Tio Rei pega no pulo o Greenpeace e desmonta uma farsa com dados que eles próprios levantaram.

Publicado em 10/10/2011 14:15
por Reinaldo Azevedo, em veja.com.br

Tio Rei pega no pulo o Greenpeace e desmonta uma farsa com dados que eles próprios levantaram. Ou: Brasil será a única região do planeta, além de Chernobil, em que se vai proibir qualquer atividade econômica

Caras e caros,

Este é um dos momentos de que mais gosto neste blog; eu o defino como “matar a cobra e mostrar a cobra”, naquele sentido, obviamente, não-sexista, sem ambigüidades, recomendado pelo Departamento Ira-ny de Censura. Vocês vão ver como os próprios mistificadores podem, sem querer, contribuir para revelar a verdade. Acompanhem. Garanto que, ao fim da trajetória, todos estaremos mais lúcidos. Vamos lá.

Uma coisa deixa certo ambientalismo muito revoltado, furioso mesmo: a afirmação de que a legislação ambiental brasileira é uma jabuticaba, sem paralelo ou similar no mundo inteiro. As restrições hoje em curso e as contidas mesmo no texto de Aldo Rebelo - acusado por esse ecologismo rancoroso de promover o desmatamento (é falso!!!) - têm um rigor único. Mesmo se aprovado o texto (vamos ver as mudanças a serem feitas no Senado) de Aldo, NÃO HAVERÁ PAÍS NO MUNDO COM O PERCENTUAL QUE TEM O BRASIL DE VEGETAÇÃO NATIVA E COM UMA LEI AMBIENTAL TÃO DURA! Ou ainda: o Brasil está escolhendo para si uma legislação que nenhuma nação, mesmo aquelas que já têm a sua superfície quase escalpelada, aceitaria.

Muito bem, meus caros. Um dos meus prazeres é pegar vigarista intelectual no pulo. Estão a dar aquele salto argumentativo bailarino, e eu pimba!, acuso o truque, e eles se esborracham no chão. Queriam ser Nijinski e caem como os Três Patetas. Ninguém é mais saliente na defesa das nossas florestas do que o Greenpeace, que tem sede mundial em Amsterdã, na Holanda. Daqui a pouco vocês entenderão por que eles decidiram preservar florestas mundo afora. Na Holanda, seria difícil. Quase não há mato a preservar. Eles costumam é queimá-lo… nos coffeeshops!  Pois bem, esses patriotas sem pátria decidiram promover um estudo para saber se, de fato, o Código Florestal brasileiro era uma jabuticaba. O objetivo dos valentes era provar que essa era uma afirmação dos reacionários, dos ruralistas e das pessoas malvadas, como eu. Não omito nada dos leitores, como sempre. Clicando aqui, vocês têm acesso à integra do texto. Reproduzo a introdução que os próprios promotores do levantamento escreveram. Nada depõe mais contra esses caras do que aquilo que eles próprios produzem. Leiam o que segue em vermelho. Volto depois.

“Numa tarde de fim de junho deste ano, durante reunião da Campanha Amazônia do Greenpeace, o tema da exclusividade nacional do Código Florestal voltou à mesa. O assunto tinha assumido grande relevância durante o processo de votação do projeto de lei que altera o código na Câmara Federal. Havia dados e informações sobre a questão, mas em volume insuficiente para concluir se o nosso código era de fato uma peça única de legislação florestal. E quem poderia produzir um estudo mais definitivo sobre o tema? O nome que se ouvia, quase sempre, era o mesmo: Proforest. O Greenpeace correu atrás.

O Proforest, afiliado à Universidade de Oxford, na Inglaterra, é uma autoridade global em florestas e uma fonte inesgotável de estudos sobre o tema. Sua equipe topou o desafio de examinar a questão. E alistou na empreitada o Imazon, um dos mais respeitados centros de produção de conhecimento sobre a Amazônia brasileira. Adalberto Veríssimo, pesquisador sênior do Imazon, ajudou na especificação e convocou sua equipe para revisar o estudo final. O resultado do trabalho traz informações relevantes para o debate sobre as mudanças no Código Florestal, que está agora sendo examinado pelo Senado.

Ele conclui que o nosso código está longe de ser uma jabuticaba. Há muitas outras nações com leis igualmente rígidas de proteção florestal.Além de desmistificar a exclusividade do “protecionismo” nacional no tema florestal, o estudo também cumpre o relevante serviço de demonstrar que, desde o século passado, é o fim do desmatamento - e não a terra arrasada - que virou sinal de desenvolvimento.”

Voltei
Leiam o estudo enquanto está no ar. Tão logo percebam o que fizeram, eles devem tirá-lo. Já providenciei uma cópia pra mim. O que vai acima é uma mentira grotesca. O levantamento indica que o Código Florestal é, sim, uma jabuticaba. Não existe nada tão restritivo no mundo - e, reitero, isso inclui o texto de Aldo Rebelo. O levantamento feito pelo Proforest e pelo Imazon compreende 11 países, com economias e graus de desenvolvimento os mais diversos. O objetivo é provar que todos são muito severos com o meio ambiente. São mesmo? Pois eu proponho trocar o nosso Código, o que está em vigência e o que vai ser votado pela legislação, pela lei de qualquer um deles. Os proprietários rurais brasileiros certamente topariam. Só que não haveria um só daqueles países que aceitasse a legislação brasileira. Seus respectivos governo diriam: “Vocês enlouqueceram?” Pois eu, agora, começo uma campanha: vamos trocar o nosso Código com o da Holanda, o da Suécia ou o da Alemanha… Eu quero as mesmas leis vigentes nos países dessas ONGs bacanas e de seus financiadores.

Por que digo isso?
Se vocês acessarem o documento, verão que há uma síntese da legislação dos locais estudados. ATENÇÃO: NÃO EXISTE ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE em lugar nenhum! Não há local no Globo terrestre em que a atividade econômica seja proibida em lei - o Brasil é a exceção! O máximo que fazem esses países é exigir precondições, reservando-se o direito de dar ou não autorização. PROIBIÇÃO PRÉVIA??? Não! Nunca!

Brasilzão véio de guerra tem apenas 27,7% do seu território ocupados por agricultura, pecuária e afins - produção de comida, em suma, e derivados da agricultura. São dados do IBGE. Outros 11,3% abrigam cidades - que hoje concentram mais de 80% de uma população de quase 200 milhjões - e obras de infra-estrutura. O resto é composto de vegetação nativa, rios, praias, mangues etc e tal, tudo intocado ou quase: 61¨%. Não há no mundo nada parecido! Vejam, no caso dos 11 países estudados, o quadro com a porcentagem do solo ocupado por florestas (não é bem isso; já digo por quê) e a caracterização do que é “floresta primária” (aquela original, intocada ou recomposta) e o que é “floresta plantada”. Atenção para a realidade da Holanda, terra do Greenpeace, e do Reino Unido, um verdadeiro ninhal de ONGs que querem decidir o destino do Brasil ou da Indonésia…

País% do territ. c/ florestaFloresta
original
Floresta
replantada
Tem
APP?
Holanda11%0%100%Não
R.Unido12%23%77%Não
Índia23%85%15%Não
Polônia30%05%95%Não
EUA33%92%08%Não
Japão69%49%41%Não
Suécia69%87%13%Não
China22%63%37%Não
França29%90%10%Não
Alemanha32%52%48%Não
Indonésia52%96%04%Não

Vejam que espetáculo! Na Holanda, não sobrou da mata original um miserável graveto. Dos 11% do território do que seriam a cobertura vegetal nativa, 100% são florestas replantadas! Eles haviam acabado com literalmente tudo. O Reino Unido, que também gosta de dar conselhos, é muito eloqüente: apenas 23% dos 12% com cobertura florestal são mata original; todo o resto (77%) é floresta plantada. Mas atenção! Nada menos de 64% desses 77% são compostos de espécies introduzidas, que não são nativas da região.

Não se deixem impressionar pela grande cobertura vegetal de Suécia e Japão. São áreas impróprias para a agricultura, pecuária ou qualquer outra atividade. A geografia e o clima não permitem outra coisa.

Da pilantragem à canalhice intelectual
Falei de pilantragem intelectual. Mas ela pode subir alguns graus e virar canalhice. Ora, áreas de exploração de madeira, no Brasil, não são consideradas cobertura florestal. Se fossem, então o país teria menos de 27,7% de seu território economicamente explorado! Os proprietários brasileiros são obrigados a manter áreas de preservação dentro de suas propriedades, ONDE NENHUMA ATIVIDADE É PERMITIDA. Na hora, no entanto, de apontar a cobertura florestal daqueles 11 países, usaram um critério diferente. Leiam o que segue; vejam se os proprietários brasileiros não gostariam de uma legislação assim (segue trecho em vermelho do documento):

“Embora existam poucas possibilidades para a conversão de florestas em áreas privadas nos países analisados, seus donos têm o direito de administrar áreas florestais para a extração de madeira ou de outros produtos florestais não-madeireiros. Em alguns países, os proprietários são obrigados inclusive a se envolver no manejo ativo da floresta, definindo um plano para sua gestão e realizando regularmente sua manutenção e a colheita de produtos florestais. O tipo de exploração permitida varia entre os países, dependendo da ecologia das suas respectivas florestas. A derrubada de árvores é mais frequentemente usada em florestas boreais. O corte em grupo ou o seletivo são mais comuns em florestas temperadas e tropicais. A regeneração das áreas manejadas também varia entre a regeneração natural e o replantio.”

Conservação financiada
Em todos os países analisados - até mesmo na pobre Indonésia -, há incentivo em dinheiro para quem mantém a cobertura vegetal de sua propriedade. O Brasil começa a debater esse assunto com o código de Aldo Rebelo. Por aqui, essas mesmas ONGs que elogiam esse expediente querem é punir os proprietários com multas ou, na prática, promover uma verdadeira expropriação, proibindo a continuidade de culturas centenárias em áreas que passaram a ser consideradas de preservação permanente.

Para eles, elogios; para o Brasil, críticas. Ou: estômago forte
É preciso ter estômago forte para ler determinadas coisas. As ONGs tratam o Brasil, com 61% do território intocado ou quase (seria mais do que isso caso se empregassem os critérios com os quais se analisa a Europa), como um desmatador compulsivo. E vejam para quem sobram elogios:

“Outros países analisados tais como França, Alemanha e Japão foram muito mais bem-sucedidos na manutenção de suas coberturas florestais, indicando que eles passaram pela fase de estabilização da transição florestal com uma proporção muito maior de florestas. Isto é, esses países sempre mantiveram grande proporção de seus territórios com cobertura florestal. Esses países têm, normalmente, uma cobertura florestal total superior, equivalente a um a dois terços da área de floresta original, e também uma maior proporção de florestas naturais ou seminaturais.”

Mas vejam o que eles mesmos dizem sobre a elogiada França:
“Os principais regulamentos que regem a silvicultura na França são o Código Florestal (1979) e a Lei de Orientação Florestal (2001). Ambos os regulamentos afirmam que “ninguém tem o direito de converter suas florestas sem primeiramente obter uma autorização administrativa”26. Proprietários florestais necessitam fazer um estudo de impacto ambiental (EIA) quando buscam permissão para converter as florestas, especialmente se a área for maior a 25 hectares. Caso a área tenha menos do que 25 hectares é exigido um estudo de impacto ambiental menosrigoroso. Florestas públicas ou florestas privadas não podem ser convertidas sem uma autorização administrativa rigorosa e especial e todos os proprietários de florestas com áreas maiores de 25 hectares necessitam apresentar um plano de manejo, o que inclui um sistema de corte e replantio. Esses planos precisam promover reflorestamento, planejamento e conservação das áreas. Proprietários florestais com uma área de pelo menos 4 hectares são obrigados a reflorestar dentro de um período de 5 anos após o corte raso ou quando não há possibilidade de regeneração natural adequada.”

Ou por outra: proprietários de até quatro hectares não têm obrigação nenhuma; os de 4,1 a 25 hectares têm condições muito brandas, e só acima de 25 hectares ficam submetidos a uma controle mais rígido. Mas atenção; É CONTROLE RÍGIDO PARA PODER MEXER NA FLORESTA, NÃO PARA TORNÁ-LA UM SANTUÁRIO! Essas áreas manejáveis, de onde se extrai madeira, é considerada “floresta” na França…

Outro momento muito ilustrativo do texto admite, de modo quase vexado:
“Alguns países incluídos no estudo como Reino Unido, Holanda e China já tinham perdido uma proporção muito elevada de suas florestas no início do século XX. Como resultado, todos eles embarcaram em amplos programas de reflorestamento. Até agora têm obtido algum grau de sucesso, especialmente a China, mas a área total de cobertura florestal continua a ser limitada e a proporção de florestas naturais ainda é pequena.”

Ó, não me diga! Ninguém torra a paciência da China porque não se mexe com quem dá as cartas. E o país ignoraria mesmo, como ignora, qualquer pressão. Quanto à Holanda e ao Reino Unido, dizer o quê? Não é fabuloso que se pregue REFLORESTAMENTO em um país que tem dois terços de seu território desocupados e que não se faça o mesmo naqueles que têm, respectivamente, 89% e 88% de ocupação?

O Greenpeace encomendou um estudo, como eles mesmos deixaram claro, para provar uma tese e conseguiram provar o contrário: a legislação ambiental brasileira é uma jabuticaba que não seria aceita em nenhum país do mundo. O Brasil, mesmo com o código de Aldo Rebelo, segue sendo a  ÚNICA REGIÃO do Globo que comporta áreas em que é proibido produzir. Coisa igual só em Chernobil.

Por Reinaldo Azevedo

Investimentos em baixa já impactam economia em 2011

Por Mariana Carneiro, na Folha:
Os investimentos entraram num novo e mais baixo ritmo de crescimento. A perda de fôlego aparece na construção civil e também na fabricação doméstica de máquinas e equipamentos, o que se reflete no resultado da economia. O novo cenário entrou nas previsões do governo no fim de setembro. No mais recente relatório de inflação, o Banco Central reviu a expansão dos investimentos neste ano de 6,4% para 5,6%. Sob este cenário, a taxa de investimento do país fechará o ano praticamente sem sair do lugar em relação ao ano passado. Vai de 18,4% do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) para 18,7%. A taxa indica quanto do que é produzido hoje está sendo reinvestido para impulsionar o crescimento no futuro. “[A taxa de investimento] não subir neste ano representa uma queda”, afirma o economista David Kupfer, da UFRJ.

Embora ainda não tenha fechado a estimativa para os investimentos no terceiro trimestre, o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges, estima que o resultado deverá ser “muito fraco, talvez ligeiramente negativo”. E, diz, o mesmo pode se repetir no quarto trimestre.
Na construção civil, o desânimo é evidente. O Minha Casa, Minha Vida 2 está atrasado. O governo federal levou sete meses para definir os novos valores que pagará aos construtores pelos imóveis, o que só foi acertado semana passada. Segundo informações do setor, a construção de cerca de 90 mil unidades esperava definição. Depois dessa etapa, ainda leva-se alguns meses para dar partida a essas obras. Além disso, os lançamentos de edifícios residenciais recuam desde maio em São Paulo e no Rio. “No ano passado, faltava equipamento, material, o setor estava extremamente aquecido. Neste ano, a escassez de recursos arrefeceu”, comprova o presidente da comissão de materiais e equipamentos da CBIC, Sarkis Curi. Pesquisa feita em agosto pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com empresários do setor mostra que a expectativa sobre negócios atingiu o mais baixo patamar desde janeiro de 2010.Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Dilma muda relação com grevistas e irrita sindicatos

Por Natuza Nery e Renato Machado, na Folha:
O governo da presidente Dilma Rousseff endureceu a política de greves e irritou o mundo sindical. A necessidade de ajuste fiscal e o receio de uma escalada inflacionária levaram o Executivo a atacar o “bolso dos grevistas” com corte de ponto -prática raramente vista na gestão Lula, segundo centrais sindicais. O objetivo é desencorajar paralisações que se anunciam em outras áreas cruciais, como policiais, servidores do Judiciário e petroleiros, que negociam nesta semana diretamente com a Petrobras e com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral). Para diversas entidades sindicais, Dilma joga mais duro que Lula. “Por isso queremos demovê-la dessa política de UFC”, diz o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, referindo-se à famosa liga de vale-tudo. Da Europa, Dilma orientou sua equipe na semana passada a adotar posição firme na greve dos bancários, em curso desde 27 de setembro. O Ministério da Fazenda e os bancos privados resistem a um reajuste real (acima da inflação) próximo a 5%.

Com uma greve desde 14 de setembro, o caso dos Correios tornou-se emblemático. A empresa anunciou corte do ponto dos funcionários parados. Mesmo expediente adotado na Eletrobras neste ano. O Ministério do Planejamento diz que os cortes atuais não são novidade: embora a maior parte das greves anteriores terminassem em acordos para repor dias parados, houve casos de descontos, como o de auditor fiscal. Para o Planalto, a conjuntura econômica é restritiva a reajustes neste momento. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Irã tem a mesma esperança da esquerda do miolo mole. A diferença é que os esquerdistas realmente acreditam no que dizem…

Da Agência Estado:
Um comandante militar iraniano disse neste domingo que os protestos que se espalharam a partir de Wall Street, em Nova York, para outras cidades do país são o começo da “primavera americana”, fazendo uma relação entre as manifestações aos levantes que derrubaram governos autocráticos no Oriente Médio.

O general Masoud Jazayeri, integrante da Guarda Revolucionária do Irã, disse que os protestos contra a ganância corporativa e a distância entre ricos e pobres são uma revolução e que vão derrubar o que ele chamou de sistema capitalista ocidental. O movimento Ocupa Wall Street teve início na cidade de Nova York no mês passado e está se espalhando por outras partes do país. O movimento realiza manifestações pacíficas contra o poder dos setores financeiro e político.Aqui

Por Reinaldo Azevedo

“Primavera” é isto: governo egípcio massacra cristãos. Tempo para uma metáfora de Arnaldo Jabor no Jornal da Globo!

Pois é… Às vezes se paga um tanto por enxergar um pouco além da bruma - inclusive das brumas da esperança… Mas se paga mesmo um alto preço por ir além da espessa nuvem da tolice. Assim é com a dita “Primavera Árabe”, aquele movimento que Arnaldo Jabor colou outro dia a Steve Jobs, por arte daquele mecanismo de pensamento em que uma coisa leva à outra, sem que precise haver entre elas nexo lógico: tudo se resolve com uma metáfora, um joguinho de palavras qualquer, um chiste metafísico. Pois é.

A polícia matou ontem no Egito 23 pessoas num conflito entre cristãos coptas - que compõem 10% da população do país - e as forças de segurança. Era a velho método Mubarak, só que, desta feita, matando gente sem muita importância: eram… apenas cristãos! Milhares de pessoas protestavam contra um ataque ocorrido contra uma igreja - um entre centenas.

Desde o início da badalada “revolução egípcia”, casas e templos dos cristãos têm sido incendiados por milícias radicais árabes. O novo governo é, para dizer pouco, tolerante. Os cristão decidiram demonstrar sua insatisfação - com protestos um tanto violentos, parece. Seja como for, a junta que governa o país - os iluministas do Jabor - deram uma de Bashar Al Assad. O que são 23 cristãos massacrados diante da democracia árabe, não é mesmo? Morressem 23 palestinos um conflito com Israel, o mundo viria abaixo. O caso é o seguinte: palestinos tem pedigree humanista; cristãos do Egito não têm…

Isso estava escrito nas estrelas - ou, se quiserem, no Crescente Verde. No fim de março, Duda Teixeira, de VEJA, entrevistou Esam El-Erian, porta-voz da Irmandade Muçulmana no Egito, e ele deixou claro que seu grupo tem como objetivo assumir o poder no país no prazo de cinco anos e que tem uma agenda pronta para quando isso ocorrer. A entrevista foi feita no escritório de El-Erian na capital egípcia, próximo a um hospital popular sustentado pela Irmandade. E-Erian eviodencia ter o controle de milícias, acusa os partidários de Mubarak de incendiar as igrejas e censura as próprias vítimas!!!  Leiam a entrevista. Volto em seguida.

A irmandade pretende construir um estado islâmico no Egito, a exemplo do que ocorreu no Irã após a revolução de 1979? Criará leis para proibir o consumo de álcool ou saias curtas, por exemplo?
O Egito não é o Irã. Não é a Arábia Saudita. Não é a Turquia.

Então, qual é o objetivo político da Irmandade Muçulmana?
Isso depende da atmosfera e do contexto em que nos encontrarmos. Atualmente, nossa meta é conseguir a unidade nacional e instituir uma nova ordem no Egito. Isso significa uma nova Constituição, leis melhores e a retomada da economia, o que será muito importante nos próximos cinco anos.

Por que cinco anos?
Alguns políticos dizem que a transição vai durar seis meses. Outros falam em um ano. Nós achamos que essas estimativas estão equivocadas. A transição vai demorar cinco anos.

Por que a Irmandade declara que não almeja mais do que um terço das cadeiras no próximo Parlamento, cuja eleição deve ocorrer neste ano?
Nós não queremos a maioria no Congresso.

Por que não?
Porque, como eu disse, este é um momento de união, não de competição.

Será sempre assim? A Irmandade nunca vai querer mais do que um terço do Congresso?
Esta é a nossa estratégia há 25 anos. Estamos em um momento de transição, preparando o país para nossa próxima estratégia, a qual será iniciada após cinco anos. Só então haverá competição. Agora não há tempo para isso. O momento atual é de união.

Qual é o projeto de país da Irmandade Muçulmana para daqui a cinco anos, quando acabar o período que o senhor considera de união entre as forcas políticas?
Por favor, pare de fazer essas perguntas. Volte daqui a cinco anos e faça essa mesma indagação. Daí, sim, eu responderei (EI-Erian dá uma risada).

Como será o Egito daqui a cinco anos?
Por favor…

Que opinião o senhor tem a respeito das brigas recentes entre muçulmanos e cristãos coptas?
Isso é a contrarrevolução.

O Egito conseguirá manter-se estável durante essa transição, mesmo com esses conflitos religiosos?
Se conseguirmos evitar as intervenções de americanos e de israelenses, será muito bom. São eles os grandes perdedores dessa revolução, e não Hosni Mubarak.

O senhor está dizendo que americanos e israelenses incentivam as disputas religiosas?
Claro! Mubarak era um parceiro estratégico para eles.

Se é assim, por que americanos e israelenses não agem para permitir que Mubarak volte ao poder?
Se ele fizer isso, será morto.

Morto?
Depois de um julgamento, claro.

Eu e meu fotógrafo viajamos até Soul, onde uma igreja e casas de cristãos foram incendiadas. Os moradores muçulmanos nos impediram de entrar na vila, acusaram-nos de ser espiões estrangeiros e nos ameaçaram… Parece-me improvável que estivessem a serviço de americanos e israelenses.
Se quiser, posso dar o telefone de uma pessoa na vila de Soul para acompanhá-los em segurança.

Quem está ateando fogo às igrejas?
O pessoal do Partido Nacional Democrático (de Mubarak), os agentes da segurança de estado e os criminosos. Estou triste porque bispos e o papa Shenouda III (da Igreja Ortodoxa Copia) apareceram em público para reclamar dos ataques apresentando-se como cristãos. Isso não é bom.

Eles não podem declarar abertamente sua fé?
Os cristãos devem se defender como civis, não em nome de um setor da sociedade. Somos todos egípcios.

O clérigo muçulmano Yusuf al Qaradawi, apresentador de um programa na rede Al Jazira, do Catar e membro da Irmandade Muçulmana, diz que o marido tem o direito de bater na mulher, defende os atentados suicidas e acredita que os países islâmicos devem ter armas nucleares para aterrorizar inimigos. Qual será o papel de Qaradawi no novo Egito?
Ele visitou nosso país, ficou por três dias e voltou ao Catar. Aqui, é apenas uma voz entre muitas outras. Qaradawi apresentou um islamismo moderado, tolerante e pacífico para muitas pessoas. Por isso, muita gente confia nele. É um sábio.

Voltei
Eis aí. Os cretinos acreditam que uma “revolução” feita com alguma (não mais do que isso) influência do Facebook ou do Twitter será necessariamente progressista, como se esses canais não facilitassem também a divulgação de coisas estúpidas. No irã pré-revolucionário, as mensagens do aiatolá Khomeini, o fascissta islãmico, eram passadas em fitas-cassete, a modernidade possível. A chamada “Primavera Árabe”, já comentei aqui, tem muito de inverno da esperança. Por enquanto, quem está vencendo a parada são os sectários.

Então vamos aborrecer dizendo tudo. O sanguinário Bashar Al Assad mata na Síria para conservar o poder. Está enfrentando milícias armadas. EUA, França e Reino Unido estão chocadíssimos. A Junta Militar que governa o Egito massacra - e não é a primeira vez - cristãos desarmados. E haverá, no máximo, um muxoxo. Se houver.

O cristianismo, a religião mais perseguida no mundo hoje, pode ceder mais alguns mortos à causa islâmica diante dos bananas do Ocidente, não é? Convenham… Não será a primeira vez.

Por Reinaldo Azevedo

O Alá do Facebook trata os “diferentes” como os tratava no século VII

A tensão no Egito continua um dia depois de as forças de segurança do país terem matado 23 cristãos, numa reação de fazer inveja ao tirano Bashar Al Assad, da Síria. Há, no entanto, uma diferença razoável: Assad, com raras exceções, enfrenta grupos armados. Os cristãos coptas estavam de mãos limpas - tinham umas pedrinhas. Desde o início da chamada “Primavera”, milícias árabes têm invadido igrejas e casas dos cristãos, sob o olhar cúmplice do novo governo, que se limita a acusar as vítimas de estarem a serviço de forças interessadas em desestabilizar o novo regime. Como fica evidente no noticiário mundo afora, ninguém deu muita atenção. Cristãos sempre sabem por que estão sendo mortos…Alguma eles devem ter aprontado, ou não teriam sido assassinados por aqueles vanguardistas da nova era…

Mas eu entendo essas almas generosas: há mortos que estão a favor da história, e há mortos que estão contra ela. “A história” é aquele tribunal que costuma eleger os mártires. E os “mártires” do momento são aqueles que matam em nome de um Alá que usa Twitter, Facebook e dá plantão na Al Jazeera.

Pois é… O Alá do Facebook trata os diferentes como os tratava no século VII. Quem disse que eles não aprenderam nada? Claro que sim! Eles só fizeram questão de não esquercer certas práticas.

Por Reinaldo Azevedo

Sei lá que droga de diplomacia do Itamaraty anda ministrando a Dilma; boa, com certeza, ela não é, a despeito da cobertura laudatória de parte da imprensa

Certo, a coisa toda serve à hagiografia da “primeira presidenta” do Brasil, e o tom laudatório que acompanha as reportagens sobre Dilma Rousseff na Europa beira o constrangedor. Abre-se mão até mesmo da tarefa óbvia de perguntar se é o Brasil quem tem de pagar para que ela vá se “emocionar e se “engasgar” na escola em que estudou o extremoso pai, que largou uma família na Bulgária e construiu outra no Brasil. Ponto parágrafo. Melhor pra Dilma. No Brasil, esta terra de oportunidades — onde a filha pretendia implantar uma ditadura comunista que fabricou o fabuloso atraso da Bulgária —, o pai enricou. Vamos seguir.

Dilma visitou a Turquia. Ela segue cumprindo na ponta do lápis a máxima estabelecida pelo jornalista H. L. Mencken: para cada problema difícil, há sempre uma solução simples e errada. E, como não poderia deixar de ser, a presidente brasileira voltou a insultar Israel, ainda que de modo um tanto oblíquo. Já explico por quê. Leiam o que informa a Reuters. Volto depois.
*
Na Turquia, Dilma apoia Estado palestino e pede fim da crise na Europa

A presidente Dilma Rousseff defendeu nesta sexta-feira, 7, que a Europa saia da atual crise econômica assegurando o crescimento econômico e a retomada do emprego. Em declaração à imprensa após assinatura de atos durante visita à Turquia, Dilma também falou de política internacional e voltou a defender uma solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos. “Desejamos à Europa uma saída rápida da crise por meio da busca por maior estabilidade macroeconômica, mas também - e sobretudo - assegurando a retomada do crescimento, da proteção ao emprego e dos segmentos mais vulneráveis das diferentes populações”, disse Dilma, segundo áudio divulgado pela Presidência da República

A presidente exaltou a aproximação recente entre Brasil e Turquia e assinalou que sua visita ao país “reflete uma nova geopolítica do mundo”. Dilma considerou que “poucos assuntos são mais importantes” que a busca por uma solução para o conflito no Oriente Médio entre israelenses e palestinos. “Sem uma solução para o povo da Palestina, também não haverá uma solução de segurança para o povo de Israel. Essa é uma questão crucial”, defendeu.

O Brasil já se declarou favorável à criação de um Estado palestino nas fronteiras anteriores às da Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em seu discurso durante a abertura da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas em setembro, Dilma lamentou “não poder dar as boas-vindas à Palestina como um Estado reconhecido plenamente” pela entidade. A Autoridade Palestina busca no Conselho de Segurança da ONU o reconhecimento de um Estado palestino, atitude que tem a oposição de Israel e dos Estados Unidos. Washington é um dos cinco membros com poder de veto no Conselho.

Voltei
Dilma Rousseff comete dois atos tolos para quem é presidente de um país que pretende ser visto como um dos grandes no cenário internacional. Comecemos pelo tom dos discursos da presidente nessa jornada. Não, meus caros!, líder nenhum do mundo, podem pesquisar, dá “conselhos” e pitos como faz Dilma, propondo “soluções” a partir de sua própria experiência — eventualmente, experiência apenas suposta. Como bem apontou um texto recente, a que o Financial Times deu destaque, ela criticou o protecionismo dos ricos em discurso da Bélgica dias depois de ter elevado o IPI dos carros importados. Quase ao mesmo tempo, o governo decidia que as empresas nacionais terão prioridade nas compras governamentais. O que o Brasil quer? Licença para praticar “protecionismo de pobre”?

Uma coisa é o Brasil endurecer nas negociações bilaterais ou pressionar organismos multilaterais por meio de sua diplomacia; outra, diferente, é sair por aí como se fosse um Catão da nova era, como se tivesse descoberto o ovo de Colombo da economia. Tenham paciência! Dê-se um tombo feio no preço das commodities para ver aonde vai parar esse nosso “orgulho”. A inflação em 12 meses está em 7,31%, a mais alta desde 2005, num cenário de crescimento, por enquanto, apenas médio — 3,5% —, num processo óbvio de desindustrialização.

Está dado, pela natureza do processo, que a crise não atinge hoje igualmente os países ricos e os ditos emergentes. A resposta aceitável para estes pode não ser boa para aqueles. Mas Dilma tem a solução: retomada do crescimento, proteção do emprego, atendimento aos mais vulneráveis… Sei. Medidas protecionistas, num primeiro momento, protegem o emprego, por exemplo. A Soberana recomenda esse remédio aos companheiros europeus? Seria ruim para o Brasil acho.

Dilma repete, nesse particular,  o seu antecessor, com aquela arrogância de quem descobriu a pólvora. Lembram-se quando Lula vivia demonizando o FMI porque o órgão sairia por aí dando o seu receituário? O Brasil faz algo diferente? “Mas os conselhos de Dilma são bacanas”. Ah, bom, se é assim…

Israel
A Turquia está numa rota óbvia de colisão com Israel. Recep Tayyip Erdogan, o primeiro-ministro, está esticando a corda ao máximo, anunciando até manobras militares. Reduziu ao mínimo as relações diplomáticas com seu ex-aliado e foi um dos promotores do pedido de reconhecimento encaminhado à ONU pela Autoridade Nacional Palestina. Também deu suporte à tal flotilha, de trágico desfecho. Dilma, no discurso de abertura da Assembléia Geral, já havia expressado seu ponto de vista.

Era, pois, absolutamente desnecessário ter voltado ao assunto justamente na Turquia, dado o status das relações deste país com Israel. Ao fazê-lo, é claro que Dilma endossa a estridência de Erdogan e se comporta como se ela também estivesse disputando a liderança dos… países islâmicos!!!

Uma comédia de erros.

Por Reinaldo Azevedo

Eles só pensam naquilo… PT vai retomar debate sobre marco para mídia

Por Vera Rosa, no Estadão:
Dezessete dias depois de a presidente Dilma Rousseff dizer, em Nova York, que conta com a “positiva ação vigilante da imprensa brasileira, não submetida a qualquer constrangimento governamental”, a direção do PT anunciou que promoverá um seminário em novembro para tratar da democratização dos meios de comunicação. O partido nega que defenda o controle da mídia, mas age para pressionar o governo a enviar ao Congresso o projeto de lei que trata do marco regulatório do setor. “Queremos ter sintonia com o governo, mas o nosso foco é a sociedade”, afirmou o deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação do PT. Discutido ontem na reunião da Executiva Nacional do partido, o assunto é tratado como prioridade na seara petista, embora o governo esteja preocupado em esclarecer que “ninguém vai bisbilhotar a mídia”, como disse o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

O governo ainda faz a revisão do projeto que mandará ao Congresso para estabelecer o marco regulatório da comunicação eletrônica. O texto passa pelo crivo de consultas públicas e a ideia é desbastar pontos polêmicos. Para o Palácio do Planalto, esse é um tema muito sensível, que, se tratado de forma atabalhoada, pode criar ruído com a classe média. Não foi à toa que Dilma destacou a “ação vigilante” da imprensa ao participar de um encontro sobre transparência, na véspera da abertura da Assembleia-Geral da ONU. Aqui

Por Reinaldo Azevedo

Pagot está louco para falar

Luiz Antônio Pagot quer uma CPI dos Transportes

Luiz Antônio Pagot deixou o Dnit há dois meses e meio como uma espécie de ícone derradeiro da crise que se abateu sobre os Transportes. As revelações feitas por VEJA na semana passada sobre seu sucessor, Jorge Fraxe, no entanto, mostraram que alguém deve ter esquecido de mandar a crise embora junto com o ex-diretor-geral.

De volta à iniciativa privada, Pagot tem dito que está louco para falar o que sabe sobre os velhos tempos de governo:

– Estou doido para que tenha uma CPI, porque aí vou falar tudo sobre o Ministério dos Transportes e o Dnit. Serei o parceiro número um dessa investigação.

Por Lauro Jardim

O polêmico crédito 1

Os ministros do Supremo começaram a discutir uma questão fundamental da guerra fiscal: pode um estado rejeitar o benefício de ICMS concedido unilateralmente a uma mercadoria procedente de outro estado?

Os ministros ainda não julgaram o mérito, mas querem que a futura decisão de um processo que envolve incentivos concedidos pelo Paraná, mas questionados pelo Rio Grande do Sul, tenha repercussão geral. Isto é, terá de ser seguida por todas as instâncias inferiores da Justiça, em casos idênticos.

Falta um voto para que a matéria ganhe repercussão geral, uma vez que cinco ministros, incluindo o relator Joaquim Barbosa, votaram favoravelmente. Somente Marco Aurélio Mello se disse contrário. Restam quatro ministros para votar.

Por Lauro Jardim
O polêmico crédito 2


A propósito, Joaquim Barbosa anotou em seu voto a favor da repercussão geral: entre novembro de 2010 e janeiro de 2011, onze ações questionando a concessão de benefícios foram apresentadas ao Supremo.

Por Lauro Jardim
Da coluna Direto ao Ponto, de Augusto Nunes: 

Os países desenvolvidos preservam a vergonha na cara que os fundadores da Era da Mediocridade reduziram a coisa de otário

Em sua coluna quinzenal na última página de VEJA desta semana, o jornalista J. R. Guzzo trata da síndrome do com-o-Brasil-ninguém-pode. As primeiras linhas resumem o fenômeno.

“Tornou-se um hábito do governo brasileiro e suas redondezas, nos últimos tempos, dizer aos países desenvolvidos o que deveriam fazer para melhorar de vida e sair da triste situação em que andam metidos ─ em contraste, é claro, com o Brasil, onde tudo é melhor hoje em dia, da política econômica ao misto-quente, e onde a gerência da administração pública praticamente não encontra rivais em nenhum outro lugar do mundo em matéria de sabedoria, qualidade de decisões tomadas e quantidade de problemas resolvidos”.

Depois de registrar que começaram com Lula as “aulas de boa governança aos países ricos” que Dilma Rousseff segue ministrando, Guzzo precisa de uma única frase para colocar o bando de farsantes em seu devido lugar:

“Governantes de um país que tem os índices de criminalidade, analfabetismo e corrupção do Brasil, para mencionar apenas uma parte da calamidade nacional permanente, deveriam ficar em silêncio e trabalhar o tempo todo para resolver nossas desgraças, em vez de dar palpites em problemas alheios”.

Deveriam também aprender com quem sabe, grita o vídeo de 2min24 que mostra como é a vida dos parlamentares suecos. Quem viu vai gostar de ver de novo. Quem não viu não imagina o que andou perdendo. Confira:

Na Suécia, com pouco mais de 9 milhões de habitantes, o índice de alfabetização atinge 99%. No Brasil, os analfabetos estão perto de 15 milhões, sem contar a imensidão de analfabetos funcionais: são tantos que um deles já ocupou a Presidência da República. Lá, a renda per capita anual vai chegando aos US$ 40 mil e as diferenças salariais na pirâmide social são irrelevantes. Aqui, a renda de R$ 10 mil é uma abstração destroçada por distâncias abissais entre ricos e pobres.

O vídeo informa, enfim, que na Suécia existe a vergonha na cara que os donos do poder tentam há quase nove anos transformar em coisa de otário. Toda semana, por exemplo, os integrantes do primeiro escalão sueco comparecem ao parlamento para uma sessão de cobranças e explicações. Os ministérios são exemplarmente enxutos e eficazes, e a execução das decisões políticas fica por conta de agências governamentais. No País do Carnaval, dezenas de ministros se associam a centenas de deputados e senadores para compor o grande clube dos cafajestes cuja missão é “garantir a governabilidade” ─ uma fantasia esfarrapada que, em vez de esconder, escancara a corrupção endêmica e impune.

Em 1958, extasiados com a vitória na Copa da Suécia, os brasileiros se esbaldaram num carnaval temporão animado pela marchinha famosa: “A taça do mundo é nossa./Com brasileiro, não há quem possa”, fantasiava o começo da letra. Passados 53 anos, não é difícil bater a seleção nacional  de futebol. A Suécia e todos os países desenvolvidos só não podem com o Brasil em matéria de jequice, embustes ufanistas e ladroagem sem cadeia. Nesses campos, decididamente, não há quem possa com os fundadores da Era da Mediocridade.

 Direto ao Ponto

A doutora em nada ensina governança

Sempre ágil e competente, o Implicante juntou num vídeo de dois minutos e meio alguns trechos das recentes aulas de governança ministradas por Dilma Rousseff. Vejam do que é capaz a doutora em nada.

 Direto ao Ponto

Brasil e Turquia repetem a parceria para garantir o triunfo no campeonato do ridículo

No campeonato do ridículo, o Brasil Maravilha registrado em cartório é sempre um fortíssimo candidato ao título. Torna-se imbatível quando joga em parceria com a Turquia, confirmou Dilma Rousseff nesta sexta-feira. A última façanha da dupla ocorreu em maio de 2010, quando o presidente Lula e o primeiro-ministro Recep Erdogan baixaram no Irã para fechar um acordo com os aiatolás atômicos. A maluquice foi pulverizada pelas potências de verdade e os negociadores trapalhões tiveram de engolir o fiasco sem engasgos. Na passagem por Ancara, ao lado do colega turco Abdullah Gil, Dilma resolveu liquidar com um falatório a crise econômica internacional. Tem tantas chances de sucesso quanto a missão Lula-Erdogan em Teerã.

Em 2008, o reconstrutor do País do Carnaval ordenou a Barack Obama que proibisse o tsunami financeiro de cruzar o Atlântico. Dilma acaba de ordenar aos governantes europeus que deem um jeito nos problemas que andam criando. Depois de dar um pito nos países desenvolvidos, a presidente búlgara do Brasil torturou o tradutor com palavrórios desconexos, a gramática com pontapés na concordância e a Europa com conselhos sem pé nem cabeça ─ concebidos, presume-se, para ensinar ao inexperiente Velho Mundo o que devia ter sido feito e o que é preciso fazer agora.

Reproduzidos sem correções, os trechos em itálico dão uma ideia do que foi a aula em dilmês castiço. “Os europeus não definiram os modelos de regulação capazes de resolver a pesada dívida soberana que pesa sobre seus própios bancos” (…) A Turquia e o Brasil têm sabido resisitir à crise porque aposta no fortalecimento dos seus mercados domésticos, porque aposta na expansão dos investimentos industriais, agrícolas e de infraestrutura. (…) E também tem estrutura de coordenação. (…) Todos nós devemos discutir como fazer para superar essa fase, que é uma fase grave das crise internacional até porque, indiretamente, ela afeta todos nós. Somos países muito similares e, como disse os que me antecederam, complementares“.

Em maio de 2010 depois do fiasco no Teerã, escrevi neste espaço que o problema não é o complexo de vira-lata diagnosticado  por Nelson Rodrigues. Essa disfunção só deu as caras por aqui entre 1950, quando a derrota na final contra o Uruguai transformou o brasileiro no último dos torcedores, e 1958, quando a Seleção triunfou na Copa da Suécia. O problema destes trêfegos trópicos é o oposto do complexo de vira-lata: é a síndrome de com-o-Brasil-ninguém-pode.

Aprende-se ainda no útero que a nossa bandeira é a mais bonita do mundo, embora ninguém se atreva a sair por aí tentando combinar camisa azul, calça verde e paletó amarelo. Aprende-se no berço que o nosso hino é o mais bonito do mundo, muitos sustenidos e bemóis à frente da Marselhesa. Aprende-se no jardim da infância que Deus é brasileiro. Portador da síndrome em sua forma mais aguda, Lula botou na cabeça que um país assim merecia um governante que pode tudo.

No cérebro do ex-presidente, a área reservada à acumulação de conhecimentos é um terreno baldio. Por não ter assistido a uma só aula de geografia, precisa de ajuda para localizar o Oriente Médio no mapa-múndi. Mas achou que podia encerrar com duas reuniões confrontos sobre os quais nada sabe. Por nunca ter lido um livro de história, ignora que o Irã é a antiga Pérsia, confunde o xá com chá, não faz a menor ideia de quem foi Khomeini. Desconhece o passado que produziu os ahmadinejads do presente. Mas tratou como amigo de infância um psicopata sem remédio.

O Brasil é uma procissão de primitivismos. Há mais de 12 milhões de analfabetos, o sistema educacional não educa, a rede de saneamento básico atende a metade das moradias, cicatrizes apavorantes percorrem o sistema de saúde, favelas miseráveis seguem penduradas em morros sem lei, milhares de quilômetros de fronteira estão fora do alcance do Estado, zonas de exclusão encolheram o mapa oficial em milhões de quilômetros quadrados, a violência é epidêmica, a corrupção endêmica e impune sangra os cofres públicos, a infraestrutura é de terceiro mundo, há uma demasia de carências a eliminar.

Não é pouca coisa, e não é tudo. O mundo vai descobrindo que a potência de araque não sabe sequer organizar uma Copa do Mundo. Faltam aeroportos modernos, a rede ferroviária em frangalhos é um problema secundário para quem vive brincando de trem-bala, os farsantes celebram proezas inexistentes e inauguram pedras fundamentais. Como Lula durante oito anos, há nove meses Dilma faz de conta que isso é conversa de inimigo da pátria, traidor da nação, gente que torce para que tudo dê errado.

Depois que Lula se promoveu sem concurso a conselheiro político do universo, só faltava a doutora em nada nomear-se consultora econômica do planeta. Depois da performance na Turquia, já não falta mais nada.

(por Augusto Nunes).

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Fonte:
Blog Reinaldo Azevedo

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2 comentários

  • Telmo Heinen Formosa - GO

    ´Código Florestal Mundial já!' No Brasil, os hurbanóides ocupam 11,3% da área territorial de 851 milhões de ha do Brasil. Os grãos 38 milhoes de ha (4,5%) e a Cana, Café, Eucalipto, Pinus, reflorestamentos em geral e fruticultura mais (+) horticultura 19,5 milhões de ha (2,3%) totalizando 6,8% e a Pecuária ocupa uns 170 milhões de hectares (20%), mais da metade imprestáveis para qualquer lavoura. Atenção quando a Conab e o Ibge informam que nós plantamos mais de 48 ou 50 milhões de hectares com grãos isto é a soma de trigo com soja, feijão varias safras, milho safrinha etc... em repetição de área... Os farsantes e ambientalóides adoram estas confusões...

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  • JUSTINO CORREIA FILHO Bela Vista do Paraíso - PR

    Tio Rei (Reinaldo Azevedo), é um daqueles brasileiros que nos orgulham! Pricipalmente quando desbanca os farsantes que vivem ancorados em Ongs.

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