Preços se mantêm firmes e governo reage com dois leilões em oito dias

Publicado em 13/12/2013 14:53
Em 11 dias de dezembro, preços já subiram 2% e o governo abriu o arsenal para conter evolução, promovendo dois leilões em oito dias. Ainda assim, a expectativa é de que o arroz se mantenha valorizado.


Nem mesmo com dois leilões, totalizando oferta pública federal de 120 mil toneladas de arroz em casca num prazo de oito dias, os preços do cereal deixaram de avançar no Rio Grande do Sul em dezembro. O indicador arroz em casca ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&FBovespa registrou cotação média no Rio Grande do Sul em R$ 35,73 nesta quarta-feira (11/12), acumulando 2,03% de valorização no mês. Basicamente três fatores são determinantes para este comportamento: a maior demanda por exportações registrada nos três últimos meses (e também em dezembro), a baixa disponibilidade de grão de melhor qualidade – e quase toda ela na mão de produtores capitalizados e com armazenagem própria – a valorização do dólar e o clima que não tem se apresentado tão favorável para a cultura no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, gerando relativo atraso no plantio em algumas regiões e alongando a entressafra. 

A expectativa dos analistas de mercado é de que os preços possam estabilizar por conta das festas e feriados do final de ano, chegada das férias – com evidente retração no consumo – e novo leilão de oferta da Conab. Mas, assumem que se o último leilão do ano não conseguir travar os preços, há possibilidade de o governo voltar a ofertar em janeiro para manter preços mais equilibrados na “arrancada” da safra, apesar da tradicional tendência de pressão de oferta na colheita, a partir do final de fevereiro.

COMERCIALIZAÇÃO
Para conter o ímpeto de alta, a Conab anunciou um leilão de oferta de arroz dos estoques públicos de 70 mil toneladas para a próxima quarta-feira, dia 18. O volume foi ampliado por três motivos básicos: o primeiro é a tentativa de estabilizar os preços em volumes inferiores aos atualmente praticados, o segundo o fato de a Conab precisar realizar vendas para se rentabilizar e o terceiro, é o fato de que este poderá ser o último leilão de oferta até a safra, uma vez que o governo federal está preocupado em realizar ofertas às vésperas da colheita, gerando uma baixa de preços que promova prejuízos ao setor e exija um socorro com recursos públicos em volumes mais significativos. Os estoques públicos estão em patamares baixos, o que também exige cautela na oferta, uma vez que são estratégicos para a segurança alimentar nacional.

Outra questão interessante é a coincidência das datas de retirada do arroz leiloado no dia 18 com Natal e Ano Novo, período que boa parte das indústrias estará em férias coletivas.

Na última quarta-feira (10/12), a Conab comercializou 39,1 mil toneladas de arroz dos estoques públicos do governo, em dois pregões. O volume foi de 79,3% das 50,26 mil toneladas ofertadas. Foi o terceiro leilão de estoques públicos do governo na safra 2012/13, sob o argumento de reduzir o impacto dos preços dos alimentos básicos sobre a inflação. Houve disputa por lotes e o ágio chegou a até 25% em alguns casos.

INFLAÇÃO
Apesar do argumento de reduzir os riscos de inflação do governo, o IBGE indicou que a inflação em novembro registrou aumento de 0,54%, mas que o grande responsável pela desaceleração da inflação em novembro foi o grupo de alimentos, que subiu 0,56% no mês, depois de ter avançado 1,03% em outubro.

Alguns alimentos básicos na mesa dos brasileiros ficaram mais baratos: o preço do feijão caiu 7,96%, e o do arroz recuou 1,04%. 
SAFRA
Enquanto isso, a área cultivada com arroz na safra 2013/2014 no Rio Grande do Sul, principal Estado produtor, está estimada em 1,12 milhão de hectares, o que corresponde a um aumento de 4,7% em relação à safra anterior. O acréscimo pode ser atribuído à disponibilidade de água nos mananciais para irrigação e ao preço do cereal no mercado cobrindo o custo de produção, informa a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu terceiro levantamento sobre intenção de plantio da safra 2013/14.

O aumento no Rio Grande do Sul é tão significativo que recupera todos os demais decréscimos no resto do País, reforçando a hipótese de que a área a ser cultivada no Brasil será semelhante à da safra passada.

A estatal observa, porém, que o excesso de chuvas em novembro não permitiu que os produtores concluíssem a semeadura e, em pleno mês de dezembro, ainda resta cerca de 12% para conclusão do plantio. O atraso deve acarretar diminuição da produtividade final da lavoura como um todo, prejudicando a previsão de recorde de produção de arroz no Rio Grande do Sul na safra 2013/14.

A safra nacional de arroz em 2013/14 está projetada em 12,22 milhões de t, alta de 4% em relação ao período anterior (11,75 milhões de t). A área com a cultura no País deve ser de 2,42 milhões de hectares, mais 1,3% ante a safra 2012/13 (2,39 milhões de hectares).

SAFRA MUNDIAL
Em termos mundiais, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês), divulgou no seu relatório de dezembro que a produção mundial de arroz beneficiado no ciclo 2013/14 chegará a 470,60 milhões de toneladas, com pequeno recuo frente aos 473,18 milhões/t previstos em novembro, mas avanço sobre 2012/13 que alcançou safra de 468,96 milhões de toneladas. As exportações mundiais de beneficiado alcançarão 39,76 milhões de toneladas e o consumo chegará a 472,88 milhões/t (base beneficiado). 
Assim, os estoques mundiais finalizarão a temporada em 104,27 milhões de toneladas, com recuo de pouco mais de 2 milhões de toneladas. A China deve manter-se como maior importador mundial e a Índia como maior exportador.

MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 36,50 no Rio Grande do Sul para a saca de 50 quilos de arroz em casca (58x10). A saca de 60 quilos, beneficiada, alcança a média de R$ 70,50 (sem icms). Entre os “quebrados”, o canjicão manteve estabilidade em R$ 38,20 para a saca de 60 quilos (FOB), e nas mesmas condições a quirera valorizou de R$ 34,00 para R$ 36,00 nos últimos oito dias. O farelo de arroz (FOB Arroio do Meio/RS) segue cotado a R$ 380,00 a tonelada.

 

 

 

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Fonte:
Planeta Arroz

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