Instituto Lula em SP é ocupado por assentados ameaçados de despejo

Publicado em 23/01/2013 15:53 e atualizado em 17/05/2013 16:46
por Reinaldo Azevedo, de veja.com.br

Cuidado, leitores! Uma ONG pretende estatizar seus filhos porque acha que você é idiota demais para educá-los

Já escrevi alguns textos tratando dos delírios totalitários de uma ONG chamada Instituto Alana, que se propõe a defender os direitos da criança. Se há coisa que não falta no país, como se sabe, é infante maltratado. A Alana, no entanto, não parece especialmente preocupada com a criança de rua, com a precariedade das escolas, com o trabalho infantil e tal. Nada disso! Sua obsessão é impedir que o capitalismo perverta a mente dos inocentes, incitando-os ao consumo irresponsável, o que poderia ser prejudicial à sua saúde. Huuummm…

A entidade está há muito tempo numa cruzada que busca, vejam que mimo!, proibir a veiculação de publicidade de alimentos “pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio no rádio e na TV” entre as 6h e as 21h. Só isso! Assim, nesse intervalo, só poderiam ser veiculados anúncios de espinafre, abobrinha, ricota e, creio, óleo de fígado de bacalhau, que me rendeu, na infância, golfadas épicas. Eu tinha bronquite, e alguém assegurou que a Emulsão Scott “fortalecia os pulmões”… O rótulo continua o mesmo. É o único bacalhau com cabeça que se conhece no mundo…

Mas atenção! Nada de dar um brinquedinho para estimular a criança a tomar aquele troço. A Alana também é contra porque seria antiético associar o regalo ao alimento. Essa história da colher de mingau com “olha o aviãozinho”, leitor amigo, é uma forma de perverter as crianças.

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou dois projetos de lei que fazem justamente isto: um restringe a propaganda nos alimentos pobres em nutrientes, e outro proíbe os brindes — suspeito que, se aprovados, o Kinder Ovo terá de sumir das prateleiras do Estado, e os ovos de Páscoa serão recheados com trechos dos diários de Che Guevara…

Ontem, representantes da Alana estiveram no Palácio dos Bandeirantes para pedir que o governador Geraldo Alckmin sancione as duas leis — o que, obviamente, ele não pode fazer porque se trata de duas flagrantes inconstitucionalidades. A regulação da propaganda é de competência federal. Foram recebidos pelo secretário estadual da Casa Civil, Edson Aparecido. Leio na Folha o que diz o secretário:
“A equipe técnica ouve todo mundo, e tem que ter uma análise constitucional, jurídica. Colocamos toda a equipe para analisar, ver o que aconteceu em outros Estados e países. O mais importante é que o governo se abriu pra debater a matéria”.

Entendo a fala de Aparecido, especialmente nestes tempos em que há tantas pessoas querendo ajudar a velhinha a atravessar a rua, ainda que ela não queira… Mas noto que nem toda matéria é passível de debate, especialmente aquelas que afrontam de maneira tão flagrante a Constituição. O Artigo 220 da Carta é claro como a luz do dia — reproduzo em azul:
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
(…)
§ 3º – Compete à lei federal:
I – regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
§ 4º – A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

Retomo
As leis aprovadas pela Assembleia Legislativa são inconstitucionais, e chega a ser ridículo que a Alana vá ao Palácio dos Bandeirantes reivindicar que o governador jogue a Constituição no lixo.

E há, obviamente, a questão de mérito. Entregue o país para ser governado por engenheiros segundo os fundamentos da engenharia, e teremos uma ditadura. Entregue o país para ser governado por médicos segundo os fundamentos da medicina, e teremos uma ditadura. Entregue o país para ser governado por jornalistas segundo os fundamentos do jornalismo, e teremos uma ditadura… Felizmente, o gênio humano criou — vejam que coisa! — a política e os políticos, que representam, nas democracias, uma média e um equilíbrio das vontades.

As duas leis aprovadas na Assembleia e a Alana estão querendo estatizar as nossas crianças, tirando dos pais o poder e o direito de decidir o que seus filhos veem ou não na televisão. Mais ainda: cabe a eles decidir o que compram ou não para suas crianças. Não precisamos de um estado babá para cuidar desses assuntos. Uma coisa é reivindicar, e eu apoio, que os produtos tragam de forma visível, em letra legível, a sua composição, teor de gordura, de açúcar, de sódio etc. Outra, distinta, é o poder público atuar como censor.

Fiquem atentos: os mesmos “progressistas” que tratam com simpatia a censura à propaganda de biscoito costumam defender a descriminação das drogas.  Ainda vamos liberar a venda de maconha e proibir a de chocolate…

Encerrando
Se a proposta da Alana um dia virasse uma lei federal — e todo cuidado é pouco —, a própria liberdade de expressão estaria em risco. Por que não proibir a propaganda de produtos poluidores como os carros, por exemplo? Ou dos que exploram a “usura”, como os bancos? Ou dos que investem no medo do futuro — os planos de previdência e seguro-saúde? Depois de algum tempo, restaria só a propaganda oficial. Seria a morte da liberdade de opinião e de expressão. É a publicidade que financia a pluralidade da imprensa. Não por acaso, veículos que dependem de estatais para sobreviver rastejam por aí a sua subserviência.

Isso tudo é tara autoritária. É saudável que se discuta, sim, a ética na publicidade — para crianças ou adultos. Mas não precisamos da Alana ou do Estado como babás. As famílias cuidam de seus respectivos filhos, e a sociedade cobra do setor publicitário a auto-regulação.

Agradeço o esforço da Alana, tão preocupada com a gente e com nossos filhos. Mas que vá vender sua cantilena autoritária em outra freguesia. Quem lhe conferiu licença para ser polícia da publicidade, de nossa consciência e de nossos lares? Por que não troca sua obsessão autoritária por uma criança pobre?

Por Reinaldo Azevedo

 

Dois dias bastaram para provar que os poetas do crack estavam obviamente errados

Escrevi aqui alguns textos sobre a reação estúpida de setores da imprensa e dos politicamente corretos à decisão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de dar eficácia à lei que permite a internação involuntária ou forçada de viciados. Pois é… Leio na Folha as informações que seguem. Volto depois.

A procura por internações de dependentes químicos surpreendeu o governo Geraldo Alckmin (PSDB), que foi obrigado a ampliar a estrutura de atendimento dois dias após o início do programa de internação compulsória. Até a próxima semana, novos funcionários serão deslocados para o Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas), no Bom Retiro, e uma central telefônica que recebe ligações gratuitas será criada para esclarecer dúvidas de parentes de viciados. Além disso, serão contratados 66 novos leitos específicos para esse público. O anúncio foi feito ontem pelo governador e pelo secretário da Saúde, Giovanni Guido Cerri, após visitar o local. O Cratod reúne médicos, juízes, promotores e defensores públicos, que analisam a situação do dependente e decidem pela internação.

Embora o objetivo fosse facilitar as internações compulsórias, quando o viciado vai para tratamento sem consentimento próprio ou da família, o Cratod atraiu inúmeros parentes e até mesmo usuários em busca de ajuda. “Houve uma corrida pela internação”, disse Alckmin. Nos três primeiros dias do plantão judicial que avalia a necessidade de fazer internações compulsórias, os funcionários do Cratod atenderam ao todo 127 pessoas -entre dependentes e parentes. Antes, eram atendidos em média quatro pacientes ao dia.

Do total de atendimentos, 18 pessoas foram internadas. Apenas uma dessas internações foi compulsória, três foram involuntárias e 14, voluntárias. Ao menos dois desses casos entraram no sistema à força, levados por parentes, mas acabaram convencidos pelos médicos que precisavam de tratamento.
(…)

Voltei
Quem sofre busca consolo e resposta para as suas angústias. A demanda por internação está na sociedade, ainda que alguns líricos do crack — e, a rigor, de todas as drogas — tenham tentado tratar um programa correto, cercado de todos os cuidados, como evidência de autoritarismo. Já abordei essa vigarice aqui.

Ao contrário: estamos é diante de um estado generoso como jamais. Se o viciado que requer internação perdeu o controle da vontade, é certo que, inicialmente, fez uma escolha tragicamente errada, pela qual, a rigor, deveria ser o responsável. Em vez disso, será sustentado e tratado pelos “caretas” que trabalham e recolhem impostos.

Corrijo-me então: generoso não é o estado; generosos são os brasileiros que o sustentam. Mas também não parece haver  alternativa. Os viciados em crack não são, hoje em dia, apenas um problema para si mesmos e para suas respectivas famílias. Tornaram-se uma chaga social.

Assim, quando os poetas das drogas começam com a sua cantilena em favor da descriminação, alegando que se trata de uma escolha individual, cumpre lembrar que o custo é obviamente social.

Por Reinaldo Azevedo

 

Congresso eleva teto da dívida e dá três meses de folga a Obama

Na VEJA.com:
O presidente Barack Obama conseguiu uma vitória importante dois dias após a posse de seu segundo mandato: a Câmara dos Representantes aprovou a elevação do limite de endividamento federal até 19 de maio. A vitória é parcial, mas deve ser vista como um caminho para o entendimento entre republicanos e democratas. A aprovação da extensão é um indicativo de que os líderes dos dois partidos no Senado devem apoiar a decisão. O projeto foi aprovado por 285 votos a favor e 144 votos contra, distribuídos de maneira geral com a composição partidária da casa. Muitos democratas opuseram-se à natureza de curto prazo da extensão.

A medida não incluiu os cortes orçamentários de 2,2 trilhões de dólares em um período de 10 anos que os republicanos insistiam em inserir no mesmo pacote de votações, como uma espécie de condição para a aprovação do aumento do teto da dívida.  O documento aprovado pela Câmara prevê, no entanto, que o pagamento do salário dos deputados seja vetado se alguma das comissões do Congresso não conseguir aprovar o projeto de Orçamento até o dia 15 de abril – este sim, envolvendo a votação dos cortes de gastos. “É simples: sem Orçamento, sem pagamento”, disse o presidente da Câmara, o republicano John Boehner. 

Segundo o jornal The New York Times, a legislação que prevê o aumento do teto da dívida simplesmente bloqueará os salários dos deputados até que o projeto de Orçamento passe, independentemente de haver um acordo entre republicanos e democratas, ou não.

Por Reinaldo Azevedo

 

O MST, pelego que é, não apoia “ocupação” do golpista Instituto Lula por assentados. Ou: Finalmente, uma área realmente improdutiva é ocupada

Moradores do assentamento Milton Santos, que fica entre Americana e Cosmópolis, no interior de São Paulo, resolveram invadir… Ooops! Eles resolveram “ocupar” — é o verbo politicamente correto — a sede do Instituto Lula, no centro de São Paulo. Tão logo fiquei sabendo da notícia, pensei o óbvio: “Finalmente o MST invade uma área realmente improdutiva”. Como, que se saiba, não existem pés de jabuticaba no Instituto Lula, a única coisa realmente nativa que se produz por ali é besteira. Mas eu estava enganado, e não se está noticiando por aí um fato realmente encantador: O MST NÃO ESTÁ APOIANDO ESSA OCUPAÇÃO. Ao contrário! Os pelegos emitiram uma nota em seu site oficial deixando claro que estão fora dessa. Lê-se lá: “Os protestos organizado pelo MST têm como orientação geral denunciar os verdadeiros inimigos da reforma agrária, como o agronegócio, o latifúndio, o Poder Judiciário e a imprensa burguesa e pressionar os órgãos de Estado para que façam a Reforma Agrária.”

Entenderam?  Sigamos.

Decisão judicial determinou que os assentados — sim, eles já foram assentados pelo Incra — deixem a área. A terra pertencia ao grupo Abdalla e foi tomada pela União em razão de dívidas com o INSS. A decisão foi revertida na Justiça, e daí se criou a confusão. Muito bem! Ações judiciais têm de ser cumpridas. Se um juiz determina que a Polícia Militar realize a desocupação e se esta se nega a fazê-lo — ou o governador de Estado —, os responsáveis pela negativa podem ir em cana. Qual é a saída?

Os moradores do assentamento Milton Santos reivindicam que o governo federal faça o óbvio: que desaproprie a área, o que está a seu alcance. A rigor, é o que ele poderia ter feito no caso do Pinheirinho, por exemplo — lembram-se dele? Em vez de aquele amigo esquisitão de Gilberto Carvalho ir lá fazer proselitismo e incitar à violência, Lula poderia, então, como presidente, ter desapropriado o terreno. Mas não se fez isso.

Por que os assentados invadem o Instituto Lula? Ora, fomos informados há três dias que é ali que se decidem realmente os destinos da nação — segundo os petistas ao menos. Foi no instituto que amigos do Apedeuta anunciaram um golpe de estado: Lula vai surrupiar de Dilma a condução da política e as negociações com o Congresso. Se o Babalorixá de Banânia pode ser o intermediário nas negociações com o Parlamento, também pode sê-lo em casos assim. Depois do golpe dado, o instituto deve ser uma espécie de centro de peregrinação — e, claro!, ocupação — de todos os descontentes do país. Se a APUE (Associação dos Portadores de Unha Encravada) tem algo a reivindicar do Poder Público, já sabe o endereço.

Os moradores do Milton Santos prometem sair do local só quando houver o decreto de desapropriação. Sem o apoio de ninguém e discretamente hostilizados pelo MST, duvido que resistam tanto. Mas puseram o dedo na ferida: o governo federal tem como resolver essa história com um simples decreto. Mas é bem possível que alguns espertalhões prefiram que a PM seja obrigada a agir — não pode resistir a uma decisão judicial — para que se possa jogar a culpa nas costas do tucano. Aí os inefáveis Gilberto Carvalho, Maria do Rosário e José Eduardo Cardozo podem vir a público para verter suas lágrimas caridosas.

Quanto ao MST, dizer o quê? O peleguismo inflamado consegue ser ainda mais asqueroso do que o outro, que se permite ser cavalgado sem disfarces.

Por Reinaldo Azevedo

 

Homem de Lula diz que instituto não vai interferir em favor de assentados porque é assunto de governo. Sei… E aquele golpezinho dado pelo Apedeuta?

É realmente fabuloso! Luiz Dulci, ex-ministro de Lula e um dos chefões do instituto que leva o nome do Apedeuta, afirmou que a entidade não vai interferir em favor dos assentados que invadiram a entidade. Leio na Folha Online suas declarações:

“Esperamos que o movimento entenda que, se queria dar visibilidade à causa, talvez já tenha conseguido. Mas o instituto não interfere em decisões de governo. Não só nesta área como em nenhuma outra”.

“Não faz sentido ocupar o Instituto Lula porque não é uma decisão que possa ser tomada. O instituto não vai interferir, já que a negociação está aberta e os órgãos competentes estão atuando e empenhados em resolver a questão.”

Didi Mocó perguntaria: “Cuma, inselença?”. O instituto “não interfere em decisões de governo?” Há dois dias, Luiz Dulci foi um dos homens de Lula que anunciaram que o poderoso chefão assumiria a coordenação política do governo. E o fizeram à revelia do Planalto, que não disse nada até agora. Assim, não só o instituto “interfere” como, na prática, decidiu SER o governo.

Ora, ora… Se a solução do conflito dependesse de alguma ação que pudesse ser tomada pelo governo do estado, alguém dúvida de que esses valentes se apresentariam como intermediários da causa? Hipocrisia pouca é bobagem.

Os ocupantes do Instituto Lula divulgaram a seguinte carta:
Chegamos a uma situação limite.

Somos 68 famílias que, depois de anos e anos de luta, fomos assentadas num terreno de 104 hectares localizado entre os municípios de Americana e Cosmópolis. Este terreno pertenceu à família Abdalla, ricos empresários que perderam o a área durante a ditadura militar por dívidas trabalhistas.

Em 2006, o presidente Lula e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nos instalaram no Sítio Boa Vista. Desde então, para a consolidação deste assentamento, depositamos tudo o que tínhamos: nosso trabalho e nossa vida na produção de alimentos saudáveis, sem o uso de agrotóxicos. Passamos por inúmeras dificuldades para produzir. Mesmo assim, passo a passo, conseguimos estabelecer parcerias com mais de 40 entidades e escolas através do Programa Doação Simultânea. E, hoje, temos orgulho de dizer que somos uma comunidade que fornece mais de 300 toneladas de alimentos para a região metropolitana de Campinas.

Após consolidarmos nossas vidas nesta terra com o suor de anos de trabalho e dedicação, recebemos em maio de 2012 a notícia de que a família Abdalla, aliando-se à Usina Ester, havia recuperado as terras na justiça e ganho o seu direito de posse. A justiça federal, então, emitiu um aviso ao INCRA de que deveríamos ser retirados em prazo determinado, caso contrário, haveria a reintegração de posse do terreno.

O INCRA moveu vários recursos em vão. Realizamos audiências com os representantes do órgão, que afirmavam que não sairíamos do assentamento e que, se fosse preciso, seria assinado o decreto de desapropriação por interesse social. Fizemos reunião com representantes do governo federal; e estes também garantiram que o problema seria resolvido, sem que precisássemos deixar nossas casas. No entanto, o tempo passou e nada mudou. Ao contrário, para a nossa aflição, aproxima-se a data em que assistiremos à destruição do esforço de toda uma vida: nossas casas, nossas plantações, nossos sonhos.

Sabemos que todas as possibilidades jurídicas já foram esgotadas e que o destino de nossas famílias depende, isto sim, da vontade política de quem pode decidir. Também sabemos que não nos resta outra alternativa senão um grito de apelo.

Lembramos que há exatamente um ano, em um quadro bastante semelhante, 1600 famílias foram brutalmente despejadas da área do Pinheirinho. Um representante político como Lula, que agora tem a honra de batizar uma instituição que zela pelo “exercício pleno da democracia e a inclusão social”, não pode permitir que uma situação dessas se repita.

Lula foi o Presidente da República que, em 2006, assinou a concessão do terreno do Assentamento Milton Santos para fins de reforma agrária. Todo processo ocorreu com o seu conhecimento e do órgão do governo federal responsável pelo assunto, o Incra.

Confiamos que o peso de sua figura política seja capaz de interceder em favor de nós, assentados, e estabelecer um diálogo mais direto com a presidente Dilma Rousseff, para que esta se disponha a nos receber pessoalmente em uma audiência e assine o decreto de desapropriação por interesse social.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lula mete o pé na porta de Dilma e anuncia golpe; chefão do PT exige o controle da base aliada e quer presidente como mera gerentona de novo. Ela vai aceitar o papel subalterno?

Um prepotente desocupado num ambiente doméstico ruim é a morada do capeta. O sujeito começa a cultivar ideias estranhas. É o caso de Luiz Inácio Lula da Silva, que deve andar tomando umas sovas de pau de macarrão de Marisa Letícia desde que explodiu o “Rosegate”. Consta que a ex-primeira-dama, e parece bastante razoável, não gostou de tudo o que a imprensa andou publicando a respeito das relações do marido com a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Nóvoa Noronha. E parece que gostou menos ainda do que a imprensa não andou publicando… O caso, com todos os seus aspectos, vamos dizer, fesceninos, é um emblema da arrogância de Lula e da sem-cerimônia com que ele mete os pés pelas mãos, não reconhecendo fronteiras entre o público e o privado, o decoroso e o indecoroso, o devido e o indevido para um, então, presidente da República. E ele não se emenda. E ele não aprende. Ontem, o Babalorixá de Banânia liderou um seminário sobre integração latino-americana, a que compareceram expoentes do governo Dilma, como o ministro megalonanico Celso Amorim (Defesa) e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Já seria despropósito bastante não fosse Lula quem é. A turma foi além e anunciou, sem nenhuma cerimônia, que Dilma, eleita pelo povo, foi expropriada de algumas de suas funções. Lula, o desocupado, decidiu inaugurar um novo regime de governo no país, que a gente poderia chamar de “Lulismo mitigado”.

Em que consistiria esse regime, ao menos segundo o que foi anunciado nesta segunda, como se fosse coisa corriqueira? Lula seria o coordenador político da base aliada e quem se encarregaria de todas as negociações com o Congresso. Na prática, passaria a ser o verdadeiro presidente da República, uma vez que as prioridades de um governo se definem é nesse ambiente. Dilma voltaria a ser, assim, apenas a gerentona, aquela que se encarrega das tarefas executivas. O noticiário político, mais uma vez, voltaria a girar em torno do “homem”, do “mito”…

O “anúncio” foi feito sem nenhuma cerimônia por Paulo Vannuchi, ex-ministro dos Direitos Humanos e um dos chefões do Instituto Lula: “Lula vai jogar toda sua energia para a manutenção e a consolidação da aliança. Fazer uma agenda de conversas, ver quais são as questões, onde estão as disputas, como fazer para compor as forças”. Ora, algo com essa importância requereria uma comunicação formal da própria Presidência da República; teria de ser feito necessariamente no ambiente do próprio governo, não num seminário liderado por um chefe de facção, ainda que estivessem presentes expoentes do primeiro escalão.

Entendam bem o que está em curso, ainda que a própria Dilma venha a público, a reboque dos fatos, para negá-lo: Lula está usando a força do seu partido e as interlocuções que mantém na base aliada para usurpar uma parcela de poder de Dilma. Luiz Dulci, outro ex-ministro e diretor do instituto emendou: “Ele [Lula] tem um papel político a cumprir na constituição da nossa base política e social para 2014″. Eis o homem que anunciou que seria um ex-presidente como nunca se viu na história destepaiz…

Lula não se conforma com a condição de ex-presidente da República. Só sabe ser chefe. Estava certo de que Dilma declinaria da disputa pela reeleição em seu favor. Achava e acha que ela lhe deve isso; que o protagonismo exercido até aqui já está de bom tamanho. Mais dois anos, e seria a hora da volta triunfal do Senhor das Esferas… Mas ela tomou gosto pela cadeira, conta com a aprovação da maioria dos brasileiros (e pouco importa se isso é justificado ou não) e é franca favorita na disputa de 2014. Tudo como Lula NÃO queria.

“Pô, Reinaldo, esse não pode ser um movimento combinado com Dilma?” Se esse absurdo prosperar, restará a ela dizer que sim, mas a resposta certa é uma só: “É claro que não houve combinação nenhuma”, ou o anúncio teria se dado de outra forma. O que os lulistas fizeram ontem foi meter o pé da porta de Dilma e dar um chega pra lá. Já que ela não abre mão da reeleição, terá de devolver a Lula o controle político do país.

É um momento delicado pra Dilma. É certo que ela governou nestes dois anos atendendo a muitos dos pleitos petistas. Mantém no governo alguns espiões de Lula e está ciente disso. Embora não seja uma figura importante ou querida no partido, comunga das ideias gerais do petismo e coisa e tal. É, sim, fiel a Lula, mas não foi mero títere do antecessor. Governou também com ideias próprias, não necessariamente boas — mas esses são outros quinhentos.

Lula se cansou dessa realidade e quer de volta o que acha que é seu por merecimento e direito divino: o comando político do país. A reivindicação atende a demandas rasas e profundas do seu caráter. Não concebe o país com outro governante que não ele próprio, enquanto vivo for. Considera-se, de fato, um iluminado e um evento único na história da humanidade. Essa é a dimensão profunda. Nas questões mais à flor da pele, está o seu inconformismo com o Rosegate, que já o fez dormir no sofá algumas vezes — e não no de sua casa… Ele acha que Dilma fez muito pouco para preservá-lo do que considera a maior fonte de desgaste pessoal desde que faz política. O que esperava? Não sei! Não custa lembrar que ele se opôs pessoalmente à demissão de todos os ministros flagrados com a boca na botija.

Dilma enfrenta a partir de agora o momento mais difícil de seu governo. Conforme o previsto, quem a está deixando em maus lençóis não é a oposição, mas Lula, talhado, desde sempre, para ser o maior desafio da presidente.

Dilma pode mobilizar a sua turma nessa terça e fazer esse troço recuar, jogando tudo na conta de um mal-entendido. A imprensa, como de hábito, pode ser acusada de distorcer as falas dos petistas e coisa e tal. Mas Dilma também pode se intimidar e deixar a coisa fluir por medo do PT. Nesse caso, seu governo começou a acabar ontem. Ainda que seja reeleita em 2014, ficará mais quatro anos sendo apenas tolerada na gerência.

Texto publicado originalmente às 5h38

Por Reinaldo Azevedo

 

Calígula dava ordens à Lua e lhe fazia ameaças; Lula redesenha a Terra. Ou: O Apedeuta, como Saturno, decidiu engolir a própria cria

Publiquei este texto às 21h28 desta terça. Decidi mantê-lo aqui no alto. Abaixo dele, posts escritos na madrugada.

Vejam esta imagem.

É Saturno engolindo uma de suas crias, na versão terrificante de Goya. Por que está aqui? Vamos lá.

Lula é um logólatra. Mas não é fissurado num “logos” qualquer. Ele também é um “lulólatra”. É apaixonado pelo som da própria voz. Às vezes, a gente nota, ele se deixa encantar pela complexidade do próprio pensamento, que alcança sempre altitudes ignotas. Foi assim, por exemplo, quando refletiu sobre a conveniência de a Terra ser quadrada, não redonda. Vale a pena rever.

Num programa da VEJA.com, lembrei essa diatribe astrometafísica de Lula e uma outra frase sua não menos sensacional, quando demonstrou certa invejinha de Dilma porque ela teria tido a sorte de suceder a alguém como ele…

Já identifiquei a doença de Lula, que o citado Freud não teve tempo de diagnosticar. É a SIPP (Síndrome da Inveja do Próprio Pênis). Lula se ama de tal sorte que adoraria ser… Lula, como Narciso que mergulha em busca da própria imagem. Certos governantes têm dessas coisas.

Lembrei aqui certa feita como Suetônio caracterizou o imperador Calígula em “Os Doze Césares”. Leiam um trechinho que traduzi (em azul). Vale a pena:
(…)
Mas lhe disseram que era superior a todos os príncipes e reis da Terra, e então começou a atribuir a si mesmo a divina majestade. Fez trazer da Grécia as estátuas dos deuses mais famosos (…) entre elas a de Júpiter Olímpico, da qual cortou a cabeça para substituir pela sua própria. Estendeu até o Fórum uma ala de seu palácio e transformou o templo de Castor e Pólux num pátio, sentando entre os dois irmãos, oferecendo-se à adoração da multidão. Alguns o saudavam como Júpiter Latino. Teve, para a sua divinização, o seu próprio templo, sacerdotes e as oferendas mais raras. Nesse templo, podia-se contemplar sua estátua de ouro (…). As vítimas sacrificadas a este deus eram flamingos, pavões, codornas, galinhas da Numídia, galinhas d’angola, faisões — a cada dia uma espécie diferente.
À noite, quando a Lua estava cheia, ele a convidava a vir receber o seu abraço e a compartilhar seu leito. Durante o dia, mantinha conversações secretas com Júpiter Capitolino, falando-lhe algumas vezes ao ouvido (…). Em outras, falava ao deus com arrogância e em voz alta. Certa vez, ouviram-no dizer a Júpiter em tom de ameaça: “Prove o seu poder ou tema o meu!”
(…)

Como não ver, assim, o ímpeto de Calígula no homem que resolve meter os pés na porta do governo e roubar da presidente a coordenação política? Cortou a cabeça dela; pôs a dele no lugar. Ele é assim.

60 dias calado
Pois é… O ególatra, logólatra e lulólatra, desta feita, está mudo — mas não parado. Há 60 dias, observa Jean-Philip Struck na  VEJA.com não diz uma palavra sobre o Rosegate, por exemplo, aquele rumoroso caso que pôs Rosemary Nóvoa Noronha, a sua “amiga íntima”, no centro de um azeitado esquema de corrupção instalado na… Presidência da República. Não fala a respeito, mas tem ouvido muito, especialmente no ambiente doméstico, o que é compreensível.

O homem que já fez digressões sobre as vantagens de a Terra ser um quadrilátero se dedica agora a criar um novo regime político no Brasil: o “Lulismo Mitigado”. Ele até topa dividir o poder com Dilma: ela fica com a parte chata — ver se o governo desempaca —, e ele, com a coordenação política. Lula não gosta mais da criatura que gerou e decidiu, como Saturno, engoli-la. Como no mito, teme que que surja alguém mais forte que ele. Haverá alguém de peito para fazê-lo engolir uma pedra? Não sei.

Uma coisa é evidente e certa: Lula decidiu tomar à força o governo de Dilma Rousseff. Deixa claro, assim, que nem mesmo a legitimidade popular que ela tem — eleita que foi — e que pode ser referendada pelo povo, se reeleita, supera a autoridade natural daquele que, a exemplo de Calígula, se sente com força para interferir nas esferas celestes.

Lula deixa claro, assim, o apreço que tem pelo mandato popular. Convenham: isso não é estranho à sua trajetória. Passou 16 anos — oito como oposição e oito como governo — tentando destruir a reputação de FHC, que tinha sido, afinal, eleito pelo povo.

Saturno, como carcará, pega, mata e come.

Por Reinaldo Azevedo


A internação involuntária e o jornalismo no manicômio ideológico. Ou: Mais jornalismo e “menas” militância, por favor!

O lobby moral — acabo de inventar essa designação — dos que se consideram só consumidores recreativos de drogas (eu também sou consumidor recreativo de Hollywood) é, acredito, o mais forte do país, especialmente na imprensa. É impressionante o esforço que se vem fazendo, em quase todos os veículos, para atacar o programa de internação forçada ou involuntária de dependentes químicos em São Paulo. A abordagem perdeu qualquer senso de responsabilidade e noção de objetividade.

Hora dessas publico algumas pérolas que andei colecionando dos coleguinhas solidários com a desgraça, mas não com os desgraçados. É asqueroso! Ontem, em vários sites noticiosos e até na TV, reclamava-se, ora vejam!, da demora para a internação. Em alguns casos, “quase 24 horas…” Imaginem se fosse esse o tempo do SUS, Brasil afora, para internar pacientes em estado grave em leitos especializados. Talvez o Brasil fosse a Suécia! Mas quem liga para os miseráveis que definham nas filas do Sistema Único de Saúde? Os cancerosos, os tuberculosos, os diabéticos, os cardíacos, essa gente toda é doente de segunda categoria. Com um drogado, é diferente! Ele é visto como alguém numa área cinzenta entre a vítima, o mártir e o herói.

Alertava-se ainda para o risco da eventual falta de vagas, uma vez que, informava-se, a procura foi maior do que se esperava. Embora o programa se destine à internação involuntária, também os que desejam se tratar buscaram o serviço. Familiares foram buscar ajuda para encontrar parentes desaparecidos. Ao longo dos dias, dos meses, dos anos, é evidente que o benefício terá de ir se ajustando. Até pelo pioneirismo, não se conhece exatamente o tamanho do problema. É patético perceber jornalistas que visivelmente se opõem à internação a acusar a suposta demora no atendimento…

A origem do mal-estar
Por que esse mal-estar contido — às vezes, explícito mesmo — e a má-vontade com o programa? Fatores diversos se somam. Em primeiro lugar, há a questão que se poderia chamar ideológica, ainda que essa palavra precise ser rebaixada para se encaixar ao caso em espécie. Estivessem no comando da ação os “petistas progressistas”, os não menos petistas e não menos progressistas do jornalismo dispensariam ao caso outro tratamento. Como vem de um governo tucano e como parece que as chefias de redação decidiram deixar a moçada à vontade para a militância, as delinquências intelectuais vão se acumulando.

Em segundo lugar, mas não menos importante, note-se: há uma discordância de fundo com o programa. Defender a legalização das drogas é parte do “kit do bom progressista”, assim como ser favorável à legalização do aborto, pregar a proibição da venda legal de armas, apoiar a invasão de propriedades rurais e urbanas pelos sem-isso e sem-aquilo, exigir ciclovias até nos morros de Perdizes e da Vila Madalena etc. Se o sujeito não adere a essa pauta, acaba sendo tratado como um reacionário “jeca de Oklahoma” (cá estou eu provocando o meu amigo Caio Blinder).

Ora, é evidente que a internação involuntária de viciados vai na contramão, no que concerne ao debate de valores, do lobby em favor da legalização ou descriminação das drogas, a exemplo daquela absurda campanha É Preciso Mudar, orientada por Pedro Abromovay, ex-secretário de Justiça do governo petista, que já defendeu que “pequenos traficantes” não sejam presos. Também está claro que a internação involuntária reforça o repúdio que a esmagadora maioria dos brasileiros têm das drogas, chamando a atenção para seu caráter deletério, para seu potencial destrutivo. E parcela expressiva dos “coleguinhas” não pode aceitar isso. Basta ver como foram tratados os maconheiros marchadores: parecia que Schopenhauer, Kant e Bertrand Russel gritavam em coro: “Ei, polícia, maconha é uma delícia”.

Como essa gente não perdeu inteiramente o senso de ridículo e como há leitores do outro lado, muitos deles capazes de pensar de modo lógico, fica difícil agredir na essência um programa que, se bem aplicado, salva vidas e tem o concurso de médicos, juízes, promotores e advogados. Assim, para manter a veia crítica, ignora-se o principal para tentar desmoralizar o programa em razão de aspectos periféricos: “a internação está demorado, é possível que faltem leitos, a filha dopou o pai para interná-lo…”. Um programa de redução de danos que ministrasse doses controladas de droga a viciados seria certamente mais bem recebido pelos “progressistas”.

Chegou a hora de alguns diretores de redação cobrarem mais jornalismo e “menas” (para ficar no espírito da era…) militância.

Texto publicado originalmente às 4h02

Por Reinaldo Azevedo


A mistura do Movimento Antimanicomial com a Teologia da Crueldade. Quem se ferra é o miserável!

Entidades as mais diversas, sob o guarda-chuva de um conceito, o “Movimento Antimanicomial”, conseguiram acabar com os hospitais psiquiátricos para pobres no Brasil. Essa é mais uma razão por que os desgraçados ficam vagando por aí. Mas os discípulos de Foucault estão com a consciência tranquila. Julgam ter aplicado tudo o que aprenderam ao ler “O Nascimento da Clínica” e “Vigiar e Punir”. Foucault, ele mesmo, coitado!, não conseguia controlar nem seus impulsos mais primitivos… Sim, meus caros, os ricos continuaram a ter direito a atendimento e internação em clínicas privadas. Note-se: é claro que os hospitais psiquiátricos eram verdadeiras casas de horror, como são muitos dos presídios. Fazer o quê? Extingui-los também? Em vez de se exigir que os hospitais psiquiátricos tratassem adequadamente os pacientes, pregou-se pura e simplesmente a sua extinção em nome da “cidadania” e dos “direitos” do doente mental.

Reitero: essa gente obteve uma vitória política e não perguntou, em seguida, o que a dona Maria do Capão Redondo ou de Guaianazes faria com o seu doente. Essa mesma turma se mobiliza agora contra a internação involuntária de viciados e é a inspiração de uma carta absurda enviada ao governador Geraldo Alckmin no dia 11 deste mês. São seus signatários, atenção!, as seguintes entidades:

1. Núcleo do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis do Estado de São Paulo;
2. Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis – CNDDH;
3. Pastoral Nacional do Povo da Rua da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB;
4. Movimento Nacional da População em Situação de Rua – MNPSR;
5. Pastoral do Menor Nacional – Organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB.

Vejam ali a gloriosa Igreja Católica sendo aparelhada por aloprados por intermédio de duas pastorais. Escrevi num post de ontem que, no Brasil, moradores de rua — ou “em situação de rua”, para empregar a língua estranha que essa gente fala — haviam se transformado, no Brasil, numa “categoria social”. Noto, dada a carta enviada a Alckmin, que se transformaram também numa categoria de pensamento e numa espécie de corporação sindical. É o fim da picada!

Percebam que existe um Centro Nacional de Defesa e um Movimento Nacional, ambos de “população em situação de rua”. O que pergunta o meu coração, como naquele poema de Drummond, é por que gente assim teve a expertise necessária para fundar movimentos nacionais, mas não para, afinal, sair da rua! É claro que o verdadeiro pobre, o verdadeiro desgraçado que não tem teto, este não está organizado em movimento nenhum.

A carta
Pois bem. Essa gente mandou uma carta ao governador, opondo-se à internação involuntária, afirmando preciosidades como as que se leem abaixo em vermelho. Comento em azul:

4.- Nós, enquanto entidades e  movimentos que atuam na defesa dos Direitos Humanos desta População, trazemos ao Exmo. Governador nosso total desacordo com tal operação, tendo em vista que as pessoas a serem “…encarceradas…” serão em sua grande maioria População em Situação de Rua, que não precisam de internação, mas sim de implementação de políticas eficazes garantidoras de direitos como saúde, moradia, trabalho, apoio familiar, dentre outras.

Como garantir saúde, moradia e trabalho a quem já rompeu todos os vínculos com a realidade, inclusive os familiares, e não vive senão para alimentar o próprio vício?

6.- Destacamos ainda o Princípio da legalidade da lei maior: O art. 5°, inciso II da CF/88 garante: “ninguém poderá ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei”. Deste modo, a privação de liberdade sem motivo justificável e sem autorização judicial, sem a anuência ou vontade própria afronta o princípio da legalidade e configura violação ao direito a liberdade de ir e vir.

A internação, como é público e notório, se dá com autorização judicial e acompanhamento do Ministério Público e da OAB. Mais: a internação involuntária e a compulsória já estão previstas na Lei 10.216, de 2001, no Artigo 6º, Incisos I e II. A saber:
Art. 6º A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos. Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I – internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II -internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e
III – internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.

Logo, o Artigo V da Constituição está sendo seguido à risca por São Paulo, e a gritaria dos sedizentes representantes da “população em situação de rua” não se justifica. Agora veja o que pede a tal carta:

b) Que seja criado um grupo multidisciplinar, com a presença de profissionais de áreas afins ao uso de entorpecentes, e principalmente com a presença das entidades e movimentos que esta subscreve, sobretudo, o núcleo do Centro Nacional de Defesa de Direitos Humanos da População em Situação de Rua de São Paulo que, conjuntamente com o Centro Nacional, atuam como legítimos defensores dos direitos da população em situação de rua, principais atingidos por tais operações.

Até parece que a “população em situação de rua” elegeu esses valentes em pleito livre e direto. Com que autoridade ou legitimidade estes senhores se dizem “representantes” de todas as pessoas que moram na rua e reivindicam participar da definição de uma política pública? São, quando muito, porta-vozes dos próprios preconceitos e da própria ignorância.

Um movimento ligado a moradores de rua só faz sentido se for para… tirar as pessoas da rua. Nos tempos em que a UNE ao menos não era pelega e não usava dinheiro público para comprar cachaça, o CPC levava ao palco peças de teatro que cantavam coisas como “feio não é bonito/ o morro existe,/ mas pede para se acabar”.

Hoje em dia, o feio virou bonito. Alguns padrecos e os sindicalistas dos “moradores em situação de rua” transformaram os miseráveis numa clientela.

É a soma do Movimento Antimanicomial com a Teologia da Crueldade.

Texto publicado originalmente às 5h22

Por Reinaldo Azevedo

 

Um monumento ético – Renan turbina Minha Casa em Alagoas, e “empreiteira amiga” fatura R$ 70 milhões

Escrevi ontem um post explicando por que tenho muita pena “duzamicânu”. Eles não contam com um Renan Calheiros, por exemplo. Barack Obama, que pecado!, não dispõe de um PMDB para a “governabilidade”. Leiam o que informa Alana Rizzo, no Estadão:

A combinação de influência na Caixa Econômica Federal (CEF) e o comando político de 80% dos municípios fez do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), favorito para assumir o controle do Senado, o “midas” do Minha Casa, Minha Vida em Alagoas com pelo menos um resultado notável: a Construtora Uchôa, do irmão de Tito Uchôa, apontado como laranja do peemedebista, faturou mais de R$ 70 milhões no programa nos últimos dois anos.

Empresário versátil, Tito Uchôa é sócio do filho do senador, o deputado federal Renan Filho (PMDB), em uma gráfica e em duas rádios. Também é proprietário de uma agência de viagens, uma empresa de locação de carros e um supermercado. A mulher dele, Vânia Uchôa, era funcionária do gabinete do senador Renan Calheiros.

Uma engenharia financeira peculiar do programa Minha Casa, Minha Vida valoriza os atributos do candidato à Presidência do Senado e abre espaço para a ingerência política. As contratações – sem processo de licitação – são feitas diretamente pela Caixa, área de influência de Renan e do PMDB no Estado e com ramificações em Brasília, a partir de propostas apresentadas por prefeitos e empreiteiras ao banco.

Das 26 prefeituras de Alagoas incluídas no programa, apenas duas não são comandadas por aliados de Renan ou partidos coligados com o PMDB. O peemedebista garante ter nas mãos 80% dos 102 municípios alagoanos. “Elegemos diretamente 25 prefeitos em todas as regiões e em aliança com os partidos coligados ganhamos em mais de 80% dos municípios”, vangloriou-se Renan, em convenção do PMDB em dezembro passado.

O programa de moradias populares é uma das principais bandeiras da presidente Dilma Rousseff. O Minha Casa, Minha Vida é uma das armas do senador para aumentar seu capital político nas próximas eleições. Alagoas está, proporcionalmente, entre os maiores contratantes do Minha Casa, superando outros Estados do Nordeste e até a meta do próprio governo, que era construir 13 mil unidades no Estado.

Hoje, mais de 26,8 mil unidades habitacionais já foram contratadas e o volume de recursos públicos investido ultrapassa a marca de R$ 1 bilhão. Para se ter ideia, Sergipe, administrado pelo petista Marcelo Déda, com perfil populacional e área semelhantes aos de Alagoas, registra R$ 200 milhões em contratos.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Pedro Taques confirma candidatura contra Renan

Leiam o que informam Marcela Mattos e Gabriel Castro, na VEJA.com. Volto ao assunto mais tarde para perguntar o que farão as oposições, em especial o PSDB.

A eleição para a Presidência do Senado, marcada para o dia 1º de fevereiro, deverá ter três candidatos. O senador Pedro Taques (PDT-MT) confirmou nesta terça-feira ao site de VEJA que entrará na disputa. O parlamentar afirmou que, com a recusa de Pedro Simon (PMDB-RS) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) em concorrer ao cargo, decidiu agir. “Gostaria que um desses dois do PMDB  pudesse ser candidato. Eles têm decência, têm experiência, mas parece que não vão aceitar. Coloquei meu nome à disposição. O que não pode é haver um candidato só”, disse o pedetista.

A confirmação de Pedro Taques na corrida deve unificar o grupo que se opõe ao retorno de Renan Calheiros (PMDB-AL) ao comando da Casa. O líder do PSOL, Randolfe Rodrigues, foi o primeiro a entrar na briga, mas seu nome enfrenta resistência nas bancadas do PSDB e do DEM.

Após uma conversa na manhã desta terça-feira, Pedro Taques e Randolfe Randolfe Rodrigues decidiram tornar-se adversários – ao menos no papel. “Randolfe é meu irmão de causa. Não vou brigar com ele por causa disso. Acho que é bom termos mais candidaturas”, disseTaques. Ele lembra que, como o regimento da Casa prevê segundo turno, a fragmentação das candidaturas não significa necessariamente um problema. Randolfe também confirma a harmonia na ala independente. Para ele, a candidatura de Taques significaria uma união de forças contra Renan. “Entre e ele, não há oposição”, argumentou.

A entrada de Taques na corrida atende a um desejo do PSDB, que não se empolgou com a candidatura de Randolfe. Entre os dois, a preferência dos tucanos sempre foi pelo senador do PDT. Nas últimas semanas, o  líder tucano, Alvaro Dias (PR), tentou convencer peemedebistas “independentes” a participarem da eleição. Um a um, eles rejeitaram o convite. Pedro Simon foi o último a dizer não: “A minha candidatura seria de protesto. Defendo um entendimento, mas eu não represento isso”, afirmou o senador gaúcho. Ele diz ter consciência da antipatia e da restrição que demais parlamentares têm por ele.

As costuras dos parlamentares independentes com o PSDB não devem ser suficientes, no entanto, para ameaçar o amplo favoritismo de Renan Calheiros, que tem o apoio da maioria dos parlamentares e o aval do Palácio do Planalto.

Por Reinaldo Azevedo

 

Eu tenho muita pena duzamericânu. Nóis ainda ensina pra eles como se pega us peixe

Coitados dos EUA!
Coitado de Barack Obama!
Coitados daqueles que a esquerda xexelenta brasileira chama “estadunidenses”!
Um dia eles terão samba no pé!

Um dia eles terão ziriguidum, balacobaco, telecoteco!
Um dia eles terão PMDB!
Um dia eles terão algo parecido com Medida Provisória — de caráter permanente — em sua legislação!
Um dia eles terão Lula (estão quase lá…)!
Um dia eles terão um sujeito que não foi eleito por ninguém cuidando da articulação do governo no Congresso.

Um dia eles terão o terceiro povo “mais feliz” do mundo: os butaneses continuarão em primeiro lugar; os bananeses nos manteremos em segundo, e aí virão os estadunidenses…

Se Obama conseguir concluir a sua obra, os EUA ainda cumprirão o seu ideal, e teremos um continente americano quase todo unido pela estupidez. Talvez o Canadá se salve por causa da Polícia Montada… “Como assim, Reinaldo?” Sei lá… Um povo que tem Polícia Montada me parece determinado a manter suas singularidades… Por que isso tudo?

O PSDB e o DEM recorreram ao Supremo contra a Medida Provisória que libera recursos do Orçamento de 2013: nada menos de R$ 42 bilhões. Por quê? Em razão da barafunda criada pela tentativa de derrubar os vetos da presidente Dilma à lei dos royalties do petróleo, o Congresso encerrou 2012 sem votar a peça orçamentária. Seria a versão cabocla (o conteúdo é bastante diferente) do abismo fiscal dos EUA. E é nesse ponto que eu tenho pena duzamericânu e da sua falta de ginga. Uzamericânu é tudo troxa; nóis sabe como se pega us peixe.

Por lá, se o Congresso não autoriza a elevação do limite do endividamento e a liberação de recursos, fim de papo: acaba o dinheiro. Daí aquela correria e a negociação frenética. Os bobalhões ainda estão nessa de que Poderes têm prerrogativas que não podem ser usurpadas. São mesmo um império em decadência. Vejam a beleza da China, hoje tão admirada por esquerdistas e por ditos liberais pragmáticos: o Congresso se reúne duas vezes por ano para homologar as decisões do Comitê Central do Partido — na verdade, aquele é apenas uma divisão deste. Ao longo do ano, o Poder Legislativo é apenas cartorial.

Uzamericânu é tão idiota que não dispõem nem do estatuto da Medida Provisória, que é aquele mecanismo que permite ao Executivo, no Brasil, governar sozinho. Como é que um povo assim pode aspirar à grandeza? São práticas como a independência entre os Poderes que permitem a emergência de gente como os republicanos. Só porque esses caras foram eleitos pelo povo, acham que podem debater a agenda do país com Barack Obama.

O Brasil não tem essas frescuras, razão por que uzamericânu são quem são — um povo infeliz, sem ziriguidum, balacobaco e telecoteco — e nós somos quem somos. Além da manemolência e do samba no pé, só não somos mais felizes do que os butaneses… A gente também não costuma dar tiro em escola, essas coisas detestáveis. Por aqui, mata-se quase seis vezes mais, mas é tudo a céu aberto mesmo…

A imprensa vai demonizar a oposição também?
Devo contar as horas para que setores da imprensa brasileira comecem a demonizar também as oposições brasileiras, que decidiram recorrer ao Supremo? Espero que Jabor não vá à TV dizer que o PSDB e o DEM só estão cobrando o respeito à Constituição porque Dilma é mulher — assim como, segundo ele, os republicanos só combatem Obama porque ele é “negão”… Afinal, caso consigam uma liminar — o que eu duvido —, o repasse de dinheiro teria de ser suspenso.

Ou não! Em Banânia, com a sua compulsão para a felicidade e para o jeitinho, a Justiça determina uma coisa, e o governo faz o contrário. Vejam o caso do Fundo de Participação dos Estados. O Supremo decidiu que, na sua forma atual, ele é inconstitucional e deu prazo ao Congresso de TRINTA E CINCO MESES para votar uma nova lei. Ninguém votou zorra nenhuma! Mesmo assim, o Executivo manteve os repasses.

Como diz uma música breganeja, “nóis é jeca, mais nóis é jóia”. Em Banânia, um chefe partidário, um líder de facção, anuncia que vai passar a comandar a articulação do governo no Congresso, e boa parte da imprensa noticia isso como quem dissesse: “Hoje é terça-feira, 22 de janeiro…”

Assim, eu tenho de ter muita pena dessezamericânu bunda-mole, que não percebem que o grande defeito da democracia está, como vou dizer?, em ser democrática. Obama, é bem verdade, está fazendo um esforço danado — e com apoio de setores importantes da imprensa americana — para apressar a marcha dos EUA rumo à descoberta da felicidade terceiro-mundista, esse mundo, como notou Pero de Magalhães Gândavo, sem fé, sem lei nem rei… Quer dizer, fé e lei andam em baixa… Mas estamos bem perto na monarquia, só que do tipo absolutista (que é como vale a penas ser monarca, é claro!).

Uzamericâno ainda vão descobrir que o preço da governabilidade é o desrespeito contínuo e contumaz à lei. Sem isso, não se fabrica esse atraso orgulhoso de si, convicto e, como é sabido, feliz. Uma dia a gente ainda toma o lugar do Butão. É uma questão de tempo.

Por Reinaldo Azevedo

 

A imprensa avestruz e Lula superando Chávez…

É evidente que o avestruz não enfia a cara no chão para não ver a realidade quando em perigo. Fosse assim, não haveria mais avestruzes no mundo, não é mesmo? A ave faz o que todos fazem quando percebem que a coisa tá feia: tenta dar no pé. Mas ficou a metáfora.

Parte da imprensa acha que, caso se comporte como avestruz no caso do golpe que Lula está tentando dar no governo Dilma, a realidade muda. Dadas as falas absurdas de assessores do Apedeuta naquele seminário, destacam-se as afirmações de que Lula não será candidato em 2014, que o nome do partido é mesmo Dilma… Ora, não brinquem! Isso não tem a menor importância!

O relevante, e muito!, é que foram dois bate-paus do lulismo que anunciaram que será ele a coordenar a base de apoio da presidente — para, dizem, colaborar com a sua reeleição. Uma ova!

Como Dilma decidiu disputar o segundo mandato — e o Babalorixá tinha a esperança de que ela declinasse do desafio —, o homem, reitero, meteu o pé na porta e resolveu dividir com ela o governo. E sem pedir licença. Anunciou a tomada justamente da coordenação política. Caso isso se efetive, Dilma já era, ainda que venha a ser reeleita. Corrupto nunca mais será demitido. O “coordenador político” dará um jeito de acomodar os larápios que forem pegos com a boca na botija. Lula quis deixar claro quem manda. Não quer mais essa história de “Dilma isso, Dilma aquilo…” Mais de uma vez, ele insinuou que a imprensa é simpática a Dilma só para provocá-lo… 

Algo dessa magnitude precisa de comunicação oficial, feita pelo governo. Até porque existe uma ministra das Relações  Institucionais — é Ideli Salvatti; existe uma chefe da Casa Civil — é Gleisi Hoffmann. Não houve nada disso. Desde quando, senhores, é corriqueiro que se anuncie uma decisão desse porte num seminário, ao arrepio do Palácio do Planalto?

A imprensa avestruz acha que, se esconder isso dos leitores, diminui a influência de Lula ou o agravo feito ao governo Dilma. O caso é bem mais sério do que parece. Chávez se manteve no poder contra a letra da lei, mas, vá lá, houve ao menos uma eleição por lá… Lula tomou um naco do poder de Dilma sem ter sido eleito por ninguém.

Por Reinaldo Azevedo

 

A internação de viciados. Ou: Qual é a causa secreta do padre Júlio Lancelotti? Ou: Caridade concupiscente é pecado!

Quando a Igreja Católica permite que tipos como o padre Júlio Lancelotti, da dita Pastoral de Rua, atuem livremente, corre o risco de se desmoralizar. Aliás, corrijo-me: desmoraliza-se, sim, sempre um pouco mais a cada dia, um pouco por dia, de forma contínua e, se querem saber, inexorável. Não recupera mais o que perde. O padre voltou à ribalta, ou ao palco, depois que um casal que o achacava acabou condenado, o que soou a muitos como uma absolvição do religioso. Ninguém nunca entendeu, ou entendeu, com quais elementos Lancelotti era chantageado. O certo é que, em sua infinita generosidade cristã, haveria comprado um carro de luxo para um ex-interno da Febem, de quem se tornou amigão. A hierarquia fez de conta que estava tudo bem.

Lancelotti pertence à tal “Pastoral de Rua”, uma herança maldita que a Escatologia da Libertação deixou para a Igreja. Pastorais as há muitas: de rua, do índio, disso e daquilo. Só falta criar a Pastoral dos Ateus Militantes. E minha ironia é menos absurda do que parece. Afinal, existem umas senhoras que se dizem “Católicas pelo Direito de Decidir”. Defendem a legalização do aborto. Católico a favor do aborto é, assim, como republicano a favor da canonização (que está em curso) de Barack Obama… Ou, se quiserem, como democratas que reconhecem em “Jorjebúxi” um estadista… Mas volto.

O governo de São Paulo decidiu dar eficácia à lei que permite a internação de dependentes químicos que perderam a condição de fazer as próprias escolhas. E atua cercado de todos os cuidados. Recursos públicos estão sendo empregados para mobilizar médicos, juízes, Ministério Público e OAB. Trata-se, já escrevi aqui, de uma situação realmente delicada. A chance de haver abusos em casos assim é grande. Daí a necessidade de cuidar das margens de erro.

Muito bem! O que fez o padre? Foi para a rua, como é de seu costume, quando, do outro lado, existem iniciativas que não são comandadas pelo PT, um dos ídolos pouco pios diante do quais ele se ajoelha.

Tenta pespegar na iniciativa a pecha de “higienismo”, selo que passou a usar para designar supostas ações de “limpeza social”, que, de fato, nunca existiram. Qual é a tese do padre? As cidades brasileiras precisam de assistência social, de especialistas que atendam os drogados nos lugares onde estão, que acompanhem o seu caso etc. e tal. Lancelotti, pelo visto, acha que todo drogado de rua tem direito a uma espécie de babá, que, segundo se entende, tem de respeitar “a sua vontade”, como afirmou outro padre, também presente ao protesto.

Absurdo
Não nos damos conta do absurdo que há numa coisa chamada “Pastoral de Rua”. Ora, que houvesse religiosos — mas religiosos mesmo, com a caridade na mão e a Bíblia na cabeça — dedicados a minorar as agruras de quem mais sofre, eis algo que me parece razoável. Desde que a perspectiva e o objetivo seja tirar as pessoas da rua. Mas não! Os Lancelottis da vida convertem o morar na rua num “direito”. Esses moradores são vistos como uma “categoria social”, que passariam a ter demandas próprias de sua condição. “Ah, Reinaldo, normal e lógico; se são moradores de rua, terão reivindicações específicas.” Sim, normal e lógico desde que, reitero, o horizonte seja sair da rua. Mas não! É o contrário: o que se quer é aprimorar as condições que permitam a essas pessoas continuar… na rua!

Trata-se de uma perversão escandalosa do princípio da caridade, presente, ademais, em outras pastorais. Vejamos o caso dos padres que lidam com índios. Ora, a função de um sacerdote, a primeira e, a rigor, a única é lutar pela aplicação dos princípios cristãos, segundo entende a Igreja Católica. Notem: qualquer padre pode deixar a igreja e se converter num desses antropólogos moralmente homicidas que justificam o assassinato de crianças “em nome da cultura”. Ninguém precisa pertencer à hierarquia católica para defender que os índios têm o direito natural à estagnação… Mas não! Esses pervertidos entram na Igreja Católica para tentar preservar, na sua imaginação aloprada e ignorante, o “bom selvagem de Rousseau”. Foi assim que, na prática, a Igreja Católica apoiou a expulsão dos arrozeiros de Raposa Serra do Sol. Resultado: miséria, fome e favelização. Não foi Deus que inspirou os padres a apoiar aquela luta. A ter sido algum ente que está além de nós, foi o diabo.

O mesmo diabo — e falo por metáfora — que leva Lancelotti e outro reacionário de batina a se mobilizar contra a internação compulsória de pessoas que não podem escolher. Noto à margem que, no Rio, crianças já são internadas à força. A internação é ainda uma exceção porque a cidade e o estado não têm onde abrigar os viciados. De todo modo, por lá, os petistas ficaram de boca fechada. São governo. Alexandre Padilha, ministro da Saúde, já se disse favorável à prática. Em São Paulo, no entanto, Fernando Haddad, o Supercoxinha do subjornalismo deslumbrado, se junta aos críticos do programa. Adiante.

Quando a hierarquia católica permite que Lancelotti participe de atos assim, como se estivesse a levar adiante a voz da Igreja, é a instituição que se rebaixa ao entendimento perturbado de um homem, ocasionalmente padre. Desafio este senhor a demonstrar que fundamento da religião ou da dignidade humana está sendo desrespeitado com o programa.

Existe uma diferença entre a ajuda e a concupiscência da caridade. Leiam o conto A causa secreta, de Machado de Assis. Quem conhece já sabe; quem ainda não leu, recomendo vivamente, deve fazê-lo. Ali aparece a figura de Fortunado, homem que tinha especial inclinação para ajudar os que sofriam… Por que o fazia? Bem, ele tinha uma causa secreta…

A dor dos que sofrem tem de ser minorada; ela não existe para que padres exercitem seus amores e seus ódios privados. Ou para que deem vazão à sua “causa secreta”.

Por Reinaldo Azevedo

 

O PSDB, Renan, Pedro Taques e o imperativo ético. Ou: Cadê Aécio?

Já concordei muitas vezes com o senador Pedro Taques (PDT-MT) e já discordei dele algumas outras. No geral, tem uma atuação correta e faz a defesa de boas causas. Decidiu lançar sua candidatura à Presidência do Senado, enfrentando o poderoso Renan Calheiros (PMDB-AL), que conta com o apoio do PT.

O que deve fazer a oposição, especialmente o PSDB?

A única coisa decente nesse caso: apoiar Taques.  Ele vai perder? Claro que vai! Ainda que o custo seja a oposição ficar fora da Mesa, vale a pena correr esse risco? Acho que sim! Vamos ser claros: não há nada de substancial que se possa fazer tendo um carguinho ou outro na Mesa.

“Reinaldo agora decidiu ser poeta, renunciar ao realismo.” Não! É que há, já escrevi aqui, limites que não devem ser ultrapassados. Se a oposição quer começar a existir no Brasil, tem de emitir alguns sinais. Quais são eles?

Noto, mais uma vez, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) não se apresenta para o debate. Fica fora dessa também. “Esse Reinaldo é um bobalhão! Não sabe que um político precisa é de aliados para ser eleito presidente, não de adversários.” Pois é… Com efeito, Reinaldo acha que, sem estabelecer o terreno do inaceitável, não dá para saber o que é aceitável. O PT buscou, sim, aliar-se até com o capeta na construção da sua hegemonia, mas sempre deixou muito claro aos eleitores: “Com tucanos, não queremos conversa”.

Se o PSDB não quer definhar na irrelevância, tem de ter a coragem de assumir algumas posições. Dizer “não” a Renan não é uma questão de escolha; é um imperativo ético. Sim, estou convicto de que o PSDB fará a coisa errada. Isso ajuda a contar a história dos últimos 10 anos.

Por Reinaldo Azevedo

 

Acredite em Michel Temer, leitor! Ele aposta suas fichas em Renan Calheiros…

Você está desconfiado de Renan Calheiros (PMDB-AL), leitor? Acha que ele não tem, assim, uma biografia que o autorize a ser presidente do Senado, especialmente por ter sido obrigado a renunciar à função em 2007, quando se descobriu que uma empreiteira pagava a pensão de uma ex-amante e de um filho tido fora do casamento? Ora, faça como Michel Temer, vice-presidente da República e um dos chefões do partido: acredite. Leiam o que informa Ricardo Brito, na Agência Estado:

O vice-presidente da República, Michel Temer, afirmou na manhã desta quarta-feira, 23, que não acredita que o retorno do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), ao comando do Senado afetará a credibilidade da Casa. Renan Calheiros é favorito para voltar a presidir o Senado, cargo ao qual renunciou no final de 2007 para evitar ser cassado por quebra de decoro parlamentar após uma série de acusações de irregularidades. Nesta quarta, o Estado revelou que uma empreiteira de uma pessoa próxima a Renan Calheiros faturou nos últimos dois anos R$ 70 milhões em recursos do programa Minha Casa Minha Vida em Alagoas.

“Não creio (que afete a credibilidade do Senado). Vai depender muito da gestão que ele queira fazer, se ele fizer uma gestão correta, adequada, ao invés de prejudicá-lo, vai enaltecer. Mas é o futuro que vai dizer”, disse Temer, presidente de honra do PMDB. O vice-presidente fez uma “visita de cortesia” ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), com quem conversou durante 40 minutos “sobre o futuro”.

Questionado por jornalistas se Renan Calheiros é um “bom nome” para comandar o Senado, Michel Temer disse que é “um nome escolhido pelo Senado, pelo partido, que tem tradição e pode fazer uma belíssima gestão”. “É isso que nós esperamos”, disse. O vice-presidente ressalvou que o líder do PMDB ainda não é candidato, e deverá oficializar sua candidatura “a partir talvez da semana que vem”.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Cuidado, leitores! Uma ONG pretende estatizar seus filhos porque acha que você é idiota demais para educá-los

Já escrevi alguns textos tratando dos delírios totalitários de uma ONG chamada Instituto Alana, que se propõe a defender os direitos da criança. Se há coisa que não falta no país, como se sabe, é infante maltratado. A Alana, no entanto, não parece especialmente preocupada com a criança de rua, com a precariedade das escolas, com o trabalho infantil e tal. Nada disso! Sua obsessão é impedir que o capitalismo perverta a mente dos inocentes, incitando-os ao consumo irresponsável, o que poderia ser prejudicial à sua saúde. Huuummm…

A entidade está há muito tempo numa cruzada que busca, vejam que mimo!, proibir a veiculação de publicidade de alimentos “pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio no rádio e na TV” entre as 6h e as 21h. Só isso! Assim, nesse intervalo, só poderiam ser veiculados anúncios de espinafre, abobrinha, ricota e, creio, óleo de fígado de bacalhau, que me rendeu, na infância, golfadas épicas. Eu tinha bronquite, e alguém assegurou que a Emulsão Scott “fortalecia os pulmões”… O rótulo continua o mesmo. É o único bacalhau com cabeça que se conhece no mundo…

Mas atenção! Nada de dar um brinquedinho para estimular a criança a tomar aquele troço. A Alana também é contra porque seria antiético associar o regalo ao alimento. Essa história da colher de mingau com “olha o aviãozinho”, leitor amigo, é uma forma de perverter as crianças.

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou dois projetos de lei que fazem justamente isto: um restringe a propaganda nos alimentos pobres em nutrientes, e outro proíbe os brindes — suspeito que, se aprovados, o Kinder Ovo terá de sumir das prateleiras do Estado, e os ovos de Páscoa serão recheados com trechos dos diários de Che Guevara…

Ontem, representantes da Alana estiveram no Palácio dos Bandeirantes para pedir que o governador Geraldo Alckmin sancione as duas leis — o que, obviamente, ele não pode fazer porque se trata de duas flagrantes inconstitucionalidades. A regulação da propaganda é de competência federal. Foram recebidos pelo secretário estadual da Casa Civil, Edson Aparecido. Leio na Folha o que diz o secretário:
“A equipe técnica ouve todo mundo, e tem que ter uma análise constitucional, jurídica. Colocamos toda a equipe para analisar, ver o que aconteceu em outros Estados e países. O mais importante é que o governo se abriu pra debater a matéria”.

Entendo a fala de Aparecido, especialmente nestes tempos em que há tantas pessoas querendo ajudar a velhinha a atravessar a rua, ainda que ela não queira… Mas noto que nem toda matéria é passível de debate, especialmente aquelas que afrontam de maneira tão flagrante a Constituição. O Artigo 220 da Carta é claro como a luz do dia — reproduzo em azul:
A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
(…)
§ 3º – Compete à lei federal:
I – regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II – estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
§ 4º – A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

Retomo
As leis aprovadas pela Assembleia Legislativa são inconstitucionais, e chega a ser ridículo que a Alana vá ao Palácio dos Bandeirantes reivindicar que o governador jogue a Constituição no lixo.

E há, obviamente, a questão de mérito. Entregue o país para ser governado por engenheiros segundo os fundamentos da engenharia, e teremos uma ditadura. Entregue o país para ser governado por médicos segundo os fundamentos da medicina, e teremos uma ditadura. Entregue o país para ser governado por jornalistas segundo os fundamentos do jornalismo, e teremos uma ditadura… Felizmente, o gênio humano criou — vejam que coisa! — a política e os políticos, que representam, nas democracias, uma média e um equilíbrio das vontades.

As duas leis aprovadas na Assembleia e a Alana estão querendo estatizar as nossas crianças, tirando dos pais o poder e o direito de decidir o que seus filhos veem ou não na televisão. Mais ainda: cabe a eles decidir o que compram ou não para suas crianças. Não precisamos de um estado babá para cuidar desses assuntos. Uma coisa é reivindicar, e eu apoio, que os produtos tragam de forma visível, em letra legível, a sua composição, teor de gordura, de açúcar, de sódio etc. Outra, distinta, é o poder público atuar como censor.

Fiquem atentos: os mesmos “progressistas” que tratam com simpatia a censura à propaganda de biscoito costumam defender a descriminação das drogas.  Ainda vamos liberar a venda de maconha e proibir a de chocolate…

Encerrando
Se a proposta da Alana um dia virasse uma lei federal — e todo cuidado é pouco —, a própria liberdade de expressão estaria em risco. Por que não proibir a propaganda de produtos poluidores como os carros, por exemplo? Ou dos que exploram a “usura”, como os bancos? Ou dos que investem no medo do futuro — os planos de previdência e seguro-saúde? Depois de algum tempo, restaria só a propaganda oficial. Seria a morte da liberdade de opinião e de expressão. É a publicidade que financia a pluralidade da imprensa. Não por acaso, veículos que dependem de estatais para sobreviver rastejam por aí a sua subserviência.

Isso tudo é tara autoritária. É saudável que se discuta, sim, a ética na publicidade — para crianças ou adultos. Mas não precisamos da Alana ou do Estado como babás. As famílias cuidam de seus respectivos filhos, e a sociedade cobra do setor publicitário a auto-regulação.

Agradeço o esforço da Alana, tão preocupada com a gente e com nossos filhos. Mas que vá vender sua cantilena autoritária em outra freguesia. Quem lhe conferiu licença para ser polícia da publicidade, de nossa consciência e de nossos lares? Por que não troca sua obsessão autoritária por uma criança pobre?

Por Reinaldo Azevedo

 

Dois dias bastaram para provar que os poetas do crack estavam obviamente errados

Escrevi aqui alguns textos sobre a reação estúpida de setores da imprensa e dos politicamente corretos à decisão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de dar eficácia à lei que permite a internação involuntária ou forçada de viciados. Pois é… Leio na Folha as informações que seguem. Volto depois.

A procura por internações de dependentes químicos surpreendeu o governo Geraldo Alckmin (PSDB), que foi obrigado a ampliar a estrutura de atendimento dois dias após o início do programa de internação compulsória. Até a próxima semana, novos funcionários serão deslocados para o Cratod (Centro de Referência em Álcool, Tabaco e Outras Drogas), no Bom Retiro, e uma central telefônica que recebe ligações gratuitas será criada para esclarecer dúvidas de parentes de viciados. Além disso, serão contratados 66 novos leitos específicos para esse público. O anúncio foi feito ontem pelo governador e pelo secretário da Saúde, Giovanni Guido Cerri, após visitar o local. O Cratod reúne médicos, juízes, promotores e defensores públicos, que analisam a situação do dependente e decidem pela internação.

Embora o objetivo fosse facilitar as internações compulsórias, quando o viciado vai para tratamento sem consentimento próprio ou da família, o Cratod atraiu inúmeros parentes e até mesmo usuários em busca de ajuda. “Houve uma corrida pela internação”, disse Alckmin. Nos três primeiros dias do plantão judicial que avalia a necessidade de fazer internações compulsórias, os funcionários do Cratod atenderam ao todo 127 pessoas -entre dependentes e parentes. Antes, eram atendidos em média quatro pacientes ao dia.

Do total de atendimentos, 18 pessoas foram internadas. Apenas uma dessas internações foi compulsória, três foram involuntárias e 14, voluntárias. Ao menos dois desses casos entraram no sistema à força, levados por parentes, mas acabaram convencidos pelos médicos que precisavam de tratamento.
(…)

Voltei
Quem sofre busca consolo e resposta para as suas angústias. A demanda por internação está na sociedade, ainda que alguns líricos do crack — e, a rigor, de todas as drogas — tenham tentado tratar um programa correto, cercado de todos os cuidados, como evidência de autoritarismo. Já abordei essa vigarice aqui.

Ao contrário: estamos é diante de um estado generoso como jamais. Se o viciado que requer internação perdeu o controle da vontade, é certo que, inicialmente, fez uma escolha tragicamente errada, pela qual, a rigor, deveria ser o responsável. Em vez disso, será sustentado e tratado pelos “caretas” que trabalham e recolhem impostos.

Corrijo-me então: generoso não é o estado; generosos são os brasileiros que o sustentam. Mas também não parece haver  alternativa. Os viciados em crack não são, hoje em dia, apenas um problema para si mesmos e para suas respectivas famílias. Tornaram-se uma chaga social.

Assim, quando os poetas das drogas começam com a sua cantilena em favor da descriminação, alegando que se trata de uma escolha individual, cumpre lembrar que o custo é obviamente social.

Por Reinaldo Azevedo

 

Congresso eleva teto da dívida e dá três meses de folga a Obama

Na VEJA.com:
O presidente Barack Obama conseguiu uma vitória importante dois dias após a posse de seu segundo mandato: a Câmara dos Representantes aprovou a elevação do limite de endividamento federal até 19 de maio. A vitória é parcial, mas deve ser vista como um caminho para o entendimento entre republicanos e democratas. A aprovação da extensão é um indicativo de que os líderes dos dois partidos no Senado devem apoiar a decisão. O projeto foi aprovado por 285 votos a favor e 144 votos contra, distribuídos de maneira geral com a composição partidária da casa. Muitos democratas opuseram-se à natureza de curto prazo da extensão.

A medida não incluiu os cortes orçamentários de 2,2 trilhões de dólares em um período de 10 anos que os republicanos insistiam em inserir no mesmo pacote de votações, como uma espécie de condição para a aprovação do aumento do teto da dívida.  O documento aprovado pela Câmara prevê, no entanto, que o pagamento do salário dos deputados seja vetado se alguma das comissões do Congresso não conseguir aprovar o projeto de Orçamento até o dia 15 de abril – este sim, envolvendo a votação dos cortes de gastos. “É simples: sem Orçamento, sem pagamento”, disse o presidente da Câmara, o republicano John Boehner. 

Segundo o jornal The New York Times, a legislação que prevê o aumento do teto da dívida simplesmente bloqueará os salários dos deputados até que o projeto de Orçamento passe, independentemente de haver um acordo entre republicanos e democratas, ou não.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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1 comentário

  • Edison tarcisio holz Terra Roxa - PR

    acho que finalmente ocuparam area improdutica em são paulo num tal de instituto improdutico concoro Reinaldo

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