Soja: Mercado foca os fundamentos e fecha com alta de dois dígitos
Nesta segunda-feira (19), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o pregão do positivo da tabela. Durante as negociações, as principais posições da commodity ampliaram os ganhos e encerram com altas expressivas entre 18 e 20,25 pontos. O vencimento julho/14 terminou o dia cotado a US$ 14,85 por bushel, alta de 1,38% em relação à última sessão.
A oferta restrita nos Estados Unidos, frente à demanda firme segue sendo o principal fator de suporte aos preços em Chicago no curto prazo. Nesta segunda-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou que os embarques da oleaginosa totalizaram 167,95 mil toneladas na semana encerrada no dia 15 de maio.
Apesar do recuo em relação à última semana, na qual, foram embarcadas 239,95 mil toneladas, o número está acima do embarcado no mesmo período do ano passado, de 102,38 mil toneladas. E a expectativa é que a demanda permaneça firme, e a China poderá comprar 7,4 milhões de toneladas durante esse mês, número maior do que o adquirido em abril, de 6,5 milhões de toneladas, conforme projeção da Oil World.
De acordo com o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, a soja criou um intervalo de preços entre US$ 14,50 por bushel, patamar de suporte, e US$ 15,10 por bushel nível de resistência. “Toda que a cotação se aproxima de nível de suporte, os preços voltam a subir e quando chega próximo ao patamar de resistência, as cotações recuam. E até que haja uma certeza da safra norte-americana, vamos ver o mercado oscilar nesse intervalo, a não ser que tenhamos problemas com o clima nos EUA”, acredita o consultor.
Para o analista de mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão, o mercado busca uma correção após as perdas registradas na semana anterior. "Na semana anterior, com as condições normais de clima e o ritmo de plantio, os preços caíram. Porém, apesar das preocupações iniciais a semeadura da safra 2014/15 transcorre sem maiores problemas, o que deixa o mercado apreensivo em relação à sustentabilidade das altas no médio e longo prazo", explica.
Além disso, os investidores do mercado esperam pelo novo boletim de acompanhamento e safras do USDA, que irá indicar a área plantada no país. Na última semana, o número reportado foi de 20% da área plantada até o dia 11 de maio. De acordo com informações divulgadas pela agência internacional Bloomberg, as temperaturas deverão ficar amenas, o que deve favorecer grandes áreas de produção de milho e soja no Centro-Oeste dos EUA.
Na última semana, estudo divulgado pela agência apontou que as plantações da oleaginosa são beneficiadas pelo evento climático El Niño. O relatório ainda indicou que há um impacto positivo em 36% da área cultivada com o grão, especialmente no Brasil e nos EUA. E um efeito negativo em aproximadamente em 9% da área semeada, especialmente na Índia e em partes da China.
Na safra 2014/15, a expectativa é que a produção norte-americana totalize 98,93 milhões de toneladas e, consequentemente, haja um aumento nos estoques. Ainda assim, analistas afirmam que é preciso acompanhar o desenvolvimento da safra e, principalmente, as condições climáticas nos EUA.
Veja como ficaram as cotações dos grãos no fechamento nesta segunda-feira:
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As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam o pregão desta segunda-feira (19) do lado negativo da tabela. Ao longo das negociações, as principais posições da commodity ampliaram as perdas e finalizaram a sessão com perdas entre 5,00 e 6,25 pontos. O vencimento julho/14 era cotado a US$ 4,77 por bushel.
De acordo com informações divulgadas pela agência internacional Bloomberg, o contrato julho/14 caiu 1,3%, o menor nível desde 31 de março. A evolução na semeadura do milho da safra 2014/15 tem sido a principal variável de pressão negativa sobre os preços do cereal em Chicago.
Segundo analistas, o mercado ainda observa as previsões climáticas para o país, já que, se as condições forem desfavoráveis poderão prejudicar o término da semeadura do milho. Inclusive, em alguns estados do país, os produtores norte-americanos têm dificuldades em finalizar o plantio devido às baixas temperaturas. Em contrapartida, em outras regiões, a semeadura está quase finalizada.
Até o último dia 11 de maio, o cultivo do cereal alcançou 59% da área projetada para essa safra, conforme dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Nesta segunda-feira, o órgão deve reportar novo boletim de acompanhamento de safras, que irá apontar o percentual da área cultivada e o volume de milho emergido.
Por outro lado, os embarques do produto norte-americano seguem firmes. Nesta segunda-feira, o USDA reportou os embarques do grão em 1.060,14 milhão de toneladas até o dia 15 de maio. Na última semana, o número ficou em 1.212,65 milhão de toneladas. Ainda de acordo com o departamento, o volume total embarcado de milho norte-americano no acumulado no ano safra é de 31.509,14 milhões de toneladas. A estimativa do USDA é de 48.260,00 milhões de toneladas.
Mercado interno
Segundo o analista de mercado da Céleres Consultoria, Anderson Galvão, as cotações do cereal estão mais baixas tanto na BMF&Bovespa como no Porto devido à entrada da segunda safra. “É natural que o mercado começa a se antecipar e não houve problemas significativos com a safrinha. E o pico de oferta deve acontecer entre junho e meados de agosto, é normal que as cotações recuem”, explica.
Além disso, o analista ressalta que as exportações brasileiras devem se aproximar ao embarcado no ano passado e chegar a 27 milhões de toneladas. “Em agosto, a nossa prioridade é o milho, então, a infraestrutura logística se volta para o embarque do cereal. E a expectativa é que esse ano, a China passe a ter alguma relevância nas compras brasileiras de milho”, acredita Galvão.
Em relação aos estoques de milho do Brasil, o analista ressalta que existem bolsões de escassez do produto no país, como a região Nordeste. “Quem puder segurar o milho, a perspectiva é que o câmbio se aproxime de R$ 2,45 no final do ano, situação que deve favorecer a comercialização. Outro fator que também é importante é a demanda internacional firme e por último no mercado interno em alguns lugares os estoques de milho são menores”, ratifica Galvão.