O BC contra a liberdade de expressão. Ou: Depois de banco perder a independência, perde também o senso do ridículo

Publicado em 09/09/2014 08:12 e atualizado em 10/09/2014 01:39
por Reinaldo Azevedo, com Lauro Jardim, Geraldo Samor e Ricardo Setti, de veja.com

O BC contra a liberdade de expressão. Ou: Depois de banco perder a independência, perde também o senso do ridículo

Há coisas contra as quais a gente sente vergonha até de escrever. É como se elas nos contaminassem com a sua estupidez, com a sua burrice, com a sua jequice. Mas não podemos abrir mão de fazê-lo, sob pena de os idiotas avançarem um pouco mais. Assim é com o caso da queixa-crime movida pelo Banco Central contra o economista Alexandre Schwartsman.

Qual é, afinal, seu crime? Ele discorda das decisões do BC, da forma como é conduzida a política monetária e das escolhas feitas pela equipe econômica do governo Dilma. “Ora, Reinaldo — poderiam dizer os leitores —, todo mundo sabe que isso é proibido na Coreia do Norte, em Cuba e na China!” É verdade! Ocorre que a Constituição da República Federativa do Brasil assegura a liberdade de expressão em dois artigos: no 5º e no 220. Só veda o anonimato. E, como é sabido, se há coisa que Schwartsman jamais evita é assinar embaixo das ideias que defende.

Em uma das entrevistas que concedeu, o economista, que já foi diretor da instituição, afirmou que “o BC é subserviente e submete-se às decisões do Planalto”; em outra, que “faz um trabalho porco e, com isso, a incerteza aumentou”. Não é que o procurador-geral do banco, Isaac Sidney Ferreira, se zangou? Decidiu entrar com uma queixa-crime, já rejeitada pela Justiça, porque, segundo diz, houve “difamação”. É, para usar uma palavra a que recorro com frequência, estupefaciente!

Ferreira não se conformou com a decisão da Justiça, que recusou a queixa, e promete recorrer. Nesta segunda, alguns dos mais importantes economistas do país assinaram um manifesto contra a tentativa de intimidação. Pois é… Fico cá a imaginar o Fed, nos EUA, tentando processar um analista porque discordou de sua decisão. Imaginem se George W. Bush fosse incomodar a Justiça a cada vez que Paul Krugman o chamou não de incompetente, mas de idiota mesmo. É claro que Ferreira jamais se veria como procurador-geral do Fed, mas certamente se sentiria à vontade como burocrata do BC de Cuba ou da Coreia do Norte.

A ação é de tal sorte ridícula que não vai dar em nada. Mas dá conta da cabeça dessa gente, do estado geral do governo Dilma e do que lhe vai no fundo da consciência. O partido do poder, como vocês devem se lembrar, já fez uma lista negra de nove jornalistas, críticos e comunicadores — da qual, com muita honra, faço parte — e já recorreu à Justiça eleitoral para cassar da Internet textos de uma consultoria sobre eventuais malefícios no caso da reeleição de Dilma. Lula pediu pessoalmente, e obteve, a cabeça de quatro funcionários do Santander que enviaram a um grupo de clientes uma análise prevendo solavancos caso a governanta ganhe mais quatro anos.

No arremate, devemos nos lembrar de que o PT ainda não abriu mão de controlar os meios de comunicação. A pregação está em todos os documentos oficiais do partido. Caso eles cheguem lá, o tal Isaac Sidney Ferreira pode se candidatar ao cargo de censor. Deve ser duro não ter sido contemplado pelo destino com o senso de ridículo!

Por Reinaldo Azevedo

Ação contra economista que criticou o BC é incompatível com democracia, dizem economistas em manifesto

Na VEJA.com:
Na noite desta segunda-feira, mais de 40 economistas já haviam assinado uma petição online em favor de Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, que foi alvo de uma queixa-crime movida pela autoridade monetária. Reportagem de VEJA revelou como a instituição se movimentou para levar à Justiça o economista depois que ele desferiu críticas contra a condução da política monetária em entrevistas à imprensa. “A intolerância com a divergência e com a crítica ácida e o recurso da máquina pública para suprimir o contraditório (…) configuram uma prática incompatível com os valores que uma democracia deve ter e cultivar”, relata o manifesto.

A lista de economistas conta com os nomes mais graduados da academia e do mercado: Claudio Haddad, Marcos Lisboa, Affonso Pastore, Elena Landau, Luiz Fernando Figueiredo, Gustavo Franco, José Roberto Mendonça de Barros e José Roberto Afonso. Também assinaram seis representantes de equipes econômicas de presidenciáveis: André Lara Resende, Eduardo Giannetti da Fonseca e Alexandre Rands, que estão com Marina Silva (PSB); e Armínio Fraga, Mansueto de Almeida e Samuel Pessôa, do grupo de Aécio Neves (PSDB).

Difamação ou opinião?
A reportagem de VEJA teve acesso ao conteúdo da queixa-crime, que aponta as entrevistas consideradas pelo BC como “difamatórias”. Em uma delas, publicada pelo Brasil Econômico de 27 de janeiro, o economista disse que “o BC é subserviente e submete-se às determinações do Planalto” e “é só olhar para a gestão do BC para saber que é temerária”. Em outra entrevista, ao Correio Braziliense, Schwartsman declarou que “o BC faz um trabalho porco e, com isso, a incerteza aumentou”.

Segundo o procurador-geral do BC, Isaac Sidney Ferreira, os comentários eram ofensivos à imagem da instituição. Contudo, a juíza federal Adriana Delboni Taricco rejeitou a queixa-cri­me. Na sua avaliação, as críticas, “de fato, se mostraram bastante contundentes, porém faz-se necessário salientar que não ultrapassaram os limites do mero exercício de sua liberdade de expressão”. O BC não desconsidera recorrer da decisão.

Depois de deixar a diretoria Internacional do BC, em 2006, Alexandre Schwartsman assumiu como economista-chefe do banco Real, que foi adquirido pelo Santander. Mas deixou o banco em 2011, semanas depois de discutir com o então presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. Durante um evento da Firjan, o economista criticou publicamente o governo por usar a estatal como ferramenta política e de “contabilidade criativa” para ajudar o Tesouro a cumprir o superávit primário. Sabe-se, hoje, que não só Schwartsman estava coberto de razão como a estatal pode ter sido usada para fins ainda menos éticos. Reportagem de capa da VEJA desta semana revela informações sigilosas contidas no depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa à Polícia Federal sobre o esquema de pagamento de propina a partidos políticos da base governista, por meio de contratos com a Petrobras.

É moda
O cerco a analistas que criticam o governo apertou nos últimos meses, quando houve o incidente com o banco Santander e a consultoria Empiricus. No fim de julho, quatro funcionários do banco espanhol foram demitidos depois que uma análise prevendo período de crise para o Brasil na hipótese de reeleição de Dilma foi enviada a parte dos clientes. Em seguida, o PT protocolou uma representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a consultoria Empiricus, que anunciava no Google uma série de relatórios prevendo solavancos econômicos se Dilma vencer a corrida eleitoral. À época, a candidata era líder isolada nas pesquisas, com possibilidade de vencer no primeiro turno.

Por Reinaldo Azevedo

Os crimes de opinião e o ‘padrão Conceição’

Daqui a pouco, um grupo de economistas pesos-pesados vai circular um texto de apoio a Alexandre Schwartsman, o ex-diretor do BC e hoje economista independente que o Banco Central tenta processar.Conceicao

Na lista de apoio, vários ex-diretores e presidentes do BC.

A iniciativa nasceu hoje cedo, numa troca de emails entre alguns deles, depois que VEJA revelou que o BC fez uma queixa-crime contra Schwartsman, acusando-o de difamação, um delito previsto no artigo 139 do Código Penal e punível com até um ano de prisão.

Em entrevista ao Brasil Econômico de 27 de janeiro, Schwartsman disse que “o BC é subserviente e submete-se às determinações do Planalto” e “é só olhar para a gestão do BC para saber que é temerária”. Ao Correio Braziliense de 27 de abril, declarou que “o BC faz um trabalho porco e, com isso, a incerteza aumentou.”

Há alguns meses, perdia o emprego o analista que falasse mal da economia.  Agora, pode ir pra cadeia.

Mas se o BC for coerente na judiciliazação do debate econômico, terá que processar muita gente.

O economista Mansueto de Almeida compilou uma lista — breve mas significativa — de críticos do Banco Central ao longo dos últimos anos.

Em 2007, Luiz Gonzaga Belluzzo, hoje um dos conselheiros da Presidente Dilma, disse que “o Banco Central executa uma política de câmbio e juros desastrosa e incompetente”.

Criminoso, esse Belluzzo.

Ainda candidato ao Planalto em 2001, Luiz Inácio Lula da Silva acusou o BC de tentar controlar taxa de câmbio prejudicando os brasileiros.

Folha registrou: “O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem que a medida anunciada pelo governo para conter a alta do dólar é ‘uma pedrada jogada na cabeça do povo brasileiro’: ‘Um governo que resolve destinar US$ 1 bilhão por mês para garantir o não-aumento do dólar é um governo que deveria reconhecer que a nossa economia está debilitada.’”

Mansueto lembra que o BC, hoje, gasta muito mais de 1 bilhão de dólares por mês para controlar a taxa de câmbio.

Mas ninguém conseguiu ser tão veemente na crítica ao BC quanto Maria da Conceição Tavares, a decana dos economistas keynesianos.

Em 2004, Conceição Tavares, hoje professora da UNICAMP e UFRJ, disse à Folha: “Quem está sentado na Fazenda e no BC, em geral, é conservador. Daí a ser vendido, débil metal, ignorante, piranha financeira e fazer um rentismo [privilegiar os ganhos de capital, no lugar da produção] desvairado, as coisas mudam de figura.”

Disse mais. Falando dos diretores do BC (pessoas físicas), afirmou: “São um bando de falcõezinhos, que nem sabem o que estão fazendo. Depois de passarem por lá, viram banqueiros. É uma vergonha.”

***

De volta à nota de apoio: os economistas quase nunca concordam entre si, mas quando o fazem, é porque a causa é nobre.

A coluna sugere que o padrão de liberdade de expressão no País seja o ‘padrão Conceição.’

É melhor o BC lidar com críticas agudas, opulentas em deselegância, do que tentar criminalizar quem discorda dele.

Não fica bem para um País cuja chefe de Estado foi calada, presa e torturada por uma ditadura.

Por Geraldo Samor

Economia

Com lupa, Itaú agora vê PIB crescendo 0,1%

Foi preciso usar uma lupa.

Os economistas do Itaú Unibanco acabam de revisar sua estimativa de crescimento do PIB para 0,1% este ano. O número anterior era de 0,6%.

O banco justificou a revisão com base no crescimento do segundo trimestre do ano, que veio abaixo do esperado e da “recuperação econômica devagar depois da Copa do Mundo.”

O relatório para clientes também diz que “níveis historicamente baixos de confiança dos empresários e dos consumidores” bem como “grandes estoques industriais” devem limitar o crescimento no curto prazo.

Para 2015, o banco espera crescimento de 1,3%.

Por Geraldo Samor

 

Marina versus Chiquititas

Brigando com Marina no Ibope

Brigando com Marina no Ibope

Marina Silva esteve ontem no Jornal da Record para uma entrevista de doze minutos. Sua aparição rendeu nove pontos à Record. No mesmo horário, a Globo registrava dezoito pontos com o Jornal Nacional e o SBT, nove pontos, com Chiquititas.

Por Lauro Jardim

O petrolão e as falácias de Dilma Rousseff. Ou: Uma presidente que promete que tomou todas as providências contra a invasão dos marcianos. Ou ainda: Dilma admite sangria na Petrobras. E ela fez o quê?

O conteúdo da fala da presidente Dilma Rousseff na entrevista — chamada “sabatina” sei lá por quê — concedida ao Estadão nesta segunda não faz sentido. Entre muitas outras razões porque afronta a lógica. Eu sei que a presidente não chega a ser, assim, um Cícero da retórica, mas o fato é que as palavras fazem sentido mesmo para ela. Leiam o que disse sobre a roubalheira na Petrobras: “Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, eu posso te garantir que todas, vamos dizer assim, as sangrias que eventualmente pudessem existir estão estancadas”.

Como é que a presidente pode dar por resolvido um problema cuja existência ela assegurou ignorar e, ainda hoje, diz não ter a certeza se existiu? Vou empregar a mesmíssima estrutura a que ela recorreu para demonstrar o absurdo da fala:“Leitores, se houve alguns marcianos tentando ocupar a Terra, e tudo indica que houve, eu posso lhes assegurar que todas, vamos dizer assim, as ameaças que eventualmente pudessem existir estão eliminadas”. Pergunto: vocês confiariam em mim?

E, assim, vocês podem ir mudando o conteúdo da fala a seu bel-prazer. Sempre fará sentido e nunca fará sentido. Sabe o que isso quer dizer? Nada! Mas podemos avançar um pouco mais. Até agora, quem começou a investigar só um pouquinho da caixa-preta da Petrobras foi a Polícia Federal. Dilma disse ter estancado a sangria. Cadê os demitidos? Onde estão os punidos? Uma sangria, para ser estancada, tem de ter existido. Cadê o resultado da apuração? A Petrobras é uma empresa mista, com ações na Bolsa. O que ela está escondendo dos acionistas? Não por acaso, ontem, as ações ON da estatal caíram 4,79%, e as PN, 4,91%. Chega a ser espantoso que uma presidente da República faça raciocínio tão especioso.

Segundo Paulo Roberto Costa, a compra da refinaria de Pasadena rendeu ganhos à máfia e fez parte do esquema que acabou privilegiando os partidos políticos. Muito bem! Dilma afirmou que o conselho tomou decisões sobre a refinaria ancorado em informações falhas, deficientes, imprecisas. Certo. Revelado o desastre, já na Presidência da República, ela fez o quê? Nomeou Nestor Cerveró, considerado o principal responsável pela aquisição da empresa americana, para a direção financeira da BR Distribuidora.

Não, senhores! Ninguém está querendo “culpar’ Dilma Rousseff só porque ela é presidente da República. Ou porque, antes, ocupava a presidência do Conselho da empresa. Ou porque, desde 2003, era tida como a grande chefe do setor energético. Não se trata de um processo de responsabilização objetiva. Estamos a falar de outra coisa: chama-se responsabilidade política, presidente! A sua inação ao longo desse tempo dá testemunho, quando menos, da inapetência para o cargo que ocupa.

De resto, não dá para ignorar a pesada máquina oficial mobilizada para impedir qualquer forma de investigação — máquina esta que não poupou o Congresso ou o TCU. Diante das evidências escancaradas de malfeitos na empresa, a presidente preferiu ficar lançando suspeitas sobre fatos passados — e voltou a fazê-lo na entrevista ao Estadão. Falou de novo sobre o afundamento da plataforma P-36, da Petrobras: “Você acha que é tranquilo uma plataforma que custa US$ 1,5 bi afundar? E ninguém investigar? A plataforma de US$ 1,5 bi, quero lembrar, é duas vezes Pasadena.”

Bem, se a conta fosse essa, lembro que só o custo adicional da refinaria de Abreu e Lima — foi orçada em US$ 2,5 bilhões e já está em US$ 18 bilhões — corresponde a dez plataformas. Mas a questão, obviamente, não é essa. Dilma vive sugerindo que um grande crime aconteceu em março de 2001. É mesmo? Então o PT está no poder há 12 anos; Dilma foi ministra das Minas e Energia, gerontona da infraestrutura e presidente do conselho da Petrobras e não fez nada? Das duas uma: a) ou crime houve, e ela prevaricou; b) ou crime não houve, e ela fala só com o ânimo de atacar gratuitamente o governo FHC. Adivinhem qual é a resposta.

A presidente, não a candidata, está agora obrigada a vir a público para esclarecer onde estavam “as sangrias” (sic) da Petrobras, quais foram as medidas que ela tomou e que tipo de punição aplicou aos responsáveis. Ou ela nos explica, ou seremos obrigados a concluir que falou o que lhe deu na telha, sem nenhum compromisso com os fatos. E isso é muito ruim para quem comanda o país.

Por Reinaldo Azevedo

 

A delação premiada de Yousseff e o pânico dos empreiteiros

Youssef: em desgraça, perde caego no governo

Youssef: vai falar o que sabe?

Mais do que entre os políticos, entre as empreiteiras e prestadoras de serviços da Petrobras em geral, instalou-se o pânico: um medo tremendo que o doleiro Alberto Yousseff siga pelo mesmo caminho de Paulo Roberto Costa e opte pela delação premiada.

Se depender do seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Yousseff nunca topará uma delação premiada. Kakay é contra.

Mas Nélio Machado, ex-advogado de Paulo Roberto, também era contra. PRC decidiu falar e Machado deixou o cliente. Ou seja, o advogado ser contra não necessariamente impede a delação.

O medo dos empreiteiros é justificado: Yousseff na década passada já fez uma delação premiadas.

Por Lauro Jardim

Os desavergonhados

É o feitiço do tempo.

É o passado que não quer passar

É o peso das gerações mortas, como diria um pensador que os petistas apreciavam antigamente, oprimindo o cérebro dos vivos.

É a miséria moral se fingindo de resistência.

É o assalto ao Estado brasileiro e às suas instâncias.

É o novo patrimonialismo roubando o futuro dos brasileiros.

Enquanto o país se espantava com a bandalheira do mensalão — aquele esquema em que um partido, banqueiros e altos funcionários da administração se organizavam numa quadrilha para criar um Congresso paralelo —, outra maquinaria criminosa, em tudo semelhante e com boa possibilidade de ter movimentado quantidade ainda maior de dinheiro, vigorava na Petrobras, a principal empresa brasileira.

Não, senhores! Seus promotores e operadores não se intimidaram. Talvez escarnecessem do país: “Vejam lá aqueles se estapeando por causa de pouco dinheiro, e nós, aqui, a operar uma máquina de corrupção bilionária”.

Sim, leitores, por mais que o mensalão petista tenha movimentado uma fábula, o valor é troco de pinga na comparação com os recursos que passaram pelo “Petrolão”. Só a compra da refinaria de Pasadena — uma das operações da máfia que tomou conta da Petrobras, segundo Paulo Roberto Costa — gerou aos cofres da empresa um prejuízo de US$ 792 milhões nas contas do TCU — ou R$ 1,8 bilhão.

Segundo o engenheiro da Petrobras Paulo Roberto Costa, que está preso, ao contratar obras de empreiteiras, a Petrobras pagava propina a um grupo de políticos do PT, do PP e do PMDB. Entre os principais nomes implicados na lambança, está o de João Vaccari Neto, homem que cuida das finanças do petismo.

O esquema da Petrobras, que chamo aqui de Petrolão, em tudo reproduz o mensalão. Não é diferente nem mesmo a postura do Poder Executivo, da Presidência da República. Dilma repete, ainda que de modo um tanto oblíquo, o conteúdo da frase célebre de seu antecessor: “Eu não sabia”, ainda que, no comando da Petrobras, durante os oito anos de governo Lula e em quase dois da atual gestão, estivesse José Sérgio Gabrielli, um medalhão do PT, o principal responsável pela compra da refinaria de Pasadena.

Nada, nada mesmo, lembra tanto a velha política como a gestão miserável que tomou conta da Petrobras. Infelizmente para o país, o nome de Eduardo Campos, antecessor de Marina Silva na chapa presidencial do PSB, aparece no centro do escândalo. As falas de petistas e peessebistas se igualavam na desconversa até ontem. Nesta segunda, Marina Silva mudou um pouco o tom (ver post seguinte),

Para arremate da imoralidade, um ministro como Gilberto Carvalho (ver post) vem a público para atribuir a corrupção desavergonhada ao sistema de financiamento de campanha. Segundo ele, caso se acabem com as doações privadas, isso desaparecerá. Trata-se de uma falácia espantosa. Ao contrário: se e quando as doações de empresas forem extintas, mais as estatais estarão entregues à sanha dos partidos.

Escreverei isto aqui pela enésima vez: é claro que o PT não inventou a corrupção. Os larápios já aparecem em textos bíblicos; surgem praticamente junto com a civilização. Mas nenhum outro partido na história da democracia (e até das ditaduras), que eu me lembre, buscou naturalizar a prática corrupta como mera necessidade, como uma imposição dos fatos, como tática de sobrevivência.

Até quando?

Por Reinaldo Azevedo

PF abre inquérito para apurar vazamento. É mesmo? Ou: Um peso e duas medidas

A Polícia Federal decidiu abrir um inquérito para apurar as circunstâncias do vazamento do conteúdo do depoimento que Paulo Roberto Costa concedeu à própria PF e ao Ministério Público, dentro de um acordo de delação premiada que pode vir a beneficiá-lo se as informações que forneceu forem úteis à investigação.

Reportagem de capa da revista VEJA desta semana informa que o engenheiro da Petrobras, que está preso, já gravou 42 horas de depoimento e, até agora, implicou no esquema criminoso que vigorava na empresa dois ex-governadores — Eduardo Campos (PSB-PE) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ) —, a governadora Roseana Sarney (PMDB-MA); um ministro de Estado, Edson Lobão, das Minas e Energia; seis senadores, 25 deputados e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Nada contra! Que se apure! Uma das tarefas da imprensa é fazer o que fez a VEJA: publicar o que apurou e o que sabe. Se a PF acha que pode chegar à origem do vazamento, que vá adiante. Mas é claro que, em nome da precisão, obrigo-me a fazer aqui uma observação: quanta agilidade para tentar apurar esse vazamento, né?

Durante meses, fragmentos de informações que estavam no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) foram cotidianamente publicados na imprensa sobre o tal cartel de trens em São Paulo. O órgão, como todo mundo sabe, é comandado por um militante petista e está sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça. O governo de São Paulo não tinha acesso à apuração decorrente do acordo de leniência, mas nomes iam sendo vazados para a imprensa a conta-gotas.

Como o principal atingido era o PSDB, ninguém no governo federal se mobilizou para apurar a origem dos vazamentos. Ao contrário! Se a minha memória não falha — e não falha —, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, veio a público para sugerir que as críticas ao vazamento eram só uma espécie de cortina de fumaça para cobrir as denúncias. Na sabatina promovida pelo Estadão, nesta segunda, a presidente Dilma disse ser “inadmissível” a imprensa ter informações sobre o depoimento de Paulo Roberto se o próprio governo federal não tem ideia do que está sendo acusado.

Pois é… É uma pena que a presidente diga coisas assim apenas quando o seu governo está na berlinda, mas se cale quando um órgão federal se transforma numa fonte de produção de notícias e factoides contra um partido de oposição. E isso aconteceu. De resto, como é sabido, a operação Lava Jato não nasceu de uma manobra de um órgão ligado a um partido de oposição só para prejudicar o PT.

O Palácio do Planalto, o PT, o PSB e a CPI Mista da Petrobras cobram que o Ministério Público forneça as informações de que dispõe até aqui. Receio que não seja possível porque a investigação ainda está em curso. De resto, as duas CPIs da Petrobras que estão instaladas nada investigam não porque não possam, mas porque não querem.

Por Reinaldo Azevedo

“Tem de privatizar a Petrobras e até escolinha de jardim da infância”

Por Reinaldo Azevedo

Dilma pediu ao MP e à PF íntegra de depoimento de Paulo Roberto Costa

Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
A presidente-candidata Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que solicitou à Polícia Federal e ao Ministério Público a íntegra do depoimento à Polícia Federal do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Preso em Curitiba, ele aceitou acordo de delação premiada e entregou nomes de parlamentares, governadores e um ministro como beneficiários do balcão de negócios montado na estatal, como revelou VEJA desta semana. “Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, eu posso garantir que todas as sangrias estão estancadas”, disse a petista em sabatina do jornal O Estado de S. Paulo, no Palácio da Alvorada, em Brasília.

Dilma disse que “não tinha a menor ideia” das irregularidades que aconteciam dentro da empresa, reveladas na edição desta semana de VEJA – mas não negou as denúncias. Ela afirmou que “nunca houve desconfiança” sobre a gestão de Paulo Roberto, principalmente pelo fato de ele ser um servidor de carreira, e que o caso “não é típico” dos quadros da Petrobras. Ela pediu informações à PF e ao Ministério Público e disse que já obteve posicionamento do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, citado por Costa como um dos beneficiados no esquema de corrupção. “Ele deu as explicações para mim, por escrito, e nega veementemente tais fatos. Mas eu tomei uma medida: determinei ao ministro José Eduardo Cardozo [Justiça] que fizesse um ofício à PF, porque se houver algum funcionário do governo, nós gostaríamos de ter acesso a essa informação para poder tomar todas as providências e tomar essas medidas baseadas em informações oficiais”, afirmou a presidente. “Os processos estão criptografados e dentro do cofre. Vazamento pode significar não validade das provas. Eu fiz o ofício ao procurador-geral da República para ter essas informações.”

Volta, Lula
Dilma também foi questionada sobre a sua relação com o ex-presidente Lula. Nos bastidores, a ala descontente de partidos aliados e do próprio PT trabalhavam para que o petista a substituísse nestas eleições. “Todo mundo que apostou em algum conflito entre mim e o Lula errou. Eu tenho uma relação fortíssima, pessoal, com ele. Eu convivi com o Lula de junho de 2005 até o dia em que eu saí do governo. Eu tenho uma relação de imensa amizade. Eu gosto do Lula, gosto muito, e tenho absoluta certeza de que ele tem o mesmo afeto por mim”, disse a presidente. Ela ressaltou ainda que apoiaria um retorno do ex-presidente não apenas em 2018, mas “em qualquer circunstância”. “O que ele quiser eu apoiarei”, disse.

Collor
Dilma também tentou amenizar as comparações que sua campanha fez entre a adversária Marina Silva (PSB) e os ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor de Melo – este último, aliado do governo petista. Mas manteve a mesma linha do discurso de terrorismo eleitoral contra a rival. “Eu acho a Marina bem intencionada. Não estou fazendo uma comparação pessoal. A comparação com Jânio e Collor é que ambos governaram sem apoio. Quem acha que vai negociar com notáveis, que é possível governar sem partido, geralmente ocorre alguma coisa muito perigosa”, afirmou. “Que o governo Collor não teve base de sustentação é um dado da história. Eu respeito o Collor, mas discordo das políticas. Por isso comecei falando que acho a Marina bem intencionada.”

Por Reinaldo Azevedo

 

Se Dilma não tinha “a menor ideia” sobre o dinheiro sujo do Petrolão, é um caso gravíssimo de incompetência dela e de seu governo!!!

Ilustração: Dreamsline

Ilustração: Dreamsline

Vejam só, amigas e amigos do blog, trecho da reportagem que, neste momento em que escrevo, é manchete de VEJA.com:

Sem deixar muito claro que tipo de providência concreta tomou até agora desde que VEJA revelou nomes de parlamentares, governadores e um ministro citados como beneficiários do balcão de negócios montado na Petrobras, a presidente-candidata Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que solicitou à Polícia Federal e ao Ministério Público a íntegra do depoimento à Polícia Federal do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Preso em Curitiba, o delator do esquema de desvios na estatal aceitou acordo de delação premiada. “Se houve alguma coisa, e tudo indica que houve, eu posso garantir que todas as sangrias estão estancadas”, disse a petista em sabatina do jornal O Estado de S. Paulo, no Palácio da Alvorada, em Brasília.

Dilma disse que “não tinha a menor ideia” das irregularidades que aconteciam dentro da empresa, reveladas na edição desta semana de VEJA – mas não negou as denúncias.

(CLIQUEM AQUI PARA LER A MATÉRIA COMPLETA)

Pois bem, agora sou eu de novo.

E pergunto: como é possível que um presidente da República e pessoas e organismos diretamente ignorem um caso dessas proporções ocorrido DURANTE OITO ANOS (de 2004 a 2012) na maior empresa do país e uma das maiores empresas do mundo, que o governo controla e que é VITAL para uma série de programas e projetos do lulopetismo?

PERGUNTO MAIS:

1. O que fazia nesse tempo todo a presidente da Petrobras, Graça Foster, há dois anos e meio no cargo por direta decisão de Dilma, que não notou nada de estranho nos números da empresa?

2. O que fizeram nesse tempo todo os diversos órgãos da Petrobras destinados a supervisionar o correto funcionamento e a lisura dos procedimentos da empresa — os muitíssimo bem remunerados encarregados de áreas como, entre outras, a Ouvidoria-Geral e a Auditoria Interna? (Vejam aqui o organograma básico da empresa.)

3. Como se explica a catatonia e a inação da diretoria da Petrobras, que não dispõe ou não utiliza mecanismos mínimos de controle e de informação sobre o que se passa nos meandros da empresa?

4. Para que serve, afinal, a Controladoria-Geral da República? Ela é, exatamente, “o órgão do Governo Federal responsável por assistir direta e imediatamente ao Presidente da República quanto aos assuntos que, no âmbito do Poder Executivo, sejam relativos à defesa do patrimônio público e ao incremento da transparência da gestão, por meio das atividades de controle interno, auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção e ouvidoria”. (Visitem aqui o site da Controladoria.)

5. De que adianta o governo ter uma Agência Brasileira de Informações (Abin), sucessora do famigerado SNI, se não conseguiu saber NADA sobre um esquema que envolve dezenas de pessoas graúdas, milhões de dólares, movimentações financeiras e o diabo a quatro?

E a Abin destina-se, justamente, a, entre outras providências, prestar “assessoramento à Presidência da República assegurando-lhe o conhecimento de fatos e situações relacionados ao bem-estar da sociedade e ao desenvolvimento e segurança do país”. (Cliquem aqui para visitar o site da Abin).

6. O que anda fazendo o tão decantado Serviço de Informações da Polícia Federal, que terá deixado passar essa bandalheira toda ao largo de seus agentes?

7. Diante do monumental esquema de lavagem de dinheiro que o Petrolão incluiu, que raios fez o Conselho de Controle das Atividades Financeiras (COAF), órgão do Ministério da Fazenda quetem como missão, justamente, “prevenir a utilização dos setores econômicos para a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo, promovendo a cooperação e o intercâmbio de informações entre os setores público e privado” e como visão “ser um órgão de Estado moderno, eficiente e eficaz, com pessoal qualificado e bem treinado, utilizando tecnologia de ponta”. (Se quiserem, confiram neste link os objetivos do COAF e naveguem pelo site.)

Diante de tudo isso, é inexorável que se conclua pela velha norma: se Dilma sabia — e Deus queira que não –, é conivente com o crime; se não sabia, é incompetente para gerir o país.

(por Ricardo Setti)

Petrolão era para manter o PT no poder, diz Aécio

Por Carolina Farina, na VEJA.com:
Em agenda de campanha no Pará, o tucano Aécio Neves voltou a responsabilizar o PT, partido da presidente-candidata Dilma Rousseff, pela montagem de um balcão de distribuição de propina a deputados, senadores, governadores e até um ministro de Estado com recursos da Petrobras. “O governo Dilma acabou antes da hora. A presidente já demitiu seu ministro da fazenda e agora vê a maior empresa estatal do país envolvida em um megaesquema de corrupção”, disse Aécio.

“Não acredito que a presidente tenha recebido recursos desses esquemas, mas, do ponto de vista político, foi beneficiária, sim. Ela tinha obrigação de saber o que se passava no seu entorno. A principal empresa pública brasileira foi submetida aos interesses de grupos para quê? Para manter o PT no poder. O PT enlameou nossa principal empresa. Não adianta dizer que não sabia, tem que investigar e punir exemplarmente os responsáveis”, disse.

Reportagem de VEJA revelou que, em um acordo de delação premiada, Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, afirmou que políticos da base aliada à presidente Dilma receberam dinheiro de um esquema bilionário de corrupção na Petrobras. O rol de citados pelo delator inclui três governadores, seis senadores, um ministro de Estado e pelo menos 25 deputados federais que embolsaram ou tiraram proveito de parte do dinheiro roubado dos cofres da estatal. O esquema funcionou nos dois mandatos do ex-presidente Lula e na atual gestão de Dilma Rousseff.

Em sua chegada à capital paraense, Aécio foi recebido por cerca de cem militantes do partido e recebeu de presente de correligionários uma imagem de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira do Pará. Essa é a primeira vez que o tucano visita o Estado como candidato. Em agenda conjunta com o governador Simão Jatene (PSDB), que concorre à reeleição, Aécio foi recebido no aeroporto por membros da associação de mototaxistas de Belém e representantes da Força Sindical.

Ele também alfinetou a candidata do PSB, Marina Silva: “Quero saber com quem ela vai governar”. Lembrando o passado petista de Marina, o tucano atacou a adversária: “A Marina, mais uma vez, adota um discurso de vitimização”.

Por Reinaldo Azevedo

Ou Serra ou Suplicy será eleito senador por São Paulo. Chegou a hora de comparar

Há dois candidatos competitivos disputando a vaga para o Senado por São Paulo: José Serra, do PSDB, e Eduardo Suplicy, do PT. Os dois concederam uma entrevista a Joice Hasselmann, da VEJA.com.

Abaixo, vocês têm as duas performances. Comparem. É um bom momento para saber o que fez cada um deles e que propostas tem para a população de São Paulo — já que o senador é um representante do Estado. Nos últimos 24 anos, Suplicy ficou lá no Senado. No período, Serra foi deputado, senador, ministro, prefeito e governador.

Eis aí: faça a comparação e passe adiante este post, para que outros paulistas façam o mesmo. Veja se é Serra que deve ocupar a vaga ou se Suplicy merece ficar 32 na função.

Por Reinaldo Azevedo

 

Ibope: Skaf cai 5 pontos, e Alckmin venceria no 1º turno com folga ainda maior; Serra lidera para o Senado. Ou: O discurso da seca e secura de votos

Saiu uma nova pesquisa Ibope para o governo de São Paulo. Skafistas, se é que isso existe, e petistas continuam sem razões para comemorar. Na verdade, estando certos os números, eles têm muito a lamentar. Em uma semana, segundo o instituto, o candidato do PMDB caiu de 23% para 18%; o tucano Geraldo Alckmin oscilou dentro da margem de erro, que é de dois pontos, e passou de 47% para 48%. Alexandre Padilha, do PT, que tinha 7%, aparece agora com 8%. Os demais candidatos somam 3%. Os brancos e nulos são 11%, mesmo índice dos que não sabem em quem votar.

O candidato tucano venceria a disputa no primeiro turno, com 19 pontos de vantagem sobre a soma dos demais candidatos. Mesmo assim, o instituto fez uma simulação de segundo turno: Alckmin venceria Skaf por 53% a 26%. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-56/2014, foi realizada entre os dias 4 e 9 de setembro e ouviu de 2.002 eleitores em 97 municípios.

Se Padilha não conquistou o coração do eleitorado pelo sim, ele o conquistou pelo não. O petista segue sendo o mais rejeitado pelo eleitorado: 26% dizem que não votariam nele de jeito nenhum. Seu saldo negativo, portanto, é de 18 pontos. Um portento mesmo.

O governo Alckmin segue sendo bem avaliado pelos eleitores: 42% afirmam que sua administração é ótima e boa. Dizem ser regular 35%, e apenas 18% a avaliam como ruim ou péssima.

Senado
Tudo o mais constante, José Serra vai tirar Eduardo Suplicy do Senado depois de… VINTE E QUATRO ANOS! Nesse período, ele apresentou o projeto da renda mínima, decorou uma música dos Racionais e já aprendeu a cantar Bob Dylan…

Se a eleição fosse hoje, o tucano seria eleito, com 33% dos votos. O petista aparece com 27%, e Gilberto Kassab, do PSD, aparece com 7%.

Pois é… O PT promete um esforço concentrado em São Paulo em favor da Padilha. A coisa, no entanto, parece difícil para o petista. Skaf resolveu endurecer seu discurso contra Alckmin. A estratégia parece contraproducente. A campanha tucana resolveu exibir as suas vinculações políticas, e a sua persona de “não político” disputando um cargo parece ter ido para o brejo.

O resultado não poderia ser pior para Skaf e Padilha. No lugar deles, eu pararia de culpar Alckmin pela seca em São Paulo. Mas, no lugar deles, eu também não ouviria esse meu conselho… Não sei se fui muito sutil. Em suma, o discurso da seca é uma secura de votos.

Por Reinaldo Azevedo

Ibope no Rio: depois da “revolução” dos socialistas e anarquistas da Vieira Souto, votos do campo conservador somam 58%; esquerda soma… 11%

No Rio, vai se cumprindo o óbvio, tantas vezes antevisto aqui. Bem, se querem saber, dos males possíveis, que dê o menor, que vem na forma de um aumentativo. O diminutivo poderia ser bem mais devastador.

Segundo o Ibope, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) ganhou sete pontos em uma semana e, com 26% dos votos no primeiro turno, já aparece numericamente à frente de Anthony Garotinho (PR), que oscilou de 27% para 25%. Marcelo Crivella, do PRB, mantém os mesmos 17%. Outro dado relevante é o naufrágio do petista Lindbergh Farias, do PT, que agora passou para um dígito, indo de 11% para 9%. Tarcísio Motta, do PSOL, tem 2%, 14% dizem anular o voto, e 6% afirmam não ter definido um nome.

O Ibope fez uma simulação do segundo turno, e, conforme o esperado, a rejeição a Garotinho faz o trabalho em favor de seu adversário: Pezão o venceria por 40% a 33%. Dizem que não votariam no candidato do PR de jeito nenhum nada menos de 39% dos eleitores. O segundo mais rejeitado é Pezão, com apenas 18%.

A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-567/2014 e ouviu 1.806 eleitores entre os dias 5 e 8 de setembro em 56 municípios. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

Senado
Na disputa para o Senado, pode ter aumentado a diferença em favor de Romário, do PSB, que, segundo o Ibope, tem 44% — há uma semana, 40% —, seguido por Cesar Maia, que passou de 19% para 21%.

O clima e o resultado
Tudo caminha, no Rio, para uma vitória de Luiz Fernando Pezão. Escrevi isso aqui há muito tempo. Para quem confunde protestos de minorias extremistas com vontade popular, o resultado pode ser surpreendente. De fato, não é.

Vamos ver. Sérgio Cabral deixou o governo debaixo de vara, com uma das rejeições mais altas do país. Parecia que as “Sininhos” da vida representavam a vontade do povo fluminense. Como se vê, nada mais falso.

O mais à esquerda dos candidatos, Lindbergh, “já” está com 9%. Se formos somar o campo, digamos, mais conservador (sem debater a qualidade desse conservadorismo), há nada menos de 68% dos votos.

E se destaque, mais uma vez, o retumbante desastre do petista, a segunda maior aposta de Lula nas disputas estaduais. A outra era Alexandre Padilha, em São Paulo, que está com… 8%.

Eis o verdadeiro tamanho dos “revolucionários” do Rio: conservadores 58% x esquerdistas 11%. Esses 11% representam mais ou menos o tamanho dos “progressistas” abastados.

Por Reinaldo Azevedo

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Blog Reinaldo Azevedo (VEJA)

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