"Muitas maneiras do Brasil dar errado, poucas de dar certo", por GERALDO SAMOR

Publicado em 14/07/2015 09:51
Como um investidor internacional vê o Brasil, na coluna VEJA MERCADOS (+ Blogs de veja.com)

Muitas maneiras do Brasil dar errado, poucas de dar certo’

Como um investidor internacional vê o Brasil

 

A coluna transcreve abaixo uma conversa com um investidor de um grande hedge fundamericano baseado em Nova York.

O fundo investe tanto nos EUA quanto em países emergentes, e este executivo acompanha o Brasil há muitos anos.

A conversa mostra as variáveis que estão em jogo hoje, quando os gestores internacionais têm que tomar a decisão de investir ou não em nossas empresas, moeda e crédito.

O dono da opinião abaixo só ganha dinheiro se fizer apostas certas, é obrigado a fazer contas todos os dias, tem um distanciamento saudável por não morar aqui, e sempre trabalha comparando o Brasil com outros países.

Pode-se discordar da opinião deste investidor. Pode-se achar que ela é superficial em alguns pontos, ou pessimista em outros.

Só não se pode ignorá-la.

***

VEJA MERCADOSPara onde o câmbio está indo?

O câmbio ‘certo’ é aquele que equilibra a conta corrente, e a conta corrente tem dois elementos: a balança comercial e o fluxo de capitais. Só que o capital depende de confiança… Se a confiança evaporar, o câmbio de equilíbrio vai junto; se a confiança se mantem, o câmbio se mantem…

 

Ainda existe confiança no Brasil, confiança de que existe um plano para reverter os erros do passado e não explodir a coisa toda. Esse plano é muito ilustrado pelo Levy, mas não é só o Levy. O arcabouço institucional brasileiro é bem melhor que a média: Rússia, Índia, etc.

 

Os caras em Brasilia têm um plano, mas tá todo mundo na dúvida se esse plano vai dar certo… Se não voltar o investimento, e se o PIB não voltar a crescer, esse plano vai para o saco. Aí pode haver uma resposta populista.

 

O plano pode dar errado porque esse mix de austeridade pode ser forte demais e matar a galinha.

 

A política pode explodir na sua mão: pode acontecer alguma coisa maluca… Antes de cair, a Dilma pode mandar o Levy embora.

 

Imagina que tenha uma crise global de mercados emergentes, um ‘flight to quality’ [busca generalizada por ativos sem risco], aí o Brasil vai pro saco porque o câmbio se desvaloriza.

Resumindo, há múltiplas maneiras do Brasil dar errado, e poucas maneiras do plano atual dar certo.

 

Se os juros só começarem a cair em 2017, aí f%$## .. É muito tempo para os políticos esperarem.. O político, no final, quer ser eleito, ele quer ficar no poder.. se ele não puder ficar no poder, ele vai continuar fazendo o ajuste??? Se ele não vai ficar?

 

Austeridade só funciona como medida de curto prazo… Você não pega um País indisciplinado e diz, “Faz austeridade aí por cinco anos”…. Junto com a austeridade, você tem que ter a volta do investimento, e isso talvez só aconteça com reformas bem mais profundas.

 

Se você matar a galinha, ninguém come.

 

VEJA MercadosVocê está comprado em alguma coisa no Brasil?

Comprei títulos de dívida da Petrobrás em dólares… [uma aposta de que o Governo não deixaria a empresa ficar inadimplente].

 

Também comprei Kroton a 10 reais por ação… A gente tem olhado situações específicas de boas empresas passando por momentos dramáticos [como foi a mudança nas regras do FIES] e o mercado ‘overreacting’… Mas de maneira geral, o mercado brasileiro de ações não está barato. Você tem que se lembrar que eu posso comprar renda fixa no Brasil [que paga 13,75% ao ano, menos os custos de transação e os impostos].

 

VEJA MercadosVocês estão achando que a política está chegando a um ponto de inflexão?

É uma perda de tempo você querer prever a política.

 

Que a situação é meio instável, é.

 

O impeachment da Dilma e o Lula indo para a cadeia seria algo bom? No curto prazo seria uma lambança geral, porque esses caras vão cair fazendo lambança… E isso é o quê? Ir para a esquerda radical, falar que tudo é um ‘complô da direita’…

 

Você tem que pensar no Brasil como uma empresa. A qualidade do ‘management’ é horrorosa…. Tivemos umas melhoras na Fazenda e na Petrobras, mas não dá pra esses caras trabalharem sozinhos.

 

A qualidade do Congresso é medonha! A única coisa boa é que é um Congresso que não quer perder poder, então não deixa o Executivo passar por cima. Mas isso é um detalhe no quadro que está aí.

Por Geraldo Samor

O perigo de setembro

Dilma está mal, na avaliação de um grupo de senadores

Dilma está mal, na avaliação de um grupo de senadores

A orelha de Dilma deve ter ardido há alguns dias em um jantar na residência oficial do presidente do Senado, quando Renan Calheiros recebeu um time seleto.

Entre uma taça e outra de vinho, José Sarney, Fernando Collor, Romero Jucá  e Lindbergh Farias trocaram impressões sobre o cenário político.

E bateram o martelo: do jeito que está, Dilma não passa de setembro no Palácio do Planalto.

Por Lauro Jardim

 

Quantos apoios Dilma Rousseff comprará até setembro para não cair?

dilma-morde-caneta-692x3601) O Valor disse ontem que “a lista que circula em um grupo reservado de deputados da base e da oposição contabiliza de 348 a 353 votos favoráveis à abertura do processo” de impeachment de Dilma Rousseff, “tendo como base o parecer do TCU recomendando a rejeição das contas” de 2014 do governo.

A coluna Painel, da Folha, no entanto, diz hoje que a turma “contabiliza ao menos 250 votos a favor de um eventual pedido de impeachment”, uma centena a menos que o número noticiado pelo Valor e, portanto, “abaixo dos 342 votos exigidos pela Constituição para deflagrar um processo dessa natureza”.

O motivo para tamanha diferença pode estar na resposta de um peemedebista à Folha: “Dilma ainda tem a caneta na mão”; e no complemento de tucanos consultados pelo jornal: “Se o governo lançar mão de expedientes escusos, pode comprar apoio para se manter de pé”.

Será que, nos últimos dias, Dilma já comprou uns 100 apoios?

2) A coluna Radar, de VEJA.com, informa que, em jantar na residência oficial de Renan Calheiros, os supostos aliados José Sarney, Fernando Collor, Romero Jucá e Lindbergh Farias trocaram impressões sobre o cenário político, entre uma taça e outra de vinho.

“E bateram o martelo: do jeito que está, Dilma não passa de setembro no Palácio do Planalto.”

Resta saber se eles realmente acham isso, ou se estão querendo uma canetada também.

Eu marco as duas opções.

3) Outra matéria da Folha, sobre uma reunião entre Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ministro Gilmar Mendes e o deputado Paulinho da Força (SD-SP), informa:

“Paulinho da Força afirmou, conforme relatos, que um processo de impedimento da presidente só iria para frente por meio de um acordo que passasse por quatro pessoas: Cunha, o vice-presidente Michel Temer (PMDB), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG).

Um arranjo desses, segundo os desenhos projetados, resultaria em um ‘parlamentarismo branco’ a partir de um eventual impeachment: Temer compartilharia o poder com os presidentes da Câmara e do Senado e governaria em uma espécie de triunvirato até as eleições de 2018.”

Falta o PMDB se acertar com Aécio, que deposita suas esperanças na cassação da chapa Dilma-Temer no TSE e na própria vitória nas eleições convocadas em seguida, para desespero do maior aliado atualmente da petista: Geraldo Alckmin.

4) Em relação ao TSE, Gilmar Mendes deu comentários enigmáticos sobre o que pode ter dito na reunião:

“O que tenho dito é que é preciso ter provas quanto ao abuso de poder econômico e político. Havendo provas, muito provavelmente se chega a uma votação de expressão. É possível que se tenha falado da contagem de votos, coisa do tipo. É possível que eu tenha dito que, dependendo das provas do processo, pode até ter unanimidade. Caso haja provas substanciais, minha expectativa é que haja unanimidade, mas não disse que só se poderia cassar por unanimidade.”

“É possível que” eu tenha entendido Gilmar Mendes.

Lamentavelmente, porém, o empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC, foi aconselhado por advogados a permanecer em silêncio durante depoimento à Justiça Eleitoral nesta terça-feira (14), porque “eventuais manifestações poderiam representar riscos” ao acordo de delação premiada fechado com o Ministério Público Federal, que ainda está sob segredo de Justiça.

Mas “é possível que” Pessoa ignore seus advogados e repita que doou R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em negócios com a Petrobras.

É possível um monte de coisas, enquanto não saem os julgamentos de Dilma no TSE, no TCU e no Congresso. Nesse ambiente de especulação, pressão e caneta na mão, é possível até que alguém se lembre do Brasil.

Mas não disse que se lembraria, ok?

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

 

Nem o PT tem mais a cara de pau de chamar de golpe a eventual saída de Dilma

Nem mais o PT tem a cara de pau de chamar a defesa do impeachment de “golpe”. O partido pretende reunir nesta terça pelo menos 700 pessoas no campus da Uninove, em São Paulo, no que pretende seja o primeiro de uma série de atos em defesa do mandato da presidente Dilma Rousseff. Ora, defendê-lo no embate com quem? Com o Estado de Direito? Mas vá lá.

Informa a https://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/07/1655374-em-ato-pro-dilma-pt-evitara-falar-em-golpe.shtml Folha que o partido está recomendando que se evite a palavra “golpe”. Esse alarmismo não seria bom, avaliam os companheiros — no que, obviamente, têm razão.

Ora o PT que combine, então, com Dilma, a presidente da República; com José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e com Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência. Alarmistas, então, são esses caras. Eles é que saíram anunciando um golpe que não haverá.

É claro que é uma burrice sair anunciando “golpe” por aí.  E por várias razões combinadas:
1: empresta uma urgência e uma temperatura ao debate que até agora inexistem;
2: ajuda a divulgar a possibilidade de deposição de Dilma, o que seria do agrado da esmagadora maioria dos brasileiros;
3: chama a oposição para o embate, que será convocada pela própria imprensa a se pronunciar;
4: emite sinal de fraqueza;
5: evidencia que o governo está com medo;
6: trata-se de uma mentira.

Voltemos, então, para a defesa do mandato. Dilma só poderá perdê-lo de acordo com as leis — e leis democraticamente pactuadas. A presidente só abandona o trono por decisão do Judiciário ou do Legislativo. Uma mobilização dessa natureza tem, pois, como alvos esses dois Poderes da República, buscando intimidá-los.

Ainda que não se acuse a existência de um “golpe” — o que é mesmo ridículo —, é claro que se está tentando tornar ilegítimas aquelas duas instâncias. O PT quer organizar um ato de apoio ao governo? Que o faça! Está de acordo com as regras do jogo. Ir à rua “em defesa” do governo faz supor que ele está sendo atacado por forças espúrias.

É claro que se trata de uma mentira. O governo só é alvo hoje de sua própria incompetência e, claro!, de seu passado, que fez este presente melancólico a que assistimos.

Golpista, em suma, é tentar silenciar, no berro, o estado de direito.

Por Reinaldo Azevedo

 

Eduardo Cunha volta a pregar o parlamentarismo, diz que o PT atrapalha o governo, afirma que a agenda das esquerdas não é a da sociedade e diz que Temer deveria deixar coordenação após pacote fiscal

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), concedeu uma entrevista na noite desta segunda ao programa “Os Pingos nos Is”, que ancoro na Jovem Pan. Respondeu a quase 30 perguntas, todas elas sobre temas relevantes.Nesta página, há uma sequência de vídeos, que estão no YouTube, com os principais momentos da conversa, que durou quase uma hora. O que escolho como a questão mais importante? Aquela que diz respeito ao futuro.  Cunha defendeu o regime parlamentarista e afirmou que, “a depender da construção do processo”, é, sim, possível que o Congresso brasileiro aprove uma emenda para o sistema vigorar a partir de 2019.

Cunha defende, no entanto, um modelo semelhante ao francês ou ao português, em que a população elege diretamente o presidente, que passa a funcionar como âncora da estabilidade política. O dia a dia da administração, no entanto, fica sob a responsabilidade de um primeiro-ministro. O deputado acha que, vitoriosa uma emenda parlamentarista, ela tem de ser submetida a referendo.

É claro que a crise econômica e a crise política por que passa o país pontuaram toda a conversa. A íntegra da entrevista está aqui. Perguntei ao presidente da Câmara como ele analisa essa gritaria segundo a qual discutir o eventual impedimento de Dilma é golpe. Ele afirmou: “Não é golpe! Sem dúvida nenhuma, não! Agora, sem emitir juízo de valor, temos de considerar o seguinte: nós não podemos também vulgarizar o impedimento do presidente da República. Nós não podemos tratar a questão [impedimento] como um recurso eleitoral”.

Na entrevista, Cunha considerou que é a crise política que turbina a crise econômica, não o contrário. E tem um juízo muito severo sobre a atuação do PT: “A crise política acaba dando maior relevo à crise econômica. Nós temos hoje uma crise de expectativas e uma crise de confiança no país. O investidor não vem, quem está aqui não reaplica. Não se consome. Há perda de emprego, de postos de trabalho. Dentro do PT não há boa vontade. Em primeiro lugar, o PT faz o governo mergulhar na sua própria agenda e nas suas próprias crises. Em segundo lugar, o PT sabotou muito a articulação política do próprio Michel Temer. O cidadão na rua, o investidor, o cidadão de classe média, ele vê isso. Isso aumenta a desconfiança dele”.

Será, então, que, no lugar de Temer, Eduardo Cunha deixaria a articulação política? “No lugar dele, eu concluiria esse processo do ajuste fiscal e deixaria, sim.” Mas a crise não se agudizaria? “Depende da forma como eles [petistas] se comportarem. O que não adianta é ele ficar e não conseguir cumprir os compromissos que ele assume.” E Cunha avança: “Qual é a agenda que o governo tem para cumprir os três anos e meio? O governo não demonstra que agenda ele quer seguir. Eu acho que o PT atrapalha o governo. O PT empurra o governo para a sua impopularidade. A agenda do PT é conflitante com a dos outros partidos da base. O governo acaba optando pela agenda do PT e mergulhando ainda mais na crise política”.

Cunha voltou a dizer que considera irreversível o divórcio futuro entre o PMDB e o PT e reiterou que seu partido deve ter um candidato próprio à Presidência da República em 2018. Já para um regime parlamentarista? No que depender dele, sim!

O agora presidente da Câmara é um dos investigados da Operação Lava Jato. “Os Pingos nos Is” quis saber se ele teme alguma coisa e como analisa a operação: “Eu estou absolutamente tranquilo, até porque eu fui à CPI espontaneamente depor. Não tenho dúvida de que é um processo político que está por trás do meu caso, e não descarto desdobramentos políticos que ainda possam existir até porque a gente está em meio à eleição do Ministério Público, e querem me usar nesse processo. Meu advogado, o doutor Antônio Fernando, que é quem fez a denúncia do mensalão, ele me pediu para que não falasse em público do assunto até a eleição do Ministério Público”.

Perguntei como ele vê as acusações de que a Lava Jato possa estar violando o Estado de Direito: “Eu me preocupo com isso. O ex-presidente do Supremo, o ministro Joaquim Barbosa, reconhecido por todos por sua rigidez no processo, só determinou a prisão na execução de sentença, depois de transitada em julgado e depois de julgados os embargos de declaração. Esse é um ponto que deve ser levado à reflexão. Não dá pra você achar que se vão prender pessoas para obrigá-las a fazer delações”.

Há, afinal, uma guinada conservadora na Câmara? Disse Cunha: “Nem conservadora nem não conservadora. Nós estamos botando a pauta da sociedade. Se a sociedade, na sua maioria, 90%, apoia a redução da maioridade penal, e se isso é pauta conservadora, então estamos na pauta conservadora”.

E como ele vê a gritaria das esquerdas? “Uma parte da esquerda tem uma agenda que não é a agenda da sociedade. Os esquerdistas estão na agenda errada e ficam irritados porque querem obstruí-la. Quando a gente enfrenta a obstrução e coloca pra votar, obrigando-os a expor uma opinião — e o governo erra quando entra nessa agenda e acaba ficando com o nível de popularidade deles —, eles não gostam. A gente tem de respeitar a minoria, mas eu ainda não conheço nenhuma forma melhor de decidir que não seja respeitar a maioria. Eu fui para um debate em Portugal… Aí chegou um sujeito lá dizendo que esse negócio de maioria são três lobos e uma ovelha decidindo quem vai ser o jantar. E eu falei: “Eu nunca vi três ovelhas decidirem que o lobo é o jantar. A gente tem de ver a realidade. A democracia não inventou outra forma que seja a maioria”.

Finalmente, quisemos saber como Cunha vê a associação de sua figura com a de Frank Underwood, a inescrupulosa personagem central da série “House of Cards”. Ele levou a coisa com bom humor: “Uma determinada publicação, a serviço do governo, fez essa associação. Queriam me caracterizar como interesseiro, me estereotipar. Eu não me senti identificado com Underwood porque não tenho nenhuma das características dele: não sou homossexual, não sou ladrão e não sou assassino”.

Cunha reiterou que, na sua concepção, a constituição de família tem de ser entre homem e mulher. Para ele, isso nada tem a ver com discriminação, uma vez que os direitos civis dos homossexuais já estão assegurados: “Eu sou contra qualquer tipo de discriminação. Nós temos de respeitar a opção de cada um. Sou terminantemente contra quem discrimina quem quer que seja. Eu respeito a todos e exijo ser respeitado por todos. Agora eu não entendo, por exemplo, que a adoção de crianças por homossexuais casados ou que dizem que vão se casar seja a melhor opção para a criação de uma criança.  É uma visão pessoal que eu tenho, que pode ser considerada, por alguns, conservadora, mas é a minha visão pessoal. Mas isso não quer dizer que eu discrimine. Ou que considere discriminação quem pensa diferente”.

Eis Eduardo Cunha. Sem meias palavras. Sem concessões.

Por Reinaldo Azevedo

 

Agora alguns cientistas já falam em “mini era glacial”: ai, que preguiça!

Fonte: GLOBO

O clima é um fenômeno complexo, muito difícil de prever, sujeito a inúmeros fatores diferentes. Isso demanda, portanto, uma abordagem cautelosa, humilde, em relação ao futuro. Não obstante, alguns “cientistas”, especialmente aqueles ligados ao IPCC, que é, por sua vez, ligado à ONU, deixaram essa importante recomendação de lado e passaram a prever um iminente aquecimento global que seria resultado das ações humanas e poderia causar inúmeras desgraças se não mudássemos radicalmente nosso estilo de vida.

Hum, forte cheiro de política tomando conta da ciência. Afinal, havia muito dinheiro envolvido nessas pesquisas, e como os políticos gostavam dos resultados: os governos deveriam ser mais intervencionistas, “cuidar” da atividade econômica dos países para evitar a destruição do planeta. Al Gore, de cima de seu jato poluente, ou do conforto de sua mansão aquecida, mostrava gráficos alarmantes – e falsos – demandando mais poder aos governos e um gigantesco corte na produção de carbono.

As viúvas de Stalin encontraram no ambientalismo, transformado em eco-terrorismo por essa gente, um refúgio para o fim do comunismo, uma ótima oportunidade para continuar atacando o capitalismo. Não mais por sua incapacidade de gerar riqueza, pois ficou evidente que disso ele era bastante capaz, ao contrário do socialismo. Mas porque ele criava riqueza demais, e isso iria destruir o planeta, derretê-lo completamente. Deveríamos todos andar de bike e abandonar esse luxo material capitalista: ou isso, ou a Groelândia, que num passado distante já foi uma “green land”, teria toda sua neve derretida!

Os céticos cansaram de alertar para os riscos dessa politização da ciência. Eu mesmo devo ter escrito mais de uma dezena de artigos e gravado vários vídeos sobre o assunto, sempre cobrando mais cautela dos novos fanáticos do clima, transformado em religião por alguns. Abaixo, um desses vídeos, entre tantos:

Mas os céticos eram ridicularizados, como sempre. Os “negadores” que rejeitavam a Verdade exposta pela ciência. Gente reacionária, obscurantista, que se recusava a enxergar os fatos. Bastava ter uma SUV para ser tratado como criminoso pelo moralista com sua sacola reciclada.

Pois bem, vejam essa notícia:

O planeta Terra pode entrar em uma pequena Era Glacial a partir de 2030, segundo cientistas do Reino Unido. Atualmente, os astrônomos conseguem prever os ciclos do Sol com uma precisão muito maior do que era possível algumas décadas atrás. E agora um novo modelo de previsão da atividade solar, apresentado pela professora Valentina Zharkova na semana passada durante o Encontro Nacional da Real Sociedade de Astronomia em Llandudno, no País de Gales, indica uma forte queda nesta atividade nos anos 2030, provocando um moderado resfriamento da Terra.

As condições previstas pelo novo modelo não são experimentadas pela Terra desde a última “mini Era Glacial”, registrada entre 1645 e 1715 e que ganhou o apelido de de Mínimo de Maunder, um período em que as temperaturas ficaram abaixo da média em toda a Europa. Em 1843, os cientistas descobriram que a atividade do Sol varia ao longo em ciclos de 10 a 12 anos entre seus picos de atividade mínima e máxima. As flutuações no total de radiação solar recebida pela Terra dentro deste período, no entanto, são difíceis de se prever.

Os cientistas acreditam que essas variações sejam causadas pelo efeito de dínamo gerado pelo constante movimento dos fluidos próximos ao núcleo do Sol. A equipe liderada pela professora Valentina percebeu, porém, que, ao adicionar um segundo dínamo alimentado pelo movimentos dos fluidos mais próximos da superfície do astro, aumentando a precisão dos modelos de previsão do comportamento solar.

Não creio! Então o sol, afinal, tem mais importância para a temperatura da Terra do que nossas fábricas? E agora já há quem fale em “mini era glacial”? Onde foi parar aquele iminente aquecimento global que derreteria tudo e acabaria com os ursos polares e nossas praias? Por onde anda Al Gore? Reparem que, antes mesmo disso, essa turma já tinha trocado o termo “aquecimento global” por “mudanças climáticas”, que é bem mais vago e ambíguo, cabendo qualquer coisa na expressão, já que tudo é “mudança climática”. Mas nem assim as pessoas perceberam o forte cheiro de embuste no ar…

Será que agora a ficha vai finalmente cair? Será que o público leigo vai se dar conta de que o clima é um fenômeno bem mais complexo do que as planilhas políticas de quem deseja culpar o capitalismo pela destruição do planeta? Será que essa gente vai finalmente compreender que há um monte de “melancia” dando pitado sobre o clima, “cientistas” que são verdes por fora, mas vermelhos por dentro?

Pelo visto, retirem os casacos do armário, pois vem aí uma nova fase de esfriamento global. Nada muito novo no ar: basta pegar a capa da revista Time da década de 1970 e usá-la novamente, fingindo que a capa dos anos 2000 não existiu:

Acordem, caros leitores! O que tem de oportunista disfarçado de cientista por aí, ganhando rios de dinheiro público para suas pesquisas e sem a devida liberdade imprescindível na verdadeira ciência para contestar seus pares e o “consenso” não está no gibi. Para essa gente, que definitivamente não age como cientista, se os fatos refutam a teoria, pior para os fatos! O “aquecimento” global já não tem evidência forte há anos, agora já tem gente falando em “mini era glacial”, mas os dogmas religiosos demoram a morrer.

E não esperem um pedido de desculpas dos alarmistas de plantão, pois o que a história nos ensina é que esse pessoal raramente reconhece seus erros grosseiros. Falta-lhes a humildade necessária.

Rodrigo Constantino

 

Obrigado, Black Blocs, por mostrarem a quem interessa a maioridade penal

Um grupo de black blocs destruiu uma cabine da Polícia Militar na Avenida Paulista e pichou as fachadas de uma agência bancária e da estação Brigadeiro do Metrô ao final de um protesto contra a redução da maioridade penal na noite de segunda-feira.

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Antes da primeira votação da redução na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ) havia reclamado que a depredação praticada em “manifestação política” era considerada terrorismo, crime que depois foi excluído da lista de casos previstos na proposta de emenda constitucional aprovada em primeiro turno.

Eu escrevi aqui na ocasião: “Os esquerdistas pareciam preocupados que sua militância sub-18 anos não pudesse mais depredar ônibus, agências bancárias, estações de metrô e prédios públicos em ‘manifestações’ como as de junho de 2013 por um mundo melhor. Ou fazendas, claro, nas invasões de terra feitas pelo MST.”

Sub-18 anos ou não, os vândalos de esquerda continuam praticando os métodos legitimados por seus representantes políticos.

Nada mais natural que vandalizem as ruas, enquanto exigem a manutenção de leis que lhes garantem a impunidade.

Obrigado, Black Blocs, por mostrarem a quem interessa a maioridade penal.

Felipe Moura Brasil ⎯ https://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil

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