Lula e Dirceu se pintam para a guerra e resolvem ressuscitar um “grande inimigo”: a imprensa!

Publicado em 19/06/2011 17:35 e atualizado em 20/06/2011 08:59
do Blog de Reinaldo Azevedo (no Veja.com.br), e Augusto Nunes...

Lula e Dirceu se pintam para a guerra e resolvem ressuscitar um “grande inimigo”: a imprensa!

Dirceu e Lula participam de evento do PT em São Paulo, em foto de Marco Alves, de O Globo

Dirceu e Lula participam de evento do PT em São Paulo, em foto de Marco Alves, de O Globo

Um texto um pouco longo, caras e caros, mas acho que confere clareza ao jogo.

Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu resolveram pintar  todas as suas  caras para a guerra. Já estamos em ano pré-eleitoral, o PT bate cabeça, e companheiros são vítimas de fogo amigo. A oposição é pequena demais para criar constrangimentos ao governo, como se nota. As dificuldades todas do Planalto estão na própria base aliada, em especial no próprio PT, mas a Soberana não tem jogo de cintura para fazer política. Numa pequena entrevista em que comentava a Medida Provisória que torna secretos os gastos da Copa de 2014, voltou àquele velho estilo da bronca, com dedo em riste e cenho fechado. Então é hora de apelar ao comitê central. Lula e Dirceu reuniram a petistada com três propósitos:
a) apelar à unidade do partido contra os terríveis inimigos;
b) satanizar a oposição, que estaria, mais uma vez conspirando;
c) ressuscitar a guerra contra “a mídia”, tão bem-sucedida no passado.
Voltarei a este ponto. Mas precisamos passear antes por algumas paisagens vizinhas.

Adesismo inédito
O leitor sabe muito bem que nunca antes na história destepaiz houve uma imprensa — ou “mídia”, como chamam os petistas 
 tão adesista como a que temos. Há exceções? Há! E as exceções, ao se evidenciar, confirmam a regra. Chega a me espantar, por exemplo, o coro de reconhecimento dos últimos dias à grande, à monumental obra do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Não é que ele não mereça. O que se tem ainda é muito pouco para retratar com justiça o que foi feito. Mas como deixar de constatar que algumas penas só se moveram depois que a presidente Dilma Rousseff enviou ao tucano uma mensagem em que afirmava seu grande feito para a história do Brasil?

Vivemos uma era em que a militância de alguns estimula a covardia de outros. Foi preciso que uma figura graduada do petismo desse uma espécie de “autorização” para que, então, alguns tantos de manifestassem. Caso a patrulha se assanhasse, bastaria dizer: “Até Dilma elogiou…” Isso evidencia um momento asqueroso de subordinação intelectual, moral e política a um ente de razão que vigia as consciências.

Eu sei o quanto apanhei nos últimos anos por ter reafirmado aqui, a cada dia, a herança bendita do ex-presidente. Não me atribuo, é evidente, nenhum heroísmo por isso. Escrevo as coisas nas quais acredito — e só as coisas nas quais acredito! Defender FHC está longe de ser a coisa mais difícil que faço. Muito mais trabalhoso tem sido, por exemplo, ter de lembrar ao Supremo que existe uma Constituição no país e que cabe, sim, a um tribunal constitucional tomar decisões que interpretem o espírito das leis, mas não lhe cabe, de modo nenhum, decidir contra a letra explícita da própria Carta ou dos códigos legais cuja caducidade ainda não foi declarada. Isso, sim, tem sido difícil. Apontar as óbvias conquistas de FHC é bico, ainda que, ao longo dos anos, tenha sido uma atividade quase solitária  não nestes últimos dias, depois que a mensagem de Dilma foi tornada pública.

A farsa petista só se constituiu porque se permitiu que o partido e o governo Lula mentissem muito sobre si mesmos e, acima de tudo, sobre seus adversários. Há casos, em que setores da imprensa foram mais do que meros veiculadores da farsa; atuaram como partícipes. Na VEJA desta semana, uma reportagem (ver abaixo) revela, finalmente, os bastidores do dossiê dos aloprados e chega aos mandantes do crime e à origem do dinheiro. Uma entrevista dos empresários-bandidos fazia parte da conspiração.

Não-domesticados
Há, sim, os que se ocupam de fazer jornalismo e de lembrar os princípios de independência que devem orientar a imprensa. E, por isso mesmo, casos como a verdade sobre os aloprados ou o espantoso talento de Antonio Palocci para ficar rico vêm a público, para irritação dos companheiros. Isso não quer dizer que não se viva um momento de cooptação inédito em tempos democráticos. E, como veremos a seguir, para aqueles que realmente comandam o PT — e não é Dilma Rousseff —, isso ainda é muito pouco. Nada serve que não seja a unanimidade.

Fabricantes de provas
Luiz Inácio Apedeuta da Silva esteve ontem no Encontro das Macro Regiões Estaduais do PT, na cidade de Sumaré, em São Paulo. Estava acompanhado de José Dirceu, aquele que a Procuradoria Geral da República diz ser chefe de quadrilha, o subcomandante do mensalão. Ambos fizeram, vocês viram num post abaixo, a defesa da administração de Campinas, depois de cobrados em cena aberta por Dr. Hélio, o prefeito. Só lhe faltou dizer: “Eu me lembro de vocês; vocês se lembram de mim?”  Sim, eles se lembravam. E usaram o exemplo pessoal para provar como o mundo pode ser injusto, e os adversários, perversos.

Seguindo a linha de defesa do prefeito, atacaram o PSDB e politizaram a questão. Lula se disse de “saco cheio” de ver “companheiros acusados” sem provas etc e tal. Digamos que fosse verdade. A boca torta pelo uso do cachimbo desmoralizaria a sua crítica. De toda sorte, a verdade sobre o caso dos aloprados, por exemplo, revelada ontem por VEJA, demonstra que o PT é realmente singular: se não existem “provas” contra seus adversários, eles se encarregam fabricá-las. O método é tão disseminado que pode até vitimar um companheiro de partido, como aconteceu no Mato Grosso contra Serys Slhessarenko.

O caso de Campinas foi evocado para lembrar quão terríveis são as oposições, o que evidencia, então, a necessidade da união dos petistas, que têm de parar com aquela brigalhada. Lula sabe que foi o fogo amigo que colheu Antonio Palocci, por exemplo, mas não pode admiti-lo. Então recorre a um clássico: acusa o cordeiro que bebe água rio abaixo de turvar a água rio acima. O PT, partido que exerce a hegemonia inequívoca do processo político, estaria sendo impiedosamente perseguido!!!

De volta à mídia
A unidade contra o inimigo é o trivial ligeiro de qualquer batalha. É pouco. Então foi preciso investir numa velha fantasia, que andava ausente dos discursos nesses quase seis meses de governo Dilma: o ataque à imprensa. A qual imprensa? Àquela que é subordinada do petismo e que decidiu ressuscitar o clima Don & Ravel e fazer a versão “jornalística”, e infinitamente mais pobre, de “Porque me ufano do meu país”, levando Afonso Celso a se remexer na tumba? Não! Lula e Dirceu atacam a imprensa que cumpre o seu papel.

O Babalorixá voltou à ladainha de seus oito anos de mandato. Fosse pela imprensa, disse aos petistas em delírio, não teria deixado o governo com 87% de aprovação popular. Só se esqueceu de dizer que essas medições de popularidade e sua própria divulgação foram feitas pela… imprensa. O Apedeuta deu a receita, segundo relato de O Globo:

“O ex-presidente falou da estratégia de seu governo de privilegiar os pequenos veículos de comunicação do interior do país, as chamadas mídias regionais, para se comunicar com o eleitorado. ‘Consegui criar outra forma de conversar com as pessoas que não fosse através dos grandes meios de comunicação, passando a falar nas rádios e jornaizinhos locais. Essa gente (do interior) não lê os grandes jornais, o que vale é a imprensa local, a rádio local”, ensinou.
O petista lembrou que essa bem sucedida mudança na comunicação oficial envolveu também a redistribuição das verbas publicitárias do governo. Segundo Lula, essas verbas eram destinadas a cerca de 378 veículos no início de sua gestão. E, no ano passado, eram oito mil veículos (entre rádios, jornais, revistas e TVs) que repartiam essa verba.”

Em suma, ele deixou claro que usou dinheiro público para comprar apoio da “boa imprensa”.

Se isso lhe parece pouco, é porque José Dirceu ainda não havia se pronunciado. Ainda segundo o relato de O Globo:
“Falando aos militantes logo depois de Lula, que deixou o evento após discursar, o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu disse que hoje a mídia ‘faz o papel da oposição’ no país, organizando a agenda e pautando as ações da oposição. ‘O partido precisa responder aos ataques que já está sofrendo e vai sofrer. Se tem problema de corrupção, que se investigue’, disse. Segundo Dirceu, o partido não deve permitir o ‘uso político’ dessas denúncias: ‘Se hoje temos o Ministério Público e a Polícia Federal investigando, isso foi por conta do nosso governo. Por isso, não vamos permitir que se faça uso político desse tipo de denúncia’.”

Santo Deus!

Zé Dirceu não resiste nem à lógica pedestre. Se fosse verdade que a imprensa faz o papel da oposição, então haveria de se admitir que a oposição não desempenha o seu papel, certo? Se ele está descontente com isso, estamos diante da prova de que ele não suporta… oposição! Bem, isso é verdade mesmo sendo falsa a premissa. Vejam que adorável: “Se tem problema de corrupção, que se investigue”, mas não, entenda-se, os petistas! Porque aí passa a ser “ataque”. Ele também não quer “uso político da denúncia”. Surgindo uma falcatrua no governo, as oposições devem ficar em silêncio… Quanto ao Ministério Público… Bem, Palocci caiu sem que a PF e a Procuradoria-Geral tivessem movido uma palha. Não foi a oposição que o derrubou, mas a sua dinheirama. E Dirceu não precisa enganar ninguém: ele não está infeliz com isso. Qualquer oposicionista, escolhido aleatoriamente, tinha com o ex-ministro uma relação mais harmoniosa do que seu rival de consultoria.

Lula está onde sempre esteve — inclusive nos oito anos de mandato: em cima do palanque. Dirceu é figura ativa no petismo, mas, com Palocci na articulação política, ele se resguardava mais, ficava na sombra, roendo um tanto os cotovelos. O outro tolhia muito dos seus movimentos. Não é mera coincidência que tenha voltado a atuar com tanta saliência — está sendo saudado até como amigo das artes!!! Vai acabar virando o Edemar Cid Ferreira da ideologia!!!

Vai dar resultado?
Consta que Dilma pediu que o PT, que vem lhe criando alguns problemas, tomasse um pito. Isso pode passar a impressão, errada, de que ela está no controle e de que ambos cumprem uma tarefa encomendada. Besteira! Os pronunciamentos de Lula e Dirceu correspondem a um esforço para encabrestar a mandatária e para lhe impor uma agenda, a que ela tem resistido: hostilizar a imprensa e anatematizá-la como “partido de oposição”.

Sabem o que é trágico? Isso já funcionou no passado — sim, sim, com exceção daqueles que não se deixam domesticar. Quando Lula começa com essa ladainha, tem início o esforço desesperado de muitos diretores de redação: “Precisamos de denúncias contra a oposição também”. A rede a soldo de blogueiros e chicaneiros começa a patrulhar os veículos — tentam fazer isso no meu blog; eu os chuto — e acabam emplacando as suas pautas; até porque a patrulha está presente de modo acachapante nas redações. Sim, pouco importa a camisa do malfeitor, notícia é notícia. Mas o PT não pode ser o tribunal a julgar a isenção do noticiário.

Eles estão de volta à sua natureza! Vem aí outra guerra contra a imprensa. Podem apostar.

Por Reinaldo Azevedo
Dr. Hélio praticamente exigiu apoio de Lula. E recebeu.

No dia em que se revelam os detalhes da tramóia do Dossiê dos Aloprados, Luiz Inácio Lula da Silva e José Dirceu saem em defesa de Dr. Hélio, prefeito de Campinas. Como se sabe, um amigo seu, de infância, que ele importou do Mato Grosso do Sul estimulado pela delação premiada, denunciou uma porção de supostas falcatruas na Prefeitura, que seriam comandadas pela primeira-dama. Muito bem! A delação premiada foi o instrumento usado pela Polícia Federal, do qual os petistas nunca reclamaram, para acabar com José Roberto Arruda no Distrito Federal. O poder, hoje, está com o PT.

Bem, nem vou entrar no mérito das denúncias porque o objeto deste post é outro. Dr. Hélio deu uma estranhíssima entrevista ao Estadão, acompanhado de seus advogados, em que praticamente cobrou o apoio de Lula e de José Dirceu — indiretamente, pediu o de Dilma também. Eu li a coisa mais ou menos assim: “Vocês sabem que vocês me devem essa; tratem de sair em minha defesa”. Até então, Lula e Dirceu estavam calados.

No dia seguinte, o “consultor de empresas privadas” já fazia uma candente defesa do prefeito de Campinas em seu blog e endossava a tese de que tudo era uma conspiração tucana. Hoje, foi a vez de Lula. Leiam o que informa a Folha Online. Volto em seguida:
*
Lula defende Dr. Hélio e diz que oposição ‘achincalha’ PT

Por Marina Carneiro:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou plateia de petistas para sair em defesa do prefeito de Campinas, Doutor Hélio (PDT), durante evento em Sumaré (SP), na manhã deste sábado (18). A mulher do político, Rosely Nassim, e o vice-prefeito Demétrio Vilagra, que é do PT, são acusados pelo Ministério Público de Campinas de fraude e desvio de verbas da prefeitura. “Não vamos esquecer: em 1989, tentaram colocar uma camisa do PT num dos sequestradores do Abílio Diniz. Não vamos esquecer: o vice de Campinas estava de férias com a mulher quando estamparam cartazes de procurado no aeroporto”, afirmou Lula.

O ex-presidente sugere que as acusações são de interesse dos opositores do partido. “Os adversários não brincam em serviço. Toda vez que o PT se fortalece, eles saem achincalhando o partido”, disse Lula. Prosseguiu em tom de desabafo: “Estou de saco cheio de ver companheiros serem acusados, terem a família destruída, e depois não ter prova [contra eles]“.

Dirceu
O ex-ministro José Dirceu também citou o prefeito de Campinas em seu discurso, durante o encontro das macrorregiões do PT. Segundo ele, começou um movimento para “desestabilizar as nossas prefeituras”. O ex-ministro da Casa Civil afirmou que as investigações contra o vice e a mulher de Doutor Hélio estão sendo usadas politicamente. “Eu não deveria assumir esse papel, vocês sabem da minha condição”, disse, referindo-se ao afastamento do cargo de ministro da Casa Civil, em 2005, após o escândalo do mensalão. “Mas quando fizeram o que fizeram comigo, Doutor Hélio teve a coragem de me defender publicamente”, justificou Dirceu.

Voltei
No fim das contas, Lula e Dirceu acabam sempre voltando à tese de que o mensalão foi mera tramóia das oposições. O chato é que, agora, até um relatório da Polícia Federal assegura que a falcatrua existiu — e, o que é pior, envolvendo dinheiro público.

Vai funcionar como estratégia de defesa? Sei lá! Se Lula e Dirceu afirmam que Dr. Hélio — que nem é formalmente acusado — é tão inocente como eles são, o efeito pode ser contraproducente.

Por Reinaldo Azevedo
VÃO TRABALHAR, SENHORES PAIS NÃO-MACONHEIROS, PARA SUSTENTAR VAGABUNDO!
Vadia exibe um cartaz com uma reflexão profunda sobre a microfísica do poder

Vadia exibe um cartaz com uma reflexão profunda sobre a microfísica do poder

Alguma coisa o incomoda, leitor? O vizinho do lado, o frio, a distribuição desigual da beleza, da riqueza, das mulheres, dos homens, da felicidade? Marche! Vá para a rua! Incomode os outros com o que o faz infeliz. Deixe claro que é culpa é “deles”. Mas “deles” quem? Não interessa! “Eles” sempre são culpados.

Em várias cidades do país, aconteceu hoje a chamada “Marcha da Liberdade”, organizada principalmente pelos maconheiros que estão convictos de que o trânsito deve parar porque eles querem queimar mato. O barato, antes, era fumar escondido da polícia; hoje, eles pedem proteção uniformizada para defender o que consideram um “direito”. Para os maconheiros, a erva integra o capítulo dos direitos naturais do homem, entendem?

Pois bem! Em São Paulo, a marcha reuniu, estima a polícia, duas mil pessoas. É um troço mixuruca quando se consideram os 11 milhões de habitantes da cidade e as categorias envolvidas no ato: Marcha da Maconha SP, Coletivo Desentorpecendo a Razão (DAR), o circuito Fora do Eixo, Movimento Passe Livre, Organização Popular Aymberê, Coletivo Intervozes, Centros Acadêmicos, Tribunal Popular, Comitê contra o Genocídio da População Negra, movimento LGBT e ciclistas. No Rio, a manifestação não reuniu mais do que mil pessoas.

Em Brasília, aconteceu uma coisa engraçada ou óbvia: a Marcha da Liberdade, cuja concentração estava marcada para o Parque da Cidade, reuniu meia-dúzia de gatos pingados. Havia mais gente da Marcha das Vadias, onde compareceram também muitos vadios. Vadios em Brasília??? Às 15h30, todos se juntaram na vadiagem na praça da torre. Erraram de lugar, acho eu.

O número ridículo de pessoas que comparecem a essas manifestações dá conta da popularidade da pauta dessa gente, que só é influente na imprensa e, como se sabe agora, no STF. Daqui a pouco, nem os maconheiros vão se interessar por esses eventos. Que graça tem essa rebeldia protegida pela polícia? Quanto a vadias e vadios, convenham que os pelados da UnB já foram bem mais longe na… ousadia intelectual!

Bando de babacas!

Em matéria de pornografia e falta de decoro, a algumas centenas de metros dali, em certa praça, é que se pratica a verdadeira sacanagem. Eis a geração sucrilho, sustentada até os 35 anos pelos pais, que nem fumam maconha nem ficam pelados em público porque têm de trabalhar para sustentar vadios e vadias.

Por Reinaldo Azevedo
ALOPRADOS 2 – UM MINISTERIÁVEL APARECE ENVOLVIDO EM OUTRO CASO CABELUDO
Esse é Abicalil, caso vocês não liguem o nome à alma sensível

Esse é Abicalil, caso vocês não liguem o nome à alma sensível

Um ministro de Dilma, Aloizio Mercadante, aparece metido na sujeira do aloprados até a raiz de seus poucos cabelos e de seu farto bigode. Outro petista, dado como ministeriável,  também sai lanhado das confissão de Expedito Veloso. Seu nome: Carlos Abicalil, que se fez notar pelo esforço para enterrar a CPI do Mensalão quando deputado. Era uma espécie de Ideli Salvatti barbudo, careca e sensível. Leiam mais um trecho da reportagem de VEJA. Volto em seguida.

A partir das inconfidências de Expedito Veloso, descobre-se que a sórdida investida contra os tucanos em São Paulo não foi a primeira e que os alvos nem sempre são necessariamente de partidos adversários. A bruxaria não poupou os próprios petistas. Expedito revelou que, antes da prisão dos aloprados, ocorreu outro episódio, envolvendo os mesmos personagens, usando os mesmos métodos, só que, dessa vez, agindo em Mato Grosso. Os alvos: os então senadores Serys Slhessarenko, do PT, e Antero Paes de Barros, do PSDB. Eles disputavam o governo do estado com Blairo Maggi (PR), que concorria à reeleição, quando surgiu um dossiê envolvendo a petista e o tucano com a máfia dos sanguessugas. Suas candidaturas foram fulminadas pelas denúncias. Foi mais uma armação dos aloprados, segundo as revelações gravadas de mentor dessa vez foi o ex-deputado petista Carlos Abicalil, atual secretário do Ministério da Educação. O financiador e beneficiário: o governador Blairo Maggi. Até o custo era parecido com sua congênere paulista. Disse Expedito Veloso: “O Abicalil já tinha negociado com Blairo Maggi para f. a Serys e o Antero Barros. Pagaram 2 milhões aos Vedoin para incluir os dois indevidamente na lista dos sanguessugas. (…) Saiu uma reportagem antes da eleição que arrebentou os dois”. Serys confirma que Expedito a procurou no ano passado e fez uma confidencia: “Ele disse que meu envolvimento com aqueles bandidos foi tudo uma armação criminosa contra mim, patrocinada pelos colegas do partido”. O ex-senador Antero também soube da fraude. “Liguei para o Serra e avisei que estavam fazendo a mesma patifaria contra ele.”

Voltei
É isso aí, leitor! Leia a íntegra da impressionante reportagem na revista. Atenção! Fernando Haddad já está com dois pés dentro do Ministério da Educação e da Ideologia e com dois fora. Abicalil é apontado como possível substituto. Blairo Maggi é hoje senador da República. A última grande novidade do homem que já foi demonizado pelas esquerdas como um grande desmatador é a conversão à causa ecológica…

Ah, sim: o grupo de Abicalil conseguiu expulsar Serys do PT. Generosa, a direção nacional do partido interveio e converteu a expulsão em suspensão. No PT do Mato Grosso, Abicalil é professor de Educação Moral e Cívica!

Por Reinaldo Azevedo
ALOPRADOS 1 - REVELADA A TRAMÓIA: FOI MERCADANTE, AFIRMA PETISTA, PEÇA-CHAVE DO CRIME

Reportagem de Hugo Marques e Gustavo Ribeiro, na VEJA desta semana, evidencia que a presidente Dilma Rousseff tem em seu ministério um homem capaz de organizar uma farsa, com o auxílio de dois bandidos e de uma quadrilha de petistas, para incriminar um adversário político e tentar vencer as eleições. Seu nome: ALOIZIO MERCADANTE, que ocupa a pasta da Ciência e Tecnologia!

É o que diz um dos petistas que operaram o esquema. Sim, ele assegura, Mercadante foi o grande chefe da operação, que ficou conhecida, em 2006, como o “Caso dos Aloprados”. Numa breve síntese: um grupo de dirigentes do PT comprou, por R$ 1,7 milhão, um falso dossiê que procurava ligar o então candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra (PSDB), à máfia dos sanguessugas. Mercadante, candidato do PT, seria o principal beneficiário caso a tramóia tivesse dado certo. Hamilton Lacerda, seu braço direito, foi preso pela Polícia Federal segurando a mala de dinheiro — está de volta ao partido, diga-se. A PF chegou a indiciar Mercadante, mas a acusação acabou anulada por falta de provas. Pois é… Esse tipo de coisa não deixa recibo assinado, não é mesmo?

E como e que VEJA descobriu tudo: Lembram-se de Expedito Veloso, então diretor de gestão de riscos do Banco do Brasil? Ele fazia parte no núcleo central da campanha de Lula à reeleição e foi escalado para integrar a operação. Foi ele quem confessou os detalhes da trama criminosa a companheiros de partido. VEJA teve acesso à confissão gravada. Confrontado com o fato, Veloso — que agora é secretário-adjunto de desenvolvimento do governo petista do Distrito Federal — não teve como negar. Um trechinho da entrevista:

O senhor apontou o ministro Aloizio Mercadante como mentor beneficiário da operação… Foi uma conversa interna, uma conversa partidária…
Isso vai me complicar. Acabei de sair do banco. Paguei muito caro por isso. Não tenho interesse em que esse assunto venha à tona.

(…)
Qual foi sua participação na montagem do dossiê?
Absolutamente lateral. Analisei os documentos. Só isso. Cumpri uma missão política de campanha.

O senhor confirma tudo o que disse nas conversas gravadas?
Eu estava querendo mostrar às pessoas que eu não era um aloprado. Não me lembro dos detalhes, mas tudo o que você relata que ouviu eu realmente disse. Era um desabafo dirigido a colegas de partido.
(…)

“Missão política de campanha”! É o nome que os petistas costumam dar para seus crimes. Delúbio Soares também cumpria uma “missão política”, plenamente aceita no PT. Tanto é assim que ele está de volta. Ao censurar Antonio Palocci pelo seu rápido enriquecimento, a advogada (!) Gleisi Hoffmann, agora ministra da Casa Civil, lembrou que era coisa diferente do mensalão — que buscava beneficiar o partido. Vale dizer: mensalão pode, enriquecimento pessoal não! Entenderam a lógica?

Disse tudo
Como se nota, Veloso confirma ter dito aquilo que VEJA ouviu na gravação! E o que é “aquilo tudo?” Segue em azul trecho da reportagem. O que vai entre aspas é  transcrição da confissão do petista:

“O plano foi tocado pelo núcleo de inteligência do PT, mas com o conhecimento e autorização do senador [Mercadante]“, disse Expedito Veloso. “Ele, inclusive, era o encarregado de arrecadar parte do dinheiro em São Paulo” (…) Expedito Veloso conta que o ministro e o PT apostavam que a estratégia de envolver o adversário José Serra no escândalo de desvio de verbas públicas lhe garantiria os votos necessários para, quem sabe, ganhar o pleito. “A avaliação era que o dossiê poderia levar a disputa ao segundo turno. De Brasília, o núcleo de inteligência do partido deu o sinal verde para a execução do plano. Por intermédio de Valdebran Padilha, tesoureiro informal do PT em Mato Grosso, o comitê paulista negociou diretamente com os empresários mato-grossenses Darci e Luiz Antonio Vedoin, que ncobraram 1,7 milhão de reais para falsificar documentos e conceder uma entrevista na qual acusariam José Serra de envolvimento com fraudes no Ministério da Saúde”.

Só para lembrar: a revista escolhida para a operação foi a IstoÉ.  Segue mais um trecho de reportagem da VEJA:

Havia um grupo encarregado exclusivamente de avaliar os danos que os documentos causariam à candidatura tucana. Faziam parte desse grupo o presidente do PT à época. Ricardo Berzoini, o próprio Veloso e Jorge Lorenzetti, churrasqueiro e amigo do então presidente Lula. O segundo grupo tinha como função fazer chegar as informações à imprensa domestícada. Dele participavam Oswaldo Bargas, amigo de Lula desde os tempos de militância no ABC paulista, e Hamilton Lacerda, coordenador de campanha de Mercadante. Por fim, o terceiro destacamento tinha a atribuição mais delicada: arrecadar o 1,7 milhão de reais pedido pela quadrilha para montar a farsa. Em suas confissões, o bancário revela que foi justamente uma falha desse terceiro grupo que levou ao fracasso da operação. Segundo ele, os petistas ficaram quatro dias em São Paulo aguardando o dinheiro, que demorou a chegar. E, quando apareceu, a polícia estava no rastro.

Quércia
A reportagem também traz uma outra informação importante no que diz respeito ao dinheiro: quem conseguiu parte da bolada foi o então candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB, Orestes Quércia. Mercadante havia prometido dar um naco da administração ao peemedebista se a operação tivesse sido bem-sucedida.

Eis aí… Cinco anos depois, a Polícia Federal não tinha chegado a lugar nenhum. Agora, um homem que participou do esquema, uma petista que cumpria “uma missão política”, conta tudo. E VEJA soube antes que a polícia.

Atenção! Esse método chegou a ser usado até contra os próprios petistas no Mato Grosso. E, nesse caso, aparecem um homem que não é ministro, mas que é dado como ministeriável e um senador da República. Fica para o próximo post.

Leia a reportagem de seis página na VEJA que acaba de chegar às bancas.

Por Reinaldo Azevedo
FHC, o presidente mais importante da história do Brasil, faz 80 anos hoje

O Brasil teve dois presidentes da República realmente fundamentais para a sua história: Getúlio Vargas e Fernando Henrique Cardoso. O primeiro descobriu o poder do estado na definição dos rumos de um país; o segundo, o poder da sociedade. Essas coisas não são um campeonato, mas, se eu tivesse de escolher, é evidente que ficaria com FHC. Com ele, não só o Brasil criou os marcos fundamentais para ocupar um lugar de destaque entre as economias emergentes como viu avançar o controle democrático do poder e do estado.

Na sexta-feira, dia 10, estive na Sala São Paulo, na festa que comemorou os seus 80 anos. FHC está de bem com a vida, feliz, ciente do seu legado e atento aos desafios presentes, com a lucidez de sempre. Fez uma brevíssima saudação aos convidados, exaltando, uma vez mais, a tolerância, a civilidade e a alegria de viver. Tendo prestado um enorme serviço aos brasileiros e ao Brasil, ele nos lembra que podemos, sim, ter um bom futuro.

Curiosamente, ou até por isto, o mais importante presidente da nossa história sofreu um tentativa de desconstrução inédita, com uma virulência como jamais se viu. Nem mesmo a ditadura avançou contra a herança do regime deposto pela “revolução” com a violência retórica com que Luiz Inácio Lula da Silva atacou o seu antecessor — nada menos do que o líder que havia posto fim ao ciclo da superinflação, que havia estabelecido os fundamentos do equilíbrio macroeconômico, que havia vencido alguns entraves históricos ao desenvolvimento. Não só isso: criou e consolidou as bases dos programas sociais no país, que, bem…, o Lula de oposição, ele sim!, chamava de “esmola”, o que está documentado em vídeo. O Apedeuta referia-se aos programas reunidos no Bolsa Família.

Oito anos de ataques implacáveis, sustentados pela mais poderosa máquina de propaganda jamais montada no país! Lula contou, ainda, com o auxílio pressuroso de setores da imprensa e do colunismo adesista, que se referiam — e alguns o fazem até agora — à “privataria” da era tucana, à “ruína” do governo FHC, ao “neoliberalismo” e a fantasias várias para tentar minimizar o papel definidor que o “homem do Real” teve na história do país.

Até ontem à noite, que se soubesse, Lula ainda não havia dado os parabéns àquele que tem a pretensão de ter como rival. Talvez não o faça. O misto de arrogância e insegurança intelectual do petista o impede de reconhecer a obra alheia, a grandeza alheia e até a gentileza alheia. Só conhece a prepotência e a subserviência. Não podendo se impor ao antecessor sob qualquer critério que se queira, então se sente diminuído — e, por essa razão, ataca.

Lula e o PT precisavam criar a farsa da ruptura com o passado para que seu projeto ganhasse identidade. Em certa medida e por um bom tempo, foram bem-sucedidos, ficando para a história o papel de fazer justiça a FHC, o que, de certo modo, já começou a acontecer, mas não sem revelar, contraditoriamente, um traço de morbidez do processo político brasileiro. Explico daqui a pouquinho.

Qualquer reconstituição minimamente honesta da história do país dos últimos 16 anos há de distinguir o homem que quebrou paradigmas e fundou a novidade daquele que teve, sim, o mérito de não tentar surfar contra a onda; há de distinguir o reformador fundamental do estado daquele que o submeteu, em muitos aspectos, a uma involução; há de distinguir o que atuou de olho no futuro daquele que buscou reescrever o passado. FHC sabe que lugar há de lhe reservar a história. E Lula também. E só por isso o tucano é capaz de reconhecer méritos no governo do petista, mas o petista jamais será capaz de reconhecer méritos no governo do tucano.

Em entrevista ao Correio Braziliense, FHC especulou, com algum humor, que Lula talvez tenha algum “problema psicológico” com ele. Tem, sim!, e já escrevi a respeito. Uma história sentimental do petista vai revelar o homem que se construiu eliminando os que o antecederam.

No sindicato, destruiu a velha-guarda na qual se ancorou para subir; no movimento sindical nacional, esmagou antigas lideranças para se tornar o grande líder; na esquerda, tratou com menosprezo ícones do pré-64, como Leonel Brizola (que o chamava de “sapo barbudo”) e Miguel Arraes; no próprio PT, desmoralizou todos aqueles que, ainda que minimamente, ousaram desafiá-lo. Não por acaso, no filme hagiográfico “O Filho do Brasil”, permitiu que o “pai” — refiro-me à entidade freudiana — fosse morto uma vez mais. Lula só sabe existir destruindo. Sua identidade estava, em sua cabeça ao menos, em ser um anti-FHC. De maneira escancarada, sempre fez questão de opor a sua ignorância à sabedoria do outro, destacando que ignorância é força. O esforço, no entanto, e já há sinais evidentes disso, vai se revelando inútil. À medida que o tempo passa, a obra de FHC se agiganta.

Estado mórbido
Aqui e ai já se começa a fazer justiça a FHC — de modo mais acentuado depois que a presidente Dilma Rousseff destacou o papel do tucano na estabilidade econômica e seu espírito democrático.  Pois é… A mensagem da presidente parece ter, sei lá, destravado as consciências ou, ao menos, liberado setores da imprensa para reconhecer o óbvio. “Se até Dilma está dizendo, então deve ser mesmo verdade…” A “PeTite aguda” é uma doença do espírito que subordina a inteligência a comandos puramente ideológicos, a despeito dos fatos. É um estado mórbido — e o principal sintoma desse mal é a falta de independência.

Mas deixemos essa gente pra lá. FHC faz 80 anos. Vida longa àquele que nos libertou da condenação ao atraso e soube enxergar, contra a metafísica então influente da política brasileira, que a chave dessa libertação estava em pôr mais sociedade no estado, em vez de mais estado na sociedade.

Parabéns, presidente Fernando Henrique Cardoso!

Por Reinaldo Azevedo
“Esse José Rainha é um bandido reconhecido, assassino, invasor, homem que jamais poderia estar solto; o diálogo com o movimento social é uma outra coisa”

Por Eduardo Bresciani, no Estadão Online:
A oposição classificou como conivência a declaração do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, de que lamentava a operação que levou à prisão do líder sem-terra José Rainha e que isso “tumultuava o processo” da reforma agrária. Carvalho, nesta sexta-feira, 17, divulgou uma nota afirmando não desejar “imiscuir-se” no processo de investigação da Polícia Federal. A Operação Desfalque apura desvio de dinheiro público e levou à prisão de outras nove pessoas.

O líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO), afirmou que o governo federal é “condescendente” com criminosos. “Esse José Rainha é um bandido reconhecido, assassino, invasor, homem que jamais poderia estar solto; o diálogo com o movimento social é uma outra coisa. O ministro Gilberto Carvalho está totalmente equivocado”.

Parlamentar atuante nas CPIs que investigaram ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) destacou que Rainha tem quatro condenações pela Justiça e também criticou a posição do ministro. “Se fosse a primeira vez ainda era aceitável, mas já passamos da quarta, não há mais o que se fazer reparo, defender o Rainha agora é conivência”.

Por Reinaldo Azevedo
CNBB: sociedade deveria fazer “marcha contra maconha”

Por Tânia Monteiro, no Estadão:
O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno, defendeu nesta sexta-feira, 17, em entrevista, que a parte da sociedade que é contra o uso da maconha e outros tipos de droga deveria se mobilizar e promover uma “marcha contra a maconha”. O cardeal preferiu não questionar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, na quarta-feira, 15, liberou as manifestações a favor do consumo da droga, justificando que o STF “não fez apologia ao uso da maconha”, mas apenas permitiu a manifestação em favor da “descriminalização do dependente da maconha”.

Para o cardeal, a sociedade deve estar “atenta” e não pode se deixar levar pela posição de parte da sociedade, ainda que possa parecer uma grande parte. “As pessoas que se opõem ao uso da droga devem ter também uma posição clara e que se manifestem também. Não se trata de manifestar só a favor da descriminalização da maconha, trata-se de, quem é contra a maconha, se manifestar contra”, declarou ele, incentivando as “muitas vitimas na nossa sociedade” a organizarem estas marchas contra a maconha.

“Estas pessoas deveriam aproveitar para fazer manifestações contrarias ao uso das drogas. É isso que queremos”, afirmou. “Não queremos jovens anestesiados, indiferentes a situações que vivemos e não concordamos”, prosseguiu, incentivando a jovens a se levantarem não só contra o uso da maconha , mas também contra a corrupção. “A sociedade tem de se acordar contra o que se passa na vida pública”, acentuou.

Depois de ressalvar que o dependente de drogas não deve ser criminalizado, mas tratado, como a própria Igreja faz em diversos centros, o cardeal Damasceno reiterou que “não se pode permitir de qualquer forma de tráfico, a produção e a comercialização das drogas”. Ele insistiu que “a Igreja se opõe ao uso de qualquer tipo de droga, a não ser em casos terapêuticos, quando cabe ao médico decidir se usa ou não determinada droga, em benefício do paciente”.

Por Reinaldo Azevedo
Paulinho da Força resolveu se tornar um radical de esquerda depois de velho? Não cola!

Epa! José Rainha, o líder do MST do B, que comanda os sem-terra em São Paulo, anda de namorico com a Força Sindical? Acho que sim! O MST de João Pedro Stédile é ligado à CUT. A nota que a Força divulgou hoje é impressionante, sobretudo porque, como resta evidente, tenta politizar uma questão policial, investigada pela PF, que, como se sabe, não está a serviço dos “reacionários”. A propósito: quem acompanhou a formação dessa central conhece a vocação historicamente esquerdista da turma… Tenham paciência! Leiam o que informa a Folha Online. Volto em seguida:

Em nota divulgada nesta sexta-feira, a Força Sindical condena a criminalização dos movimentos sociais com a prisão do líder sem-terra José Rainha Jr. na manhã de ontem.
“A Força Sindical tem a convicção de que denúncias precisam ser apuradas rigorosamente e os culpados têm de receber punição exemplar. Porém, não concorda com a posição de setores atrasados e conservadores que, usando de forma oportunista a prisão do dirigente, passaram a criminalizar e a pedir a punição dos movimentos sociais em geral, especialmente dos trabalhadores do campo que lutam pela reforma agrária.”

A central classifica o fato como “a nova e a velha direita em orquestração contra a democracia, contra as aspirações legítimas dos movimentos sociais e contra as justas e oportunas reivindicações dos trabalhadores do campo e da cidade”. A Operação Desfalque da Polícia Federal prendeu também outras oito pessoas, incluindo uma servidora do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e o irmão e advogado de Rainha, Roberto Rainha.

Foram expedidos dez mandados de prisão. Segundo a PF, 50 policiais participaram da operação, que cumpriu 13 mandados de busca e apreensão e sete de condução coercitiva –quando a pessoa é encaminhada para depoimento. Um servidor do Incra não chegou a ser preso, mas foi coagido a depor. Os mandados foram cumpridos nas cidades de Andradina, Araçatuba, Euclides da Cunha Paulista, Presidente Bernardes, Presidente Epitácio, Presidente Prudente, Sandovalina, São Paulo e Teodoro Sampaio. A investigação começou há cerca de 10 meses para apurar crimes de apropriação indébita e extorsão contra os assentados, além dos delitos de estelionato, peculato e formação de quadrilha.

De acordo com a PF, as denúncias apontam que o grupo utilizou associações civis, cooperativas e institutos para se apropriar ilegalmente de recursos públicos destinados a manutenção de assentados em áreas desapropriadas para reforma agrária. A Folha não localizou os advogados de Rainha. A advogada de Roberto Rainha, Jeane Ambrósio, disse que irá definir a estratégia de defesa depois de ter acesso à investigação. Rainha tem passagens pela prisão por furto, formação de quadrilha, co-autoria em dois homicídios e porte ilegal de arma, entre outros crimes. Ele foi expulso do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em 2004, mas continuou participando de ocupações utilizando a bandeira do movimento.

Em 2005, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre o líder.
“E quero dizer para o Zé Rainha que, muitas vezes, Zé, as pessoas têm… Eu já vi gente com medo de ficar perto do Zé Rainha, porque o Zé Rainha é perseguido, de vez em quando é preso. E eu quero dizer aqui, como presidente da República, Zé, o seguinte: você não é um companheiro de primeira hora, você é um companheiro que eu conheço há muitos anos, há muitos e muitos anos. E eu sei que quando eu deixar de ser presidente da República, muitos que hoje são meus companheiros, não serão mais, mas você, certamente, continuará sendo meu companheiro.”

Voltei
De “velha direita”, a central entende muito. Com a nova, não sei como andam as relações. Onde ela está? Tem endereço? Alguém já viu a fotografia? E cabeça de bacalhau? E enterro de anão? Alguém viu?  Estranha essa manifestação da turma nos termos em que vem. Até porque é preciso perguntar: cadê os “movimentos conservadores” que estariam “usando de forma oportunista a prisão do dirigente”? O deputado Paulinho da Força (PDT-SP) pretende dar início à sua carreira de radical de esquerda a esta altura do campeonato? Aliás, acabo de vê-lo na TV naaquelas inserções do horário político. O botox ainda deixará todos os políticos com a mesma cara: uma máscara imóvel, em que só se movem os olhos e a boca. A expressão desaparece. Deve ajudar a mentir.

Quanto a Lula, dizer o quê? Por onde quer que tenha andado, deixou registradas falas  que vão virar história.

Por Reinaldo Azevedo
Dilma Rousseff defende o modelo da tirania virtuosa; Terá a soberana lido a República ou a Carta VII, de Platão?

Ah, um dia ainda fujo pra Pasárgada, onde sou amigo do rei, com a mulher que quiser, na cama que escolherei etc e tal. E chega dessas chatices! Que coisa! A Soberana, Rainha Muda até outro dia, agora bastante buliçosa, anda lendo Platão, estou certo. Na República, aprendeu que seria de todo útil educar o filósofo, de sorte que, chegando ao poder, pudesse unir a sabedoria à força. Não deu… Na Carta VII, Platão relata a experiência contrária, que foi a tentativa de educar os poderosos para que a força tivesse sabedoria. Os dois Dionísios de Siracusa acabaram lhe dando um pé no traseiro e, acreditem, Platão se viu envolvido num golpe de estado! A carta é o relato que ele faz da experiência de tentar tornar virtuosa a tirania. Escreve aos parentes de Díon, seu amigo, que acabou derrubando Dionísio II, ficou no poder por quatro anos e acabou assassinado. A Carta VII, em suma, é a história de um insucesso, de um desastre.

A tirania não pode ser sábia — no máximo, o tirano pode ser sabido. E acabará pondo o saber a serviço da força, não a força a serviço do saber. Por que essas reflexões? Para tentar emprestar um pouco de alcance teórico a essa dura tarefa de entender o que essa gente diz. Leiam o que informa a Folha Online. Volto depois.

Dilma diz que sigilo de orçamentos da Copa foi mal interpretado

A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira que houve “má interpretação” de um artigo em medida provisória aprovada na Câmara que prevê manter em sigilo orçamentos. “Eu lamento a má interpretação que deram sobre esse ponto. Eu sugiro que as pessoas, os jornalistas que fizeram a matéria, investiguem direitinho junto ao TCU, que leiam a legislação e vejam do que se trata. Em momento algum se esconde o valor do órgão de controle, tanto interno quanto externo”, disse a presidente, que participou do lançamento do Plano Agrícola e Pecuário, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

A presidente se referia ao RDC (Regime Diferenciado de Contratações), específico para os eventos, que teve o texto-básico aprovado na última quarta-feira (15). Com a mudança, não será possível afirmar, por exemplo, se a Copa-2014 estourou ou não o orçamento. A proposta ainda pode ser modificada, pois os destaques ficaram para ser apreciados apenas no fim do mês. A decisão foi incluída de última hora no novo texto da medida provisória 527, que cria o RDC. “[As medidas] Foram discutidas amplamente pelo governo e pelo TCU.”

A presidente ainda disse que o sistema de ocultar o orçamento é utilizado pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pela União Européia “para evitar que o licitante, que está fazendo a oferta, utilize a prática de elevação dos preços e de formação de cartel”. Pelo texto atual, só órgãos de controle, como os tribunais de contas, receberão os dados. Ainda assim, apenas quando o governo considerar conveniente repassá-los –e sob a determinação expressa de não divulgá-los.

Comento
A miscelânea de conceitos busca dar algum alcance teórico a uma proposta que só está aí porque os petistas são ruins de serviço. Passaram quase quatro anos olhando para as estrelas, perderam metade do tempo e, na metade que resta, tentam nos convencer de que todos os controles democráticos e todas as regras que asseguram alguma transparência nos gastos públicos dificultam as obras.

Dilma está dizendo, em suma, que, tendo a força — porque o governo a tem —, devemos confiar que tem também a sabedoria. A garantia não está na República, mas na governante que junta a sabedoria e o poder. Os Dionísios, o I e o II,  não chegaram lá, mas ela conseguiu, finalmente, ser bem-sucedida. Platão se precipitou ao relatar os seus desastres. Mal sabia que, uns 2.350 anos depois, nasceria o verdadeiro Dionísio, na forma de mulher. Seu Platão é Ideli Salvatti.

Vou-me embora pra Pasárgada!

Por Reinaldo Azevedo
FHC diz que Lula deve ter “algum problema psicológico”

Na Folha Online:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que completa 80 anos neste sábado (18), afirmou em entrevista ao jornal “Correio Braziliense” que não sente mágoa do também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que se dá bem com o petista quando se encontram. Mas, segundo o tucano, a relação entre os dois não é mais civilizada porque Lula “tem dificuldade em fazer gestos” com ele.

Lula não se manifestou a respeito do aniversário de 80 anos de FHC, que ganhou um site especial para a ocasião e recebeu, inclusive, uma carta elogiosa da presidente Dilma Rousseff.

Ao jornal, o tucano afirmou que não acha estranho a falta de comunicação com o rival político. “Ele nunca me ligou por aniversário algum. O Lula e eu, quando estamos juntos, nos damos bem. Agora, ele deve ter algum problema psicológico, tem dificuldade em fazer gestos comigo.”

Ele garantiu não estar magoado, mas lamentou a situação. “Não é que me doa. Mas, do ponto de vista do Brasil, ex-presidente é bom que tenha uma relação civilizada. Infelizmente, não pude ter uma relação mais civilizada com o Lula”, disse.

Para FHC, porém, a manifestação de Dilma sobre seus 80 anos não é uma demonstração de que ela deseja brigar com seu antecessor e aliado. “Acho que ela entendeu que era melhor a distensão do que um clima crispado. Mas acho que para aí. Não acho que ela queira brigar com Lula.”

Na entrevista, o ex-presidente também afirmou que a guerra entre o PSDB e o PT –a quem chamou de “rei da infâmia”– é falsa e baseia-se essencialmente na disputa pelo poder. Para ele, vários dos projetos de governo das duas legendas são parecidos, tanto do ponto de vista empresarial quanto o social.

“O que discrepa [entre os dois partidos]? O PT mantém uma certa visão de partido, Estado e sociedade que é diferente do PSDB. O PT ainda acredita que o melhor para o país é que um partido, eles, ocupe o Estado e que o Estado mude a sociedade. O PSDB não vai nessa direção. É mais republicano, no sentido de separar mais”, disse o tucano.

Por Reinaldo Azevedo

Aloprados: oposição quer reabrir investigação para apurar atuação de Mercadante

Leiam o que informa O Globo de hoje. Volto em seguida:

Líderes da oposição defenderam neste domingo a reabertura das investigações pela Polícia Federal e pelo Ministério Público para apurar o envolvimento de petistas na compra de um dossiê para tentar incriminar, em 2006, o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Reportagem da revista “Veja” desta semana apontou o ex-senador e atual ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, que concorria com Serra ao governo paulista, como um dos mentores da operação. Em estratégia conjunta, o PSDB e o DEM tentarão aprovar a convocação de Mercadante na Câmara para prestar esclarecimentos sobre sua participação no que ficou conhecido como “escândalo dos aloprados”.

“As investigações sobre os aloprados acabaram sendo arquivadas por falta de provas. As informações trazidas agora são suficientes para que a apuração prossiga. Se havia falta de provas, agora não há mais - disse o deputado Duarte Nogueira (SP), líder do PSDB na Câmara. Nogueira informou que o partido ingressará com representação no Ministério Público e encaminhará ofício à PF solicitando a reabertura do caso. Hoje serão apresentados requerimentos de convocação de Mercadante nas comissões técnicas da Câmara, com convite ao atual secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, Expedito Veloso, uma das testemunhas-chave da fraude (…). “É preciso reabrir investigações. (A reportagem) Comprova o que sabíamos, a participação do PT sob comando do Mercadante”, disse o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).

Já o PT diz que as denúncias são requentadas. Para o líder do partido na Câmara, Paulo Teixeira (SP), não há fato que justifique a abertura das investigações: “Essa agenda é do passado. O Ministério Público e a PF arquivaram os processos.” Mercadante abandonou o silêncio e neste domingo divulgou nota contestando a “Veja”. Diz que foi inocentado pelo Supremo Tribunal Federal e que é alvo de “falsas insinuações”. “Ao tentar envolver meu nome em uma suposta trama que teria ocorrido há cinco anos, quando fui candidato ao governo de São Paulo, a matéria agride valores essenciais ao Estado democrático de Direito”, diz a nota. E segue: “O ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza isentou-me de qualquer envolvimento na suposta operação”.

Voltei
Escrevi ontem dois posts sobre a reportagem da VEJA — estão aqui e aqui. Pois é… Mercadante acabou se livrando, é verdade, porque não havia a prova provada de sua participação, ainda que fosse o principal beneficiário da tramóia e que seu braço direito tenha sido encontrado com a boca na botija — ou com a mão na mala da grana que pagaria os bandidos.

Mas a coisa mudou de figura: há uma confissão gravada de um dos petistas que participaram da ação criminosa. Em entrevista à VEJA, ele confirmou tudo o que está na gravação. E está lá que o agora ministro não só sabia da bandidagem como era um dos encarregados de arrumar a grana para pagar os meliantes. O Ministério Público decidiu com aquilo que tinha em mãos, né? Só que, agora, existe uma baita novidade.

Por Reinaldo Azevedo

20/06/2011

 às 5:51

Veja como Dilma “demitiu” um aliado só para que ele tivesse direito a uma bolada de dinheiro… público!

Por Leandro Colon, no Estadão:
O vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, recebeu pelo menos R$ 280 mil dos cofres públicos ao sair em março da diretoria-geral da Alcântara Cyclone Space (ACS), uma sociedade dos governos do Brasil e da Ucrânia para gerir o principal programa espacial brasileiro, que passa por grave crise financeira. Amaral recebeu esse dinheiro porque conseguiu ser oficialmente “demitido” do cargo.

Em entrevista gravada ao Estado, o dirigente do PSB afirmou que foi ele quem decidiu sair da direção da ACS, ainda durante as eleições 2010. “Eu quis. Pedi e acertei com a presidente Dilma antes do processo eleitoral”, afirmou. Ele contou, porém, que negociou com o governo federal para ser demitido. “Eu pedi para ser demitido, todo mundo faz isso. Não posso ser crucificado por isso”, afirmou.

A receita da empresa é 100% de origem pública. Por ser uma parceria internacional, seus funcionários são contratados pelas regras da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e têm carteira assinada. Ao ser atendido no desejo de ser demitido, o dirigente do PSB e ex-ministro de Ciência e Tecnologia fez um grande negócio, porque teve direito às indenizações de demissões sem justa causa - os R$ 280 mil foram pagos pela ACS incluindo, por exemplo, os 40% de multa sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Esses valores ainda não incluem o saldo do FGTS que Amaral pôde sacar por ter sido demitido.

No mesmo dia da demissão, Amaral foi nomeado para integrar os conselhos da Itaipu Binacional e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), cujos salários somam cerca de R$ 25 mil. A chefe de gabinete de Amaral na ACS, Patricia Patriota, filha do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), também conseguiu ser demitida e recebeu cerca de R$ 55 mil.

A assessoria da Presidência disse que não confirma a versão de Amaral sobre o acordo para ser demitido. Informou que a Presidência decidiu por sua saída e que ele “foi exonerado por ter cumprido uma missão e ter encerrado um ciclo na empresa”. A ACS, vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, está paralisada. Criada em 2007, já recebeu R$ 218 milhões do governo brasileiro e R$ 98 milhões da Ucrânia num projeto orçado em R$ 1 bilhão.

Cortes. O Estado revelou na quinta-feira que o projeto empacou depois que a presidente Dilma Rousseff cortou seu orçamento e determinou auditoria nas contas da empresa e na execução da parceria. A exoneração de Amaral foi publicada no dia 28 de março no Diário Oficial da União com as assinaturas da presidente Dilma Rousseff e do ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). Ele ganhava R$ 30 mil mensais. Naquele dia, foram divulgadas as indicações para ele assumir uma vaga na Itaipu e outra no BNDES.

A assessoria de Mercadante disse que ele foi exonerado da ACS pelo governo, mas não sabia que ele receberia a indenização.

Em duas entrevistas ao Estado na quinta-feira (leia abaixo), Amaral entrou em contradição e acabou contando que a demissão foi um acerto com o governo. Num primeiro momento, quando a reportagem ainda não tinha a confirmação de que ele havia sido demitido, o dirigente do PSB afirmou, durante entrevista sobre a crise do programa espacial, que pediu para deixar o cargo de comando do projeto. Após essa entrevista, a ACS confirmou que demitiu Amaral, em cumprimento ao acordo dele com o governo. Ele então se negou a comentar os valores recebidos sob a alegação de que é um problema dele e da empresa.Aqui

Por Reinaldo Azevedo

20/06/2011

 às 5:49

TCU aponta descontrole em benefícios fiscais do governo

Por Dimmi Amora e Gustavo Patu, na Folha:
Impulsionados pelo intervencionismo econômico da administração petista, os benefícios fiscais oferecidos pelo governo cresceram sem controle adequado da execução dos projetos e avaliação dos resultados, segundo auditorias do TCU (Tribunal de Contas da União). Ao todo, os cofres do Tesouro Nacional deixaram de receber R$ 144 bilhões no ano passado em receitas tributárias, previdenciárias e financeiras, segundo dados do Poder Executivo analisados pelo tribunal. Trata-se de dinheiro suficiente para financiar praticamente todas as despesas do governo com saúde, educação e assistência social. Relatório sobre programas incentivados aponta, entre outras fragilidades, “ausência de indicadores, metas e avaliação de resultados” e “deficiências nos procedimentos de controle da execução dos projetos”. Procurado, o Ministério da Fazenda não quis comentar.

ESTÍMULO 
As renúncias fiscais são oficialmente explicadas pela necessidade de estimular setores da produção nacional, reduzir desigualdades regionais ou favorecer segmentos sociais mais vulneráveis. Já pela argumentação dos críticos, tais justificativas podem servir de pretexto para a ação de lobbies influentes que obtêm vantagens mesmo à custa de provocar distorções no sistema produtivo. A tradição brasileira de incentivos é ampla a ponto de incluir objetivos tão diferentes quanto a Zona Franca de Manaus, o horário eleitoral gratuito, a política industrial e a Lei Rouanet. Embora não haja informações completas, os dados tributários e previdenciários mostram alta -acima da taxa de crescimento da economia- dos incentivos nos últimos quatro anos.

Enquanto o governo Lula estabelecia como prioridade a aceleração do crescimento da economia, a renúncia de receitas do Tesouro e da Previdência aumentou 32% acima da inflação entre 2006 e 2010 e passou de 3,3% para 3,4% do PIB. Um dos incentivos criados no período foi o Reidi (Regime Especial para o Desenvolvimento da Infraestrutura), no qual uma auditoria do TCU detectou, além do controle precário da execução, uma concentração de benefícios para os setores de energia e transportes. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

20/06/2011

 às 5:47

Novas usinas deixam sistema vulnerável por causa de questão ambiental

Por Renée Pereira, no Estadão:
A construção de mega hidrelétricas, como Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, elevará a potência instalada do Brasil, mas não vai alterar a capacidade de armazenamento de água no sistema. Para reduzir os impactos ambientais, as novas usinas estão sendo construídas a fio d’água, sem reservatórios. Na prática, isso significa ter um sistema mais vulnerável às condições climáticas e mais complexo do ponto de vista de operação.

É o que mostra o estudo Energia e Competitividade na Era do Baixo Carbono, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o trabalho, a capacidade do sistema hidrelétrico de estocar água no período úmido para suportar o período seco cairá dez pontos porcentuais até o fim da década, de 41% para 31%.

Segundo a CNI, no passado, os reservatórios conseguiam aguentar até dois anos com períodos secos mais severos. Hoje, esse tempo está na casa de um ano, e tende a piorar com as usinas em construção e o aumento do consumo interno. Até 2007, a relação entre o tamanho dos reservatórios e a potência das hidrelétricas era de 0,51 quilômetros quadrados (km²) por megawatt (MW). Nas novas usinas, esse número é de 0,06 km²/MW.

“Sem reservatórios, não aproveitamos todo o potencial hídrico do País. Só aproveitamos as quedas d’água. Quem vai pagar é a sociedade”, avalia o vice-presidente da CNI, José de Freitas Mascarenhas. Ele destaca o caso de Belo Monte, que terá capacidade de 11.233 MW, mas vai gerar 4.571 MW médios. No período chuvoso, a usina produzirá na capacidade máxima. Mas, na seca, a produção poderá cair para meros 690 MW médios por causa da falta de reservatório.

A usina vai gerar conforme o regime hidrológico da região. Para se ter ideia, a quantidade de água no mês mais úmido do Rio Xingu é 25 vezes maior do que no mês mais seco, segundo a CNI.

A solução para contornar o problema, que foi criado para resolver outro problema (dos impactos ambientais), é diversificar as fontes de energia, avalia o professor da UFRJ, Nivalde Castro. Hoje, 75% da matriz brasileira é hídrica e 15%, térmica. O restante vem de usinas eólicas, nucleares, de biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas (PCH). Para Castro, o Brasil não pode renunciar às hidrelétricas, mesmo que elas sejam construídas sem reservatórios. Aqui

Por Reinaldo Azevedo
(Na coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes)

Celso Arnaldo captura a presidente no show de dilmês erudito: ‘Não é possível chamar o governo de que está garantindo roubalheira’

Num dos seus piores momentos em quase seis meses de governo, Dilma Rousseff foi capturada por Celso Arnaldo em Ribeirão Preto. Sorte dos leitores, presenteados com um dos melhores momentos do grande caçador de cretinices. Os 4 primeiros minutos do vídeo são antológicos. O texto também. Confira:

POR CELSO ARNALDO ARAÚJO

O nome da seção do Blog do Planalto já não é bom: “Atividades da presidenta”. Soa esquisito. Na verdade, quem soa sempre esquisito é a presidenta – mas esquisito mesmo é o assunto principal da entrevista dada em Ribeirão Preto: o “Regime de Contratação Especial para as Obras da Copa”, como ela diz. O nome da maracutaia é esse mesmo? Como a Professora Doutora que nunca foi, nem nunca poderia ter sido, pois só pôde ser presidente, ela começa a explicar o inexplicável com uma pergunta retórica de caráter pedagógico:

– O quiquié que foi chamado de, é, sigilo de orçamento?

Você quer mesmo saber por que a Câmara aprovou, a pedido do governo, a tática do “treino secreto” para o timaço que está na jogada da Copa de 2014? Ouça a presidenta com atenção, como o Tinga ouve a preleção do Felipão:

“Trata-se do seguinte. É inclusive integrante das melhores práticas do OCDE e da União Europeia. Pra evitar que a pessoa que está, o licitante, né, quem está fazendo a oferta, utilize a prática de elevação dos preços e de formação de cartel, qual é a técnica que se usa? Você não mostra pra ele qual o seu orçamento. Mas o, quem te fiscaliza sabe direitinho qual é o valor. Aí cê faz a licitação. Aí quiqui acontece? Ele não vai saber qual é o preço que cê acha que pode pagar. Isso significa que ele vai dar um preço menor. E se der fora de orçamento, o órgão de controle sabe que deu fora do orçamento. E além disso ocê explicita o orçamento na sequência. Eu lamento a má interpretação que se deram (sic) a esse ponto.”

Depois dessa explicação meridiana, cartesiana, republicana, é mesmo de se lamentar a interpretação que “se deram” ao Regime Diferenciado de Contratações. É verdade que, nessa defesa da tática RDC feita pela presidente, houve farta distribuição de caneladas, furadas e bolas murchas pelos craques que atendem pelos nomes de “pessoa”, “cê”, “ocê” e “ele”: quem é quem nesse jogo?

Mas só mesmo por má-fé, ou má informação, alguém poderia desconfiar da lisura na contratação no escuro de obras desse vulto no Brasil. Se nos Pan-Americanos de 2007 foi aquela roubalheira desenfreada, e era tudo às claras, que tal darmos uma chance ao não-sabido?

Ficou ainda algum lado do campo desguarnecido? Dilma reforça a defesa:

“Em momento algum se esconde o valor do órgão de controle, tanto interno quanto externo (…) Segundo: quem não sabe o valor é quem está dando o lance. Puqui que ele não sabe? Porque se ele souber que eu dou, vamos supor, vamos fazer uma hipótese, vamos supor que ele ache que é cem, um número cem, vamos supor que no orçamento do governo teja, esteja, 120. A hora que ele vê que é 120 o valor mínimo, ele vai pra 120. Este foi um recurso que nós usamos pra diminuir os preços das obras da Copa. Não há da parte do governo nenhum interesse em ocultá. Pelo contrário, de quem que não se oculta? Não se oculta da sociedade, depois que ocorreu o lance, e não se oculta, antes do lance, dos órgãos de controle.”

Transparência é tudo e mais um pouco. Tente superar as barreiras linguísticas quase instransponíveis do dilmês. Atenha-se ao conteúdo implícito nas entre(mal traçadas)linhas: pela primeira vez, um presidente da República admite que, pelo regime normal de concorrências públicas, já que o RDC é uma exceção absoluta, o que custa 100 sempre sai por 120, no mínimo. E o governo sempre paga. Agora, no escuro, o que é 100 vai custar 100 – e Jair Bolsonaro vai passar o domingo que vem todinho na Avenida Paulista.

Mas a confissão explícita não alivia Dilma. Ao contrário — a presidenta está indignada:

“Eu sinto muito essa, essa má interpretação daquele artigo. E acredito que nada, é, que pode ser corrigido, porque as pessoas conversando elas esclarecem e cada uma vai explicar do que que entendeu, aonde que tá o problema, aonde que tá, porque também tem limite, não é possível chamar (sic) o governo de que está garantindo roubalheira ou qualquer coisa assim. Isso foi negociado com o TCU”.

“Chamar” o governo de que está garantindo roubalheira? Não conheço ninguém que fale português e tenha dito isso. Terá sido o Joseph Blatter?


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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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