Produtores de trigo voltam a criticar concorrência com a Argentina

Publicado em 07/12/2012 07:57
Na Câmara, produtores pedem política pública sólida para o setor. Deputado Luis Carlos Heinze propõe criação de grupo de trabalho para debater o assunto com os ministérios da Agricultura, das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio

Em debate na Câmara sobre as políticas agrícolas do Brasil dentro do Mercosul, realizado nesta quarta-feira (5), o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sérgio Silva do Amaral, afirmou que o produtor de trigo precisa de proteção contra a “concorrência desleal da Argentina”.

Segundo ele, a farinha de trigo da Argentina entra no Brasil com preço abaixo do preço de mercado. “Com isso, o crescimento da exportação da farinha de trigo da Argentina para o Brasil cresceu 332%”, afirmou.

Ao concordar com Amaral, o presidente da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, ressaltou que o Brasil tem potencial para produzir mais trigo, mas falta política pública para o setor.

Os debatedores participaram de audiência pública promovida pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, e requerida pelos deputados Eduardo Sciarra (PSD-PR), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Moreira Mendes (PSD-RO) e Eleuses Paiva (PSD-SP).

Vontade política

Koslovski destacou as medidas necessárias para aumentar a produção nacional de trigo. Entre elas, vontade política para inserção do produto na pauta do agronegócio; interação entre todos os atores da cadeia do trigo; definição de política de comércio externo, especialmente no Mercosul; e políticas públicas claras para o cereal.

Neste ano, informou o presidente da Ocepar, a área cultivada do produto foi de 1,88 milhão de hectares, “quando o potencial é de 5 milhões de hectares”. Já a estimativa da produção é de 5,2 milhões de toneladas para um potencial de 14 milhões. Segundo Koslovski, com uma política consistente para o setor, a demanda interna seria suprida. “Por causa da falta de estímulo, a produção de trigo no Paraná caiu 30% nas duas últimas safras”, alertou.

Grupo de trabalho

Na tentativa de encontrar uma solução para o problema, Luis Carlos Heinze propôs a formação de um grupo de trabalho para debater o assunto com os ministérios da Agricultura, das Relações Exteriores e da Indústria e Comércio. O diretor de Assuntos Comerciais da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Benedito do Espírito Santo, afirmou que o ministério está à disposição para discutir as dificuldades do setor de trigo e buscar uma solução.

Por sua vez, Orlando Leite Ribeiro, chefe da Divisão de Agricultura e Produtos de Base do Ministério das Relações Exteriores, adiantou que a melhor solução para o problema seria investir no setor produtivo. Em sua avaliação, a imposição de medidas antidumping teria impacto indesejado para a indústria brasileira, que exporta outros produtos para a Argentina.
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Fonte:
Agência Câmara

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1 comentário

  • roberto carlos maurer Almirante Tamandaré do Sul - RS

    Chegou o momento em que eu sempre esperei,nós os triticul- tores sempre sofremos com o trigo Argentino e ninguém nunca fez nada e ainda tinhamos de escutar os ex. presidentes da abitrigo dizendo que não queriam o trigo nacional em para mistura, pois o bom só éra o importado e nunca se preocuparam com nós agricultores são uns falsos. E eu sempre preguei que não deveriamos importar o trigo e sim a farinha já beneficiada, pois nós agricultores não sabemos produzir o melhor trigo e agora as industrias moageiras estão vendo que também não sabem fazer a melhor farinha.(pimenta nos olhos dos outros sempre foi refresco)Aprendam com nós a sobreviver,mais não vir agora implorar medidas de socorro,lembre-se já teve muito triticultor que teve de vender seu trigo e de qualidade para tratar porcos,não tenho nem um pouco de pena da ABITRIGO...

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