 2012, e nem quero lembrar de Valérios e Rosemarys, ele mereceu esse troféu e o cheque simbólico de R$ 153 milhões”, afirmou Marcelo Medeiros, coordenador do Movimento 31 de Julho.

No último dia 9, os organizadores comunicaram à imprensa e à rede social Facebook — plataforma utilizada para computar os votos — a tentativa de fraude. A denúncia partiu dos próprios eleitores da enquete que perceberam que parte das escolhas foram feitas por perfis falsos, recém-criados no ambiente virtual.

“Não é militância. Se fossem militantes, era válido. O que detectamos foi uma organização criada para fraudar a disputa. Coincidentemente, os votos sempre eram para candidatos da oposição do governo petista e Cabral”,  explicou Medeiros, que prometeu mudanças na plataforma de computação dos votos na próxima eleição.
(…) 

Por Reinaldo Azevedo

 

da coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes:

Lula agora também foge de cumprimentos pela conquista do Troféu Algemas de Ouro

Faz tempo que o ex-presidente Lula não sabe como  é a vida abaixo de 60%. Ele aparece sempre acima disso em pesquisas de popularidade, avaliações sobre seus oito anos de governo, rankings dos possíveis candidatos à sucessão de Dilma Rousseff, até em levantamentos informais sobre quem deve ser o síndico do prédio onde mora em São Bernardo. Mas tanto o chefe da seita quanto seus devotos ficaram à beira de um ataque de nervos com os 65,69% dos 14.547 votos válidos obtidos na primeira eleição ocorrida em 2013. Tal marca garantiu a Lula a conquista sem sobressaltos do Troféu Algemas de Ouro-2012, conferido ao brasileiro mais corrupto do ano.

Foi uma performance e tanto, informa a distância que o separou dos principais adversários. Em janeiro passado, a primeira edição da disputa criada pelo Movimento 31 de Julho envolveu num confronto feroz o campeão José Sarney, o vice José Dirceu e a terceira colocada Jaqueline Roriz. Agora, o ex-senador Demóstenes Torres ganhou a medalha de prata com apenas 21,82% da votação e o governador Sérgio Cabral, contemplado com o bronze, não passou de 4,55%. Outros assíduos frequentadores do noticiário político-policial amargaram índices raquíticos.

Ficaram muito longe do pódio concorrentes temíveis como o senador Jader Barbalho, os deputados federais Eduardo Azeredo e Paulo Maluf, o ministro Fernando Pimentel, a ex-chefe da Casa Civil Erenice Guerra, o ex-governador José Roberto Arruda ou o empresário Fernando Cavendish. “Além de eleger poste, o ex-presidente mostra que ainda tem fôlego para ganhar mais eleições daqui para frente”, reconheceu Marcelo Medeiros, coordenador do Movimento 31 de Julho.

Admiradores do candidato involuntário recorreram aos métodos de sempre para tentar livrá-lo das algemas de ouro. No último dia 9, por exemplo, os organizadores descobriram que, com a falsificação de perfis no Facebook, um programa de votação automática desviara milhares de votos para Sérgio Cabral e para candidatos ligados ao PSDB e ao DEM. A desmontagem do esquema fraudulento impediu que a vontade do eleitorado fosse violentada pela subversão dos resultados do pleito.

“Por sua atuação em 2012, e nem quero lembrar de Valérios e Rosemarys, ele mereceu esse troféu e o cheque simbólico de R$ 153 milhões”, disse Marcelo Medeiros ao Globo. Neste domingo, os participantes da festa de entrega do prêmio, promovida no Leblon, não economizaram aplausos ao grande ausente. Lula preferiu acompanhar no estádio de São Bernardo, refugiado num camarote, o jogo em que o Santos derrotou o time da cidade.

Nesta segunda-feira, o ex-presidente falou bastante no encontro com intelectuais latino-americano. Antes e depois do palavrório, contudo, negou-se a conversar com os jornalistas interessados em assuntos bem mais relevantes. Há dois meses fugindo de perguntas sobre o caso Rose, ele agora também foge de cumprimentos pela conquista do Algemas de Ouro.

(por Augusto Nunes)

 

De joelhos para o Apedeuta

Depois de Luiz Inácio Lula da Silva submeter Fernando Haddad, o prefeito Coxinha de São Paulo, a uma humilhação, dando-lhe uma aula, e a seus secretários, de governança, chegou a vez de o Apedeuta dizer a Dilma Rousseff como se dança o baião. E ele faz isso hoje, num seminário promovido pelo instituto que leva o seu nome. O Apedeuta comanda um encontro sobre política externa que reúne, entre outros, o ministro da Defesa, Celso Amorim; o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Os intelectuais petistas, este delicioso oximoro, estarão no gargarejo. Há ainda alguns convidados estrangeiros. A grande estrela do evento, e nem poderia ser diferente, é o próprio Lula.

É evidente que se trata de mais um despropósito deste senhor. Não por acaso, um dos destaques do encontro deve ser Amorim, que agora está na Defesa, depois de liderar o Itamaraty nos oito anos de governo do Babalorixá de Banânia. Tornou-se um lulista fanático. O antes diplomata de carreira fez-se político e acabou se filiando ao PT. Nas conversas que mantém, também ele gosta de exaltar sua origem humilde. Não para emular com o chefe, que isso não pode!, mas para ser digno…

Amorim é o principal responsável por uma das políticas externas mais asquerosas de nossa história. Sob sua gestão, o estado brasileiro evitou condenar na ONU alguns notórios carniceiros, mas votou sistematicamente contra Israel, por exemplo, que é uma democracia — sob ataque cotidiano, destaque-se.  Foi sob o seu comando que o governo brasileiro tentou aquele estupefaciente acordo com o Irã, lembram-se? A coisa foi tão patética que até os iranianos tiveram de vir a público para anunciar que não existia entendimento nos termos alardeados pelo Itamaraty. Não! O Ministério das Relações Exteriores não mudou muito com a saída de Amorim. Em muitos aspectos, até piorou. É que se instituiu por lá uma cultura…

Pois bem: agora titular da Defesa, Amorim vai para o seminário para receber algumas instruções do Iluminado. Lula até poderia fazê-lo privadamente, mas isso não deixaria claro, como ele pretende, quem, afinal de contas, está no comando da máquina partidária, que vai tocar a campanha de Dilma à reeleição. Amorim pode não saber a diferença entre um tanque de guerra e um punho de renda, mas é o ministro da Defesa. Formalmente, é o chefe dos comandantes militares. Isso significa render nada menos do que as Forças Armadas a um líder de facção.

Alguém pode imaginar o Secretário de Defesa dos EUA, por exemplo, a participar de um seminário, como aprendiz, de um chefete partidário? Não nos damos conta do absurdo da situação — desta ou do evento ocorrido em São Paulo — porque ele já começa a fazer parte da rotina, já começa a ser um nosso conviva.

Não menos intrigante é a presença de Luciano Coutinho, presidente do BNDES, num encontro dessa natureza. Por quê? Coutinho é o hoje o todo-poderoso de uma instituição que tem sido o esteio do, como chamarei?, “modo de produção petista”. Se a Petrobras já foi a grande caixa-preta do país — não quer dizer que tenha se tornado mais transparente —, o BNDES lhe tomou o lugar. O banco tem sido usado não como fonte de fomento do desenvolvimento, mas como instrumento de gestão. E com o resultado — péssimo! — conhecido. Não é preciso ser muito bidu para constatar que o banco é ambém um instrumento de cooptação daquilo que Lula chamava antigamente “a Dona Zelite”.

Conspiração?
Estaria eu aqui a sugerir alguma conspiração entre Lula, Amorim, Coutinho e outros que vão lá babar na gravata? Besteira! A questão é de outra natureza. Trata-se de saber quem governa o país: as instituições ou um ente de razão que se situa acima das leis e à margem do estado. Se o BNDES e, na prática, as Forças Armadas vão lá prestar vassalagem a Lula, quem não vai?

A busílis, obviamente, é político e cobra, como tantos outros, uma resposta da oposição — daqueles que falam em seu nome. Mas também isso será deixado de lado, como todo o resto. “Que mal há em participar de uma seminário, afinal de contas?”, vão se indagar alguns. A oposição, como vocês sabem, se prepara para atuar na hora certa, que é… quando mesmo???

Por Reinaldo Azevedo

 

Petistas deliram e já discutem a sucessão de 2018… Com Lula!

Pois é… Lula ocupa de tal modo a cena política, e com tanta sofreguidão, que os petistas se veem obrigados a fazer certos avisos. Leiam o que informa Marina Timóteo, no Globo. Volto depois:

O diretor-presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, negou nesta segunda-feira boatos de uma suposta volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao cenário eleitoral, já que o petista percorrerá, em breve, o Brasil em caravanas. Mais tarde, o ex-ministro dos Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, acrescentou que Lula não será candidato a governador de São Paulo e nem a presidente em 2014, mas não descartou uma eventual candidatura de Lula em 2018. “Se houver acirramento das contradições ou uma crise nacional”, disse Vanucchi, amigo pessoal de Lula e um dos diretores do Instituto Lula.

Lula participa da reunião com intelectuais e autoridades latino-americanas em um hotel na Zona Sul de São Paulo. Sobre a oposição, Vannuchi disse ainda que Aécio Neves (PSDB) não é candidato presidencial para valer em 2014. “Vocês jornalistas sabem, ele é candidato para 2018. Agora toda a construção é para ele virar figura de proa, disputar para perder evidentemente e contar como uma evolução, já que a Dilma não será mais candidata por razões constitucionais”.

Segundo Vanucchi, Lula disse estar “aprendendo a ser ex-presidente”, e, que por enquanto, descarta concorrer a qualquer cargo público. E que proibiu qualquer pessoa da equipe de cogitar seu nome para disputar as eleições para governador em 2014. “Ele me disse que não quer, que não faz parte do plano dele. O Lula quer ser isso que ele é agora, se reunindo com lideranças latinas, com povo, empresários, sindicalistas, bancadas, sociedade civil. Ele quer criar novas lideranças. Ser uma liderança política livre”.

O ex-ministro justificou desta maneira o fato de Lula estar trabalhando para não ser mais candidato, nem ao governo de São Paulo e nem a presidente. “Mas não digo que não será em hipótese alguma em 2018, porque se houver acirramento das contradições, uma crise nacional e depois (Lula) despontar como um polo de consenso para reaglutinar o país ou um conjunto grande de força política, aí ele se dispõe, como se dispôs em 1998, mesmo absolutamente convencido que não deveria”, disse, em referência à reeleição praticamente certa de Fernando Henrique Cardoso.
(…)

Voltei
Bem… Até os petistas admitem que o comportamento de Lula dá margem a especulações sobre quem será o candidato do PT à Presidência em 2014. Mais do que isso: pelas palavras de Vanucchi, Lula ainda não sabe ser “ex-presidente”… Que cabeça dura! O Apedeuta, com efeito, parece ter uma dificuldade imensa para aprender coisas novas. Só sabe ser chefe…

O mais espantoso nessa história é estarem debatendo já a sucessão de… 2018! Apelando ao vocabulário leninista, Vanucchi diz que Lula disputará, sim, a sucessão de Dilma daqui a seis (!!!) anos se houver um “acirramento das contradições”…. Huuummm… Entre quem e quem? Que forças estariam do outro lado do petismo?

Não serão os banqueiros, que nunca viram motivo para isso. Não serão os potentados da indústria financiados pelo BNDES, que nunca viram motivo para isso. Não serão os reacionários das elites tradicionais à moda Sarney e companhia, que nunca viram motivo para isso. Só me resta concluir que Vanucchi imagina o popularíssimo Lula disputando a eleição em 2018 ou contra… o povo.

Estupefaciente!

PS – O PT vendeu, e boa parte da imprensa comprou, a pauta da “renovação”, lembram-se? Ignorava-se que o partido “da renovação” era aquele que teve um mesmo candidato à Presidência em cinco disputas seguidas… Não tem jeito: quando o jornalismo quer escrever besteira, é imbatível. Vejam aí… Como Lula tem dificuldade de ser “ex”, já se fala nele para 2018. Dilma, a malvada e ingrata, não quis abrir mão da prerrogativa.

Por Reinaldo Azevedo

 

Custos do mau planejamento

Leia editorial do Estadão sobre setor elétrico:

Por falhas de planejamento, ineficiência de estatais e crônica incapacidade do governo de reagir com presteza aos problemas, empreendimentos privados que deveriam ser vitais para regularizar o fornecimento de energia elétrica – sobretudo em períodos de incertezas sobre a geração hidrelétrica, como o atual – não produzem o resultado desejado e ainda impõem ônus financeiros aos consumidores. Chegou-se à situação absurda na qual, quanto maior o êxito desses empreendimentos, maiores as perdas para o País em termos energéticos e maiores os custos para a população.

É o que mostra a situação dos parques eólicos concluídos desde meados do ano passado e dos que serão concluídos em 2013. No Rio Grande do Norte e na Bahia estão prontos 26 parques, com potência instalada de 622 megawatts (MW) e há outros seis em fase de conclusão no Ceará, com potência de 186 MW. Mas nada se produz, porque não há como transmitir a energia para os centros consumidores.

O problema ficará ainda mais grave ao longo de 2013. Está prevista a conclusão, neste ano, de mais 50 projetos de geração eólica, com potência de 1,4 mil MW. Isso representa 16% da capacidade instalada prevista para entrar em operação em 2013, de 9 mil MW (incluindo todas as formas de geração). Também essa energia não será gerada pelos parques eólicos porque, como a que podia estar sendo gerada desde o ano passado, não tem como ser levada aos consumidores.

O descasamento dos cronogramas das obras das usinas geradoras e das linhas de transmissão, já notório no sistema hidrelétrico – a Usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, ficou pronta para operar cinco meses antes do prazo, mas sua produção não chega aos centros de consumo, porque as linhas de transmissão só ficarão prontas neste ano -, é particularmente grave no caso da energia eólica.

Por todas as suas vantagens ambientais – utiliza fonte renovável, não polui e tem pouquíssimo impacto sobre o meio ambiente -, a energia eólica vem sendo apontada como a mais adequada para o abastecimento no futuro e sua utilização tem crescido no mundo. No Brasil, empresas nacionais e estrangeiras têm feito grandes investimentos no setor, e os resultados só não são mais notáveis porque parte do que se produz, ou se poderia produzir, não tem como chegar aos centros de consumo.

Neste período em que os reservatórios das usinas hidrelétricas estão com o nível muito baixo, forçando a utilização das usinas termoelétricas – de custo operacional bem mais alto e impacto ambiental maior do que o de outras fontes -, a energia gerada pelas eólicas do Nordeste, se já contasse com as linhas de transmissão, seria muito bem-vinda pelos gestores do sistema elétrico nacional e, sobretudo, pelos consumidores.

Ironicamente, a potência das eólicas paradas é equivalente à da usina termoelétrica de Uruguaiana, de 639 MW, que o governo às pressas tenta recolocar em operação – estava desativada desde abril de 2009 – para compensar a redução das operações das hidrelétricas devido ao baixo nível dos reservatórios. Também por ironia, a tentativa do governo de acionar essa termoelétrica esbarra em sua incompetência: por problemas de planejamento e de burocracia, não está conseguindo fazer chegar o combustível à usina – o gás natural liquefeito procedente da Argentina.

O que impede o pleno funcionamento das eólicas também é mau planejamento. Um programa adequadamente planejado decerto não resultaria no descompasso entre a obra de geração e a de transmissão. A empresa que venceu a licitação das linhas de transmissão alega questões ambientais e de proteção do patrimônio para justificar o atraso. Como previsível, trata-se de uma estatal, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), controlada pela Eletrobrás. Algumas linhas estão com seu cronograma atrasado em 6 meses; outros, em até 17 meses.

Contratualmente, as empresas geradoras são remuneradas desde o momento em que estão aptas a gerar energia, independentemente de ela estar sendo gerada ou não. Assim, paga-se por uma energia que não chega ao consumo. E neste ano se pagará mais, pois mais energia deixará de ser transmitida.

Por Reinaldo Azevedo

 

da coluna  Direto ao Ponto, de Augusto Nunes:

Fernando Gabeira: ‘Na energia, Edison Lobão é a cara do fim do mundo’

Trecho: Em todo o mundo, o conselho dos dirigentes é usar energia com critério e procurar economizá-la sempre que possível. No Brasil, o ministro de Dilma aconselhou a usar energia à vontade num momento em que os reservatórios estão baixos, as empresas hidrelétricas se desidratam na Bolsa e as térmicas a todo vapor emitem milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

Leia a íntegra na seção Feira Livre.

(por Augusto Nunes).

 

O terror no Norte da África e o primeiro dia do segundo mandato de Obama: o mundo está menos seguro do que há quatro anos

Quarenta e oito reféns mortos em circunstâncias que ainda não estão claras — 25 deles carbonizados — e trinta e dois terroristas. É o saldo, até agora, do confronto entre extremistas islâmicos e as forças especiais da Argélia no campo de exploração de gás da cidade de In Amenas, no norte do país, quase na fronteira com a Líbia. Inicialmente, mais de 600 pessoas haviam ficado à mercê dos facinorosos. A repercussão, embora grande, só não é maior porque o desastre se deu num país muçulmano, ainda que a maioria dos mortos possa ser estrangeira — não se sabe ao certo até agora.

O presidente dos EUA, Barack Obama, tomou posse ontem de seu segundo mandato. Faz hoje o juramento no Congresso. Está às voltas com problemas domésticos, como o Orçamento. Mas um mundo bem mais complicado o aguarda do que há quatro anos. E, em muitos aspectos, por mais que se tente fazer de conta que não — estou cada vez mais convicto de que o “obamismo” é um das formas de ser da negação da realidade —, suas escolhas respondem por essa complicação.

A que me refiro? Embora a imprensa mundial não tenha feito alarde, preferindo jogar a questão para os baixos de página e áreas periféricas, a dita “revolução” líbia foi uma coprodução do jihadismo islâmico com a Otan. A maior máquina de guerra do planeta (já que a Otan é braço dos EUA, certo?) se juntava com os extremistas de Alá. Nunca existiram os “libertadores” de Benghazi. Era pura fantasia aquela história das forças democratizantes que avançavam do Leste para ao Oeste. Ao cair nessa esparrela, Obama — com a preciosa ajuda de David Cameron e Nicolas Sarkozy — estavam arregaçando (literalmente…) as porteiras do Norte da África para os extremistas.

Minha crítica não é nova. Alguns textos da época estão aqui:

 25/02/2011

Quando Kadafi se for, falar com quem?

09/03/2011
Rasgando a fantasia – A crise na Líbia expõe o governo patético de Barack Obama

03/04/2011
Como dar um apoio entusiasmado àquilo que nos destrói. Ou: Não contem para o Jabor!

03/04/2011
É para estes civis que Barack Obama, que veio nos livrar das garras de Bush, quer fornecer armas!!!

05/04/2011
O fatal tem uma característica muito chata: sempre acontece!

27/08/2011
Os leitores deste blog não estão surpresos, certo? Opositores líbios têm elos com Al-Qaeda, diz jornal

Retomo
No Estadão de ontem, Andrei Neto entrevista o cientista político Kader Abderahim, do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris) e do Instituto de Estudos Políticos (Sciences Po), de Paris. Para ele, informa o jornal, “a força dos movimentos islamistas armados que desafiam a França e o Ocidente na África vem ‘da miséria e da falta de democracia no Mali e em toda a região’.”

Notável! Digam aí uma coisa ruim — incluindo terremoto, tsunami e unha encravada — que a miséria e a falta de democracia não tornem ainda pior. Até aí, como se diz lá em Dois Córregos, morreu um burro. Andrei Neto faz a seguinte pergunta a Abderahim, que dá a resposta que segue:

Muito se fala do papel da Primavera Árabe no Mali e na Argélia. Qual a sua opinião?
Não creio que a Primavera Árabe tenha tido algum impacto sobre o que ocorre na Argélia. As autoridades argelinas conseguiram controlar a Primavera Árabe com repressão e muito dinheiro, colocando recursos na mesa para aliviar a pressão social. Quanto ao Mali, mesmo que o país tenha fronteiras com duas ou três nações árabes, é um país de outra natureza, da África negra, não árabe. Talvez nosso erro tenha sido analisar e entender a Primavera Árabe como revoluções e não como movimentos populares, o que me parece mais justo.

Ou ele não entendeu ou fez de conta que não entendeu. Terroristas não querem saber, por definição, de “Primaveras”. A questão é saber qual foi o elemento que criou todas as facilidades para que os terroristas islâmicos se espalhassem pelo Norte da África. Ok. Os malineses não são árabes… E daí? A esmagadora maioria é muçulmana. EUA, França e Grã-Bretanha aceitaram de bom grado a colaboração de terroristas islâmicos na luta para derrubar Muamar Kadafi. Muitos se deslocaram da fronteira do Paquistão com o Afeganistão com o propósito de tomar um país. Os bombardeios aéreos da Otan lhes abriam o caminho. Quando o então embaixador americano na Líbia Jay Christopher Stevens foi assassinado, em setembro, Obama tentou negar o caráter terrorista da ação. Foi obrigado, depois, a ceder à realidade.

O ponto é
É evidente que Kadafi era um tirano asqueroso. A questão era saber até onde se poderia ir para derrubá-lo e com quem. Peguemos agora o caso da Síria. Há alguma maneira de defender o carniceiro Bashar Al Assad? Desconheço. O povo sírio merece a democracia? Estou entre aqueles que confundem esse merecimento com um direito natural do homem. Mas é inegável que a Al Qaeda constitui hoje a força mais organizada de combate ao ditador. Vale a pena pagar esse preço?

“E fazer o quê? Ficar com Kadafi, com Assad, com esses monstros?” Vênia máxima, a pergunta está errada. De uma coisa, estou convicto: não vale a pena fazer nenhuma forma de acordo com os terroristas, especialmente quando não se tem nada planejado para a etapa seguinte.

Kadafi, depois de ter deixado de praticar, ele próprio, atos terroristas, mantinha a cachorrada da Al Qaeda na coleira. Ninguém precisava chamá-lo de “amigo e irmão”, como fez Lula. O que não é aceitável é que aquelas vastas solidões da Líbia, da Argélia, de Níger, do Mali, do Chade tenham se convertido em área de livre trânsito do terror.

Os obamistas e sua determinação de ver o mundo como ele não é digam o que quiserem. O fato é que Obama começou o seu mandato, em 2008, com o Oriente Médio e adjacências conflagrados. Quatro anos depois, o status da região não mudou — em muitos aspectos, piorou, porque ainda mais hostil ao Ocidente e a Israel —, e agora é o Norte da África que se vê às voltas com as milícias assassinas que já eram rotina no Sudão. Com uma diferença, no entanto: as de agora estão ligadas à “rede”.

Ah, sim: desta vez, “Jorjibúxi” e os republicanos não têm nada com isso. Não adianta o Jabor insistir…

Por Reinaldo Azevedo

 

Uma boa notícia – Especialistas não veem chavismo sem Chávez

Cecília Araújo e Gabriela Loureiro, na VEJA.com:

Ao longo de seus 14 anos no poder, Hugo Chávez se esforçou para ampliar o alcance de sua ‘revolução bolivariana’ para outros países da América Latina. O processo de convencimento foi financiado pelos petrodólares e barris de petróleo distribuídos pela Venezuela a países aliados. Alguns dos que se alinharam à cartilha do caudilho se apresentam como herdeiros de seu legado, mas não têm as características que tornaram Chávez a tradução do movimento.

“Não há um líder latino-americano com a visão, o carisma, a capacidade de liderança e os recursos financeiros necessários para efetivamente substituir Chávez. Os remanescentes do movimento bolivariano podem continuar a viver, mas a morte de Chávez significa a morte efetiva do movimento bolivariano como uma força de destaque na região”, avalia Mark Jones, professor de ciências políticas da Universidade Rice, no Texas.

A combinação do carisma de Chávez com a distribuição de benesses, expropriação de empresas, perseguição a dissidentes e sufocamento da imprensa independente pavimentaram o caminho do bolivarianismo pela América Latina. Chávez instituiu um sistema na Venezuela que promove eleições diretas, mas usa indiscriminadamente a máquina a favor do chavismo e ignora resultados desfavoráveis, com manobras para revertê-los a favor do governo.

Entre os seguidores mais proeminentes estão Rafael Correa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia. A proximidade entre Chávez e os irmãos Fidel e Raúl Castro também é notável e justificável pelo financiamento venezuelano a Cuba – enquanto o socialismo da ilha serve de inspiração declarada para o caudilho. Nenhum dos aliados deve ter força para dar sequência à campanha pró-bolivarianismo na região. “Assim como Chávez, Correa é um crítico ferrenho dos Estados Unidos e defensor descarado do governo castrista em Cuba. No entanto, sua figura está longe de ter o mesmo impacto que a de Chávez na região, enquanto os irmãos Castro estão muito ocupados com a transição cubana”, diz Eric Farnsworth, vice-presidente da Washington Office of Americas Society/Council of the Americas.

Obstáculos internos
Se regionalmente não há uma figura que atenda aos requisitos necessários para manter o legado da ‘revolução bolivariana’, o sucessor de Chávez na Venezuela também terá dificuldades de dar continuidade ao modelo imposto pelo coronel. Um dos entraves deverá ser a economia, que demandará mais atenção internamente do que os repasses aos aliados regionais. “Provavelmente, a assistência estrangeira ilimitada para os países amigos terá que acabar ou pelo menos ser abrandada. E isso fará com que seja mais difícil para esses aliados seguirem a Venezuela de forma acrítica, como vêm fazendo”, avalia Farnsworth.

Para Mark Jones, mesmo os problemas de saúde de Chávez já vinham enfraquecendo o movimento bolivariano na América Latina. “A necessidade de Chávez de concentrar sua energia e atenção em sua própria saúde, ao mesmo tempo em que a economia venezuelana se enfraquece mais e mais, reduziu significativamente a sua capacidade de apoiar o movimento bolivariano para além das fronteiras da Venezuela”.

Discurso fantasma
Outro problema é a ausência física de Chávez na Venezuela, que obriga o vice, Nicolás Maduro, a sempre pontuar que o comando ainda está nas mãos do coronel, mesmo a distância – uma tentativa de convencer o mundo e, principalmente, os venezuelanos. A celebração do “juramento simbólico” em Caracas, no dia 10, começou com uma gravação da voz do ditador cantando o hino nacional. Presidentes amigos, como foram classificados por Maduro, acompanharam o evento: Morales, Daniel Ortega, da Nicarágua, e José Mujica, do Uruguai. Por enquanto (e não se sabe por quanto tempo), o chavismo tenta passar a impressão de que Chávez está atento a tudo, a par de tudo, mesmo internado em Havana, enfrentando um complicado período pós-operatório depois de submeter-se a quarta cirurgia para combater um câncer. 

Para os possíveis sucessores, imitar o estilo de Chávez é muito difícil. O professor Ricardo Gualda, estudioso da estratégia de comunicação do coronel, destaca que Chávez construiu um discurso radical antielitista muito didático e muito emotivo, direcionado a grupos específicos. Essa fórmula foi repetida incessantemente ao longo dos anos. “O Chávez aparece muito. Ele entra em cadeia nacional o tempo inteiro e fala durante horas, tem uma estratégia de comunicação bastante presente na vida das pessoas. Ele entende muito bem o público dele”.

Manter o doutrinamento da população sem a onipresença do mandatário será mais um desafio para seus sucessores. Mas, apesar da tese da “continuidade administrativa” defendida pelo Supremo Tribunal de Justiça para dispensar a posse de Chávez, prevista na Constituição para o dia 10 de janeiro, os sucessores estão despreparados para a “continuidade do discurso” chavista. “Chávez se rodeou de pessoas muito fracas. Criou uma burocracia pouco preparada, pouco efetiva e incapaz, mas com pessoas muito leais”.

Gualdo aponta limitações também para o discurso oposicionista, neste momento de incertezas sobre o real estado de saúde do mandatário. “A oposição está numa saia justa, pois tem que mostrar solidariedade e se mostrar sincera. Eles (opositores) estão certos em falar em constitucionalidade, mas ter essa briga enquanto o outro está agonizando é muito difícil. Como você fala isso para as pessoas que estão fazendo vigília nas ruas?”

Por Reinaldo Azevedo

 

Crack e internação involuntária: SP avança contra a imprensa do miolo mole, o PT e setores ideologizados do Ministério Público e da Defensoria

Teve início nesta segunda, em São Paulo, o processo de internação involuntária ou compulsória dos viciados em crack. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) deu consequência a uma lei que já existe. E fez a coisa a certa: chamou a Justiça, o Ministério Público e a OAB para participar do processo. É claro que a questão é delicada. Leiam o que informa a VEJA.com. Volto em seguida.

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Começa nesta segunda-feira em São Paulo a internação compulsória de usuários de drogas. Um plantão judiciário será instalado na região apelidada de Cracolândia, no centro da capital paulista. A junta jurídica será responsável por analisar casos de internação involuntária (com consentimento da família) ou compulsória (sem necessidade de autorização de parentes) de dependentes químicos que forem levados ao Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), na Rua Prates, no centro. O atendimento será das 9h às 13h.

Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o objetivo da medida é proporcionar o tratamento dos casos mais graves de dependência química. “É um trabalho de internação involuntária para casos mais graves, que comprometem a vida e a saúde das pessoas. Já vai ter no Cratod o juiz, o promotor e o advogado. Acho que estamos avançando (no combate ao crack)”, disse Alckmin no início deste mês.

O acordo entre governo do estado, Tribunal de Justiça, Ministério Público e Ordem dos Advogados do Brasil foi firmado no dia 11 de janeiro. O programa vale apenas para dependentes químicos com estado de saúde considerado grave e sem consciência de seus atos atestada por psiquiatra. “Não é um projeto higienista nem de internação em massa”?, disse a secretária Eloísa de Souza Arruda, na assinatura dos convênios.

Voltei
Opor-se à internação involuntária ou compulsória dos viciados é uma espécie de exercício da crueldade que enverga as vestes do discurso da liberdade. Ainda que se concorde com Camus, no livro “O Mito de Sísifo”, que o suicídio é a única questão filosófica relevante — e que, pois, reconheçamos o direito que todo homem tem de se matar (ainda que não deva; é bom lembrar que o filósofo recusa essa saída) —, cumpre perguntar: os viciados em crack que estarão sujeitos a esses procedimentos podem escolher?

Atenção, meus caros! Essas pessoas perderam até mesmo a condição de escolher a morte. Não estão se matando precocemente porque querem; morrem de um modo patético, consumindo-se em praça pública, porque nada lhes restou de seu: foram-se os pertences e também a dignidade, a escolha, a liberdade, o senso de individualidade e de justiça. Todos aqueles valores subjetivos que fazem de um homem um homem se perderam na fumaça do crack.

Fazer o quê? São, antes de mais nada, um risco para si mesmas, mas também representam um risco para terceiros, à medida que compõem comunidades que, de fato, são hordas de zumbis com um único propósito: conseguir ainda mais droga.

Ideologia e canalhice moral
Chega-se ao processo de internação involuntária — no Rio, aplica-se só para crianças — depois de Prefeitura e governo de São Paulo terem tido a coragem de intervir na Cracolância. Teve início, então, um debate nacional. Embora, por óbvio, a esmagadora maioria dos paulistas e paulistanos tenha sido favorável à medida, ela foi posta em prática contra a militância de setores da imprensa, da Defensoria Pública e do Ministério Público. E, era fatal!, os petistas também fizeram um grande escarcéu. Compareceu ao debate, entre outros, aquele que não poderia faltar: padre Júlio Lancelotti, com o que chamo a “Teologia da Miséria Moral” convertida em redenção dos oprimidos.

Há dias, ao assumir a pasta dos Direitos Humanos na Prefeitura, Rogério Sotilli ainda aproveitou para fazer proselitismo contra a internação, no que foi seguido pelo Coxinha, o prefeito Fernando Haddad. Há, sim, um fundo ideológico nisso, mas é certo que os petistas são contra a ação porque, afinal, é “coisa dos tucanos”. Não custa lembrar que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, já defendeu o procedimento.

Há mais: a internação mexe também com um dos lobbies mais fortes e organizados no Brasil: o daquela minoria que defende a legalização das drogas. Mas trato disso no próximo post.

Que a internação involuntária ou compulsória realmente funcione em São Paulo. Para salvar vidas e para melhorar as cidades. Não custa lembrar que o programa de combate ao crack é mais um dos tiros n’água do governo Dilma. A promessa solene feita pela então candidata mal saiu, ou vai sair, do papel. Haverá uma meia dúzia de convênios só para provar aos empiristas empedernidos que o programa existe.

Por Reinaldo Azevedo

 

As drogas e os ditos “progressistas”

A internação involuntária de viciados em crack expõe o fundo falso da tese daqueles que defendem a legalização — ou descriminação; nesse caso, tanto faz — das drogas. A questão é simples e objetiva: se se considera que o que chamam “liberdade de escolha” é o melhor caminho no caso da maconha, por exemplo, por que seria diferente com o crack? Os que vão às ruas marchar em defesa da erva poderiam tentar responder à questão. Mas não vão porque ficam com preguiça, acho…

Os defensores da maconha sempre foram muito hábeis no esforço de converter o seu vício ou o seu gosto num, sei lá como chamar, “direito fundamental” ou “exercício da liberdade individual”.

Ora, ninguém lhes tira o direito de consumir substâncias que podem lhes trazer danos. Continuam livres para isso — e há centenas de substâncias legais potencialmente danosas. No caso das drogas ilícitas, a sociedade escolheu um caminho que considera, atenção para isto!, mais seguro para ela, não para os consumidores individuais disso ou daquilo. “Mas a repressão também gera dificuldades…” Eu sei. Não há escolha que se possa fazer sem efeitos colaterais indesejados — nesse assunto ou em qualquer outro. O mundo sem óbices e dificuldades, leitor, é aquele dos seus devaneios; é um exercício solitário e incompartilhável.

O crack, porque se transformou na droga dos miseráveis, foi, na prática, legalizado. Seu consumo, na maioria das cidades brasileiras, se dá a céu aberto e sem repressão. Chegamos ao que se vê por aí. E assim é mesmo havendo uma forte interdição que é mais de caráter social e moral do que propriamente policial. Dá para imaginar como seria uma sociedade em que o consumo fosse livre. Aí um poeta ou outro do absurdo imagina: “É preciso descriminar o consumo, mas reprimir o tráfico…”. Entendo: querem liberar a demanda, mas restringir a oferta. No máximo, vão provocar inflação no setor…

Os ditos progressistas submeteram essa questão a uma inversão moral, coisa em que são especialistas. O drogado se tornou um “agente de direitos” como drogado. Ora, é claro que o assistem as garantias de que gozam os demais homens, mas não como membro de uma categoria apartada da sociedade. Um programa como a internação involuntária ou compulsória já implica um custo adicional para os demais indivíduos. Será sustentado com recursos púbicos, oriundos dos impostos dos que trabalham e produzem. A sociedade lhe dá, pois, suplementarmente a chance de se tratar, mas não está obrigada a ceder a reivindicações que potencialmente a destroem. “Mas destroem mesmo?” A resposta está nas áreas das cidades brasileiras que foram privatizadas pelo crack.

Código Penal
A questão das drogas, desafortunadamente, se transformou num dos modos, deixem-me ver como escrever, da “luta contra o estado burguês” e “contra o império americano” (que estaria na origem da atual política de combate ao tráfico), embora seja uma causa levada adiante, no mais das vezes, por beneficiários do “estado burguês”… Ou alguém já viu um movimento de mães da periferia de São Paulo ou das favelas do Rio (em carioquês, diz-se “comunidade”…) em defesa da descriminação das drogas? Ora… Passeatas com esse conteúdo se fazem na Avenida Paulista e em Copacabana, não no Capão Redondo ou em Duque de Caxias…

Há, assim, uma mistura de exacerbação do discurso da liberdade individual com um eco, santo Deus!, da luta de classes e do combate ao imperialismo. Trata-se de uma salada aloprada de conceitos. Já sou velho. Tenho 51 anos. Sou do tempo em que as esquerdas combatiam as drogas porque entorpeciam a consciência… Ainda que parecesse improvável ou impossível, as esquerdas pioraram muito…

Na era, no entanto, em que cada minoria acredita que pode impor aos outros as suas necessidades, reivindicando direitos especiais e reparações, também as drogas viraram objeto de militância. E esses militantes conseguiram vender a sua tese vagabunda. Aquela comissão de juristas que elaborou a estúpida proposta de reforma do Código Penal que está no Senado não fez por menos: além de propor a descriminação do consumo DE QUALQUER SUBSTÂNCIA, resolveu estabelecer um limite a partir do qual estaria caracterizado o tráfico. Quem portasse o suficiente para cinco dias de uso próprio não seria importunado pela polícia. Ora, para tanto, seria preciso definir a unidade, certo?, quanto se considera normal consumir em um dia… Quanto? Ah, não sei! Aí, creio, seria preciso criar uma nova estatal: uma Drogobras ou uma Anardroga (Agência Nacional de Regulação das Drogas). Depois de se indicarem uns “companheiros” para cargos de confiança, chegar-se-ia a esse quantum…

Bem, tudo muito compreensível. É a mesma turma (seus absurdos estão aqui) que decidiu que abandonar um cachorro é pior do que abandonar uma criança…

Por Reinaldo Azevedo

 

A perversão da religião – A estupidez de dois padres

Leio no Globo que o padre Julio Lancelotti — e um outro que pretende, pelo visto, disputar com ele o bastão — protestou contra o programa do governo de São Paulo que permite a internação compulsória de viciados em crack, com a autorização da família ou a determinação de um juiz. O Ministério Público, a Justiça de São Paulo e a OAB acompanham a ação.

Leiam o que informa Gustavo Uribe. Volto mais tarde para perguntar em que altar se ajoelha esse tal Lancelloti. E não adianta ele me demonizar por aí porque não dou a mínima. Não acredito em praga de padre.

O programa de internações involuntárias de dependentes químicos em São Paulo começou com protestos, nesta segunda-feira. Com cartazes que traziam inscrições como “somos contra políticas higienistas” e “usuário não se prende”, um grupo de 40 pessoas, ligados a movimentos sociais e entidades religiosas, fizeram uma manifestação em frente ao Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas (Cratod), no centro da capital.

Os manifestantes cobram do governo de São Paulo uma política humanitária no combate às drogas e avaliam que a internação compulsória não é eficaz no tratamento de dependentes químicos.

O padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo de Rua, considera que a iniciativa do governo estadual é “drástica” e não eficaz. Segundo ele, o governo de São paulo deveria colocar assistentes sociais e psiquiatras nas periferias de São Paulo, e não concentrar o atendimento em um único centro de referência.

“Há uma carência de atendimento social na cidade. Essa é uma medida drástica e bombástica, que quer facilitar algo que é ineficaz”, criticou o padre.

O padre Raniel, da Fraternidade do Caminho, considera que a medida é opressora e atenta contra a dignidade do dependente químico e o seu livre arbítrio. Para ele, é necessário dar o poder de escolha ao dependente químico.

“A igreja quer respeitar a dignidade do ser humano. Que ele tenha o poder de escolha, que ele possa se recuperar da dependência química”, afirmou o padre Raniel.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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2 comentários

  • Maurício Carvalho Pinheiro São Paulo - SP

    Pondo as coisas no lugar: 1 - Pesquisas que entrevistam 2.000 pessoas num país de 189 milhões são no minimo mal feitas. Sem valor real nenhum. Compradas ou encomendadas então, muito pior !! Cacareco foi muito popular !!A Erundina ganhou a prefeitura em Sampa com voto Cacareco ou desabafo, como se queira. Lula, também adicionado de promessas e mentiras que sabia que não cumpriria nem desejava. Só queria ganhar a eleição para massagear o ego.

    2 - A incompetencia desse grupo é incomensurável.

    3 - O que o "cara" tem para ensinar ? A desviar ? Citem algum programa verdadeiro que se iniciou e terminou nesse governo do PT ? Incluindo aí a participação do poste, gerentona, mães do Pac, etc., durante 8 anos como Ministra da Casa Civil, Casa da Mãe Joana, Chefe do Conselho (?) de Energia e da Petrocabide; e agora já a quase 2 anos sózinha ???

    Só tem furo e noticia ruim na midia !!! Atrasos, comedeiras, Superfaturamento e super incompentencia. Acho que vão precisar de 300 anos para fazer alguma coisa terminável e bem feita. Também eleição com 70% dos eleitores sem saberem nem escrever e nem assinar seu próprio nome, muito menos escolher quem é o melhor só pode dar em m..... ou naquilo !!! Elegem um intestino grosso aqui e acolá donde só sai o que ???

    4 - O ministro da Defesa, o companheiro de folguedos do Midas da Sujeira, pelo mundo todo no Aerolula, a fazer outras molecagens, como a compra dos Rafalle (onde está a "comissão" e quem vai receber ou recebeu ?)

    5 - Na economia e na midia, ao contrário das variaveis que compoem de verdade a Oferta e a Demanda, só existem duas no país, Juros e Inflação, uma caixinha de ferraments bem vagaba.

    6 - O país está igualzinho a Venezuela, uma m.... !!

    7 - E o mais engraçado, se não fosse terrível, é que o PT após esse 10 anos de governo não consegui levantar nem 1/2 duzia de "mal-feitos" do PSDB e oposição, enquanto do lado dêle o que tem se verificado de "proezas" é incontável e quase diário !!! A hora que os 70% de semianalfas que votam por obrigação e Esmolas se der conta de como foi enganado vão destroçar o que resta do país !!!!! O Lula que se cuide para não servir de Judas de pano de Sábados de Aleluia. A enganada e butoxada esposa e seu neto já tem passaporte italiano. Só falta o Midas sair correndo e se esconder na Venezuela ou Irã e alegar estar sendo perseguido "politicamernte" quando a m... entupir o país !!!!!

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  • Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR

    troféu corupsão chaves no cemiterio acho que as coisas vão comesar a melhorar ta na hora gente

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