Safra 2012/13: Excesso de chuvas no RS e escassez no Centro-Oeste comprometem evolução do plantio

Publicado em 23/10/2012 15:30 e atualizado em 23/10/2012 16:05
As condições climáticas atuais têm comprometido o bom andamento do plantio da safra 2012/13 no Brasil. Na região Centro-Oeste, os produtores sofrem com a falta de chuvas e, no Sul do país, o problema é o excesso de precipitações. 

Segundo Marcelo Schneider, meteorologista chefe do InMet (Instituto Nacional de Meteorologia), na próxima quarta (24) e quinta-feira (25) deverão ser registradas algumas chuvas, porém, a consolidação do clima só deverá acontecer na segunda quinzena de novembro. Em contrapartida, no sul brasileiro há uma grande área de instabilidade, principalmente no Rio Grande do Sul, o que causa muita chuva no estado. Parte dessas chuvas serão deslocadas também para Santa Catarina, Paraná e sul e sudoeste de São Paulo. Para o próximo trimestre - novembro, dezembro e janeiro -, as previsões apontam para mais falta de chuvas no Centro-Oeste e, nesse caso, também para o Rio Grande do Sul. 

Tal cenário climático não deverá ser, pelo menos nos próximos dias, favorável para a produção nacional de grãos. De acordo com informações da Faeg (Federação Agropecuária do Estado de Goiás), Goiás é o estado com menor índice de evolução da safra 2012/13, com o plantio concluído em apenas 3% da área. "No ano passado, nesse mesmo período, era de 29% e a média dos últimos cinco anos é de 11%", diz Leonardo Machado, assessor técnico da federação. 

Confirmando a adversidade climática no Centro-Oeste brasileiro, do dia 14 ao dia 22 de outubro choveu em torno de 25 a 50 mm no estado, volume bem abaixo da média histórica, e isso faz com que a umidade fique muito baixa - ficando entre 20 a 40% em quase todo o estado. 

"Nessa região, a preocupação maior é com a safrinha (do próximo ano). Grandes produtores já estavam planejados com o plantio da safrinha, já tinham adquirido suas sementes, pacotes de fertilizantes. E sabemos que o plantio nessa região é até o fim de fevereiro, porque passando disso a produtividade do milho já não é tão boa", explicou Machado. 

Ainda segundo o assessor, as expectativas de um aumento na área plantada com soja em Goiás - de cerca de 150 mil hectares - já está comprometida por conta dessa seca, e os resultados desse possível incremento já não deverão ser os mesmos. Porém, caso as chuvas retornem nos próximos dias, parte disso ainda poderá ser recuperado. 

Excesso de chuvas prejudica lavouras no RS -  Para o Sul do país a previsão é que o tempo permaneça fechado em função das áreas de instabilidade associada a um ciclone extratropical, conforme explica o meteorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos.

Em Santa Catarina e na região Oeste do Paraná, há previsões de chuvas pesadas com volumes acima de 100 mm e com possibilidade de granizo e fortes rajadas de ventos nesta terça-feira (23). O meteorologista sinaliza que os trabalhos no campo serão inviabilizados devido a esse cenário.
 
“No RS a colheita do trigo já está sendo afetada em decorrência do excesso de chuvas, o que consequentemente prejudica a qualidade do cereal. E também o plantio de soja e milho que estão atrasados na região”, afirma Santos. 

De acordo com o presidente da Comissão de Trigo da Farsul, Hamilton Jardim, a projeção para a produção de trigo no estado era de 2,7 milhões de toneladas, mas em virtude dos problemas climáticos, chuvas excessivas, granizo e geadas que afetaram as lavouras gaúchas esse número reduziu. 

“Estamos começando a colheita com previsão de 2,3 milhões de toneladas e rezando para que a previsão da meteorologia não se confirme nos próximos dias, pois estamos entrando no forte da colheita e não podemos ter problemas com chuvas excessivas, durante um período acentuado que vai até o dia 4 de novembro, isso pode depreciar a qualidade do grão gaúcho”, diz o presidente. 

Segundo o boletim informativo da Emater (RS), divulgado na última quinta-feira (18), a colheita no estado começou a avançar, e já são nítidas as consequências das intempéries registradas recentemente, e tem se manifestado de forma diversa dependendo da localidade. 

Na região das Missões, a maioria das lavouras está em fase de maturação, as primeiras colheitas apresentam bons rendimentos, mas a qualidade do grão, de acordo com os técnicos, é ruim. Diferentemente na região do Celeiro, o grão registra boa qualidade, conforme afirma os produtores e cerealistas. 

A instituição também afirma que as lavouras registram oscilações distintas em termos de rendimentos e a qualidade do trigo. Além disso, o mercado já dá sinais de reação frente a uma possível falta de produto com qualidade, ofertando mais aos produtores pela saca de 60 kg. Somente na última semana, a valorização foi de 3,88% atingindo o patamar R$ 29,45. 

Já a cultura do milho que também foi atingida pelas fortes chuvas registradas recentemente, a Emater RS, anunciou que em muitas plantações não será necessária a ressemeadura, haja vista que em algumas localidades as lavouras reagiram bem e apresentam emissão normal de folhas novas.

Porém, em outras regiões os agricultores estão realizando o replantio do milho. Para o presidente da Comissão de Soja da Farsul, João Batista Fernandes da Silveira, na região do Planalto os produtores fazem o ressemeadura do cereal, e a grande preocupação é em relação à previsão de chuvas e granizo para o estado.

Ainda de acordo com a Somar Meteorologia a previsão para a próxima semana do dia 27 ao dia 31 de outubro as chuvas devem ficar concentradas no sul do Brasil.
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Por:
Carla Mendes e Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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