A 4 meses da Copa, Brasília (a capital do país) está abandonada, sob a falta de cuidados do PT federal e do PT local

Publicado em 17/02/2014 07:22 e atualizado em 24/04/2014 14:20

A 4 meses da Copa, Brasília (a capital do país) está abandonada, sob a falta de cuidados do PT federal e do PT local

Ponto que interliga o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, a Praça dos Três Poderes lembra um museu a céu aberto por abrigar obras de importantes escultores, entre eles Bruno Giorgi, Oscar Niemeyer e Marianne Peretti. Um dos locais que mais deveria ser valorizado pelo governo local, porém, atualmente amarga total abandono: o piso está quebrado e cheio de mato, além dos bancos sujos. Além disso, o Espaço Cultural Lúcio Costa está fechado para obras de acessibilidade, conforme aponta um cartaz na entrada. O prazo para término: 26 de novembro de... 2012. Apesar disso, o GDF estipula a conclusão em abril deste ano. (Fotos Cristiano Mariz)

Ponto que interliga o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, a Praça dos Três Poderes lembra um museu a céu aberto por abrigar obras de importantes escultores, entre eles Bruno Giorgi, Oscar Niemeyer e Marianne Peretti. Um dos locais que mais deveria ser valorizado pelo governo local, porém, amarga total abandono: o piso está quebrado e cheio de mato, além dos bancos sujos. O Espaço Cultural Lúcio Costa está fechado para obras de acessibilidade, conforme aponta um cartaz na entrada. O prazo para término: 26 de novembro de… 2012!!!  O GDF promete concluir a obra em abril deste ano. (Fotos Cristiano Mariz)

Por Marcela Mattos e Gabriel Castro, na VEJA.com:
A quatro meses da Copa do Mundo, a capital do país-sede de um dos mais importantes eventos do mundo amarga o abandono. Ao contrário do esperado para a cidade que ergueu o estádio de futebol mais caro do país, quem visita hoje Brasília se depara com monumentos sujos, danificados e mal iluminados – o que, somado à dificuldade de utilizar o transporte público e à crescente onda de violência, acaba por decepcionar e afastar o turista.

Não é necessário ir longe para se constatar a falta de cuidado com os principais atrativos de Brasília, que abrigará sete partidas do Mundial de futebol e deverá receber 600.000 visitantes, segundo o Ministério do Turismo. Apenas nas proximidades da Esplanada dos Ministérios, a reportagem do site de VEJA enumerou sete pontos que integram o roteiro turístico, mas estão em situação deplorável – por falta de limpeza e manutenção inadequada – ou com as portas fechadas.

Roteiro certo de quem visita a capital, a Praça dos Três Poderes, que interliga o Supremo Tribunal Federal (STF), o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional, tem mato crescendo entre as pedras que apoiam obras de Bruno Giorgi, Oscar Niemeyer e Marianne Peretti. Além disso, os bancos estão sujos, e o Espaço Lúcio Costa, um dos poucos atrativos da praça, está fechado desde outubro de 2012 – e com prazo de reabertura vencido há mais de um ano. Em nota, o governo do Distrito Federal prometeu que o museu voltará a funcionar em abril.

“Esperava algo mais ajeitado. Aqui é lindo, claro. Mas estamos na capital do país, e era para ser a menina dos olhos”, disse a advogada Juliana Aragão após conhecer a Praça dos Três Poderes. “As coisas estão sujas e bagunçadas”, continuou o administrador de empresas Flávio Ramos. Os dois são moradores de Olinda (PE) e visitaram a cidade nesta semana. No relato, os pernambucanos criticaram ainda a falta de policiamento e as obras inacabadas do aeroporto.

Também não passa despercebida a condição de outros cartões-postais de Brasília. A cúpula do Museu Nacional da República está suja, a rampa de acesso ao local apresenta rachaduras e a pintura descascando. Em situação similar, a Ponte Juscelino Kubitschek ainda está mal iluminada.

“Em Brasília, constroem-se coisas lindas, mas não há manutenção. Há lixo pela cidade toda. O turista vai ver isso e, junto com o retrato dos monumentos, vai levar essa paisagem”, diz a arquiteta Ana Helena Fragomeni, autora do livro Não vivemos em cartões postais. “Faltam lugares em que o turista saiba que vai ser recebido como pessoa. Esses lugares deveriam estar perto dos hotéis, com centro de turismo que forneça água, refrigerante e banheiros.”

Por ser de responsabilidade de diversas secretarias, o GDF afirma não ter como apresentar um valor total de quanto será investido para melhorar os pontos turísticos até a Copa do Mundo. Mas promete concluir a revitalização do Museu da República, da Torre de Televisão e da sua fonte luminosa antes do torneio de futebol. Além disso, o GDF afirma que estão em fase de instalação novas placas de sinalização para turistas.

Localizado entre a Catedral e o Congresso Nacional, o Museu Nacional da República é um dos monumentos mais recentes de Oscar Niemeyer e destaca-se como um dos pontos imprescindíveis no roteiro de turistas interessados nas obras do arquiteto. Ao chegar ao local, porém, os turistas vão se deparar com um ambiente inóspito: a cúpula do museu está imunda e a famosa rampa de acesso, além da sujeira, apresenta rachaduras. Pior: os arredores de uma das principais referências da capital do país virou ponto de tráfico de drogas e atrai usuários à luz do dia. “Às 15h já podemos ver os consumidores”, conta um dos seguranças, que preferiu não se identificar. Ele reclamou ainda da falta de segurança e da ausência de policiamento no local.

Localizado entre a Catedral e o Congresso Nacional, o Museu Nacional da República é um dos monumentos mais recentes de Oscar Niemeyer e destaca-se como um dos pontos imprescindíveis no roteiro de turistas interessados nas obras do arquiteto. Ao chegar ao local, porém, os turistas vão se deparar com um ambiente inóspito: a cúpula do museu está imunda, e a famosa rampa de acesso, além da sujeira, apresenta rachaduras. Pior: os arredores de uma das principais referências da capital do país virou ponto de tráfico de drogas e atrai usuários à luz do dia. “Às 15h, já podemos ver os consumidores”, conta um dos seguranças, que preferiu não se identificar. Ele reclamou ainda da falta de segurança e da ausência de policiamento no local

Brasília atualmente tem três Centros de Atendimento ao Turista – locais onde são entregues mapas e destinados a ajudar os visitantes –, mas nenhum próximo de onde eles se hospedam. Os dois CATs instalados nos setores hoteleiros foram desativados e serão transferidos para outro ponto, segundo o governo, de melhor visibilidade. No local, restou um painel de acrílico com um mapa surrado e um segurança que, além da vigilância, ganhou a atribuição de atender os turistas desavisados: “Vem muita gente pedindo um mapa e querendo informações. Mas falo para buscarem em outro CAT”, diz um dos vigias do centro da Asa Sul.

Brasília, atualmente, tem três Centros de Atendimento ao Turista – locais onde são entregues mapas e destinados a ajudar os visitantes –, mas nenhum próximo de onde eles se hospedam. Os dois CATs instalados nos setores hoteleiros foram desativados e serão transferidos para outro ponto, segundo o governo, de maior visibilidade. No local, restou um painel de acrílico com um mapa surrado e um segurança que, além da vigilância, ganhou a atribuição de atender os turistas desavisados: “Vem muita gente pedindo um mapa e querendo informações. Mas falo para buscarem em outro CAT”, diz um dos vigias do centro da Asa Sul.

Cartão-postal de Brasília, a Ponte Juscelino Kubitschek é uma das mais belas obras da cidade e pode ser vista minutos antes da aterrisagem na capital federal. De perto, porém, a ponte de mais de um quilômetro de extensão e que custou 186 milhões de reais aos brasilienses precisa de um reparo com urgência: os visitantes que optarem por completar o trajeto a pé vão se deparar com o corrimão torto e com um local mal iluminado – alguns dos postes inclusive estão sem os bocais das lâmpadas. O descuido também pode ser percebido na sujeira dos arcos e nas pichações de pontos próximos.

Cartão-postal de Brasília, a Ponte Juscelino Kubitschek é uma das mais belas obras da cidade e pode ser vista minutos antes da aterrissagem na capital federal. De perto, porém, a ponte de mais de um quilômetro de extensão e que custou 186 milhões de reais aos brasilienses precisa de um reparo com urgência: os visitantes que optarem por completar o trajeto a pé vão se deparar com o corrimão torto e com um local mal iluminado – alguns dos postes inclusive estão sem os bocais das lâmpadas. O descuido também pode ser percebido na sujeira dos arcos e nas pichações de pontos próximos.

Crise
O desleixo com os pontos turísticos de Brasília é mais um sintoma da crise permanente no governo de Agnelo Queiroz (PT). O governador do Distrito Federal tem o segundo menor índice de popularidade do país, atrás apenas de Rosalba Ciarnlini (DEM), do Rio Grande do Norte. Por isso, ao contrário de outros chefes do Executivo, ele ainda não definiu os planos de reeleição. Há partidários que defendem o lançamento de outro nome do PT ao governo neste ano.

Agnelo passou o primeiro ano de mandato tentando explicar os sucessivos casos de corrupção – novos e antigos –, que vieram à tona quando ele assumiu o Palácio do Buriti. Mesmo depois de passada a fase mais aguda dos escândalos, não mostrou serviço: as principais obras haviam sido planejadas pela gestão de José Roberto Arruda, que perdeu o cargo após a Operação Caixa de Pandora. A falta de eficiência na gestão gerou problemas na saúde e na segurança pública.

Recentemente, uma onda de violência atingiu a capital federal, em parte porque policiais militares insatisfeitos resolveram dar início a uma “Operação Tartaruga” para pressionar o governo a aumentar os salários. Foram mais de 70 assassinatos em janeiro, um aumento de 40% na comparação com o mesmo mês de 2013. Era uma rara oportunidade em que a população, refém dos policiais e dos criminosos, poderia dar um voto de confiança a Agnelo caso o governador reagisse com firmeza. Mas ele preferiu se omitir.

Não bastasse um serviço de transporte público insuficiente para atender a população brasilense – e que tende a piorar com a vinda de turistas durante a Copa do Mundo –, a Rodoviária de Brasília é um dos exemplos do descaso que assola a capital do país. Somada às longas filas de espera para tomar um ônibus, os passageiros ainda têm de lidar com um cenário de obras inacabadas, escadas rolantes interditadas, risco iminente de roubo e o consumo indiscriminado de drogas. Diante desse retrato, quem tem condições de pagar um pouco a mais opta por tomar um táxi.

Não bastasse um serviço de transporte público insuficiente para atender a população brasilense – e que tende a piorar com a vinda de turistas durante a Copa do Mundo –, a Rodoviária de Brasília é um dos exemplos do descaso que assola a capital do país. Somada às longas filas de espera para tomar um ônibus, os passageiros ainda têm de lidar com um cenário de obras inacabadas, escadas rolantes interditadas, risco iminente de roubo e o consumo indiscriminado de drogas. Diante desse retrato, quem tem condições de pagar um pouco mais opta por tomar um táxi.

Após passar por três anos em obras e sofrer uma sequência de atrasos, a Catedral de Brasília, também projetada por Oscar Niemeyer, foi inaugurada há pouco mais de um ano e já apresenta sinais de abandono. Enquanto a fachada da igreja ainda está conservada, os arredores foram esquecidos pelo governo: os muros mais próximos estão pichados e sujos.

Após passar por três anos em obras e sofrer uma sequência de atrasos, a Catedral de Brasília, também projetada por Oscar Niemeyer, foi inaugurada há pouco mais de um ano e já apresenta sinais de abandono. Enquanto a fachada da igreja ainda está conservada, os arredores foram esquecidos pelo governo: os muros mais próximos estão pichados e sujos.

O governo corre para entregar um dos principais pontos turísticos da capital a tempo da Copa do Mundo. A torre de televisão está fechada para a instalação de elevadores para cadeirantes e de escadas rolantes. O prazo de entrega está atrasado em oito meses. O GDF promete a reabertura em junho – mas as obras ainda estarão incompletas. Ficam para depois a revitalização da estrutura metálica e a criação de um centro de exposições sobre a história da capital.

O governo corre para entregar um dos principais pontos turísticos da capital a tempo da Copa do Mundo. A torre de televisão está fechada para a instalação de elevadores para cadeirantes e de escadas rolantes. O prazo de entrega está atrasado em oito meses. O GDF promete a reabertura em junho – mas as obras ainda estarão incompletas. Ficam para depois a revitalização da estrutura metálica e a criação de um centro de exposições sobre a história da capital.

Por Reinaldo Azevedo

 

Após 13 anos de saldo positivo, país deve ter déficit comercial em 2014

Por Eliane Oliveira, no Globo:
Após 13 anos de superávits anuais ininterruptos, a balança comercial brasileira caminha para um déficit em 2014. A principal razão desse cenário pouco promissor é a falta de controle sobre 65,3% do total de exportações, o equivalente a US$ 158 bilhões de tudo que foi vendido no exterior em 2013. São as chamadas commodities, cujos preços são formulados de acordo com os humores do mercado internacional. A conta inclui itens como soja, minério de ferro, celulose, suco de laranja, etanol, óleos combustíveis, gasolina, café e açúcar, entre outros.

A vulnerabilidade do país às oscilações internacionais de preços já era evidente no ano passado. O saldo da balança comercial, de US$ 2,56 bilhões, foi o pior desde 2000. O desempenho só não foi pior em razão de uma manobra contábil, com a inclusão na conta de exportações de sete plataformas vendidas a empresas estrangeiras e alugadas para a Petrobras. Na prática, elas nunca deixaram o país.

Problemas com vizinhos
Especialistas e técnicos do governo acreditam que os preços das commodities continuarão caindo este ano, devido à possibilidade de desaceleração do consumo na China e à recuperação da economia americana. Para piorar, a indústria está à mercê da concorrência chinesa e de outros asiáticos, não só no mercado interno, mas em outros países. “Há pouco o que se fazer para melhorar esse cenário”, disse o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Assim como já ocorre com a Venezuela, a Argentina ameaça atrasar pagamentos, desestimulando exportações para aquele país, principalmente de pequenas e médias empresas, que não têm fôlego para esperar meses pelo dinheiro. Ao mesmo tempo, crescem as importações de bens de consumo, entre os quais alimentos, automóveis, calçados e móveis. A avaliação geral é que o governo está apático. “Essa apatia pode estar ocorrendo porque o governo espera algum efeito da desvalorização cambial que ocorreu na segunda metade de 2013. Outro fator é que estamos em ano eleitoral”, disse o economista Fábio Silveira, da GO Consultores.

Até semana passada, havia queda generalizada nas cotações de commodities. Os preços do milho e do café, por exemplo, caíram 32,5% e 28,2%, respectivamente, ante fevereiro de 2013. O óleo de soja apresentou redução de 29,4% e do frango, 15,1%. Essas variações precisam ser compensadas pelo aumento do volume embarcado desses produtos, para que o valor exportado não caia, diz o presidente da AEB.

A situação fica ainda pior, porque o Brasil precisa conviver com vizinhos problemáticos: Argentina e Venezuela, terceiro e sétimo parceiros comerciais, foram responsáveis pela compra, no ano passado, de quase US$ 25 bilhões em produtos brasileiros. A Venezuela mantém um câmbio artificial desde a época do então presidente Hugo Chávez, que morreu no ano passado.
(…)

Por Reinaldo Azevedo

 

Os que estão nas ruas na Venezuela querem é democracia; os black blocs no Brasil são é bandidos

Milhares de estudantes voltam às ruas na Venezuela (Foto: Christian Veron/Reuters)

Milhares de estudantes voltam às ruas na Venezuela (Foto: Christian Veron/Reuters)

Recebi aqui de um leitor um arrazoado bastante capenga, afirmando que uso “dois pesos e duas medidas” para avaliar os protestos na Venezuela e no Brasil. Eu seria favorável às manifestações lá e contrário aqui. Pra começo de conversa, peço um favor: vamos usar a expressão com correção. O certo para indicar o que o rapaz tentou dizer é “um peso e duas medidas” — porque desequilibraria a balança, entenderam? Quem diz que o outro usa “dois pesos e duas medidas” só o está acusando de ter sido justo… Não sei se me fiz entender. Mas sigamos.

A Venezuela, técnica e praticamente, é uma ditadura, e o Brasil, felizmente, é uma democracia plena. Ainda é, e vamos lutar para que continue assim. Neste domingo, milhares de estudantes voltaram às ruas de Caracas para protestar contra o governo e contra encapuzados que têm se infiltrado nas manifestações — aquelas, sim, pacíficas — para promover a violência e o caos. Uma nova convocação foi feita para esta segunda.

Na semana passada, três pessoas morreram a tiros em manifestações de rua, dezenas ficaram feridas, e há nada menos de 200 presos — três deles são jornalistas. Os tumultos foram promovidos, já está mais do que claro, por milícias chavistas armadas, que se infiltraram entre os que protestavam para promover o quebra-quebra e a depredação. Isso forneceu ao ditador Nicolás Maduro o pretexto para uma onda repressiva sem precedentes, com ordem para prender políticos de oposição. Um deles, Leopoldo Lopez, está foragido, e a polícia o caça país afora. Maduro o acusa, acreditem, de terrorismo e de tramar um golpe no país. É um lunático. Neste domingo, anunciou a expulsão de três diplomatas americanos, que, segundo ele, estariam envolvidos em conspiração. É o velho truque dos malandros latino-americanos: quanto tudo vai mal, basta culpar os EUA.

Maduro é ditador mesmo tendo sido eleito? É. Para começo de conversa, foram eleições sujas, feitas sob a ação terroristóide das milícias e sem que a oposição tivesse acesso à televisão — hoje um monopólio estatal. As TVs oficiais, diga-se, se negaram a transmitir os protestos. Nota à margem: o marqueteiro que fez a campanha de Maduro é João Santana, o mesmo que cuidou da reeleição de Lula, da primeira campanha de Dilma e que vai agora se encarregar da segunda.

O presidente da Venezuela tem traços claros de psicopatia. Diz conversar com passarinhos, que lhe transmitiriam mensagens de Hugo Chávez, e vê a imagem do ditador morto em rebocos de parede. Seria só um bufão folclórico se não estivesse conduzindo a nação para o caos. A Venezuela é hoje um dos países mais violentos do mundo. Em Caracas, há mais de 100 homicídios por 100 mil habitantes. No Brasil, com toda a escandalosa violência, são 26 — em São Paulo, 10,5. Isso dá conta do que vai pelas ruas da capital venezuelana.

A economia está destruída: de comida a papel higiênico, falta tudo nas prateleiras dos supermercados — inclusive daqueles estatais, criados pelo modelo chavista para supostamente garantir o abastecimento. A inflação no país é a mais alta da América Latina: se a nossa foi de 5,91% em 2013, a venezuelana foi de 56,2% — 8 vezes e meia a mais.

Os estudantes que vão às ruas na Venezuela se insurgem contra um país em que a liberdade de expressão é limitada, o Judiciário e o Parlamento estão submetidos às gangues chavistas, o tal “Socialismo do Século XXI” condena a população à miséria e ao atraso, e líderes da oposição estão sendo encarcerados. Mesmo o jornalismo impresso, mais independente, sofre terríveis pressões porque o governo ameaça cortar a cota de papel.

Assim, comparar os protestos que ocorrem lá com os que ocorrem aqui, como querem fazer alguns, é uma tremenda bobagem. Os critérios com que se avaliam as lutas contra uma ditadura não podem servir de baliza para manifestações de descontentamento num regime democrático. De resto, os estudantes venezuelanos promovem protestos realmente pacíficos e saíram às ruas neste domingo justamente para repudiar a violência, obra de delinquentes a serviço do governo.

Um lamento adicional é saber que, desrespeitando o protocolo do Mercosul — que não aceita governos ditatoriais —, Dilma Rousseff e Cristina Kirchner, presidente da Argentina, promoveram a entrada da Venezuela no Bloco. O Brasil decidiu ser sócio de um governo que censura a imprensa, prende opositores e mata seu próprio povo.

Por Reinaldo Azevedo

 

Este escriba num breve debate sobre as manifestações

Foi ao neste domingo à noite, no programa TV Folha, transmitido pela TV Cultura, um pequeno debate entre este escriba e Vinicius Torres Freire, também colunista do jornal, sobre os protestos e a forma como os governos reagem a eles. A conversa, como dá para perceber às vezes, foi bem mais longa do que os sete minutos que foram ao ar. Mas a edição conseguiu expressar, creio, o que cada um pensa de essencial a respeito do tema — nunca é um trabalho fácil.

Segue abaixo o vídeo que foi ao ar.

Alguns leitores reclamam que não estão conseguindo assistir ao vídeo. Não sei qual é o busílis. Aqui no meu micro, está abrindo no Chrome, no Explorer e no Firefox. Em todo caso, segue o link.

Por Reinaldo Azevedo

 

Imprensa livre, democracia e lei antiterror. Ou: Estados democráticos têm legitimidade para dizer o que os indivíduos NÃO PODEM fazer. E se fizerem? CANA!

Black blocs em ação: será que isso é permitido na democracia? Resposta óbvia: não!

Black blocs em ação: será que isso é permitido na democracia? Resposta óbvia: não!

Em dezenas de artigos neste blog e na minha coluna na Folha de sexta, acusei a omissão da imprensa e dos jornalistas, que não revelam a seu leitores, telespectadores ou ouvintes que são obrigados a se esconder nas manifestações. Um colete com a palavra “Imprensa” não seria uma boa ideia porque, em vez de proteger o jornalista, a vestimenta o exporia a riscos ainda maiores. Pode até ter a sua eficácia na Síria, não nas ruas de São Paulo ou do Rio. E a omissão continua. Por enquanto ao menos, homenagens à parte, no que concerne à reação dos profissionais de imprensa, Santiago Andrade morreu em vão. Aliás, note-se, em vez da justa indignação, começou foi o coro dos hipócritas do “deixa disso”. Há até alguns e algumas bacanas sugerindo que os jornalistas precisam evitar a reação “corporativista”. E assim é, vocês já perceberam, porque os assassinos de Santiago são dois manifestantes. Imaginem o escarcéu que se faria — e com razão, noto — se tivesse sido morto pela Polícia Militar.

Aliás, reações, estas sim, corporativistas, vimos e ainda vemos quando se trata de apontar o dedo contra as forças se segurança. É possível que um ou outro policiais tenham atirado balas de borracha contra jornalistas porque jornalistas — e, ficando evidenciado, têm de ser punidos porque o artefato deixa de ser dissuasivo para se transformar em arma de ataque. No mais das vezes, no entanto, jornalistas foram feridos no fogo cruzado. Infelizmente, a tal bala ainda é incapaz de distinguir profissões. Como os coleguinhas estão sempre fazendo a cobertura do ponto de vista do “manifestante”, nunca da polícia, a chance de ser atingido é grande. “Ah, está justificando!” Não estou. Digo como são as coisas.

Vejo associações de empresas e de jornalistas cobrando “garantias” à polícia. Quais garantias? O instrumento mais eficaz, nesses casos, é haver a clara identificação dos profissionais de imprensa. Ou deem outro! Mas assim não pode ser porque eles estão com medo — e com razão. No Rio, no dia 13 de junho, policiais foram literalmente linchados. Então a coisa não começou agora, certo? Um grupo foi sitiado na Assembleia, com vândalos dispostos a botar fogo no prédio. Em São Paulo, um coronel da Polícia Militar teve a clavícula quebrada e poderia ter sido morto não fosse a intervenção de homens do serviço reservado. E o coronel estava lá para negociar. Imaginem se esses canalhas cercam um repórter de TV cuja cara é conhecida. Um carro da TV Record foi incendiado — apesar disso, um gigante moral como Paulo Henrique Amorim usa seus dotes momescos para fazer graça com a violência, tripudiando sobre o cadáver de um colega de sua ex-profissão.

Por que a Globo, a Band ou a Record não mandam para as ruas, com a devida identificação no microfone e nas câmeras, seus profissionais conhecidos, justamente os mais experientes e, em tese ao menos, mais aptos a coberturas com esse grau de complexidade? Porque seriam linchados! Ainda que as empresas fossem irresponsáveis o bastante para convocá-los, eles não iriam. Se conhecerem alguns, perguntem a eles se teriam coragem de enfrentar a parada. Não são doidos. Aliás, os repórteres de TV que me leem agora sabem que falo a verdade. As TVs estão recorrendo a estratégias editoriais: o jornalismo atua de modo clandestino, colhendo imagens. Depois, os mais experientes se encarregam de “amarrar” uma reportagem final. E ninguém está se escondendo da polícia. É vergonhoso que isso não tenha sido denunciado ainda:
a: pelas emissoras;
b: pelas associações profissionais de jornalistas;
c: pelas associações profissionais das empresas de comunicação;
d: pela Ordem dos Advogados do Brasil. Esta, então, por intermédio de sua seção no Rio, está, na prática, justificando a violência, como já demonstrei aqui. A atuação da entidade nesse particular tem sido vergonhosa.

Tim Lopes, sim!, mas pior
Mesmo assim, apesar de todas as evidências de que os jornalistas estão sendo caçados nas ruas, prevalecem o silêncio e a reação, esta sim hipócrita, de culpar os dois lados. Por quê? Porque estão todos com medo dos milicianos organizados das redes sociais.

Leio um texto em que se sustenta que Santiago Andrade não pode ser comparada a Tim Lopes porque, nesse caso, os traficantes sabiam quem estavam matando e se tratou de um agressão explícita à liberdade de imprensa. Já a dupla que atacou Santiago, bem, o rojão não estava destinado a ele; teria havido um acidente. A consideração é de uma imoralidade asquerosa. É claro que não era “para ele”. Como confessou um dos agressores, o objetivo era atingir os policiais. E que se note: fosse o morto um fardado, a reação teria sido ainda mais discreta.

Certas ocorrências, ainda que infinitamente menores do que emblemas de tragédias humanitárias, trazem a memória pura da indignidade. Hitler matou seis milhões de judeus. E encontrou um lugar justo na história, sendo cultuado não mais do que por meia dúzia de lunáticos. Stálin responde pela morte de uns 40 milhões na União Soviética — quase nunca, mas também, matava alguém por pertencer a este ou àquele grupos. A vocação homicida do Bigodão era menos seletiva do que a do Bigodinho. É evidente que o Holocausto judeu merece um lugar único na história porque o ódio a uma etnia, a um grupo social, a um povo reveste-se de particular gravidade. Hitler matava judeus porque eram judeus. Mas como explicar que partidos comunistas mundo afora e esquerdistas em penca ainda hoje cultivem a memória de Stálin — e, mais genericamente, do socialismo — como um reformador?

A sobrevivência, diga-se, das ideias de esquerda decorre, em grande parte, desse dar de ombros para os crimes cometidos pelos socialistas. Admite-se, em larga medida, que a violência é um instrumento aceitável da luta política, daí um certo Marcelo Chalreo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, ter citado alegremente numa nota — num daqueles momentos em que a ignorância se cruza com a truculência — que “a violência é a parteira da história”. Não se enganem: se as organizações judaicas não fossem tão vigilantes e não se empenhassem, ainda hoje, em lembrar quem foi Hitler e o que foi o nazismo, também essa besta-fera já teria sido reciclada para consumo. Afinal, se “a violência é a parteira da história”, então tudo é permitido. Os canalhas intelectuais que acusam os judeus de alimentar “a indústria do holocausto” deveriam atentar para o mal que fizeram os liberais por não terem alimentado a “indústria do morticínio socialista”.

O caso Santiago Andrade, na verdade, é mais grave do que o de Tim Lopes. Sim, os traficantes sabiam quem estavam matando. Mas notem: Tim estava infiltrado no “movimento”, numa operação que sabia de altíssimo risco, para fazer a denúncia por dentro. Fosse um policial ou religioso, uma vez descoberto, teria morrido do mesmo jeito. É tolice achar que o assassinaram porque era um jornalista. Os facínoras que o mataram não estavam se manifestando contra a liberdade de imprensa. Só não queriam ser denunciados. Duvido que Elias Maluco já tenha pensado a respeito da liberdade de informação ou que chame o jornalismo de “mídia conservadora”, com esgar de nojo. Ele habita outro planeta.

Nestes dias, a coisa é bem diferente.  Fato: a dupla não tentou matar Santiago — o artefato era para a polícia… Mas Santiago pertencia a uma categoria que não pode se identificar e mostrar a cara porque grupos organizados, que odeiam o jornalismo livre, que se manifestam abertamente contra a liberdade de imprensa, não permitem.

Vagabundos financiados
Entrem nas páginas dos black blocs e afins na Internet para ver o que eles pensam da imprensa, que acusam de “distorcer” as reais intenções do seu glorioso “movimento”. A tal “Sininho”, que apareceu como animadora de torcida de depredadores, chamou de “carniceiros” os cinegrafistas que, trabalhando, cobriam o depoimento de Fábio Raposo, um dos assassinos de Santiago. Um de seus amigos apontou o dedo para eles: “Vocês serão os próximos”. Levou uma “camerada” na cabeça de um dos cinegrafistas — um gesto que mereceu o meu aplauso. Simples assim.

Façam um exercício: comparem o que os black blocs e outros violentos dizem do jornalismo livre com o que vai em páginas do subjornalismo governista-petista, financiadas pelo governo federal e por estatais. O texto é o mesmo. As acusações são as mesmas. A mesma é a vocação persecutória. O que os facinorosos que matam pessoas pensam do jornalismo não é diferente da pregação de Franklin Martins. Não é diferente do que dizem os documentos da Executiva Nacional do PT.

Em razão de tudo o que expus até aqui, escrevi assim na minha coluna de sexta na Folha:
(…)
Eu acuso Franklin Martins de ser o chefe de uma milícia oportunista contra a imprensa livre.
Eu acuso o governo federal e as estatais, que financiam páginas e veículos que pregam o ódio ao jornalismo independente, de ser corresponsáveis por essa morte.
Eu acuso o ministro José Eduardo Cardozo de ser, querendo ou não, na prática, um dos incitadores da desordem.
Eu acuso o ministro Gilberto Carvalho de especular com o confronto de todos contra todos.
Eu acuso jornalistas de praticar a sujeição voluntária porque se calam sobre o fato de que são caçados nas ruas pelos ditos “ativistas” e obrigados a trabalhar clandestinamente.
Eu acuso empresas e jornalistas de se render a milicianos das redes sociais e de se preocupar mais com “o que elas vão dizer de nós” do que com o que “nós temos de dizer a elas”.
Eu acuso uns e outros de se deixar pautar por dinossauros com um iPad nas patas.
(…)

A lei anterrorismo
O Brasil não tem uma lei antiterrorismo. Não posso afirmar com absoluta certeza porque não fiz o levantamento em todos os países do mundo, mas certamente é dos poucos a ter esse vazio legal. O Chile tem. A Colômbia tem. Os EUA têm. A Alemanha, a França, a Itália e Inglaterra têm. Ah, sim, a Venezuela, Cuba e China também — nesses três casos, diga-se, tão apreciados pelas nossas esquerdas, basta defender a democracia para ser enquadrado como terrorista.

Setores da imprensa brasileira já detonaram o Projeto de Lei do Senado nº 499 SEM LER. A íntegra está aqui. Como é óbvio, não pune manifestantes ou tolhe a liberdade de expressão. Pune com severidade quem infunde terror em massa e quem ataca instalações e bens públicos, incluindo meios de transporte, pondo em risco a segurança de milhares de pessoas. Aliás, a Lei de Segurança Nacional, a 7.170, que está em vigor, poderia já ter mandado para a cadeia alguns dos bandidos que estão por aí aterrorizando as pessoas.

A esquerda do PT saiu gritando contra o Projeto de Lei do Senado. Imediatamente, algumas vozes do jornalismo resolveram fazer eco à gritaria. Confunde-se a violência terrorista com simples distúrbios; confunde-se a repressão ao terror com o cerceamento à liberdade de expressão, o que é, obviamente, um absurdo.

É evidente que o estado brasileiro não pode definir O QUE SE PODE FAZER NUMA MANIFESTAÇÃO, O QUE SE PODE DIZER, O QUE SE PODE REIVINDICAR. Mas o estado tem legitimidade para definir, sim, O QUE NÃO SE PODE FAZER: explodir bombas, recorrer a coquetéis molotov, incendiar ônibus, infundir terror nas ruas e em aparelhos públicos, o que pode pôr em risco a segurança de milhares.

Só a mais escancarada má-fé ou a burrice mais saliente podem confundir o ataque a direitos fundamentais de todos os indivíduos como um pressuposto da liberdade de manifestação de alguns indivíduos. Não se trata de ser “progressista” ou “reacionário”, mas de admitir ou não o  crime como instrumento de luta política.

Por Reinaldo Azevedo

 

Zavascki e Barroso vão decidir o tempo de cadeia das estrelas do mensalão

O Supremo começa a votar na quinta-feira os embargos infringentes. É uma nova votação, não um novo julgamento. Os advogados de defesa encaminham seus argumentos aos ministros e têm 15 minutos para defender seu ponto de vista. Mas não podem apresentar testemunhos ou álibis novos ou desqualificar provas que serviram à condenação.

A questão principal diz respeito à formação de quadrilha. Para os ministros do Supremo que absolveram desse crime José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, a quadrilha só existe quando há um grupo estruturado, permanente, organizado para delinquir, com distribuição de tarefas e uma hierarquia. Já a coautoria não. Ela é apenas eventual. Um grupo pode cometer um crime e se desfazer depois. Os advogados dirão que seus clientes são apenas coautores.

Será que os mensaleiros serão bem sucedidos? Tudo indica que sim.

Tome-se o caso de José Dirceu: recebeu quatro votos absolvendo-o de formação de quadrilha. Qual será o papel do relator — no caso, Luiz Fux? Ele pode recusar a argumentação da defesa, julgando-a descabida, defendendo o resultado do julgamento, ou aceitá-la, votando, então, pela absolvição. Aí os demais ministros se posicionam. Só para lembrar: não pode haver revisão de pena, por exemplo. Ou se mantém a condenação ou se absolve.

Dirceu foi absolvido do crime de quadrilha por quatro ministros, que permanecem na Corte: Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Rosa Weber e Cármen Lúcia. Cinco dos seis que o condenaram também continuam lá: Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello.

Se todos mantiverem seus respectivos votos, o placar começa com 5 a 4 contra Dirceu. A decisão ficará com os dois mais recentes ministros da casa: Teori Zavascki e Roberto Barroso. Zavascki já deu a entender mais de uma vez que discorda da condenação por quadrilha. Então já se pode dar um como certo um empate: 5 a 5. Barroso já afirmou mais de uma vez que considerou o Supremo severo demais no julgamento do mensalão. O mais provável, então, é que Dirceu, condenado por 6 a 4 na primeira votação, seja agora absolvido do crime de quadrilha por 6 a 5.

Delúbio Soares e José Genoino estão em situação idêntica, também pelo crime de quadrilha.

O caso de João Paulo Cunha começa diferente, mas termina igual. Ele foi condenado por corrupção passiva, peculato e formação de quadrilha. Neste último crime, a condenação se deu por 6 a 5. Dos que o absolveram, quatro continuam no tribunal: Lewandowski, Rosa Weber, Dias Toffoli e Marco Aurélio. Dos seis que o condenaram, cinco continuam: Joaquim Barbosa, Luiz Fux, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Se ninguém mudar de ideia, o placar contra ele começa com 5 a 4: também ele precisará do voto dos dois novos ministros, que não participaram da primeira votação: Teori Zavascki e Roberto Barroso.

Para arrematar: os ministros não estão obrigados a repetir o voto da primeira rodada. Em tese ao menos, ministro que antes condenou pode absolver, mas quem absolveu também pode condenar, o que dificilmente aconteceria porque os embargos infringentes são um recurso da defesa e não faria sentido o réu ser prejudicado por uma mudança de voto contra si.

O resumo da ópera é o seguinte: o mais provável é que Dirceu, Genoino e Delúbio se livrem do crime de quadrilha, cumprindo pena só por corrupção ativa, e que João Paulo se livre do crime de lavagem de dinheiro, permanecendo preso por peculato e corrupção passiva. Mas todos em regime semiaberto.

Assim, os que apostaram na enrolação de olho na mudança de composição do tribunal foram ao menos parcialmente bem-sucedidos. É claro que essa possível mudança de placar só se dará em razão da decisão desastrosa do STF, que, por 6 votos a 5 (com o desempate decidido por Celso de Mello), que declarou a sobrevivência dos embargos infringentes.

Por Reinaldo Azevedo

 

A mercadoria “Zé Dirceu preso” rende mais do que o comércio de substâncias lícitas e ilícitas

Que coisa!

Um Zé Dirceu preso, pelo visto, rende mais vantagens do que o comércio de qualquer substância lícita ou ilícita. Em três dias, o site para arrecadar dinheiro para pagar a multa imposta pelo STF arrecadou R$ 301.481,28. Nesta segunda, não será surpresa se chegar perto de R$ 1 milhão. Não se esqueça de que Delúbio Soares recebeu, num único dia, R$ 600 mil.

Desse jeito, o PT ainda acaba transformando petista preso em mercadoria e fonte de renda para o partido, não é mesmo? O deboche inconstitucional continua. Caso Henrique Pizzolato seja extraditado, será preciso fazer igual esforço pelo companheiro, certo?

Já ouvi aqui e ali que o PT não pode ser censurado por isso porque não estaria fazendo nada ilegal (não???) e que a luta política, afinal de contas, é legítima.

“Uma ova!”, como gosto de dizer. Os petistas estão fazendo pouco caso da Justiça e deixando claro que não reconhecem seus valores e fundamentos. Ao promover essas campanhas — e ainda que a doação seja uma mandracaria —, é evidente que procura desmoralizar o Poder Judiciário e o julgamento.

O nome da droga que o PT está vendendo é agressão às instituições. 

Por Reinaldo Azevedo

 

O surto de amor de Suplicy pelos mensaleiros

Por que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), odiado e desprezado por Lula e pela turma do mensalão, decidiu agora aparecer como aquele que polariza com ministro Gilmar Mendes? O contexto explica. Fosse pelo Apedeuta, ele não seria o candidato do partido ao Senado em São Paulo. Ou escolheria um outro, mesmo que eleitoralmente menos viável, ou usaria a vaga para negociar com partidos que vão apoiar a candidatura de Alexandre Padilha ao governo do Estado no primeiro turno ou no segundo — se o petista passar.

É remota, próxima de zero, a chance de Suplicy não se candidatar a mais um mandato. Mas é grande a possibilidade de ser abandonado por uma parte da máquina petista. Se Henrique Meireles (PSD), por exemplo, disputar a vaga, não seria difícil Lula aparecer ao seu lado, assim, sem querer. Qual dos dois vocês acham que o chefão petista gostaria de ver eleito?

Então Suplicy teve agora esse surto de amor pelos mensaleiros.

Por Reinaldo Azevedo

 

Senador quer que ministro diga para onde vai a verba da publicidade oficial. Ou: Dinheiro público não pode financiar difamadores

Aloysio Nunes Ferreira, líder do PSDB no Senado, quer saber para onde vai a verba de publicidade oficial. Ele protocolou na Secretaria Geral da Mesa um requerimento pedindo que o novo ministro da Comunicação Social, Thomas Traumann, forneça informações detalhadas a respeito: nome da empresa, nome-fantasia, CNPJ etc.

Afirmou o senador:
“Criou-se um Brasil da publicidade que é diferente do Brasil real. E isso sustentado a peso de ouro numa campanha eleitoral mal disfarçada, visando a perpetuação do PT no governo. A minha preocupação hoje é também especialmente voltada para aqueles veículos de comunicação que são descaradamente patrocinados pelo governo, por empresas estatais, por órgãos da administração direta, cuja a função é repercutir a mensagem política do PT, especialmente na difamação daqueles que se opõem ao atual governo”.

Nunes lembrou que, quando a presidente Dilma substituiu Helena Chagas por Thomas Traumann na Secretaria de Comunicação (Secom), que cuida da área, Helena escreveu no Facebook que “dinheiro de publicidade não pode ser uma ação entre amigos”.

A então ministra sofreu um intenso bombardeio dos blogs sujos e dos veículos oficialistas, que cobravam mais verba oficial de publicidade. O formulador da estratégia de encher essa turma de dinheiro está de volta ao centro do palco: Franklin Martins. Ele vai comandar a área de comunicação da campanha de Dilma à reeleição e, consta, voltou a dar as cartas na Secom. Se o Bloco dos Sujos se limitasse a puxar o saco do poder, vá lá… Já seria detestável, mas menos doloso. Ocorre que verdadeiros centros de difamação são financiados com dinheiro que é de todos os brasileiros — também daqueles que não votam no PT.

Por Reinaldo Azevedo

 

Lula nas asas de um ex-réu do “mensalão mineiro”. Mas PT quer o fígado de Azeredo…

Um dos motes da petezada na Internet é afirmar que há morosidade na tramitação do caso do mensalão mineiro. É só ignorância de causa. É que a denúncia foi oferecida pelo Ministério Público e aceita pelo Supremo depois do caso petista porque também veio à luz mais tarde. De resto, Lula deve acreditar que nada de errado se passou em Minas, não é mesmo? Por que digo isso?

Em seu primeiro mandato, o Apedeuta levou para ser seu ministro das Relações Institucionais ninguém menos do que Walfrido dos Mares Guia, que era vice de Eduardo Azeredo no governo de Minas (1995-1998). Walfrido foi um dos coordenadores da campanha de Azeredo à reeleição em 1998 e também se tornou um dos réus do tal “mensalão mineiro”. Foi acusado de peculato e lavagem de dinheiro. Ocorre que fez 70 anos, o prazo de prescrição de crimes, nesse caso, cai pela metade, e houve a prescrição. Não é mais réu. Todo mundo sabe que Walfrido conhecida muito mais a mecânica de financiamento da campanha de 1998 do que Azeredo.

Muito bem! Lula levou Walfrido para o governo. Quando a denúncia foi aceita e ele se tornou réu, deixou o cargo. Mas continuou amigão do chefão petista. E isso explica estas duas notas no  Painel da Folha deste sábado, editado por Vera Magalhães. Volto depois.

Lula Walfrido

Encerro
Os petistas gostam dos réus do mensalão mineiro e confiam neles. Na edição de ontem, o Globo revelou que outro, José Afonso Bicalho, ex-presidente do Banco Estadual de Minas Gerais, é assessor do Ministério do Desenvolvimento e trabalhou com o ex-ministro Fernando Pimentel, que vai concorrer ao governo de Minas. Lula pegou carona no avião de Walfrido justamente para participar de um ato em apoio a Pimentel. 

 Por Reinaldo Azevedo

 

Não tem jeito! No começo, os petistas não tinham limites; depois, eles pioraram. Ou: Como era óbvio, tumulto no metrô interessava ao PT

Alexandre Padilha, virtual candidato do PT ao governo de São Paulo, já imprimiu um tom meio terrorista a suas curtas inserções na TV sobre segurança pública, como se ele e seu partido tivessem lições a dar na área. Já expliquei por que não. Leio agora que pretende explorar também a suposta formação de cartel na compra de trens e o problema havido há dias na Linha 3, quando houve um sério tumulto em razão de uma sequência de eventos bem pouco convencionais, com cheiro óbvio de sabotagem.

Explorar a questão do cartel? Vá lá. Os petistas Simão Pedro e Vinicius Carvalho, o chefe do Cade, não tiveram tanto trabalho por nada, não é mesmo? A investigação está em curso. Dada a ativa participação de petistas na formulação da denúncia, pode não ser um monumento à ética, mas ainda cabe nas longas franjas da política.

Mas levar ao ar, como se noticia, a pane no Metrô? Uma tragédia poderia ter acontecido naquele dia — e graves eventos podem ainda se dar se houver estímulo para tanto.

Atenção! Um candidato ir à TV e dizer que vai melhorar o metrô assim e assado, fazendo planos, promessas, o diabo a quatro, ok. É do jogo. Exibir, no entanto, imagens do tumulto ou delas decorrentes é coisa de insanos, de irresponsáveis. Na prática, o que se vai fazer é um convite para novos distúrbios.

Se alguém tinha dúvida de que a confusão no metrô interessava ao PT, agora já não tem.

Por Reinaldo Azevedo

 

Pizzolato, peixe pequeno, estava montado na grana; Dirceu, o tubarão, tadinho!, precisa pedir esmola na Internet!

A polícia italiana encontrou na casa de praia em Porto Venere, na Itália, um dos esconderijos de Henrique Pizzolato, recibos que indicam que ele sacou, em dinheiro vivo, entre 20 mil e 30 mil euros. Detalhes: o dinheiro foi transferido da Espanha, e o saque foi feito em nome de Celso Pizzolato, seu irmão, que morreu em 1978. Como vocês sabem, Henrique tirou todos os documentos em nome do Celso, o que o auxiliou na fuga.

Que coisa, né? Dos peixes graúdos do mensalão, Pizzolato é o menor. Dá para perceber que ele, definitivamente, não enfrentava dificuldades financeiras, não é mesmo? Já o Zé Dirceu, que era o tubarão, este, coitado!, não conseguiu guardar um vintém e não tem dinheiro para pagar a multa, daí que precise recorrer à Internet. Sei que vocês não conseguem ler isso sem chorar.

Em dois dias, o site de Dirceu já conseguiu arrecadar mais de R$ 200 mil. Qualquer pessoa razoável desconfia desse troço. Mas digamos que seja verdade: aí é pior, né? Trata-se de um sinal evidente de que há mais sem-vergonhas por aí do que a gente imagina.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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